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História Unforgiven - Farewells


Escrita por: NanaMaia

Notas do Autor


olá meninas, turu bom? no vídeo de hj vou ensinar a arte do perdão e de como evitar jogar pedras na coleguinha.

EU SEEEI, demorei a vera ne, mas é pq sabe cm é ne, ferias e pa, mas aqui estou eu, linda e maravilhosa, com um capítulo novinho novinho proces.

desculpa a demora ok? boa leitura gatxineas.

Capítulo 2 - Farewells


Fanfic / Fanfiction Unforgiven - Farewells

10 de Janeiro 

Expliquei tudo com os mínimos detalhes possíveis aos meus pais, falando mais rápido do que deveria. Os meninos me ajudavam as vezes, dizendo coisas que eu não saberia por onde começar a contar. Eu estava claramente nervosa, como se o mundo fosse desabar se eu dissesse apenas uma palavra errada. O fato de minha mãe apenas segurar a mão de meu pai, me encarando como se pensasse que eu era louca, ou por meu pai não demonstrar nenhuma emoção em seu semblante sério, não ajudava muito. 

Poucas coisas faziam meus pais se concentrarem tanto em mim, e me surpreendia eles ainda não terem interrompido nenhuma vez. Respirei fundo, recuperando todo o ar que havia expulsado do meu pulmão. 

- É isso. - Disse por fim, esperando uma resposta, mas eles apenas continuaram me fitando, e não conseguia deixar de imaginar o que se passava pela cabeça deles agora. - Precisarei partir com eles. - Completei, numa tentativa de fazê-los quebrar o silêncio. Minha mãe arregalou os olhos e levantou-se de supetão, assustando-me.

- O quê? - O indago saiu surpreso e grosseiro; parecia acabar de engolir uma parte do nervosismo que antes era só meu. 

- Mãe, eu sei que é difícil de acreditar, mas olhe à sua volta. - Minha voz saiu mais calma e lenta do que imaginava, secretamente agradeci aos céus por isso. Ela me obedeceu, olhou cada milímetro da nossa sala destruída por uma clara e dura luta, mas a dúvida ainda permanecia em seu rosto. - Não peço para que acredite neles, - Olhei para Sam e Dean - mas acredite em mim. - Foi a vez de meu pai se levantar, abraçando minha mãe pelos ombros, ainda sem expressar nenhum sentimento perceptível. 

- Acreditamos em você querida, mas não entendemos o porquê de confiar tanto neles. - Mordi o lábio inferior, virei meu corpo para os irmãos e depois de volta aos meus pais; dando de ombros.

- Eu não sei. Intuição, talvez. - Sorri. Minha mãe ainda não parecia convencida, seu olhar tinha um brilho diferente; não do tipo bom, mas do tipo que temos quando estamos com medo, inseguros. 

Me aproximo dela e seguro sua mão, como ela costumava fazer para me acalmar quando era mais nova. Talvez isso tenha a tranquilizado, pois seu rosto relaxou e ela mostrou-me um sorriso quase imperceptível. Quase. Então ela olhou para Sam e Dean, quebrando a bolha que nós duas havíamos formado. 

- Estou disposta a tentar acreditar nessa coisa de... Caçadores e monstros e deixar minha filha ir com vocês. - Sorri aliviada para os meninos. - Mas - Ela continuou, estragando minha animação. - Preciso de algo que prove isso. - Arregalei os olhos e comecei a ficar novamente nervosa, peguei uma madeixa ruiva do meu cabelo e a enrolei várias vezes em meu dedo indicador. Como assim ela queria uma prova? O que ela espera que eles a mostrem? Duvido muito que eles tenham um vampiro no porta malas.

- Tudo bem. - Dean disse. - Venham. - Ele caminhou até a porta com Sam ao seu lado. Percebendo que ninguém os seguia, pararam e o mais baixo fez um gesto com o braço indicando que nós o acompanhássemos. Fizemos isso, um pouco indecisos; fui na frente e meus pais de braços dados atrás.

Sam abriu o porta malas do Impala estacionado na frente da minha casa, depois tirou o que parecia ser uma espécie de "capa" preta, revelando uma enorme caixa cinza e velha cheia de armas, como: estacas, pistolas, adagas, rifles, e outros. Meus pais arregalaram os olhos e se afastaram do carro. No teto do porta malas tinha um desenho extremamente elaborado de tinta. 

- O que é isso? - Apontei. 

- Um cadeado contra demônios. - Dean responde, aparecendo novamente ao nosso lado. Murmuro um "ah", como se aquilo fizesse algum sentido. 

- Isso não prova nada. - Diz meu pai.

- Só que vocês podem ser assassinos loucos. - Completa minha mãe. Então Dean levanta, sorridente, uma caixa térmica azul - onde normalmente as pessoas guardam bebidas -, como se tivesse a solução para todos os problemas.

- Tenho certeza que acreditarão agora. - Ele indica para que eu retire a tampa; o olho desconfiada e ele sorri ainda mais com as sobrancelhas levantadas. Abro aos poucos a caixa e quando finalmente retiro a tampa a deixo cair no chão, soltando, junto a minha mãe,  um grito fino. 

- Meu Deus. - Ponho as mãos sobre a boca desviando o olhar da cabeça de um homem jovem jogada ali. 

- Vocês mataram ele? - O grito da minha mãe saiu mais como uma afirmação indignada do que uma pergunta. 

- Sim. - Afirmou Sam, logo se apressando em explicar - Mas ele não era humano, era um vampiro que estava matando várias adolescentes em um cidade de Missouri. O único jeito de mata-los é cortando a cabeça. - Ele puxou o lábio superior do suposto vampiro, apertando a gengiva de onde saiu uma presa. 

- Minha nossa. - Meu pai sussurrou, deixando aparente sua indignação. Olhei para minha mãe e ela colocou a mão no peito, respirando fundo.

- Guarde isso, por favor. - Disse por fim.  Assim eles fizeram, jogaram a caixa dentro do carro com cuidado, murmurando que se livrariam daquilo mais tarde. 

Quando entramos em casa; minha cabeça latejava e eu só queria que aquilo acabasse, pensei que fosse gritar a qualquer momento. Novamente sentamos todos no sofá, eu entre Sam e Dean, e meus pais na nossa frente. Eles nos olhavam tensos, como se estivessem conversando com três criminosos, e meu nervosismo aparentava que eu realmente era uma. Meu pai olhou para minha mãe, e ela olhou para ele; os dois se encaravam e faziam expressões diferentes como se estivessem em um diálogo mental entre si.

- Tudo bem. - Disse meu pai, suspirando pesadamente. - Ela pode ir com vocês. - Minha boca antes tensa e contraída, se formou em um sorriso largo e pude sentir meus músculos relaxarem perante a aceitação dos dois sobre a minha decisão. - Mas antes, queremos que nos falem sobre a vida de vocês. Desde que nasceram até aqui. - Sam e Dean se entreolharam e pareceram desconfortáveis, então minha mãe interveio.

- Ah, e eu tenho um talento especial para saber quando alguém está mentindo ou omitindo algo. Então sugiro que não façam isso. - Ela disse. - Iremos confiar nossa filha à vocês, precisamos conhecê-los.

Depois de alguma relutância, olhares ameaçadores do meu pai, e também algumas piadas idiotas de Dean, este repreendido por seu irmão mais novo, eles contaram tudo. Falaram desde o início; quando a mãe deles foi morta pelo demônio do Olho Amarelo, e sobre o sangue que ele derramou na boca de Sam. Explicaram do sumiço de seu pai, à procura de vingança; sobre como foram criados desde crianças como caçadores. Sam explicou que havia ido para a faculdade de direito, em Stanford, mas acabou voltado para o "negocio da família" quando Dean o chamou para procurar o pai e sua namorada Jessica foi assassinada pelo mesmo demônio que matara sua mãe. 

Falaram sobre o Colt. A arma que matava demônios, mas que tinha apenas algumas balas. Sam explicou sobre como o demônio do Olho Amarelo queria que ele fosse o líder de seu exército, das visões que ele tinha e o lugar onde ele foi morto, e que seu irmão fez um pacto com um demônio da encruzilhada trazê-lo de volta. Eles detalharam como fizeram o pacto e que em dez anos os cães do inferno buscariam suas almas. Mas Dean só teve um ano. Nos contaram sobre a morte do pai para salvar Dean, que estava em coma. Também falaram de quando conseguiram sua vingança, e como o pai deles voltou do inferno - depois de um homem abrir o portão do mesmo - para ajudá-los. 

Então contaram sobre a demônio Ruby, que diz querer ajudá-los, apesar de Dean não confiar nela. 

- Bom, o Sam confia e muito nela. Já que eles transaram quando eu estava no inferno. - Dean acusou o irmão que fez careta.

- Ela me salvou! - Ele se defendeu. - E eu não confio nela cem porcento. 

Depois da pequena discussão, Dean explicou que Ruby queria impedir que Lilith - uma demônio muito forte - abrisse os 66 selos que libertam Lúcifer de uma jaula no Inferno. Eles disseram que conhecem um anjo, chamado Castiel, que tirou Dean do Inferno. Minha mãe ficou super feliz por saber que eles existem.

- Não fique tão feliz Sra. Miller, eles são um saco. - Dean disse irritado.

- Ah é, não são bonzinhos como pensamos. - Sam completou. - Mas o Cass é nosso amigo. - Minha mãe ficou visivelmente decepcionada, mas em relação às outras coisas que eles nos contaram isso não era nada. 

Depois de algum tempo de conversa, de alguma forma chegamos à um assunto desconfortável para Sam:

- Ele tem um azar enorme com as mulheres. - Disse Dean, arqueando as sobrancelhas como se aquilo fosse algo incrível. 

- Cara! - Sam retrucou ofendido.

- É verdade! Primeiro a Jess, depois teve a Sarah- 

- Nada aconteceu com a Sarah, só achei melhor me afastar dela por que ela podia se machucar com nosso trabalho. - Sam o cortou.

- Exatamente! - Dean exclamou. - Então veio a Madson, a lobisomem que implorou para o Sam dar um tiro na cabeça dela, e ele fez. Agora vem a Ruby... - Ele deixou a frase no ar como se deduzisse que entendemos, e realmente, quer dizer, ela é uma demônio. 

- Meu Deus, isso deve ser karma. - Eu falei, seriamente impressionada. 

- Ah queridos, sinto muito, a vida de vocês é péssima. - Minha mãe disse com a mão no peito e uma tristeza clara em seu rosto. 

- Mãe! - Exclamei, fazendo-a dar de ombros. Olhei para os meninos como se pedisse desculpas, e eles balançaram a cabeça como resposta: "tudo bem", interpretei. Estávamos todos extremamente entorpecidos com a quantidade de informações, cada um com seus pensamentos, imaginando como tudo isso é horrível e surreal. 

Meu pai suspirou pesadamente, levantando-se com impulso do sofá. Ele foi em silêncio até o móvel da sala e pegou um porta joias dourado em formato de coração, com pedras brilhosas e bonitas. Caminhou lentamente em minha direção, com o pequeno objeto colocado em suas mãos grandes em formato de concha. Minha mãe se levantou e colocou a mão no ombro do ex marido, com semblante encantado, um pouco triste e um pouco feliz. 

- Filha, iriamos te entregar isso quando fizesse 18 anos. Mas você já fez 17 e um ano a menos não faz diferença. - Minha mãe começou, abrindo a caixa e tirando de lá um colar de ouro maravilhoso, com um pingente em formato de um grande coração, como o próprio porta joias.

- Esse colar passou por várias gerações da família, e sempre é dado à filha mais velha, e, bom... Agora é você. - Disse meu pai, soltando um suspiro ao lembrar que na verdade isso não era meu. Ele a fechadura do cordão e o estendeu para cima. Puxei meu cabelo e ele o colocou sem dificuldades em mim. - Abra. - Franzi a sobrancelha e abri um pouco desajeitada o pingente que parecia extremamente novo. O coração se dividiu em duas partes, em um lado, havia uma foto de meu pai e da minha mãe, e na outra uma foto das minhas três irmãs: Anne, Charlie e... Margot. Meu coração deu um pulo, e começou a acelerar, o ar escapou dos meus pulmões e senti as lágrimas se formando no canto dos meu olhos e logo transbordando pelas minha bochechas. Coloquei a mão na boca, para abafar a surpresa que tive.

- Ah meu Deus. - Murmurei, aproximando a imagem da minha irmã mais velha do meu rosto. Deixei as lágrimas caírem na fotografia, com os olhos fechados tentando memorizar o sorriso aberto dela. Os dentes brancos e retos, as bochechas vermelhas destacando-se na pele pálida, os olhos verdes cintilantes e o cabelo preto volumoso e bagunçado. Ela era tão linda que ofuscava à todos.  - Obrigada. - Olhei para os meus pais, fungando. Limpei me rosto e fechei o pingente. - Vou guardar pra sempre.

- Isso é pra que se lembre de nós querida. Onde quer que você vá. - Minha mãe disse, chorando também.

- Estaremos sempre com você. - Completou meu pai. Assenti, e me aproximei dos meninos que me olhavam curiosos. - Vamos acordar suas irmãs pra você se despedir. - Meus pais subiram as escadas e sumiram no corredor. 

- Quem estava na foto? - Dean perguntou curioso, arqueando as sobrancelhas. Olhei para ele e depois virei-me em direção à um móvel de madeira.

- Minha irmã mais velha. Margot. - Falei, dando uma pequena pausa pra segurar um porta retrato. - Ela morreu há um ano. - Murmurei, escutei minha voz sair falha e minha pernas  fraquejaram quando lembrei do momento em que ela se foi. Dizer isso alto fez minha mente voltar àquele dia como se tivesse acontecido segundos atrás. Eu lembrava de cada detalhe, cada palavra, cada suspiro. Lembrava  de tudo. 

Sam e Dean me olharam com condolências, parecendo cachorrinhos abandonados. 

- Sinto muito, eu não sabia. - Dean falou.

- Tudo bem, é o tipo de coisa que só se sabe quando se pergunta. - Digo sorrindo com sinceridade, mas tristeza também.

- Como aconteceu? - Sam indagou. Abaixo a cabeça e me ponho a pensar em como responder sua pergunta, afinal, nunca havia falado sobre isso com ninguém, nem mesmo com mais pais, e acho que no fundo eles me culpam por isso. E talvez meu pai tenha ido embora porque não conseguia me olhar sem que me culpasse pelo que aconteceu. Eles nunca aceitaram o fato de não saberem o que levou Margot a morrer naquela ponte. 

Lembro de ter passado cinco meses sem conseguir dizer uma palavra depois daquilo. Eu só fazia chorar e dormir o dia todo, e nenhum mísero som saia de meus lábios. Eu não sabia o que falar, então simplesmente não falava nada. Só consegui dizer algo há sete meses, quando agradeci um garçom, e minha mãe começou a sair na rua novamente.

-  Não importa. - Disse desviando o olhar - Não vai trazê-la de volta. - Concluí, deixando os meninos curiosos.

- Ahn... Seus pais são um casal bonito. - Dean falou, querendo mudar de assunto e lançando um olhar irritado para Sam, repreendendo-o. 

- Ah não. - Neguei com a cabeça. - Eles são separados. Meu pai mora no Canadá, veio quando minha mãe o avisou sobre a morte dos meus amigos. Mas eles ainda gostam um do outro, eu acho. - Novamente Dean ficou constrangido, provavelmente estava pensando em outra coisa para falar que não deixasse um clima ruim. Antes disso, meus pais desceram as escadas com as duas meninas sonolentas nos braços. 

Anne, a mais nova, de apenas dois anos, quase dormia. Charlie, com 8 anos, parecia quase cair enquanto descia os degraus, coçando os olhos com as costas das mãos.

- Podíamos fazer um último jantar não? A comida já está pronta. - Disse minha mãe. Olhei para os meninos, como se perguntasse se teria algum problema e eles assentiram. Não demorou muito para que ela colocasse a mesa e chamasse todos para comer. 

Sentei-me em minha cadeira costumeira, entre Sam e Dean. Meu pai sentou na ponta à minha direita e minha mãe ao seu lado, logo depois seguindo minhas irmãs. 

Começamos a comer todos em silêncio, o clima que sempre temos em casa. Às vezes meu pai fazia algumas perguntas aos meninos, sobre os monstros que enfrentavam e os casos que pegavam. Eles disseram que para investigar normalmente fingem ser do FBI, ou o que precisar para descobrir com o que estão lidando. Quando nos calamos novamente, todos pareciam um pouco desconfortáveis com a falta de comunicação, mas para mim estava bom assim. 

- Fazia tanto tempo que não jantávamos toda a família junta. - Minha mãe comentou, com falso ânimo. 

- Não está completo há muito tempo. - Murmurei, um pouco irritada com a situação. Todos me olharam, e meus pais pareciam decepcionados, e talvez eu seja uma filha horrível por dizer isso, mas eu não ligava. Estava cansada desse fingimento de família feliz. Depois da morte de minha irmã os dois não podiam mais sequer olhar direito para mim, e meu pai foi embora por causa disso. Abaixei a cabeça e dei uma garfada na comida, colocando um pedaço de carne na boca, mastigando-o rapidamente. 

- Chega. - Minha mãe disse, jogando os talheres no prato, fazendo um barulho irritante ao bater na cerâmica. - Teresa, por favor, me diga o que aconteceu naquela ponte. - Não a esperei terminar de falar, me levantei bruscamente da cadeira, arrastando-a pelo piso de madeira. 

- Foi pra isso que você  fez essa jantar ridículo? - Exclamei, minha voz saiu um pouco mais alta do que deveria, mas eu não ligava. Minhas narinas dilataram, meus olhos ficaram arregalados e eu respirava mal. Todos me encaravam, mas não era como se minha família estivesse surpresa, já que todos sabiam que sempre que esse assunto era tocado eu ficava assim. Mas Sam e Dean não pareciam estar acostumados a ver isso.

- Eu só quero saber o que aconteceu Teresa. O que aconteceu que tirou minha filha de mim. - A essa altura minha mãe chorava e meu pai me olhava deprimido, podia sentir a decepção em seus olhos e jurei que minha garganta iria fechar. Lembrei de cada detalhe daquela noite novamente, a culpa tomou conta de mim e eu estava em pânico. Então fiz o que eu fazia de melhor: fugir. Corri escada acima quase tropeçando, abri a porta do quarto com força e entrei no ambiente que me acalma desde criança.

Narrador

Teresa respirava profundamente o ar dentro do quarto de sua falecida irmã. Tudo continuava do jeito que ela deixara na noite de sua morte, as cortinas brancas abertas; todas as maquiagens espalhadas na penteadeira, até mesmo aquele batom rosa escuro que ela nunca usava. Ela caminhou até as velas aromáticas postas ao lado das maquiagens, pegou o fósforo que estava ao lado e acendeu todas as três. A cama estava  completamente bagunçada, com o lençol roxo de camurça e o travesseiro de penas favorito dela jogados. A menina sentou-se ali, sentindo o colchão afundar; observou melhor o local, prendendo a atenção no guarda-roupa: as roupas maravilhosas e diferentes de Margot. Teresa admirava o estilo único da irmã; a blusa de lã preta com o símbolo da carinha amarela do Nirvana costurado na frente, que ela combinava com uma saia rosa de tule e um All Star de cano longo vermelho. Também tinha as roupas que ela usava quando ia sair com pessoas mais velhas, os vestidos colados de cores escuras que a deixavam extremamente adulta, ou as saias curtas com lantejoulas. Agora a ruiva olhava as paredes, cheias de desenhos de ondas, símbolos de namastê e de bandas feitas pela sua irmã com caneta permanente preta; incontáveis pôsteres dos grupos musicais e cantores preferidos dela, como um do Nirvana, outro da Amy Winehouse, Rolling Stones, Beatles, Janis Joplin, também tinha um do ator Patrick Swayze e outro da atriz Judy Garland. Também tinha um bem no meio do Kurt Cobain, que tinha a boca marcada de várias camadas de batom vermelho e gloss labial brilhoso, pois Margot sempre depositava um beijo ali antes de sair. 

Teresa estava tão distraída com tudo que nem se deu conta dos dois homens que a olhavam na porta. Quando perceberam que ela não os notava, o mais alto deu três leves batidas na madeira, fazendo a garota dar um pulo.

- Desculpe, não queríamos te assustar. - Ele disse. 

- Tudo bem. - Murmurou, voltando a se distrair com os detalhes. - É o quarto de Margot. - Explicou. - Não tivemos coragem de mexer em nada desde que ela morreu. Minha mãe limpa tudo três vezes por semana, mas não tira as coisas do lugar. - Ela deu um sorriso melancólico, secretamente se lembrando dos momentos que as duas passaram ali. 

Os irmãos deram uma boa olhada no local, junto com Teresa, e pensaram em como seria difícil perder um ao outro. Também pensaram que era loucura manter tudo exatamente igual, mas entendiam que cada um lidava de sua forma com a dor; eles sabiam bem disso. 

- Ela tinha bom gosto. - Dean falou, olhando para os pôsteres colados nas paredes. Novamente Teresa sorriu e assentiu levemente. Passaram-se alguns minutos em silêncio, todos apenas admirando o lugar onde antes dormira uma bela garota. Os homens olhavam da porta as fotos postas em quadros na cômoda, onde estava a própria menina rindo e sua irmã menor. 

- Ahn... Teresa, precisamos ir agora. - Sam disse um pouco sem graça, não querendo interromper o momento da menina que parecia cada vez mais envolvida naquilo, mas sendo obrigado a fazê-lo, afinal, precisavam impedir que outro selo fosse quebrado. 

- Ah, claro. Eu só preciso de um minuto. - Teresa se levantou da cama macia e foi até a penteadeira, pegando o batom vermelho destampado e o passando em seus lábios carnudos, em seguida olhando-se rapidamente no espelho, havia ficado bem nela, mas nem se comparava a como ficava em sua irmã. Caminhou até o pôster de Kurt e ficou na ponta dos pés, depositando na boca de papel do cantor um beijo demorado. Quando abaixou-se novamente, verificou a única marca recente que a pertencia. 

- Uma última vez. - Murmurou, mais para si mesma do que para que os dois escutassem. Mas eles escutaram, e entenderam o que ela quis fazer: ter uma última despedida de sua irmã. Agora ela se virara, e foi em direção às velas aromáticas, curvando-se e soprando cada uma delas para que se apagassem. Quando se levantou, passou as costas da mão na boca, tirando um pouco do batom e o borrando. Olhou para os meninos, e atravessou a porta, enfim dando adeus. - Vamos. - Concluiu. 

Os três desceram as escadas, a garota na frente e Sam e Dean atrás. Chegando à sala de estar, seus pais e suas irmãs os esperavam sentados, um pouco tensos e cansados. Teresa nada disse, apenas segurou Anne nos braços e se abaixou para abraçar Charlie. As garotinhas a agarraram com força, a do meio pedia para que ela não fosse embora, pois sentiria sua falta e a mais nova apenas chamava seu nome, sem pronuncia-lo corretamente.

- Você não vai nos deixar como a Margot, vai? - O coração de Teresa falhou por uma fração de segundos com a pergunta de Charlie, assim como o de seus pais. Ela prendeu a respiração e sorriu. 

- Não meu amor, eu não vou. - Ela disse, consolando a menor. 

Sam

Teresa conversava com suas irmãs; era muito visível a dor que lhe trazia deixa-las, mas era necessário. Isso nunca havia acontecido antes, mas de alguma forma, eu percebi algo diferente nessa garota, e Dean também. Talvez seja o fato de ela já ter sofrido tanto; ou por ela ter aceitado tudo tão facilmente ou também por ela querer lutar conosco, mas algo nela simplesmente nos fez não ligar de leva-la no banco de trás do Impala. Não consigo imaginar o quanto deve estar sendo difícil para ela lidar com tudo isso, a guerra que se forma dentro dela é perigosa, e se ela não for forte o bastante vai destruí-la; mas com certeza a garota consegue esconder bem toda essa loucura, pelo menos por enquanto. 

Os pais de Teresa vieram até nós, com semblante preocupado, e não era pra menos, afinal, a filha deles iria enfrentar coisas terríveis nos próximos dias. 

- Sam, Dean, temos alguns pedidos para fazer. - A Sra Miller começou. 

- Claro. - Dean falou. 

- Primeiro, queríamos pedir para não deixarem nossa filha usar armas. - Quando o pai de Teresa disse isso, não pude conter uma careta. - Pode ensina-la a lutar e até a usar facas, mas saber Teresa usa armas de fogo de certa forma nos dá medo. Quero dizer, ela é nossa garotinha, quero que continue sendo. - Nesse momento o Sr Miller olhou para a filha e suspirou. Agora entendia o que ele queria dizer, saber que ela faz algo desse tipo tira a inocência que ela ainda tem. 

- Tudo bem. - Falei. - Sem armas. - Os dois pareceram ficar mais aliviados, então a Sra Miller continuou. 

- Também queremos que Teresa continue indo à escola. 

- O que? - Dean indagou. - Desculpe mas como esperam que ela vá à escola se nunca ficamos por muito tempo em uma cidade? 

- Iríamos pagar um quarto de hotel para vocês três durante esse ano, já que ela logo acabará o ensino médio. E também pagaremos a escola, claro. - A Sra Miller disse, calmamente, como se tivesse a solução para todos os problemas.

- Vocês iriam para os casos e a levariam apenas para alguns, os mais importantes e demorados, para ela não ficar sozinha por muito tempo. - Concluiu o pai. Olhei para Dean e ele respirou fundo, assentindo um pouco a contra gosto. 

- Fazer o quê. - Ele deu de ombros e os pais de Teresa sorriram vitoriosos. 

- Já reservamos o quarto do hotel no Oregon. Aqui o endereço. - O Sr Miller me deu um papel rasgado com um letra feia e arrastada de caneta azul. Coloquei no bolso de trás da calça jeans e agradeci. Logo Teresa se aproximou, segurando a mala preta ao seu lado. Ela deu um sorriso contido para os pais e os abraçou rapidamente, logo indo para a porta. Quando estávamos quase saindo, ouvimos a voz de sua mãe. 

- Teresa! - Chamou, fazendo a filha se virar. Fez uma expressão triste e excitou antes de falar. - Ela se jogou? - Perguntou por fim; prendi minha respiração por um segundo, com receio de uma nova briga começar. 

- Não... - Ela disse. - Foi só o vento. - Finalmente a porta se fechou atrás de nós, e algo me dizia que não havia sido apenas o vento, e no fundo Teresa também sabia disso.

 

 


Notas Finais


o que acharam amoressss? Amaram? Odiaram?Comentem ai q eu adoro ler os comentários e responder tb. só queria dizer q mesmo demorando a postar estou amando escrever essa fic e tenho muitos planos para o futuro dela. vao acontecer muuuitas coisas quéridaaas.

enfim, favoritem, comentem, deem opniões, etc etc. amodoro vcs tá? beijooos


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