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História Unfinished Business - And Now I Wonder


Escrita por: LzzyHale

Notas do Autor


Boa noite pessoinhas :3
Trago para vocês mais um capítulo!
Não vou me enrolar muito aqui, mas leiam as notas finais, ok?

Capítulo 4 - And Now I Wonder


Fanfic / Fanfiction Unfinished Business - And Now I Wonder

Anna chegou em casa no fim da tarde sentindo suas pernas doerem como se tivesse corrido uma maratona. Sua cabeça não estava melhor, já que o sol forte que a perseguiu o dia todo, somado ao estresse que estava enfrentando, haviam gerado um início de enxaqueca.

Mal havia fechado a porta e retirado os sapatos quando James surgiu da cozinha com um sorriso cheio de expectativas no rosto. Anna demorou a registrar que, ao invés de passar pela porta, ele havia atravessado a parede, e ficou encarando até que ele percebesse o motivo.

- Andei praticando – ele deu de ombros. – E aí?

- Não quero criar esperanças – Anna respondeu. – Tenho uma entrevista daqui a dois dias, sobre uma vaga de secretária em uma clínica particular. Alguns lugares ficaram de dar resposta, mas a maioria já está realizando as entrevistas, e só vai olhar novos currículos se nenhuma das candidatas for aceita.

Anna se jogou no sofá e encarou o teto. Já fazia três dias que Jimmy estava morando com ela. Nesse tempo, ele a ajudou a arrumar o currículo, tentando deixá-lo mais “atraente”, e ela saiu mais uma vez a procura de emprego, mas não estava tendo muita sorte. Ele estava sendo muito prestativo, ajudava a manter a casa em ordem, e era uma ótima companhia  naquele apartamento carregado de lembranças, além de estar sempre perguntando se ela se sentia bem, ou se havia algum mal estar, preocupado com sua recuperação.

- Não desanime, tenho certeza de que quando a oportunidade certa para você aparecer, vai conseguir. Além do mais, quem sabe essa entrevista não dê certo?

- Espero que tenha razão. Obrigada.

- E falando em coisas boas – ele disse animado. – Eu tive uma pequena lembrança hoje.

- É sério? – ela questionou e ele assentiu.

Anna logo se animou, virando-se para ele. Durante todos aqueles dias, James não havia tido lembrança nenhuma. Em alguns momentos, quando ele ouvia uma música, via alguma propaganda na televisão ou ouvia algum nome, ele dizia que sentia uma lembrança se relacionar com aquilo, mas não conseguia puxá-la para fora da névoa que envolvia suas memórias.

- Bom, e aí?

- Eu estava lendo uma revista e uma das matérias falava do Metallica. Então eu fiquei com uma música deles grudada na minha cabeça e, não sei direito o que aconteceu, mas eu me lembrei de uma loja de música.

- De instrumentos musicais?

- Não. CDs, discos, essas coisas. Não sei dizer onde ela fica, mas com certeza reconheceria se a visse.

- Sabe dizer o que significa?

- Não – ele deu de ombros, claramente incomodado pela limitação de suas lembranças. – Só me lembro da loja, nada mais.

- Não ajuda em muita coisa, mas não deixa de ser um bom sinal, quer dizer que suas memórias estão voltando aos poucos.

- É... Gostaria que isso fosse mais rápido – ele suspirou. – Talvez se eu encontrasse o lugar, ajudaria a lembrar de mais alguma coisa. Você não conhece nenhuma loja?

- Não consigo me lembrar da última vez que estive em uma – Anna deu de ombros. – Sou adepta da música digital.

- Qual é a graça disso? – Jimmy fez uma careta.

- Não é para ter graça, é para ser prático.

- Mas não é a mesma coisa. Nada se compara ao chiado de um vinil.

- Ok, vovô – Anna riu. – Hoje em dia as musicas são feitas pensando nessa “qualidade”.

- De que música estamos falando aqui?

- Justin Timberlake, Britney Spears, Ariana Grande...

- Meu deus – Jimmy disse, parecendo horrorizado. – Esqueça o que aconteceu comigo, vamos usar nosso tempo ensinando a você o que é música de verdade.

Anna revirou os olhos e não respondeu, perdendo-se em pensamentos. Não haviam feito muito progresso desde que tudo começou, e ela sentia que deviam se esforçar para descobrir mais sobre aquilo. Quais eram as limitações dele, além de não poder ser visto e ouvido por ninguém além dela, não conseguir dormir, sentir fome ou sede. Parecia que havia tanto a desvendar, mas ela não sabia como proceder. O principal era ajudá-lo a recuperar suas lembranças e descobrir a causa de sua morte, pois Anna achava que aquele era o motivo que o mantinha ali, como se fosse alguma espécie de assunto inacabado que devesse ser resolvido antes que pudesse seguir em frente.

We've tried so hard to understand, but we can't

- E essa história de atravessar paredes? – ela perguntou e ele riu.

- Faz sentido, não faz? Qualquer filme sobre fantasmas retrata isso. Então achei que valia a tentativa. Ainda preciso de bastante concentração, mas é mais fácil quando estou sozinho – ele disse então sua expressão ficou mais seria. – Quando você não está aqui eu me sinto diferente, como se estivesse mais distante.

- Isso é estranho – ela refletiu. – Mas deve ser pelo mesmo motivo que permite que apenas eu te veja, só precisamos descobrir qual é... Sabe dizer como isso funciona?

- Não – ele deu de ombros. – Como eu disse, é algo natural. É como se estar perto de você fizesse eu me sentir mais corpóreo, mais real.

- E é assim também com o resto? Objetos e etc?

- Acho que sim...

- Tem tanta coisa que não sabemos – Anna desabafou.

Foi então que uma lembrança veio a sua mente, e ela esperava que aquele pensamento fosse servir para algo.

- Eu tive uma ideia – Anna anunciou.

- Ideia?

- É. Estava pensando como poderíamos saber mais sobre tudo isso, e acho que tem uma forma que talvez ajude.

- O que?

- Poderíamos falar com um especialista.

- Um médium? Não é como se comunicação fosse o nosso problema – ele disse e Anna não conteve uma risada.

- Não. Bom, eu não acredito em nada disso, na verdade, mas dadas as circunstâncias... Uma amiga minha conhece uma mulher que lê cartas, vê o futuro e essas coisas, talvez não custe nada  dar uma olhada.

- É sério? – ele perguntou e ela deu de ombros.

- Acho que mal não vai fazer. No máximo vai ser mais uma tentativa frustrada.

- Talvez...

- Podemos ir atrás disso outro dia, mas por enquanto, eu tenho uma tarefa para nós que, apesar de não ser agradável, pode trazer uma resposta.

Jimmy a encarou confuso e ela se inclinou para pegar sua bolsa e, de dentro dela, tirou vários jornais, um de cada dia desde a véspera de quando ela e Jimmy se encontraram.

- Obituários – ela anunciou e ele fez uma careta.

- Isso é macabro.

- Mas necessário – ela contrapôs.

- Odeio quando você está certa – ele revirou os olhos e ela riu.

- Se não quiser olhar posso fazer sozinha. Sei que não deve ser exatamente fácil.

- Não, tudo bem. Nem ao menos sabemos meu nome completo, eu preciso ver e me lembrar, se encontrarmos.

Jimmy suspirou e pegou o primeiro jornal da pilha, folheando rapidamente até a página onde se encontrava o obituário. Anna queria poder poupá-lo daquilo, mas ele tinha razão, e como James não era um nome exatamente incomum, restava esperar que ele reconhecesse o nome quando aparecesse.

A frustração foi inevitável após vasculharem todos os jornais dos últimos dias e não encontrarem nada que os deixasse mais próximo de descobrir algo. Anna gostaria que aquilo significasse que estavam enganados, e que houvesse outra resposta para a situação, mas sua opinião se mantinha a mesma.

- Isso não faz sentido – Anna suspirou.

- Não mesmo. Acho que chega de pesquisa por hoje – Jimmy respondeu, reunindo os jornais em uma pilha e colocando sobre a mesa de centro.

- Concordo. Vamos parar por aqui, amanhã resolvemos o que fazer em seguida.

Jimmy assentiu e Anna logo percebeu seu desânimo. Estava cansada, assim como ele, de não conseguir respostas. Já fazia dias, e tudo o que conseguiram foi uma loja de discos em uma cidade que era um dos maiores berços da música no país. Ainda assim, sentia que precisava ser forte por ele, pois se estava difícil para ela, para ele era dez vezes mais.

But I try not to think of what might happen

When your reality it, finally cuts through

- Estou com esperança dessa vez – ela disse, levantando-se do sofá, mas ele não respondeu. – Tente descansar, ok?

- Boa noite – ele disse simplesmente, permanecendo ali enquanto ela rumava para o quarto, imaginando se ele conseguiria de fato descansar o mínimo que fosse naquela noite.

  

- Bom dia – Anna cumprimentou quando Jimmy saiu do quarto. – Já estava indo chamar você. Acabei de tomar café, podemos ir.

- Você quer ir conversar com a sua amiga, para perguntar sobre aquela mulher, certo?

- Sim. Você tem outra coisa em mente?

- Mais ou menos... Andei pensando sobre o que poderia acontecer para uma morte não constar no obituário?

- Eu não sei, o que você acha?

- Bom, pensei que talvez não tenham reconhecido o corpo.

- Mesmo depois de tantos dias?

- Pode acontecer – ele deu de ombros. – Então talvez pudéssemos ir direto à fonte?

- O que quer dizer?

- IML – Jimmy explicou com uma expressão que demonstrava seu desconforto.

- Você quer ir até o Instituto Médico Legal procurar seu corpo?

- Querer é uma expressão forte demais. Mas, se ele estiver lá...

- Isso sequer é permitido? – Anna questionou, relutante.

- Vamos descobrir – ele forçou um sorriso.

Anna suspirou, derrotada. Não gostava nada daquela ideia, mas precisava admitir que era uma possibilidade que não havia passado pela sua cabeça. E, se havia a menor chance de obterem uma resposta, precisavam tentar.

- Tudo bem. Mas lembre-se que quando estivermos fora de casa não posso conversar com você.

- Sem problemas.

- Essa é a pior ideia que você já teve – Anna resmungou, levantando-se da mesa dizendo iria se arrumar, e prometendo que logo sairiam.

  

Anna respirou fundo antes de entrar no prédio. Ainda não acreditava que estava realmente fazendo aquilo, e a verdade é que ter um homem de mais de um metro e noventa que somente ela podia ver ao seu lado não era exatamente reconfortante. Aproximou-se do balcão a passos lentos e tentou não fazer uma careta para a expressão do balconista, que indicava que não era uma pessoa muito prestativa.

- Bom dia – ela cumprimentou simpaticamente, recebendo um olhar entediado do balconista.

- Em que posso ajudar?

- Eu preciso de uma espécie de favor.

- Não fazemos favores – o homem respondeu secamente.

- Bom, não é bem um favor... Eu... Preciso identificar um corpo – Anna se enrolou nas palavras, ainda não acreditando no que estava pedindo.

- Você tem a intimação?

- Não. É uma longa história – ela forçou uma expressão triste que esperava despertar alguma simpatia no atendente. – Preciso saber se o corpo do meu... namorado... está aí, ainda sem identificação.

- Se o seu namorado está desaparecido, você devia fazer um boletim de ocorrência e relatar isso à polícia.

- Ele não está desaparecido. Está morto – ela insistiu, quase se esquecendo de não ser tão insensível sobre aquilo.

- Como você sabe que ele está morto, se está procurando o corpo? – o atendente questionou, suspeitando.

- Isso não está dando certo – Jimmy disse de repente, e Anna teve um leve sobressalto, quase esquecendo que ele estava atrás de si, depois de tanto tempo em silêncio.

- Ele é... era alto, mais de 1,90, cabelos castanhos, e os braços tatuados.

- O peitoral também – Jimmy disse interrompeu.

- O peitoral também – Anna complementou, contendo uma risada constrangida e tentando fazer uma voz chorosa, sem muito sucesso. – Pode ao menos dizer se você o viu aqui? Por favor?

- Não posso dar informação nenhuma – o atendente respondeu de prontidão. – Se era só isso, tenha um bom dia.

Anna considerou dizer a ele que via o fantasma do suposto namorado, mas sabia que somente seria chamada de louca e não resolveria o problema, então lançou um olhar feio a ele e deu as costas, marchando enfurecida para fora do local, com Jimmy logo atrás de si. Uma vez do lado de fora, ela olhou ao redor, certificando-se de que não havia mais ninguém ali, antes de poder falar com ele.

- Que idiota! Tenho certeza que os cadáveres desse lugar são mais vivos que ele – ela resmungou e Jimmy sorriu fraco.

- Espere aqui, vou tentar entrar lá e dar uma olhada.

- E você não podia ter pensado nisso antes?

- Desculpe – Jimmy riu. – Eu já volto.

- Tem certeza – Anna questionou preocupada. – Quer dizer, e se você realmente encontrar? Vai ficar bem?

- Eu não sei. Mas preciso tentar.

Anna suspirou ao ver Jimmy atravessar a porta e entrar novamente no IML, então encontrou um banco próximo e, sem alternativa, esperou. Aproveitou o momento para mandar uma mensagem para Leila, perguntando se poderia visitá-la, mas a amiga disse que estava de plantão no trabalho, e somente iria para casa no dia seguinte. Alguns minutos depois, Jimmy apareceu, balançando negativamente a cabeça.

- Nada. Todos os corpos estão identificados.

- Aquele idiota podia ter dito isso logo de cara e me poupado o trabalho – Anna resmungou.

- E agora?

- Bom, já que não há motivo algum para preencher um relatório sobre pessoas desaparecidas, acho que não adianta ir à polícia. Minha amiga não está em casa, então somente poderemos ir lá amanhã.

- Tudo bem.

- O que acha de um passeio até a praia? – Anna sugeriu. – Você está passando tempo demais naquele apartamento.

- Tem certeza?

- Por que não? – Anna sorriu, dando de ombros. – Não é como se eu tivesse algo melhor para fazer.

Jimmy assentiu, parecendo animado, e bastou uma rápida corrida de táxi e alguns minutos de caminhada para que os dois estivessem sentados na areia em uma área afastada da praia, tentando se esconder das outras pessoas para poderem conversar.

- Como está se sentindo? – Anna perguntou.

- Fisicamente? Ou eu devia dizer fantasmagoricamente? – ele rebateu e Anna riu, assentindo. – Da mesma forma. É como eu disse, perto de você, me sinto mais próximo do mundo real. É quase como se eu pudesse sentir o calor da areia, ou a brisa do mar. Literalmente, quase como uma sensação fantasma.

- Isso é ruim?

- Não, é... bom, eu acho. Quer dizer, não me lembro de ter morrido, mas é melhor ter esses momentos agora, como uma espécie de bônus, antes de ir para onde quer que seja que eu vá depois.

- Você acredita nisso?

- Em pós-vida? Acho que não posso não acreditar agora, não é?

We're seeing things in a different way

- É, mas não é isso que eu quero saber. Acredita que vamos para algum lugar depois? Céu, inferno, ou algo assim?

- Não sei – ele deu de ombros. – Mas nunca achei que fosse certo o pensamento de que nós simplesmente existimos, e depois não existimos mais. Seria uma existência bem inútil, não acha? Talvez realmente haja algo depois.

Anna repousou o queixo nos joelhos, com as pernas flexionadas diante do corpo, encarando a extensão azul do mar. Ela mesma não sabia em que acreditava, mas aquilo fazia sentido. Foi inevitável não pensar na mãe, e imaginar se agora ela estava em algum lugar melhor, e se estava olhando por ela.

- Acho que você tem razão – ela respondeu por fim, então respirou fundo antes de prosseguir. – Amanhã vamos até a casa da Leila. Vamos descobrir como ajudar você.

Jimmy assentiu e fez o mesmo que ela, também deixando o olhar vagando pelo horizonte. Tudo o que mais queria era saber a verdade, ainda que não fosse fácil estar tentando descobrir sobre a própria morte. Era assustador, na verdade, pensar em seguir em frente, em deixar tudo aquilo para trás, mas pensar que talvez houvesse algo aguardando por ele do outro lado era, de certa forma, reconfortante.


Notas Finais


E aí, o que acharam?
Deixem suas opiniões aí embaixo, adoro saber o que vocês pensam :3
As músicas desse capítulo foram All We Know e Feeling Sorry, do Paramore e Living On The Edge, do Aerosmith.

Importante agora:
Eu disse no início da fic que minha vida estava uma loucura? Se não disse, estou dizendo agora...
De forma alguma eu quero atrasar as postagens, mas estou em uma correria de organização para a formatura, que é daqui a duas semanas, e adaptação à nova fase da vida, começando minha pós graduação semana que vem, entre outras tantas coisas.
Então, caaaaaaaaaaso eu chegue a atrasar, espero que vocês sejam compreensivos, ok?
Estou escrevendo o capítulo 6 por enquanto, e ando com um bloqueio criativo terrível, que parece até praga, e isso somado com a minha falta de tempo... vocês podem imaginar kk
Mas é isso, vou fazer o meu melhor para continuar escrevendo e postando, mas pra ninguém se assustar caso eu não poste em alguma semana, esse é o motivo.

Até semana que vem.
Beijos


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