História Unfollow. - Capítulo único.

Revirei meus olhos ao ver meu celular tocar novamente.

– Mas que porra Lydia Martin... O que você quer? – Indago ao atender e senti meu corpo estremecer de raiva.

Eu seria preso se matasse minha melhor amiga antes do seu casamento? Ok, provavelmente eu seria preso ou morto pelo seu noivo. E claro que ninguém quer morrer, seria um desperdício para essa terra perder alguém tão encantador como eu.

– Credo, Stiles... – Ela resmungou e eu poderia jurar que ela estava revirando os olhos, enquanto andava de um lado para o outro em seu quarto. – Só quero saber se dessa vez você não vai dar um bolo lá na boate?

Solto uma risadinha sarcástica, enquanto fechava o meu carro e olhava para a boate movimentada á minha frente. – Querida, eu só não consegui comparecer no sábado passado porque o seu querido noivo me obrigou a ir ajuda-lo lá no fim do mundo com a porra do pneu furado. – Quase gritei, mas tentei não fazer um showzinho na rua. – E olha que nem sei trocar de roupa direito, imagina um pneu... – Solto um suspiro frustrado. – E só de pensar que poderia estar em uma boate, vendo diversos gogo boy gatos me estressou a semana toda. – Falei sonhador, sentindo meus olhos brilharem de animação.

– Ok, Stiles... Sem drama, não está aqui quem falou. – Ouvi sua voz afinar mais que o normal. –É só que você disse que iria organizar minha despedida de solteira. – Ela parou por um momento e vi-a soltar uma risadinha nervosa. – Você está sempre ocupado... Pensei que iria me deixar na mão.

Ouvindo-a falar, apenas ignorei e me aproximei do segurança.   – Stiles Stilinski. – Informei, voltando a falar no celular. –  Não vou te deixar na mão e vou organizar a melhor despedida de solteira pra você.

Ouvi-a rir alto. – Quem vê pensa que você só roubou esse cargo da Allison porque me ama demais e quer fazer isso ser inesquecível. – Ouvi o sarcasmo em sua voz, fazendo um sorriso malicioso esbouçar em meus lábios. – Eu sei que você só quer ir ai pra ver os caras gatos... Não sou idiota.

Cretina.

A vadia me conhecia tão bem.

– Desculpa, amor... Mas você já está prestes a casar, eu não. – Retruco e vejo o segurança abrir passagem, me apontando uma escadaria longa e escura. – Lydia, vou desligar... Em breve te mando uma mensagem e te conto o que rolou.  – Ri maldosamente pelo celular e o desliguei, meus olhos se voltaram para a minha roupa e quase me xinguei por não ter tido tempo de colocar uma roupa informal.

Maldito terno.

Ao subir a escadaria, observo-a atentamente. Meus ouvidos foram absorvendo uma musica eletrônica qualquer. Ao terminar de subir os degraus, me deparo com uma porta extensa e a empurro. – Uau. – Observo uma área, cujo eu juguei ser a vip.  A mesma estava vazia, exceto por um barman que estava na área de bebida.

Quando adentrei o local, um rapaz com vestes comuns se aproximou. – Senhor Stilinski. – Cumprimentou, estendendo sua mão em minha direção.

– Senhor. – Cumprimento-o, sem nomeá-lo, pois não o conhecia.

– Desculpa-me, sou o dono do estabelecimento. – Ao ouvi-lo falar, observo-o atentamente. Realmente, ele tinha uma cara de mafioso... Ok, estou exagerando, mas poderia julga-lo dono do estabelecimento, até porque as joias respondiam por si só.

– Que bom conhece-lo pessoalmente... Ouvi muitas coisas positivas sobre você e a sua boate. – Menti descaradamente, porque a única coisa positiva que ouvi sobre a boate foi que poderíamos alugar belos rapazes. – Mas vamos logo aos negócios... – Arrumei minha postura, como se estivesse prestes a negociar um dos meus produtos. – Uma amiga minha está fazendo uma festa e precisa de gogo boy, como vou organizar para ela...

– Ah sim, ela me alertou sobre isso senhor... Então separei os meus melhores garotos. – Sua voz soava profissional, mas via-a a malicia ao terminar a ultima frase.  –As garotas piram neles. – Disse, batendo em meu ombro, como se fossemos amigos de longa data.

Afastei-me, tentando disfarçar o desconforto e acenei em concordância. – Traga-os para eu ver.

Pelo que eu entendi no telefonema, eu teria uma espécie de previa. Para que assim pudesse escolhe-los. – Ter dinheiro era importante no final das contas...  –Pensei ao me sentar em uma cadeira que ficava de frente ao palco e observei-a.

Quando Lydia me comentou sobre seu casamento, naquele momento eu já me ofereci para organizar sua despedida. Procurei a melhor boate e a aluguei, claro que no começo eles não estavam disposto a aluga-la, com medo de perder grana. Mas eu ofereci uma bela quantia e agora estamos organizando os últimos detalhes.

Os melhores, é claro.

Pera, deixa eu me explicar caro amigo... Não que eu fosse algum tarado, mas puta que pariu, trabalhar todo o santo dia está me matando. Eu precisava de uma diversão e ter caras gatos e malhados dançando especialmente para mim estava de bom proveito. Mesmo eu tendo que organizar uma despedida.

Stiles Stilinski com certeza estava dentro.

Me arrumei na poltrona e fiz uma cara de gangster. Porra, quando Scott me disse para eu parar de assistir filmes, eu deveria ouvi-lo.

Falando nisso. ONDE SCOTT ESTÁ? O maldito não deu sinal de vida o dia inteiro e isso é muito suspeito. – Sou despertado dos meus devaneios ao ouvir o dono se aproximar e sussurrar algo que ignorei, pois minha mente estava preocupada demais com o merda do meu melhor amigo.

Solto um suspiro frustrado e vejo-o apresentar alguém, cujo o apelido era Peter Pan.

– Oh, adoro o Peter Pan... – Pensei já animado e seguro o suspiro ao ver um rapaz adentrar com uma fantasia mais ousada daquele menino.  – Me socorre. – Minha mente estava a mil, enquanto mantinha a postura ereta e desentendida de tudo, meus olhos observaram o belo loiro se curvar em minha direção, em uma apresentação calma e elegante.

– O médico.

Meus olhos capturam um moreno, com uma sunga branca e um jaleco no corpo. Seus braços eram musculosos e seus olhos castanhos observaram-me atentamente e em seguida esbouçou um sorriso tranquilo nos lábios. Seguindo o mesmo movimento do Peter Pan, ele se curvou, com  a mão no coração.

Acho que estou precisando de uma bebida. – Pensei.

Abri o botão do meu blazer e o deixei solto.

– O ladrão.

Dito isso entrou um outro loiro, o mesmo vestia uma calça listrada e mostrava seu abdômen perfeitamente desenhado. Se as mulheres podem lavar suas calcinhas... Eu poderia lavar minhas cuecas.

Seguro uma risada ao pensar nisso e o cumprimento de leve, ao vê-lo acenar a cabeça.

Todos iam se apresentando e parando um ao lado do outro, depois deles vieram o policial, o mágico e o Lobo Mau... Nesse  momento eu já tinha parado de respirar. Um belo moreno adentrou aquele local, poderia dizer que ele roubou toda a minha atenção no exato momento que colocou o pés na área vip. Diferente de todos, ele era o que usava mais roupa, já que vestia uma calça simples e fina, onde um suspensório a segurava. Mesmo estando com o abdômen descoberto, em nenhum momento consegui parar para analisa-lo, meus olhos se focaram atentamente no rosto do rapaz. Sua barba era tão visível, que deixava-o com a aparência de badboy, enquanto seus olhos claros transmitia uma malicia, diferente dos outros que traziam um certo profissionalismo.

Ele não me cumprimentou, apenas fitou-me. Acabei me xingando por passar tanto tempo o analisando e desviei meus olhos para o dono da boate. – Terminou? – Naquele momento agradeci para eu não viver aqueles malditos clichês de vozes ficarem fracas, até porque seria a merda de um constrangimento.

– Não senhor, tem a dança ainda. –Ele disse, fazendo um sinal para que a dança começasse.

Naquele momento quis me levantar e contratar qualquer um, não gostando da ideia idiota que tive... Estava querendo fugir. Mas como um maldito imã, meus olhos foram no lobo mau e vi que ele se divertia com algo. Voltei minha atenção ao Peter Pan que começou a dançar e em seguida um á um foi se apresentando.

– Uau... Cheguei na melhor parte. – Ouvi uma voz grossa exclamar alto e meus olhos se arregalaram ao me virar com uma certa velocidade e se deparar com um Scott com vestes despojadas e uma jaqueta de couro sendo arrancada no caminho.

– Quem é o senhor?

– Scott? – Minha voz soou alta e autoritária.

Mas que merda esse idiota está fazendo aqui?

– Desculpa-me a demora, amor... – Ele disse e me segurei para não pular em cima dele e arrancar o sorriso malicioso que surgia em seus lábios. Ele sentou no apoio da poltrona e colocou seu braço em volta do meu ombro, onde sussurrou em meu ouvido.  – Não poderia perder essa... Ver sua carinha de felicidade como se tivesse ganhado Jared Leto de presente.

Acabei segurando um grito e soquei disfarçadamente o estomago dele. – Vá a merda, desgraçado.

– Não deveria falar assim com o seu amorzinho. – Vi-o beijar minha bochecha e olhar para os garotos. – Uau... Vamos, continue... Amei a dancinha do policial, aposto que Lydia iria ama-lo. – Scott dizia como se fosse algum tipo de especialista de dança sensual, idiota, a única especialidade que ele deveria ter é fazer Ally gozar, de resto não tem nada.

– Shi. – Adverti-o e tentei me afastar do abraço dele, apenas me xingando por ter dado o endereço da boate.

É claro que Scott não perderia essa.

Meus olhos foram no do lobo mau, que parecia analisar eu e o meu “amorzinho” com uma certa atenção desnecessária, seus olhos observam cada movimento e percebi ser da mão de Scott, que batia em minha perna ou quando ele me sussurrava algo sobre a dança.

– Preciso aprender isso para dançar para Ally.

Acabei soltando uma risada baixa e desviei meus olhos daquele azul ou verde profundo,  que de uma certa forma me desconfortava. Como isso é possível?

Olhei para Scott e revirei os olhos. – Primeiro você precisa ficar em forma, amigo...  – Zoei, sabendo que eu pagaria em seu ponto fraco. – É melhor ir agora malhar... Porque depois que Ally ver esses caras ela pedi o divorcio. – Não contive uma risada baixa ao vê-lo arregalar os olhos e focar seus olhos em sua barriga, ao levanta-la e mostrar os gominhos. – Socorro, como tá gordo.

Quando Scott me analisou e percebeu que eu estava brincando, vi-o bufar. – Idiota... Sai com essa merda de sarcasmo da minha vida. – Seus olhos se voltaram para os dançarinos e percebi que realmente ele parecia intrigado e até mesmo julguei que ele estava tentando decorar as danças.  – Oh, vocês dão aulas de dança?

Senti meu rosto formigar e jurei que iria corar.  – Cala boca, seu idiota...  –Retruquei e olhei para o dono que iria responder. – Ignorei-o, por favor...

Ouvi um pigarro e meus olhos capturaram o lobo mau, que se posicionou no meio do palco e se arrumou para dançar, uma musica calma e sexy começou a tocar. Desviei meus olhos e peguei meu celular, fingindo responder algo importante, mas apenas estava escrevendo qualquer merda no meu bloco de notas.

Senti uma mão no meu queixo e percebi que Scott estava levantando meu rosto para analisar o lobo mau, que naquele momento passava a mão por seu abdômen e poderia jurar que ele piscou em minha direção.

– Então você gosta do lobo, é? – Scott falou baixo em meu ouvido. – Cara, eu estava esperando para ver esse momento desde o dia que se assumiu gay.

Só faltei revirar meus olhos com o comentário dele, mas naquele momento não estava com animo para retrucar, apenas observei-o dançar e percebi que ele com certeza era um dos melhores gogo boy.

 Quando percebi que todos tinham parado de dançar, levantei-me junto com Scott. – Acho que já escolhi...

– O lobo mau e o policial.  – Completou Scott.

– Sim...  –Concordei.

Pera, Lobo mau? Não... Mas que filho de uma mamãe fofa.

– Pera... – Antes que eu pudesse falar algo, vi meu melhor amigo cumprimentar os dois quando se aproximaram.

– Cara, vocês dançam muito. – Vi-o empurrar meu ombro.  – Né, Stiles? – Eu poderia jurar que Scott estava tentando me arranjar um encontro, mas ele não era desses, quero dizer, nunca foi.

– Lydia vai ama-los. – Falei totalmente sério.

– Aposto que a Lydia não é a única pessoa que vai ama-los. – Ele piscou em minha direção e empurrou meu ombro de leve.

Aonde eu me enfio?

– Claro que não, Ally também... – Soltei um suspiro ao perceber que pensei muito rápido e vi-o fechar a cara e soltei uma risada baixa. – Senhores... Agora irei fechar o contrato com o chefe de vocês, se me derem licença. – Olhei para Scott de uma maneira ameaçadora. – Me espera lá fora.

– Não... Quero conversar com os amiguinhos aqui. – Cruzou os braços, revirando os olhos.

– Agora. – Quase gritei e apontei para a porta, perdendo toda a calma de uns minutos atrás. – Anda, se não eu finjo que não vi sua moto no caminho do trabalho e passo por cima dela.  –Sussurrei só para ele ouvir.

O mesmo bufou e saiu com passos apressados do estabelecimento, virei para os dois dançarinos que pareciam intrigados em saber o porque do meu suposto amorzinho sair irritado. Mas apenas ignorei e fui resolver todos os planos para a despedida.

O dono me disse que seria necessário eu agendar uma reunião com os gogo boy para explicar os seus serviços, acabei soltando um suspiro e concordei, marcando que eles fossem em minha empresa na segunda-feira.

Quando terminamos a reunião, sai com passos apressados da área vip e caminhei em direção ao meu carro, ignorando um Scott no caminho.

**

Passei quase o meu final de semana inteiro uma pilha, meus sonos foram consumidos por um certo lobo e me senti um adolescente idiota, porra, eu não era mais um idiota que ficava apenas sonhando com o cara perfeito, eu os pegava... Não sou mais um nerd do ensino médio.

Solto um suspiro frustrado e passo a mão por meus cabelos, bagunçando-os com a força que fazia.

Mas tenho que confessar que estou aliviado, até porque Scott disse que poderia fazer a reunião com eles. Não é como se eu estivesse fugindo deles, mas o dia está corrido demais. Eu tenho muitas coisas para fazer, diversas reuniões e tals.

Desvio meus olhos em direção ao relógio e percebo que logo eles chegariam. Decidi arrumar algumas coisas para que eu pudesse tomar o meu café na cafetaria que eu mais costumava ir.

As horas foram passando, enquanto assinava algumas papeladas e sou despertado com o telefone da empresa tocando.

Olho pro relógio. – O Scott já resolveu tudo? – Indago para secretaria.

– Não, ele já está vinte minutos atrasado... E eles já estavam esperando aqui á um bom tempo. – Ouvindo-a falar, xingo baixo. – Acho que ele não vai vir, senhor...

O que eu fiz para merecer isso? Sério, vou deserdar o Scott como melhor amigo.

Maldito.

Provavelmente fez para provocar.

Cretino.

– Mande-os entrar. – Ordenei, me mantendo sentado, porque se eu levantasse poderia cair.

Você é a porra de um dramático, Stiles. – Minha mente me acusava.

Até ela me traia.

Observei a porta se abrir e minha secretaria adentrar com dois rapazes perfeitamente vestidos, é claro que isso me alegrou um pouco, ninguém precisava de distração no serviço, já bastava eu me distraindo demais.

Ambos vestiam preto e pareciam que montaria uma banda junto a qualquer dia.

O ladrão e o lobo.

Seria o fã numero 1.

– Boa tarde, senhores. – Cumprimentei, permanecendo sentando. – Podem se sentar.

A minha secretaria esbouçou um sorriso nervoso e percebi que não era o único que estava abalado com eles aqui, bem que eu sabia disfarçar, ela não. – Querem algo para beber? – Perguntou.

– Um whisky. – O loiro vulgo o ladrão responder, soltando uma risada logo em seguida. – Estou brincando, vocês não devem ter nada forte por aqui... – Ele tagarelou e percebi que ele parecia bem relaxado, diferente do lobo que apenas analisava a sala com uma atenção desnecessária.

– Eu posso? – A secretaria perguntou e concordei, dando de ombros e vendo-a sair.

– Bom... Vamos começar a reunião? – Indago.

– Por que esperamos tanto? – Ouvi o loiro perguntar curioso e vi que o moreno virou seus olhos para mim, como se estivesse realmente interessado na resposta.

– Porque não seria eu que faria a reunião... Quem faria era o Scott. – Confessei, soltando um suspiro frustrado e não escondendo a raiva que estava sentindo dele.

 – Então o namoro está passando por momento conturbado? – A voz do desconhecido ecoou e só naquele momento percebi que não tinha ouvido sua voz. Ela era alta e grossa, mas o que me surpreendeu foi a intimidade que sua frase soou, como se fossemos amigos.

– Se o namoro está passando por momentos conturbados? – Minha voz soou calma e minha mente acusava-o, como se ele estivesse flertando comigo. – Ai você teria que perguntar para ele, porem acho que esse não é o assunto da reunião. – Pisquei em sua direção, deixando um sorriso sarcástico esbouçar em meus lábios.

Recebi um pequeno sorriso em troca.

– Vou perguntar quando esbarrar com ele.

Revirei meus olhos e voltei a fitar o loiro que sorria maliciosamente, com a sobrancelha arqueada para o seu amigo. – Então... Como vai ser? – Perguntou ao perceber o silencio.

– Acho que o dia e o horário vocês estão ciente, certo? – Não esperei eles responderam. – Quero que façam tudo que são acostumados a fazer... Mas de jeito nenhum toque nas garotas de uma forma impropria... É claro que se elas quiserem algo não terá problema.

 Ok, menos com o moreno. Não queria ver as amiguinhas vadias da Lydia dando em cima dele.

Que merda estou pensando?

– Entendido. – O loiro concordou e sorriu calmamente.

Vejo a porta ser aberta novamente e minha secretaria adentra com uma garrafa de whisky cujo a mesma era desconhecida – até porque eu não bebia.

– Senhores. – Ela começou a servi-los.

– Porra, vocês tem bebida alcoólica aqui?

Acabei soltando uma risada com a pergunta do loiro e dei de ombros. – Algumas reuniões são entediantes. – Expliquei, com um tom casual. – Enfim, continuando... A garota que vocês terão que fazer uma dança especial é Lydia, a única ruiva que vai estar lá. – Levantei-me e olhei para a secretaria. – Quando eles terminarem os guie até a saída... Estou indo para o meu compromisso.

Com a cafeteria.

– Ok, senhor....

– Foi bom reencontra-los... Aproveite a bebida o quanto quiserem, licença. – Esboucei um sorriso fraco e sai da minha sala com passos calmos, mas acabei suspirando pesadamente no caminho.

E comecei a listar todas as merdas que estavam acontecendo comigo.

1 – Eu estava na seca, super desidratado de amor.

Com certeza, fazia um bom tempo que não ficava com ninguém e se sentir atraindo por um moreno tão bonito como aquele não é um crime.

2 – Ando comendo muito pouco.

Isso explica minha fraquezas repentinas.

3 – Coração disparando.

Agora esse eu preciso procurar um médico, apenas ele para me responder isso.

Continuei a listar a caminho da cafeteria que ficava de frente com o hotel onde eu trabalhava e caminhei distraidamente para dentro dela, me sentando em uma das mesas mais afastada. – O mesmo de sempre. – Disse ao passar por um dos funcionários que estavam cansados de me receber.

Fico sentando por um bom tempo e logo vejo um prato cheio de waffles  ser colocada na minha frente, junto com um café forte. – Obrigado. – Agradeci, dando uma mordida generosa.

– Stiles? – Ouço uma voz familiar e pouco ouvida.

– Lobo mau? – Não preciso levantar meu rosto para saber que é ele, ainda mais depois de eu soltar um palavrão alto. – Está me seguindo?

– Em uma cafeteria? Uau... Você tem a autoestima lá em cima.

Ao ouvir suas palavras fito aqueles olhos mais de perto e percebo que eles não eram azuis, estavam mais para verdes.

– Eu não tenho uma autoestima lá em cima, meu caro... Apenas estou deduzindo. – Inclinei minha cabeça para o lado e observei o corpo dele atentamente, vendo sua bunda.

Que pecado.

– Está deduzindo por qual motivo? – Senti-o sentar ao meu lado e jogar um do seus braços em volta do apoio da minha cadeira.

Ignorei o tremer que tentava dominar o meu corpo e me foquei em pensar em tudo, menos com ele tão perto.

Vaquinhas.

Chocolate.

Bolos.

Morango.

– Porque pelo que eu observei quando entrei na cafeteria, ela está bem vazia. – Viro meu corpo e olho-o de lado. – E acho que deixei bem claro que não queria companhia quando sai da reunião.  –Terminei de dizer com um sorriso sarcástico nos lábios.

– Ok, culpado. – Colocou a mão para a cima, rendendo-se.

Quando começamos a brincar de policia e ladrão?

– Então vai sair? – Gente, eu não sou mal educado. Mas esse cara consegue me intimidar e quando eu sou intimidado acabado me alterando.

– É... – Ele soltou uma risadinha baixa e revirou os olhos em seguida. – Não.

Arregalei meus olhos com sua resposta e soltei um suspiro. – Não?

– Estou bem confortável aqui. – Um sorriso sarcástico brincou em seus lábios, enquanto ele passava a mão por sua barba. – Então, você vem sempre aqui? – A pergunta soou casual, mas vi a malicia lá.

–  Na cafeteria? – Indago, virando meus olhos pro meu prato e voltando a comer, já que minha barriga estava dando sinal de vida. – Não muito, apenas hoje.

– Mentiroso. – Ele retrucou. –  Sua secretaria disse que vem sempre aqui.

Aquela maldita. Não sabe controla os hormônios?  O que estou dizendo? Nem eu consigo.

– Ela não sabe de nada. – Dei de ombros, voltando a fita-lo e percebi que seus olhos não desgrudaram nenhum momento do meu rosto. – Provavelmente estava querendo jogar conversa fora com um desconhecido... Sabe como é? É tipo isso que está fazendo comigo. – Pisco em sua direção.

– Derek.

– Quem? – Confuso, olho para os lados e fito-o novamente. – Quem é Derek?

– Oh... Esse é meu nome. – O sorriso sempre estava presente em seus lábios, acho que era só um motivo para os meus olhos ficarem fitando a boca dele.

– Nem para ser um nome feio. – Resmungo.

Ouço-o rir e percebo que Derek é muito acessível e que no fundo eu que devo ser antissocial.

– Agradeço pelo elogio.

Paro de comer os waffles e tomo o café, mas acabo fazendo uma careta ao perceber que estava frio. – Eca... – Choramingo e viro todo o meu corpo para olhar Derek, tentando não me sentir intimidado por seu tamanho e beleza. – O que você quer? – Ok, agora estou irritado.

Não gosto que atrapalhem esse meu momento de paz.

– Eu quero você. – Suas palavras soaram maliciosas e observei-o se curvar sobre mim, aproximando seu corpo perigosamente.

– O que? – Pergunto meio nervoso e me afasto um pouco. – Tenho namorado.

– Scott? – Indagou rapidamente, rindo em seguida. – Perguntei para a sua secretaria, que disse que Scott já tem alguém e não é você, meu caro.

Reviro meus olhos. – O que você está fazendo? Quer que eu demita minha secretaria por ser fofoqueira, é? Porque estou começando a ficar irritado e isso não é legal. – Disse.

– Não, claro que não. – Ele retrucou rapidamente. – Só estou tentando conversar e você está na defensiva. Qual é o problema?

Olhando-o atentamente, percebi que ele estava um pouco desconfortável. Seus ombros estavam rígidos e sua respiração parecia um tanto acelerada. – Desculpa, Derek. – Olhei-o nos olhos e tentei soar relaxado. – É que você é intimidador e o jeito que está me olhando agora não me conforta em nada. – Fui sincero.

O mesmo ficou em silencio por alguns segundos e balançou a cabeça levemente. – Desculpa também... Te seguir não foi legal.

– Não mesmo, mas não me de unfollow. – Pisquei em sua direção. – Já que você conseguiu estragar o meu momento de paz... – Acusei, só para ouvi-lo bufar. – Me diga... O que realmente quer?

Derek pareceu confuso com minha pergunta, mas naquele momento ele só deslizou sutilmente um do seus dedos por meu ombro, até porque ainda estava com o braço em volta da minha cadeira. – Conversar. – Respondeu, como se aquilo fosse responder minha pergunta, mas qual é, Stiles? Quero que ele diga “Eu quero você agora, hoje e todos os dias da minha vida”

Por favor.

– Claro, conversar. – Respondi sarcasticamente.

– Você vai pra despedida da sua amiga?

Acabei sorrindo com sua pergunta. – Quem dera... Vou pra dos caras. – Dei de ombros, brincando com a panqueca no prato. – Meio que fui obrigado.

– Por que?

– Os deles vão ser antes e eu vou ter alguns eventos em outra cidade... Ficarei alguns meses foras, só vou conseguir voltar no dia do casamento. – Confessei, sentindo um peso consumir meu corpo.

Consigo sentir até hoje o meu braço, lembro muito bem do momento que Lydia descobriu isso e me socou. – Ruivinha forte. – Penso.

– Que merda... Mas é o seu trabalho, então.

Ouvindo a sinceridade em sua voz, acabo ficando aliviado com sua resposta.  –Queria que todos pensassem desse jeito. – Mordi meu lábio inferior, um tanto inquieto por conversar um assunto tão pessoal. – Mas né... E você?

– O que tem eu? – Perguntou confuso e isso me arrancou uma risada. – O que faço da vida, é? Hum... Faço de tudo um pouco, mas no momento sou apenas matador de aluguel.

Arregalo os olhos com sua resposta, mas ao senti-lo rir perto de mais do meu pescoço, acabo socando o ombro dele com uma certa força. – Merda, eu acreditei...

Derek riu mais alto e me senti incomodado com alguns dos funcionários fitando nossa mesa, mas o moreno parecia alheio a tudo isso. – Estava brincando.

– Idiota. – Resmunguei, passando a mão por meus cabelos.

Depois disso entramos em uma conversa fútil sobre filmes, onde acabei descobrindo seu gosto peculiar e o motivo da sua fantasia de lobo. Acabei relaxando e me permiti curtir aquele momento com um rapaz não tão desconhecido, Derek era interessante, o tempo todo procurava algo para falarmos e no grupo de amigos eu era esse tipo de pessoa. Mas desde o momento que o conheci, me sentia intimidade e parecia que não conseguia raciocinar direito. Que merda estava acontecendo? Boa pergunta, estava tentando descobrir isso desde o momento que tive que voltar para empresa e me despedi com um simples aceno de mão.

Idiota.

**

Sentado em uma área mais reservada da festa de casamento, fito o céu iluminado pelas estrelas e suspiro ao sentir o cansaço me consumir, deixando claro minhas noites não dormidas, tudo culpa do meu trabalho. Qual é, pensou que diria Derek? Ok, talvez.

 Bom, desde o dia que nos despedíamos na cafeteria nunca mais o vi... Confesso que desde aquele dia minha vida estava um caos, nem conversar com Lydia eu consegui, nem sei como foi sua despedida e aposto que vou ficar um bom tempo sem saber.

Até porque desde o momento que cheguei no casamento só consegui entrar com uma da suas amigas ao meu lado e abraçar o casal no final da cerimonia.

Me arrumo na banco e sinto meus olhos se fecharem e a brisa gostosa atingir meu rosto.

– Isso que é saber curtir uma festa de casamento. – Ouço alguém sussurrar em meu ouvido e acabo pulando de susto, sentindo meu coração disparar ao me virar e deparar com aqueles olhos. – Stiles.

– Derek? – Minha voz soou baixo e naquele momento queria perguntar se estava em algum tipo de sonho, mas me controlei, até porque no meu sonho ele não estaria vestindo terno e roupa, porra, como ele está bonito de terno.

– Eu mesmo. – Dizia, passando a mão por seu queixo e sorrindo distraidamente.

– Como? Oi? – Perguntei confuso, vendo-o sentar ao meu lado.

– Lydia me chamou pro casamento... Tenho que dizer que sua amiga é uma garota louca. – Sua voz soava divertida e ele riu baixo, como se lembrasse de algo.

– Nem me fala. – Disse, passando a mão por meu rosto, tentando imaginar que cena ele estava vendo.

Provavelmente estava com uma cara de sono.

– Ela estava te procurando... Algo como tirar fotos com o seu melhor amigo.  – Ele dizia, com os olhos atentos no céu estrelado.

Soltei uma risada nervosa. – Eu imaginei que sim, mas não quero deixar o álbum dela com uma assombração.

Ele sorriu e virou para me olhar, fazendo eu desviar meus olhos disfarçadamente. – Você está horrível mesmo. – Concluiu, depois de me analisar.  – Não iria comentar nada.

– Obrigado pela parte que me toca. – Resmunguei, virando para olha-lo. – Deveria ter dado um sumiço ou fingido que perdi o avião.

– Não... – Seus olhos me fitavam atentamente. – Assim eu nunca mais o veria. – Dizia com sinceridade e mantinha um sorriso calmo nos lábios.  – Ai teria que me contentar com os sonhos.

– Rá, rá.  –Revirei os olhos, sentindo minha bochecha esquentar. – Como é mentiroso.

– Não estou mentindo... Eu realmente tenho sonhos com você, alguns, hm... Nada bons. – O “bons” soou de uma maneira maliciosa e acabei arregalando os olhos.  –E não estou mentindo, pode ter certeza...

– Você não pode brincar com essas coisas, isso...  –Antes que pudesse terminar de falar, senti-o puxar o meu rosto em sua direção e seus lábios foram contra os meus, sua língua pediu passagem e logo começamos um beijo calmo, muito calmo por sinal. Uma de suas mãos deslizaram para a minha nuca e senti-o acariciar o local, fazendo meu corpo se esquentar com aquele simples contato.

– Isso? – Ouvi-o perguntar, mas mantive meus olhos fechados, enquanto sentia a testa dele encostada na minha.

– Isso é melhor que ter sonhos eróticos com o Tyler Hoechlin. – Comentei, ao senti-lo mordiscar meu lábio inferior, arrancando um suspiro dos meus lábios entreabertos.

Sorri igual um idiota e minha mão estava suando de nervosismo.

– Você não sabe o quanto seu sorriso atormentou meus dias nesses últimos meses. – Confessou.

Inalei o perfume dele e rodei meus braços em volta da sua cintura, encostando minha cabeça na curva do seu ombro, deixando que meu corpo relaxasse enquanto sentia sua mão acariciar minhas costas.

Eu não estava sonhando.

Tinha certeza disso.

Suspirei, enquanto me arruma de uma maneira confortável e descansei-me em Derek, sentindo meu corpo relaxar com os carinhos que ele dava em meu cabelo e adormeci nos braços fortes de um desconhecido que invadiu meus pensamentos, sonhos e todo os malditos minutos da minha vida desde aquela dancinha sensual e roupa de lobo.

Aqueles olhos.

Aqueles sorrisos.

Aquela personalidade.

Aquela fantasia.

Eu estou ferrado e estou amando saber disso.