-- Você demorou, cherie.
-- Me desculpe, Dominique. Tive que resolver alguns problemas com seus primos.
-- Devido às atuais circunstâncias, Scor, acho que você poderia me chamar de Domi, não? As pessoas que eu gosto me chamam assim. -- Respondeu, enrolando os cabelos ruivos nas pontas do dedo.
-- V-você gosta de mim? -- Ele sentia a gola da camiseta apertar sua garganta.
-- É claro que gosto.
-- Então... -- especulou mentalmente uma forma de mudar de assunto -- então, por onde começamos? Que tal o capítulo sobre as propriedades das antenas de escaravelhos nos processos egípcios de magia ritualística?
Dominique fechou o livro e arrastou a cadeira para perto de Scorpius.
-- Ou... por que você não começa me contando os seus planos com meus primos?
-- Domi, eu...
-- Não pode me contar, é isso?
-- É, é isso. -- Respondeu, cabisbaixo.
-- Eu entendo. Admiro a lealdade que tem com eles dois, embora você e a Rose não aparentem estar nos termos mais amigáveis... ou talvez seja só impressão minha.
-- Acredite em mim, não há nada de amigável entre mim e a Weasley.
-- Então... você não gosta dela?
-- Eu a tolero, acho que isso é suficiente.
-- E a mim? Você só tolera? -- Perguntou, ajeitando a gravata do menino.
-- C-c-claro que não. Eu... eu gosto de você, eu te acho... muito bonita.
-- Sendo assim, Scor, por que guarda segredos de uma pessoa que você gosta? Segredos que você compartilha com alguém que apenas "tolera"...
Pensando desta forma, Dominique -- corrigindo, Domi --, estava certa. Ele não gostava da Rose, gostava? Com aquele temperamento fogoso, com a vida perfeita, o jeitinho "sabe-tudo" e a intromissão imprudente. Ele não tinha culpa se a Weasley, por algum motivo, despertava o pior que havia nele... Domi pelo menos era... ela era... bonita? E como era. Definitivamente a garota mais bonita que conhecera até então, e com um excelente gosto para vestuário, algo muito valorizado pelos bruxos abastados. Já Rose parecia não atribuir às roupas muita importância; estava quase sempre de uniforme escolar ou aqueles suéteres horríveis costurados por sua avó com apenas um "R" estampado. Dizem que o de cada membro da família tinha uma cor diferente, e o dela era Roxo. E as unhas eram demasiado curtas e carcomidas, diferentemente das de Domi, perfeitas e esmaltadas. Do cabelo ele não precisava nem falar, afinal, o de Rose, embora belo, estava inúmeras vezes despenteado, como labaredas que estalam a madeira de uma fogueira. Já o rosto... tinha olhos enormes e adoráveis, talvez mais penetrantes que os da prima veela. Ela também era muito inteligente, as notas competiam com as suas e a voz...
-- Cherie? Você está bem?
-- Ah, claro. Me perdoe, Domi, você ia dizendo?
-- O que você esconde de mim e não dela?
-- Escute, você sabe que eu não posso...
Ela apertou a mão do rapaz, entrelaçando seus dedos.
-- E se eu prometer não contar nada para ninguém? Muito menos a eles dois...
Distraído com as mãos conjuntas, respondeu, sem pensar:
-- Bom, sendo assim, não vejo porquê não...
Um sorriso apareceu na alvura da face da garota, que acariciava a mão de Scorpius na tentativa de continuar a distração.
"Então, eles estão querendo visitar Borgin&Burkes? Realmente, muito interessante; se eu pudesse ao menos seguí-los... Mas se o fizer, quebrarei a minha promessa, e não quero desapontar Scorpius, ele é um garoto muito amável..." pensava Dominique, para em seguida ter uma ideia.
"Aquele menino Nott da Sonserina... lembro que a Roxy me disse que ouviu de Anastásia Everheisen que ouviu de Edgar Fitzwilliam que ouviu da irmã que ouviu de Jéssica Rosenthal que o garoto tinha uma 'queda' por mim. Ele era do mesmo dormitório de Al e Scorpius, perfeito para o plano."
Enquanto isso, no salão comunal da Grifinória, Rose descansava a cabeça no colo de James, que brincava com as ondas alaranjadas da prima.
-- Que livro estava lendo essa semana?
-- Nada especial, só estudando um pouco da heráldica das casas.
-- Sabe, Rosie-Posie, você não devia ficar brava comigo pelo que aconteceu mais cedo, ele não vale metade da sua empatia.
-- Você foi um pouco cruel, Jamesy.
-- Não gosto quando me chamam assim.
-- E eu não gosto quando me chamam de "Rosie-Posie", mas você continua fazendo.
-- Você me lembra muito a tia Hermione algumas vezes, defendendo quem em muitos casos não quer ser defendido.
-- Que quer dizer?
Eles sorriu com o canto dos lábios, olhando pra baixo.
-- Meu pai me contou que no quinto ano ela escondia roupas pela escola para libertar elfos domésticos que aparentemente não queriam ser libertos. Não acha que pode estar fazendo o mesmo com aquele Malfoy? Estou avisando, Rosie, não quero que as pessoas passem por cima da minha prima favorita.
-- Todos sabem que Freddie é seu favorito.
-- Até onde eu sei, Freddie não é minha prima.
Ela deixou uma risada escapar.
-- James?
-- Sim?
-- Por que trata o Al daquela forma? Sonserina é uma casa com muitas qualidades, e embora eu também tenha minhas antipatias, ele é seu irmão.
-- Você tem razão, ele é meu irmão... mas ele sempre foi tão estranho, tão diferente do resto de nós... me desculpe por não ser tão compreensivo quanto você e a tia Hermione, mesmo ela sendo muito mais paciente que a filha. E por que você trata a Dominique daquele jeito? Ela também é sua prima.
-- Eu sei, eu sei... é que ela muitas vezes é passional e namoradeira, acaba expondo a si própria e a família ao ridículo.
-- Isso tem um toque de amargura, mas eu te entendo perfeitamente. Às vezes ela me dá nos nervos...
-- Por que não fazemos um acordo?
-- Que tipo de acordo?
-- Você tenta melhorar as suas relações com o Al enquanto eu melhoro as minhas com a Domi, o que acha?
-- Me parece plausível.
-- Fechado?
-- Fechado.
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