História Unexpected Love - Jimin BTS - Capítulo 31 - Wild Heart

Jimin POV

Só existem no mundo duas classes de pessoas, os sequestrados e os resgatados. A qual das duas é que você pertence?

Pelo vício, pela mágoa, pela miséria, pelo orgulho, pelo medo… todos nós, em alguma altura da vida, já fomos sequestrados. Mas, para além destes, existem dois sequestradores, que são os piores de todos: o pecado, que induz ao erro e o diabo, que traz as consequências do erro.

É inegável, todos nós, em alguma ocasião, já estivemos sequestrados.

Mas, qual é o sentimento da pessoa que é sequestrada? De extrema impotência. A pessoa que foi sequestrada por qualquer um dos elementos já referidos, incluindo até mesmo uma pessoa, sente-se extremamente vulnerável diante do sequestrador, ou seja, da situação pela qual está a passar.

Acredito que seja assim que a _____ se esteja a sentir nesse momento, excepto que o sequestrador em causa não é um sentimento, mas sim uma pessoa... Mark... Aquele desgraçado...!

Mesmo assim, a minha menina é forte, eu sei que é, ela não vai desistir. Ela vai conseguir, nós vamos.

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Todos nós temos aqueles momentos em que os nervos se tornam mais notórios. Não conseguimos esconde-los de ninguém. As mãos começam a suar de nervosismo, assim como o resto do corpo, que sua até por partes que você pensava que não era possível. O seu corpo se torna cada vez mais trémulo a cada pequeno passo, a cada segundo, que parecia estar se tornado cada vez mais comprido ao longo do tempo, o que era estranho. É como se as cenas fossem todas realizadas em câmera lenta, logo no momento eu que eu queria que fossem rápidas. Logo no momento em que eu queria me apressar para sair daquele carro e entrar naquele maldito edifício, que mais parecia uma espelunca.

Mas, se pensarmos bem e, claro, formos pela lógica das coisas, o nervosismo é o inimigo da harmonia e o principal responsável pelo insucesso perante a dificuldade. Por isso, eu tento, nesses momentos – como agora – respirar bem fundo e pensar que, o que eu estou sentindo, não é nervosismo, mas apenas entusiasmo e excitação.

Voltando um pouco atrás: acabávamos de entrar na floresta, ainda de carro, com as luzes no mínimo porque já estava a anoitecer e também para que não desse muito na cara de que tinha alguém na floresta. Andávamos a vaguear pela mesma já faz tempo, mais parecia que não saiamos do mesmo sítio, como se estivéssemos constantemente a realizar voltas no mesmo lugar infinitamente. Tudo o que víamos à nossa frente eram apenas árvores, árvores... Ohh! e também algumas árvores... Estava a começar a ficar enjoado de tantas delas. Logo eu, que gosto e prefiro a natureza. A natureza que me transmite uma paz que nunca senti antes – a não ser quando estou com a _____.

Até que, no silêncio – nada desconfortável – um som soou. Uma voz para ser mais preciso, vinda do pequeno rádio. A voz de Hoseok, que se localizava num outro carro que, por razões óbvias – para  que pudesse ser mais fácil a investigação, digamos –, tinha tomado um caminho diferente do nosso, que dizia exatamente. 

– Chefe Yoongi. O helicóptero que a força aérea nos disponibilizou, acabou de detetar, a presença de um edifício na zona sul da floresta, tal como Jungkook havia afirmado. Foi bem difícil, as árvores estavam dificultando, mas acabaram por, eventualmente, ver. Não podemos é afirmar que tem realmente alguém lá dentro.

– Me passe as coordenadas. Nos encontramos lá. Por favor, assim que estiver perto do local, desligue as luzes do carro.

E Hoseok, sem dizer mais nada depois, deu as coordenadas exatas do local.

Está na hora...

E lá estava eu. Todo desengonçado, desmantelado, nervoso, e até mesmo com medo com o que estava prestes a vir. Sem pensar duas vezes, ou melhor, uma única vez, sobre o assunto, peguei o meu celular, ligando a lanterna, e estiquei a mão até chegar na porta, pronto para abrir a mesma sem nem mesmo avisar, até que ouço Yoongi falar, mais alto que o normal.

– Desligue essa lanterna agora mesmo ! - disse, ríspido, autoritário e duro, mas sem ser rude. Foi quase como um instinto ele falar daquele jeito. Eu obedeci imediatamente à sua ordem, de forma dominada e vencida. Afinal, quem sou eu para contrariar um policial como esse ? - Não se atreva a ligar a lanterna novamente. - disse rigidamente, mas com um olhar preocupado ao mesmo tempo.

– Porque ? - disse correspondendo ao seu olhar preocupado com um da mesma intensidade, mas um tanto irritado por não ter me deixado sair. É... seria bom saber porque não posso entrar nessa merda de edifício e salvar a minha namorada ! 

Suga olhou, automaticamente, para Jungkook, como quem diz 'Vá, essa é a sua deixa'. Talvez ele faça isso como forma de testar as capacidades de Jungkook, uma vez que ele se mostrou muito prestativo, com todas as respostas prontas para sair, sem nem ter que pensar. Ou então é apenas porque pensa que entenderemos melhor com a explicação do mesmo. De qualquer das formas, ele o fez.

– O risco na atuação policial é significativamente elevado durante a noite, ao mesmo tempo, é o período com maior incidência de crimes graves. - tudo bem, mas o que isso tem a ver com a lanterna ? - A lanterna, neste contexto, - proferiu, dessa vez se voltando para trás e me encarou com os seus olhos de um castanho intenso, como se tivesse adivinhado o que eu havia pensado posteriormente - ,é um equipamento indispensável, mas tem uma característica lamentável. Denuncia a presença do policial para os suspeitos assim que é acionada. Para que o policial veja sem ser visto no escuro, o ideal é que as guarnições dispusessem dum equipamento chamado de “visão noturna”, que capta radiação infravermelha, distinguindo os objetos através de sua temperatura. - concluiu, e Suga apenas o observava com um sorriso grande no rosto e... admiração ? É, isso e um certo fascínio e deslumbre.

– Isso Jungkookie. - disse passando a mão em seus cabelos negros e suaves. - Muito bem. 

Devo dizer que notei um ambiente estranho. Não um estranho mau, claro. E também um Jungkook com as bochechas levemente ruborizadas. Dava para perceber que esses dois tinham uma ligação... forte.

– Antes que pergunte, - Jungkook disse, se voltando para mim novamente - temos sim o que eu acabei de falar. - procurou no carro e logo em seguida ergueu em minha frente uma espécie de câmera, cuidadosamente. - Ao contrário da luz visível, no mundo infravermelho, todos os materiais com uma temperatura acima de zero absoluto emitem calor. Mesmo os objetos muito frios, como cubos de gelo, emitem luz infravermelha. Quanto mais alta a temperatura do objeto maior será a radiação infravermelha emitida e, por isso mesmo, produzem imagens visuais da radiação infravermelha e calculam medições precisas de temperatura sem contato com o objeto. O que nos permite não só ver a forma do objeto, como também  o seu calor. O mesmo se aplica a seres vivos, que tem o calor corporal bem maior. Bom, - disse, abanando a mão à frente da cara - resumindo tudo isso, iremos usar essa pequena câmera para descobrir se tem alguém no edifício. Se tiver, uma forma humana e vermelha deverá aparecer. Quero dizer, duas nesse caso.

Apenas assenti, perplexo e completamente a boiar na água com toda a informação repentina que foi dada. Até porque eu não entendo nada sobre isso. Agora imagino Sun e Taehyung. Sinceramente, quase havia me esquecido que eles também estavam aqui. Os olhei de relance, e vi que estavam ambos de boca entreaberta e, de vez em quando, trocavam uns olhares cofusos. Eu até seria capaz e rir como sei lá o quê vendo essa cena cómica, mas, tendo em conta a situação, o que saiu de mim foi apenas um pequeno sorriso.

– Achei pertinente essa informação. - disse eu, cortando o silêncio - Mas bom, não era melhor criarmos já um plano ? 

– Sim claro, mas creio que deveríamos esperar pelos outros. Aliás... Onde é que eles estão ? - disse Suga, e olhou em redor, mas não se via nenhum carro.

– Por fim alguém notou o mesmo que eu. - disse Sun, já saída do transe, assim como Tae, olhando preocupada pela janela.

– Verdade... - olhei na mesma direção - Eles ainda não chegaram. Provavelmente estavam mais longe daqui, afinal essa floresta é enorme ! Ainda assim... - Yoongi me olhou com curiosidade.

– Ainda assim... ? - abaixei o olhar hesitante, mas por fim, respirei fundo e olhei o mesmo.

– Queria pedir para se o primeiro a entrar. Sei que não sou policial ao algo do género, mas eu gostava de ser a primeira pessoa que a _____ vai ver e, claro, quero ser o primeiro a ver ela também.

– Você sabe que isso é arriscado, não sabe ?

– Sim. - assenti, dando um pequeno sorriso - Eu sei disso.

Houve uma pausa e se instalou um silêncio um tanto desconfortável, mas logo Yoongi tratou de responder com um sorriso.

– Nesse caso... acho que posso deixar você fazer isso.

– Mas Suga, é perigoso ! - disse Jungkook, alternando o olhar entre Yoongi e eu mesmo - Se der na cabeça daquele tal de Mark, ele pode matar o Jimin. - finalizou com os olhos arregalados, assim como Sun e Taehyung ficaram, observando a cena e alternando o olhar entre quem falava.

– Eu sei Kook. E é por isso - me encarou novamente - que vou lhe emprestar alguns dos nossos equipamentos. Claro que não vou dar uma arma, isso seria ilegal, ainda para mais se isso fosse feito por um policial. Mas posso te emprestar qualquer coisa para que você seja capaz de defender e um auscultador e microfone para que você se mantenha em contacto connosco e, caso encontre o quarto primeiro, dizer onde fica. Conto com você, tenha cuidado. - assenti com um sorriso no rosto e, quando estava prestes a responder com um obrigada, sou interrompido.

– Ahh, ali ! - disse Taehyung, apontando para o lado oposto que Sun tinha olhado anteriormente, e cerca de três carros estavam a se aproximar devagar, com as luzes apagadas como Yoongi havia proposto.

Ao mesmo tempo, assim que pararam os carros, todos saíram dos mesmos e, claro, nós também.

– Bom homens, - disse Yoongi, voltando ao seu 'eu' de chefe. - está na hora de revelar se tem ou não gente aqui. - fez sinal com a cabeça, apontando o edifício. - Jungkook.

Jungkook apenas assentiu. Posicionou a câmera, a apontando em direção ao edifício, e observou durante uns minutos através da lente.

– Afirmativo. - disse curto. Apenas isso foi capaz de fazer o meu coração falhar uma batida, para depois acelerar como louco, quase explodindo e saindo pelo meu peito. Bem que é verdade que o coração é um animal selvagem, por isso é que as costelas servem como jaula.