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História Unfixable - I feel u


Escrita por: Bl4cklight

Notas do Autor


"Se eu me sentir melhor, lembre-me de passar os bons tempos com os meus amigos. Você pode me dar o seu número, quando tudo melhorar eu deixo você saber."
— Phoenix, If I Ever Feel Better.

Capítulo 1 - I feel u


Fanfic / Fanfiction Unfixable - I feel u

Seokjin estivera em seu próprio quarto desde que chegou do colégio. Não era algo anormal, o garoto praticamente morava naquele cômodo.
Já era noite quando ele resolveu sair do quarto para ter a primeira refeição do dia. Ao se levantar, sentindo a costumeira tontura seguida pela costumeira náusea, foi até a cozinha procurar por algum alimento. Sua mãe estivera em casa mais cedo e, antes de ir trabalhar pela manhã, deixara um bilhete na porta da geladeira pedindo para que Seokjin comesse e avisando que iria dormir na casa de alguma amiga.
Seokjin estaria sozinho naquela noite.
Respirou fundo por costume e deduziu que sua irmã mais nova, Eunha, iria provavelmente dormir fora também.
Seokjin teve vontade de chorar.
Não que ele estivesse triste por ficar sozinho, mas, não era como se ele estivesse feliz e quisesse ver todos se divertindo enquanto ele ficaria trancado no quarto por decisão própria.
Seokjin estava sutilmente magoado.
Magoado por ser ele mesmo e decidir ficar trancado dentro do próprio quarto, ao lado da janela, perguntando aos céus o porquê ter aquele nó na garganta que nunca se desamarrava.
Seokjin estivera, pelo menos nos últimos dois meses com aquele nó na garganta. Com aquela vontade arrebatadora de chorar e em nenhum momento conseguir. Estivera com aquela tontura, com aquele sono excessivo, com falta de fome, com aquele aborrecimento infernal e nunca conseguiu chorar por se sentir sufocado pela falta de sentimentos o suficiente.
Não sabia se era de fato falta de sentimento ou se sua cabeça se complicou tanto que acabou desligando algumas partes importantes do cérebro.
Seokjin sentia falta de chorar.
Passou os últimos dois meses lendo livros tristes, assistindo filmes e séries tristes e lendo fanfic que acabaria com o psicológico de qualquer um. Se sentia levemente abalado ou chocado quando terminava tais coisas, mas em nenhum momento alguma lágrima saía de seus olhos. Isso estava o aterrorizando.
Não era algo do tipo que alguém deveria dar importância, mas, qual é, eles estava a mais de um ano sem chorar e nos últimos dois meses sua vida virou tão de cabeça pra baixo a ponto dele enlouquecer em quase todas as situações. Entretanto, em nenhum momento alguém tirou sua calma o bastante ou o fez chorar.
Ele precisava chorar. Precisava mais do que nunca soltar todas as emoções que estavam presas dentro dele. Extremamente presas.
Era isso que o sufocava.
Em dois meses conturbados, em um ano longo, ele em nenhum momento conseguiu colocar seus sentimentos para fora.
Sua vida escolar estava péssima. O diretor teve que o colocar em uma sala diferente da de seus amigos e ele tinha que ser tão tímido. Quase no final do ano e ele tinha no máximo três amigos que o usavam para ganhar nota.
Sua paixão, seu realmente grande amor, era seu melhor amigo. Desde o começo do ano se tornaram mais próximos do que nunca. Seokjin em nenhum momento falou com alguém sobre sua paixão reprimida por anos, ele não queria se machucar e não iria. Relações não eram para ele.
Sua família era um caos. As famílias deveriam ser os melhores amigos, certo? Mas Seokjin se perguntava todos os dias como ele poderia ser tão deslocado.
Deslocado em casa.
Deslocado na escola.
Deslocado na roda de amigos.
Deslocado.
Terminou de preparar seu lanche ainda com a vontade de chorar e rumou até seu quarto. Aquela sexta-feira não teve nada de diferente, nada fora do habitual. Foi para o colégio, fez a lição das três primeiras aulas enquanto constantemente dizia para seus colegas que gostaria de morrer e, após seu intervalo que passou na sala de aula — já que seus amigos do terceiro ano, inclusive sua paixão, tinham faltado —, fez mais lição na aulas seguintes, indo pra casa uma aula mais cedo pela falta de um professor.
Estava tudo completamente habitual mas Seokjin sentia que especialmente naquele dia, a altura do campeonato, seria o dia de glória.
O dia de glória era o dia que Seokjin constantemente aguardava. Ou ele se mataria ou, enfim, conseguiria conversar com alguém sobre seus sentimentos e, se não fosse almejar muito, chorar.
Preferiu sentar no cantinho entre o vão da cama e da escrivaninha e comeu ali, no chão e no escuro.
Seokjin tinha a certeza de que seu problema era não conseguir levar a vida. Ele fingia perfeitamente bem estar feliz o tempo todo e isso fez com que seu cérebro acreditasse fielmente. Mas, não era a noite que os pensamentos suicidas vinham. Era a qualquer horário do dia, com qualquer imprevisto que a vida lhe desse.
Por um exemplo: no dia anterior, Seokjin comprou duas cartolinas para fazer um de seus trabalhos. Ultimamente, estudar era a única coisa que fazia para espantar pensamentos indevidos. Colocara a cartolina em cima da mesa e foi ler alguma coisa. Não tinha nem comido ou dormido, literalmente chegou da escola, colocou a cartolina em cima da mesa e se jogou no sofá para ler algo. Duas horas depois resolveu ir para seu quarto e dormir. Descansou por trinta minutos e, quando enfim acordou disposto, pegou a cartolina para fazer o trabalho.
Seu maldito gato tinha rasgado toda a cartolina.
Seokjin fez um esforço enorme para manter a calma, mas, a única coisa que conseguiu fazer foi querer morrer imediatamente. Precisou respirar fundo várias vezes e pediu, por tudo que lhe era mais sagrado, que conseguisse chorar por causa daquela cartolina. Porém, logo seu cérebro se acalmou e ele foi até a cozinha para comer algo e, pela segunda vez no dia, entrou em desespero. A comida tinha acabado porque sua irmã comeu o que sobrou do almoço. Comer não lhe era algo muito importante, ele nem estava com tanta fome, mas, se perguntou se em algum dia de sua vida ele poderia, apenas uma vez, ter o que quisesse. Não era algo tão impossível de se ter. Era apenas o almoço.
Não comeu pelo resto do dia anterior.
O não saber levar a vida era essas coisinhas básicas que o tiravam do sério no cotidiano e cada vez mais tiravam a vontade que o garoto tinha de viver. O monótono não deixava de coexistir consigo. E cada dia mais Seokjin pensava que não era feito para estar ali em todos aqueles momentos e gostaria cada dia mais de, apenas, sumir. Não tinha se matado ainda porque não sabia qual a melhor forma de fazer aquilo. Ele não iria tomar remédios porque queria algo concreto, algo que não o desse apenas o risco de vida e sim, a morte. E por isso, sempre sutilmente fazia coisas perigosas que deveriam resultar em acidentes consigo mesmo, para que outros fatores o levassem a tão esperada morte.
Interrompendo a pequena dispersão que o garoto tivera ao ficar minutos olhando para um ponto qualquer, o toque do interfone soou da sala da casa. Sem reclamar ou esboçar qualquer reação, Seokjin foi como um robô ver quem atrevia a interromper sua solidão.
Não era de se admirar que ficou extremamente surpreso quando uma voz rouca apresentou-se pelo outro lado do interfone. Fora de sua casa. Pedindo para entrar. Pedindo para Seokjin fazer o impossível que era estar ao lado de Namjoon. Sua paixão. Seu grande e primeiro amor.
O ar que lhe faltou voltou rapidamente e a vontade de chorar foi tão gritante que Seokjin achou que seria ali seu momento do dia de glória. Se não fosse por ser Namjoon, com certeza permitiria-se a chorar. Mas seria demonstrar fraqueza demais. O outro provavelmente só estaria ali para passar rápidos cinco minutos e logo iria embora. Ninguém ficaria por muito tempo, anyway.
— Oi, Nam! — Seokjin falou assim que abriu a porta para o mais velho.
Namjoon era um ano mais velho que Seokjin e estudava em sua escola, no terceiro ano. Suas covinhas foram as primeiras coisas que o garoto reparou quando o outro abriu um sorriso. A segunda coisa que Seokjin reparou foi a mochila que o loiro carregava.
— Sua mãe apareceu lá em casa hoje de manhã e pediu que eu viesse pegar algumas roupas da minha mãe. Mas, eu pensei "Ah, vou aproveitar e dormir junto com o Seokjin-ah", então eu vim. Espero que não se importe.
Os olhos de Seokjin levemente lacrimejaram. Namjoon não reparou que eram lágrimas pra valer, já que o moreno sempre o olhava com o mesmo olhar marejado.
Entrou na casa alheia assim que o outro pediu e, após tirar os sapatos, seguiu o moreno até o quarto. Reparou que aquele quarto era totalmente arrumado e que sua mãe se orgulharia de ter um filho tão organizado como Seokjin. Não deixou de sorrir.
A única coisa que estava fora de lugar era um único pratinho no chão que continha um sanduíche mordido apenas uma vez e ficou rapidamente triste. Observou Seokjin desde que o mesmo teve uma mudança drástica na atitude.
O moreno que sempre foi bastante animado passou a ter um comportamento estranhamente avoado e indiferente. Namjoon tentou se aproximar mais quando reparou isso. Quando o moreno se aprofundou naquela imensidão de incógnitas, Namjoon não pôde deixar de se desesperar, e desde então, tentava cada dia mais fazer com que Seokjin tivesse cores novamente.
— Jin... — falou, virando-se para o mais novo. — Eu quero que você me olhe e responda o que eu perguntar, ok? — o outro assentiu. — Quantas vezes você comeu hoje?
Seokjin se sentiu confuso com a pergunta do outro e, sorrindo, respondeu sincero:
— Eu estava comendo... tomei meu café da manhã, hoje.
Namjoon não mostrou o semblante que Seokjin esperava e o mesmo ficou mais confuso ainda.
— O que você comeu de manhã? — perguntou, fitando os olhos iluminados apenas pela luz fraca da luminária.
— Eu... tomei café.
Seokjin estava receoso pois não sabia onde Namjoon queria chegar. Ele estava preocupado? Não... com certeza era outra coisa. Seokjin passara dias sem comer mais do que o café da manhã e aquilo não parecia ser algo preocupante, nunca tivera passado mal.
Namjoon suspirou e desviou o olhar dos olhos do outros apenas para fitar a mão do mais novo e segurá-la. Arrastou-o para a única cama de solteiro que tinha ali e sentaram-se frente a frente um do outro, com as pernas cruzadas. Seokjin com a cabeça levemente para a própria direita em completa confusão. Namjoon sabia que ele não estava fazendo aquilo de propósito. Não sabia como iria chegar até o ponto onde queria, mas, estava decidido a chegar. Suas mãos ainda estavam juntas e Namjoon rapidamente entrelaçou-as.
— Vamos ter uma conversa séria, tá? — o loiro falou. Seokjin assentiu. — Eu estou preocupadíssimo com você. Somos melhores amigos, não somos? Preciso que você me conte tudo que está te atormentando nos últimos dias.
Uma lágrima caiu do olho esquerdo de Jin. Aquilo doeu como uma facada em ambos os garotos.
— M-meu g-gato arranhou minha cartolina — outras lágrimas inevitavelmente acabaram caindo.
Namjoon o olhou questionador. O que a cartolina está fazendo nessa história?
— Sua cartolina? O quê? — perguntou quando percebeu que o outro não conseguia continuar.
Seokjin encarou um ponto qualquer da blusa de Namjoon e pediu mentalmente que o loiro não fosse embora e que suas lágrimas limpassem-o o por dentro.
"Por favor, Deus, só faça com que eu me purifique antes de partir".
— Seokjin? Por favor fala comigo — o outro pediu.
Namjoon, àquele ponto já descruzara as penas e estava bem mais próximo do outro que conseguia apenas soluçar pelo choro constante. O que chorava parecia uma estátua soluçando e olhando para o mesmo ponto fixo. Namjoon chamou pelo nome do mais novo algumas vezes e por fim, decidiu abraçá-lo.
— E-eu... o meu gato, ele... ele foi péssimo comigo, hyung. Eu queria ter feito o meu trabalho e — contava enquanto chorava abraçado ao outro —... eu estou tão fodido psicologicamente. E-eu não consigo pensar claramente está tudo uma bagunça. Eu sou péssimo na vida, não sei viver e todos os dias da minha vida eu não tenho feito outra coisa que não seja querer morrer. Eu não aguento mais querer morrer, hyung. Eu queria morrer logo, é a única coisa que eu tenho pedido à Deus. Mas, ele me odeia, hyung. Todo mundo me odeia. Eu não quero mais viver. Eu não quero mais viver. Eu não quero mais...
Namjoon pediu baixinho para que Seokjin parasse enquanto levantava seu rosto para que ambos se olhassem. Seokjin chorando doía tanto... Mesmo que o olhando, Seokjin soluçava e Namjoon reparou em sua respiração descontrolada pela falta de ar. O loiro queria garantir para si mesmo que ele iria dar conta de tudo mas estava com medo que Seokjin tivesse algum ataque de asma ou desmaiasse alí mesmo. Abraçou o outro novamente o mais rápido que pôde e pediu para que ele se acalmasse.
— P-por favor, vá embora antes que a nossa amizade se acabe, hyung. Você não vai precisar ser meu amigo por muito tempo. Logo eu vou acabar com tudo isso e todo mundo vai ficar extremamente be-...
— Seokjin! — interrompeu-o. — Por favor, não fale coisas como essa. Por favor... eu te amo tanto e não gosto nenhum pouco de te escutar falando coisas como essa. Por favor... nunca tente se matar. Eu realmente te amo.
— Mas, seu amor não é recíproco ao meu, hyung! Como eu posso viver tendo tantas poucas coisas ao meu favor? Nem o amor que minha mãe sente por mim é recíproco.
Namjoon apertou mais ainda o abraço e não se importou nenhum pouquinho se estivesse esmagando o outro. Queria que o mesmo fosse esmagado por amor.
— Eu te amo como se fosse o grande amor da minha vida, Seokjin. Você é o grande amor da minha vida.
Seokjin chorou mais ainda e não por felicidade. De nenhuma forma aquele amor dos dois parecia certo, porque Seokjin era o errado. Aquilo iria acabar consigo a cada minuto e ele já estava em pedaços. Como alguém iria conseguir pegar pedacinhos triturados de uma pessoa e fazer com que tudo ficasse em seu devido lugar? Namjoon era louco! Seokjin era irreparável.
— Eu estou totalmente quebrado, hyung. Eu posso acabar ferindo todo mundo ao meu redor. — Falou com a voz chorosa e abafada pelo abraço do loiro.
— Seokjin... desde o dia que você entrou nisso que você está agora... desde o dia em que alguma coisa roubou você de você mesmo, desde esse dia eu estive quebrado. Eu preciso de você bem para que eu volte ao normal e consiga te consertar.
A hora seguinte foi em total silêncio pela parte do loiro e pelo "restinho" de choro do moreno. Seokjin chorou por duas horas inteiras e Namjoon não o largou em nenhum momento.
Namjoon tinha se deitado na cama e Seokjin estava deitado em cima de si o abraçando como se sua vida dependesse de segurar o loiro. Namjoon não reclamou, sua vida dependia de abraçar o moreno de volta.
Foi com extrema dificuldade que Seokjin conseguiu parar o choro e ele não se sentia bem como esperava. Fechou os olhos e tentou focar apenas no cheiro do outro. Quando Namjoon percebeu o cessar do choro alheio, levantou a cabeça do moreno para que pudesse olhar em seus olhos tristes e com a voz doce, falou:
— Seokjin... fica comigo por todos os dias da sua longa vida, ok?
Seokjin demorou para responder. Seu corpo doía e ele sentia náuseas. Como explicar que ele não queria que sua vida fosse longa?
— Ficaremos juntos até o final da minha vida, hyung.
Namjoon abriu um sorriso triste porque não sabia ao certo se a vida de seu dongsaeng seria longa pela vontade do outro. Queria que tudo fosse fácil e que ideias pudessem ser mudadas rapidamente.
Quando em um ato impensável Namjoon beijou o moreno e foi aceito, pediu ao universo que o moreno nunca mais tivesse ideias absurdas e que ele se sentisse aquecido e amado por dentro. Namjoon de fato o amava. E quando Seokjin sentiu seus lábios encostando-se nos lábios alheios, prometeu a si mesmo de que nunca iria tentar se matar. Por Namjoon! Mas, bem subjetivamente, não prometeu que iria tirar a morte de seus objetivos, pedia para que o próximo acidente que acontecesse no dia seguinte o matasse.
Quando Namjoon inverteu as posições, colocando Seokjin abaixo de si, o mais novo teve um pequeno momento de sanidade onde pensou que o próximo acidente do dia seguinte poderia ser por Seokjin estar feliz demais pensando no seu momento de glória que nem teria percebido o carro que iria lhe atropelar.
E quando os bocas começaram a percorrer outras partes dos corpos expostos dos garotos, ambos não pensaram mais em nada.


Notas Finais


Qual foi a última vez que vocês choraram?


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