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História Unfinished Business - Within My Heart Are Memories


Escrita por: LzzyHale

Notas do Autor


Boa noite!
Ou bom dia, dependendo... hahaha

Estou postando BEM cedo na quinta, porque acho que depois não terei tempo.
Acabei de escrever o capítulo agora, porque não tinha conseguido escrever a semana toda, então já que estou no embalo... rs
Leiam as notas finais, ok?

*A imagem desse capítulo tá meio ruinzinha, mas é bem difícil achar fotos boas do Jimmy, ainda mais com o Brian kkk mas achei essa tão linda que nem me importei com a qualidade :3

Capítulo 6 - Within My Heart Are Memories


Fanfic / Fanfiction Unfinished Business - Within My Heart Are Memories

No dia seguinte, Anna estava se arrumando para sair, pensando em tudo o que precisava fazer naquele dia, mas uma parte de seus pensamentos estava presa em Jimmy. Desde a hora em que chegaram em casa no dia anterior ele havia se trancado no quarto e não saía de lá, deixando-a preocupada.

Sabia que precisava sair logo, ou iria se atrasar para a entrevista, mas também não queria ir antes de ter certeza que ele estava bem. Ela atravessou o corredor e bateu à porta do quarto que costumava pertencer à sua mãe. Quando não obteve resposta, ela levou a mão até a maçaneta cautelosamente e abriu apenas uma fresta, espiando para dentro do quarto.

- Jimmy? – ela chamou em voz baixa, mas não obteve resposta.

Assim que seus olhos se adaptaram à escuridão do quarto, que tinha as cortinas fechadas e as luzes apagadas, ela distinguiu a figura dele deitada na cama, encarando o teto, então abriu toda a porta e adentrou o lugar, aproximando-se dele.

- Você está bem? – ela perguntou e ele suspirou.

- Não consigo parar de pensar no que a Madame Helena disse. Eu pensei que estava pronto, sabe? Mas aparentemente não estou.

- Isso é totalmente aceitável, Jimmy – Anna disse com compreensão, sentando-se na beirada da cama. – Não deve ser nada fácil enfrentar tudo isso, é normal ter medo.

- Eu sei. Acho que estava me enganando penando que seria fácil recuperar minha memória.

- Você não pode desanimar, ok? Precisamos de paciência, e continuar tentando. Pelo menos agora temos certeza de que estamos no caminho certo.

- É, talvez você tenha razão...

- É claro que eu tenho – Anna sorriu gentilmente. – Eu preciso sair, mas não quero que você fique o dia todo nessa cama se lamentando, ok? Por que não vai dar uma volta?  Talvez ajude a esvaziar a mente.

- Tudo bem.

Anna apenas assentiu e levantou da cama, andando até a porta.

- Boa sorte na entrevista – Jimmy disse antes que ela saísse, e Anna se virou para encará-lo com um sorriso, que ele retribuiu.

- Obrigada.

 

Já era fim de tarde quando Anna voltou para casa. A entrevista de emprego havia sido transferida para a tarde, o que ela interpretou como um mal sinal, então teve que almoçar na rua, e esperar um bom tempo até ser recebida. Mais tarde, quando foi buscar o carro, passou um bom tempo sentada dentro do veículo, tentando não se deixar abater ou ser tomada pelo pânico, mas pensar que a última vez em que dirigiu um carro ela havia se acidentado e entrado em um estado de coma que durou seis meses, por mais que não se lembrasse, era assustador.

Havia passado boa parte do dia penando em Jimmy, preocupada com ele, e imaginando se ele estaria melhor. Até mesmo passou em uma loja de música e comprou um DVD do Metallica, lembrando que ela adorava a banda, e esperando que aquilo pudesse melhorar seu humor.

Quando entrou em casa e encontrou o apartamento vazio, imediatamente ficou preocupada com o que poderia ter acontecido. Jimmy havia dito que iria sair, mas ela imaginava que ele não ficaria o dia todo fora. Mil possibilidades passavam pela sua cabeça, de que ele teria perdido a memória novamente, não sabia mais achar o caminho de volta para o apartamento ou, e essa última opção realmente a abalou, ele teria recuperado as lembranças e seguido em frente.

Era angustiante não ter nenhuma forma de contatá-lo ou de saber onde ele estava e o que havia acontecido, então tudo o que conseguiu fazer foi sentar no sofá e encarar a porta da frente, esperando que ele voltasse, enquanto o DVD que havia comprado rodava sem que ela prestasse atenção.

Jimmy chegou pouco mais de uma hora depois, com uma expressão de felicidade no rosto, que logo foi desfeita quando ele viu a expressão de Anna, mas não teve muito tempo de pensar sobre aquilo quando ela correu até ele e o abraçou.

- Ei, o que foi? – ele perguntou confuso e ela finalmente o soltou.

- Onde você estava? Já estava ficando desesperada imaginando que algo teria acontecido com você.

- Calma, eu estou bem. Não é como se algo pudesse acontecer comigo...

- Você sabe que isso não é verdade – ela rebateu. – Nunca mais saia dessa forma, sem eu saber se você sequer vai voltar.

- Estou aqui agora, então se acalme, ok?

- Onde você estava, de qualquer forma?

- Vem aqui – Jimmy pegou a mão dela e a puxou até o sofá, para que sentassem frente à frente, e abriu um sorriso.

- Tive algumas lembranças hoje. Lembranças de verdade, Anna.

- Como assim? O que foi?

- Eu estava andando na rua, querendo encontrar algo que me fizesse lembrar de qualquer coisa, e então ouvi uma voz.

- Voz?

- É. Eu não conseguia entender o que ela dizia, mas era como se estivesse falando comigo. Então eu a reconheci.

- E aí, quem era?

- Meu melhor amigo. Brian Haner. Agora é até difícil pensar que eu não me lembrava dele antes. Nós somos amigos desde sempre, e ele é como um irmão para mim.

So this is the world you left behind

- Certo – Anna respondeu, processando as informações. – Ele deve estar sofrendo muito.

- Acho que sim – Jimmy respondeu de forma triste, deixando momentaneamente de lado aquela empolgação.

- E então? O que aconteceu depois disso?

- Era como se eu estivesse passando mal. As lembranças vinham uma atrás da outra, mais rápido do que eu conseguia processar. Sei que é só uma parte, mas já foi uma grande quantidade de informação. Não somente sobre Brian, mas também sobre meus outros amigos...

- Isso é bom, Jim. Eu sabia que era só uma questão de tempo – Anna sorriu de forma encorajadora. – Mas ainda não entendi onde você esteve até agora.

- Eu queria ter certeza de que as lembranças eram reais, então fui até a casa de Brian. Não tive coragem de entrar, e de qualquer forma não conseguiria me comunicar com ele, mas passei um bom tempo observando, e isso também me trouxe mais lembranças. É quase como um filme passando na minha cabeça.

- Fico feliz que esteja recuperando as memórias.

- Eu também – Jimmy sorriu, parecendo realmente satisfeito pelo progresso que tinha feito. – Você está ouvindo Metallica?

Anna sorriu com a pergunta. Já havia se esquecido do DVD tamanha era a ansiedade da espera por James, e a euforia gerada pela notícia.

- Comprei o DVD para ouvir com você. Acho que não machuca aprender algo diferente – ela deu de ombros.

- Assim que eu gosto – ele riu. – Ei, como foi a entrevista?

- Não sei dizer. Ficaram de me dar retorno, mas é o que eles dizem para todos os candidatos. Só me resta aguardar.

- Espero que você consiga.

- Eu também... – Anna suspirou. – Mas vamos falar sobre coisas boas. Como quer comemorar o progresso de hoje?

- Bom, na verdade eu tenho uma ideia... – Jimmy disse timidamente.

- O que é?

- Talvez pudéssemos ir até a casa do Brian?

- Acha que é uma boa ideia? – Anna perguntou.

- Por que não?

- Bom... Não sabemos o que aconteceu com você, não sabemos se ele sabe alguma coisa. Não posso simplesmente chegar lá e dizer para ele que estou vendo o fantasma do seu melhor amigo.

- Eu não sei explicar, mas tenho um pressentimento de que precisamos conversar com Brian.

- Não sei, Jimmy.

- Confie em mim nessa, ok? Sei que é a coisa certa.

Anna suspirou. Realmente queria ajudar Jimmy, mas sentia como se estivesse fazendo algo que ia além de seu alcance, aparecendo daquele jeito na vida que ele deixou para trás. Entretanto, por mais difícil que fosse, ela não tinha uma solução melhor.

- Se é o que você realmente quer, vamos tentar.

- Obrigado – Jimmy sorriu.

Depois de um banho rápido e de vestir algo mais confortável, Anna tentou se mostrar mais aberta à ideia de Jimmy enquanto eles faziam o trajeto de carro até a casa de Brian. Ambos estavam claramente nervosos, e tudo o que ela esperava era que ele estivesse certo daquilo. Foi por isso que ela não ficou nem um pouco tranquila ao ver a expressão dele quando estacionou o carro em frente à casa indicada.

- Ok, eu preciso dar uma dica útil sobre o que você pode enfrentar – ele disse evitando olhar para ela.

- Como assim?

- Talvez Brian não seja muito receptivo com o que você tem a dizer para ele. Ele é... como posso dizer? Um tanto cético quando a coisas sobrenaturais.

- E só agora você me diz isso?

- Fique calma, ok? Você só precisa fazer com que ele escute, acho que ouvindo toda a história ele vai acreditar.

- Toda a história que nem nós sabemos, você quer dizer? – Anna revirou os olhos e Jimmy riu.

- Brian só é uma pessoa muito técnica. Ele é formado em física moderna e da aula na universidade, e não tem um bom relacionamento com religião, mas quando ele souber que você está falando a verdade, vai ser fácil.

- É, só preciso convencê-lo disso...

Anna saiu do carro antes que Jimmy pudesse dizer qualquer coisa, apressando-se em atravessar a rua, sabendo que ele a seguiria. O sol já havia se posto, e a noite era iluminada pelo céu estrelado e sem lua sendo ofuscado pelas luzes da cidade.

Ao tocar a campainha, ela não sabia o que esperar, e muito menos o que dizer, só torcia para que aquela conversa não fosse tão mal quanto seu lado pessimista imaginava, pois mal conseguia pensar em como Jimmy ficaria arrasado caso seu plano não desse certo.

Foi preciso tocar a campainha mais uma vez e esperar longos segundos antes que a porta finalmente fosse aberta. Anna permitiu-se perder algum tempo encarando a figura diante de si. Os cabelos pretos despenteados e os olhos castanhos claros eram uma combinação que chamavam a atenção, assim como os braços tatuados, e por um segundo ela pensou que a primeira impressão que causaria não era das melhores, querendo falar sobre fantasmas com perda de memória.

Por outro lado, ela olhou de relance para Jimmy e podia ver em sua expressão o quanto os dois realmente eram próximos, e isso fez com que ela perdesse qualquer dúvida quanto ao plano, e decidiu que precisava fazer com que desse certo, não importava o custo.

- Pois não?

- Brian Haner? – Anna perguntou timidamente, e ele assentiu. – Eu tenho um assunto importante a discutir, será que você tem um minuto?

- Se isso é sobre a loja, eu já cansei de dizer que não está à venda – ele disse rispidamente, deixando Anna confusa.

- A loja – Jimmy disse de repente, e Anna somente não se assustou porque já estava acostumada a controlar suas reações às atitudes dele em frente à outras pessoas. – A loja que eu me lembrei esses dias, ela era minha.

- Não, não é sobre isso – Anna respondeu. – Eu... Eu queria conversar sobre o dono dela, James.

- Jimmy? – Brian perguntou. Anna percebeu a voz dele um pouco mais suave ao pronunciar o nome do melhor amigo, ainda que sua expressão permanecesse impassível.

- É.

- O que tem ele?

- O que tenho a dizer é um pouco complicado, será que não podemos conversar aí dentro?

- Se é tão importante, pode me adiantar agora – Brian estreitou os olhos.

Anna respirou fundo, tentando organizar seus pensamentos. Ela podia perceber, pelas atitudes de Brian, que ele sabia que Jimmy estava morto. Tanto pela forma como ele falou sobre a loja, como pelo receio em se aprofundar no assunto ao ponto de deixá-la entrar na casa, e principalmente pela forma como ele pronunciou o nome de James. Só não sabia dizer se aquilo tornava as coisas mais fáceis ou mais difíceis.

- Eu conheci Jimmy – ela disse, incerta de como prosseguir.

- E o que isso tem de mais?

- Bom, eu não conheci ele, exatamente... Conheci seu espírito.

O silêncio desconfortável que se instalou em seguida era previsível. Anna evitava olhar na direção de Jimmy, com medo de qual seria a sua reação caso aquilo tudo desse errado. Brian foi a única lembrança real que ele recuperou de seu passado, não sabia o que fazer caso a trilha de lembranças fosse um beco sem saída.

- Isso não tem a menor graça – Brian disse secamente.

- Eu não estou brincando...

- O meu melhor amigo está morto. E você aparece aqui dizendo que conheceu o espírito dele. Como isso não é uma brincadeira?

- Por que eu iria...?

- Não – Brian a interrompeu. – Você me responde. Por que eu deveria acreditar nisso? Fantasmas não existem! E, mesmo que existissem, por que diabos James apareceria para uma estranha ao invés de sua família?

Anna respirou fundo ao ouvir aquelas palavras. Sentia o olhar de Jimmy sobre si, e tentava fingir que aquilo não a havia machucado, mas imaginava que era em vão. Ela sempre soube que era uma intrusa naquela história, mas ter isso dito daquela forma era um novo nível, pois apesar de tudo, ela já o considerava um bom amigo.

- Ele perdeu as memórias, e...

- Chega – Brian interrompeu novamente. – Eu não sei o que você pretendia com isso, mas eu não vou ouvir mais uma palavra sequer. Suma daqui antes que eu chame a polícia.

Brian bateu a porta antes que Anna pudesse dizer qualquer coisa. Ela já imaginava que seria difícil, mas aquilo era diferente do que esperava. A relutância dele não era totalmente com o fato de alguém lhe dizer que fantasmas são reais, pois ela acreditava que qualquer pessoa que perde alguém próximo, em algum nível, espera ouvir isso. Mas também com o fato de, caso aquilo fosse verdade, James não ter aparecido para ele, afinal, era seu melhor amigo.

Anna nem olhou para James antes de decidir o que fazer, então se pôs a bater na porta com o máximo de força que conseguia.

- Abre essa porta, Haner! Você precisa escutar.

- Para com isso, Anna – Jimmy disse, e ela ouvia a tristeza em sua voz. – Acho que ele realmente chamaria a polícia.

- Não me importo – ela respondeu em voz baixa, então voltou a falar alto o suficiente para ser ouvida de dentro da casa. – Seu melhor amigo precisa de ajuda e você vai simplesmente virar as costas? Pode me chamar de louca, mas ao menos eu me importo.

Sem resposta, Anna continuava esmurrando a porta, e já imaginava que a polícia chegaria em breve e a arrastaria dali, o que provavelmente consolidaria sua fama de louca. Mas havia chegado até ali e não podia desistir, foi por isso que tentou sua última jogada, desejando com todas as suas forças que funcionasse, pois não sabia o que mais tentar.

- Quer saber por que estou aqui? Ele ouviu sua voz. James havia perdido sua memória, mas ele ouviu sua voz hoje à tarde e se lembrou. Ele precisa da sua ajuda, será que não vê?

Com um último golpe contra a porta ela finalizou a frase então se afastou alguns passos da casa, frustrada. Jimmy andou até ela e pôs a mão em seu ombro, então ela se virou para encará-lo.

- Você tentou – ele disse em voz baixa. – Não posso pedir mais que isso.

- Não foi suficiente – Anna respondeu.

- Vamos embora – ele pediu. – Podemos pensar em outra coisa.

- Sinto muito – ela murmurou e James apenas assentiu.

Ambos se viraram e estavam no limite da calçada quando Anna ouviu a voz de Brian, apesar de distante, e se surpreendeu, pois não ouviu a porta sendo aberta.

- É com ele que você está falando?

Ela se virou e fixou seu olhar no de Brian. Não sabia o que dizer, tinha medo de que ele voltasse a se trancar em casa, mas resolveu que a honestidade era a melhor saída.

- É.

- James? – Brian chamou e Anna sentiu algo estranho em seu peito. A expressão de Jimmy era ilegível, e ela mal podia imaginar como ele se sentia naquele momento.

Is this just an illusion

That I made inside my head to get me by

- Oi, irmão – Jimmy respondeu fraternalmente, mesmo sabendo que não podia ser ouvido.

- Ele disse oi – ela disse a Brian.

- Por que... Por que eu não posso vê-lo?

- Eu não sei. Aparentemente, ninguém pode, além de mim.

- Ele realmente está aqui? – Brian perguntou com a voz embargada e Anna assentiu, ela mesma sentindo que poderia começar a chorar a qualquer momento. – Oi, irmão. Eu sinto tanto sua falta.

Jimmy não respondeu, apenas andou até Brian e parou em sua frente. Hesitante, ele repousou a mão no ombro de Brian, mas ao contrário do que acontecia com Anna, ele não podia sentir nada, e apesar de saber que aquilo aconteceria, não era menos doloroso.

And I feel you close

 - Ele também sente sua falta – Anna disse por fim, ao ver que James não diria nada.

- Vamos entrar – Brian convidou.

Anna assentiu e o seguiu casa adentro. Ela se permitiu observar os detalhes do ambiente, mas não havia muito. A casa era de porte médio, espaçosa, bem decorada e extremamente organizada – o que ela não achou muito surpreendente.

Brian a conduziu até a sala de estar e fez sinal para que ocupasse um lugar do sofá, enquanto ele ocupava uma poltrona. Jimmy sentou ao seu lado, e ele parecia distante, mas ela sabia que era somente porque devia estar enfrentando uma confusão de sentimentos naquele momento.

- Você disse que Brian ouviu minha voz? – Brian perguntou.

- É, foi o que ele me disse – Anna confirmou. – Que ouviu sua voz, então as lembranças apareceram. Isso foi bom, porque até então ele não conseguia se lembrar de nada concreto. O que acha que aconteceu?

- Eu... – ele começou, então inspirou profundamente antes de prosseguir. – Hoje era meu dia de folga no trabalho. Eu ainda estava bem abalado com o que aconteceu, mesmo depois de todo esse tempo, então fui até o cemitério. Pode parecer idiota, mas eu costumava sentar ao lado do túmulo de James e conversar, como se ele estivesse lá. Ajudava a me acalmar, eu acho, como se ele ainda estivesse aqui.

Anna tentou ignorar o calafrio que tomou seu corpo ao ouvir a palavra túmulo. Aquela era uma informação nova, de que a família e os amigos de James já sabiam sobre sua morte, e haviam tomado todas as providências necessárias, e agora ele estava enterrado em algum lugar no cemitério da cidade, mas ainda estava ali, ao seu lado, prestando atenção na conversa, mesmo que não pudesse participar de toda ela. Entretanto, não foi aquela parte da fala de Brian que chamou sua atenção.

- O que quer dizer com “depois de todo esse tempo”? – ela questionou.

- Bom, Jimmy já... – Brian se interrompeu, olhando ao redor, como se procurasse Jimmy com os olhos, quando não conseguiu concluir a frase. – Faz meses.

- Meses? – Jimmy questionou, surpreso, e Anna repetiu a pergunta automaticamente.

- Como isso é possível? Eu o conheci há duas semanas – Anna desviou o olhar para Jimmy, como se quisesse ter certeza de que ele estava bem, espantada com o fato de que ele teria ficado meses vagando por aí sozinho e sem lembrança alguma.

So stranger, stranger, stranger things have happened, I know

- Isso não faz sentido. O que teria acontecido durante esse tempo? – Brian parecia tão espantado quanto os demais com a informação, mas Anna apenas acenou negativamente com a cabeça, não sabendo o que pensar.

- Pergunte o que aconteceu – Jimmy pediu.

- Tem certeza? – Anna se voltou para ele.

- Eu preciso saber, não é? Faz parte do processo. Foi o que a Madame Helena disse.

Anna apenas o encarou com preocupação por algum tempo, quase se esquecendo da presença de Brian ali. Ela sabia que era importante que Jimmy descobrisse toda a verdade, e que isso incluía a forma como ele morreu, mas temia o que isso podia desencadear. E se ele revivesse o momento? Se lembranças boas como as sobre seu amigo haviam feito ele passar mal, o que aquelas lembranças fariam com ele? E se ele partisse? Mas ela também sabia que não era sua escolha, e não podia privá-lo daquilo.

- O que foi? – Brian questionou, olhando dela para o espaço no sofá onde agora sabia que o amigo estava, lamentando não poder vê-lo.

- Jimmy não se lembra de sua morte. Ele quer saber o que aconteceu.

- Foi um acidente – ele contou. – Aconteceu na autoestrada. James estava de moto, e o outro cara fugiu, então somente descobrimos quando já era tarde demais.

Anna não disse nada quando Brian parou de falar. Ele claramente ainda estava abatido pela perda do amigo, pois falava com dificuldade, então ela respeitou aquilo. No fundo, ela não queria estar ali. Queria não precisar estar ali, que os dois amigos pudessem conversar diretamente, pois ela sabia que era o que ambos queriam, mas a vida era injusta, às vezes.

- Ainda não consigo me lembrar – Jimmy disse depois de um tempo. – Nenhum borrão, nenhum fragmento de memória, nada.

- Talvez não seja a hora ainda – ela suspirou, tentando esconder o alívio que sentia com aquilo.

- Acho que sim... Não faz diferença por enquanto, de qualquer forma.

- Não consigo entender como alguém tem coragem de fugir de um acidente. Quem sabe se com alguma ajuda as coisas não pudessem ser diferentes? – Anna desabafou, e James tocou levemente seu braço, sabendo que ela havia relacionado o acidente dele com o seu próprio, apesar de ali não ter mais nenhum envolvido.

- Você sabe que não precisa se preocupar com isso. Apesar de ter se machucado, você capotou sozinha, mesmo que tenha sido no centro da cidade, não havia ninguém em volta naquela hora.

- Eu sei. Mas é até irônico pensar que temos isso em comum...

- O que? – Brian perguntou por fim, e Anna percebeu que mais uma vez havia esquecido de mantê-lo a par da conversa.

- Eu também sofri um acidente de carro – ela contou, já não se importando mais em compartilhar aquilo. – Fiquei alguns meses em coma, e me recuperei faz pouco tempo.

- Nunca imaginou que talvez seja esse o motivo por você poder vê-lo? – Brian questionou. Apesar de não se tratar de física moderna ou qualquer que fosse sua área de estudo, ela podia ver que ele tentava encontrar uma lógica em tudo, e achou aquilo, de certa fora, engraçado. – Quer dizer, foi uma experiência de quase morte, não? Talvez tenha permitido que você tenha contato com o outro lado ou o que quer que se chame.

- Até pensamos isso, no começo – ela deu de ombros. -  Mas Jimmy é o único que eu vejo. É como se estivéssemos ligados, eu acho, mas não sabemos o motivo.

- Então... desde que se conheceram, o que aconteceu?

- Não muito. Estávamos focados em recuperar lembranças, mas hoje foi a primeira vez que realmente conseguimos algo. Talvez com sua ajuda fique mais fácil.

- É claro – Brian concordou, forçando um sorriso, então pigarreou antes de prosseguir. – Eu quero me desculpar por antes. Por ter gritado com você, e ter ameaçado chamar a polícia.

- Está tudo bem – Anna riu. – Não é uma situação comum, não esperava que você fosse aceitar de cara. Além do mais, James me avisou sobre você.

- Ah, ele avisou, não é? – Brian de forma cômica e Jimmy sorriu. – O que foi que ele disse?

- Que você é um nerd – Anna também sorriu, vendo James revirar os olhos com sua declaração, e rir em seguida.

- Bom, talvez devamos marcar logo nossa primeira aula sobre lembranças, também tenho muito a dizer sobre ele.

- Não poderia concordar mais – Jimmy disse, mesmo sabendo que Brian não podia ouvir.

Anna fez questão de combinar com Brian sobre o que fariam dali em diante. Ela estava feliz, de certa forma, por fazer parte daquilo. Ao mesmo tempo em que estariam ajudando Jimmy com suas memórias, ela poderia aprender mais sobre ele, o que era ótimo, pois era uma forma de preencher as lacunas que existiam por não tê-lo conhecido antes.

Além disso, podia aprender mais sobre a vida dele, e também conhecer Brian melhor, o que não era de todo ruim, pois se realmente era tão próximo de James, ele devia ser, como aparentava, uma boa pessoa.


Notas Finais


E aí?
Tinha gente pedindo do Brian, o que acharam da aparição dele?
Deixem sua opinião aí nos comentários! É muito importante para mim saber o que vocês pensam sobre a história :)
Como eu disse lá em cima, terminei de escrever o capítulo agora, então não tive tempo de revisar. Por isso, qualquer erro me avisem, ok?
As músicas deses capítulo foram Natural Born Killer, do Avenged, America, do Imagine Dragons, e Strange Things Have Happened do Foo Fighters :)

Importante agora:
Como eu já havia dito no capítulo anterior, eu acabei sem tempo para escrever ultimamente, e agora não tenho mais nenhum capítulo pronto.
A minha formatura é nessa semana, na sexta e no sábado, então espero que a partir de semana que vem eu esteja um pouco mais tranquila. Não vou ter mais as coisas da formatura para correr atrás, e também vou fazer menos carga horária no estágio, porque agora volto a ser voluntária, então isso significaria mais tempo livre. Por outro lado, eu tenho um concurso dia 03 e ainda não estudei nada, então vou ter que pegar pesado agora para ter a menor chance de passar... Começando a vida adulta agora e preciso pensar no futuro, certo? kkkk

Como eu já disse antes, em hipótese alguma eu quero parar de escrever. Eu AMO escrever, e amo essa história, então vou continuar, é claro, mas talvez acabe atrasando alguns capítulos...

Era isso então.
Até o próximo! Beijos <3


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