História Monster In Me - Dope

A petição, o primeiro passo para a adoção de Harper, foi aprovada. Grant está que não se aguenta de tanta felicidade, apesar de ter um caminho a percorrer ainda, meu amigo está começando a se sentir esperançoso.  A luz no fim do túnel começa a reluzir aos poucos, ele já se inscreveu no curso de preparação psicossocial e jurídica, está uma pilha de nervos. A ansiedade está o deixando louco, Harper parece sentir que algo está acontecendo com ele, mas meu amigo tenta disfarçar ao máximo. Durante um mês ele f ará esse curso e só então terá a primeira avaliação com a Assistente Social.

Meu relacionamento com o Scott está fluindo muito bem, mais do que eu esperava até. Cada dia que passamos juntos nos conhecemos mais, aprendemos mais sobre o outro, estamos nos adaptando. Com a nossa agenda lotada, qualquer tempo livre que temos, arrumamos um jeito para nos encontrarmos, e é como aquela música diz, fogo encontra gasolina. Apesar de sermos bastante carnais, nossa relação não se baseia somente nisso. Aos poucos estamos nos entrosando, fazendo parte da vida pessoal um do outro. O ajudo com o script do novo filme que ele irá gravar muito em breve, ele está me ajudando com a organização da festa do orfanato. Não colocamos um rótulo no que temos, não paramos para conversar a respeito. Estamos apenas nos curtindo, a única coisa que esclarecemos é que somos exclusivos. A mídia está pegando pesado, não podemos sair que somos bombardeados de flashes e perguntas indiscretas. Fico impressionada com a calma do Scott, e o jeito que ele lida com os paparazzis.  Eu tenho personalidade forte, quando era pequena tinha apelidos como, esquentadinha, pimentinha, coisas do tipo. Diversas vezes me peguei pronta pra dar uma resposta nada educada para esses urubus que não nos deixam em paz, mas o Scott assume o controle, e seus lábios nos meus acaba fazendo com que eu esqueça tudo a minha volta.

Recentemente completou dois meses que estamos saindo, o encontro com os meus pais ainda não rolou por causa da nossa agenda, quando um pode, o outro não. Mas no próximo domingo, o último antes do inicio das gravações do filme dele, iremos jantar na casa dos meus pais. Estou nervosa, não vou negar, tem um bom tempo que não apresento um homem a minha família, e o Scott se tornou bastante especial pra mim. A aprovação dos Swanepoel é importante. Eu tenho certeza que minha mãe irá cair de amores por ele, afinal, não é como se fosse possível evitar. Ele tem um charme tão natural, um carisma puro, o jeito sério e misterioso dele, me fascina e tenho certeza que intriga as pessoas a volta dele. Quando estamos sozinhos, ele fala bastante, mas quando tem alguém, ele passa a observar. Compartilhamos algo só nosso, é como se a presença de outras pessoas o deixasse desconfortável. É nítido a diferença de quando ele está comigo e quando está com pessoas do trabalho, conhecidos, fãs. Nunca o vi destratar ninguém, ele é muito educado e gentil. Mas a forma que ele me trata, que age quando estamos juntos, eu nunca vi ele fazer o mesmo com outra pessoa. E eu posso estar sendo uma boba, mas isso faz com que eu me sinta especial e querida.

Harry chega essa semana com a banda, sexta-feira a Tour na América do Norte se inicia. Ele e a Barbie Malibu ainda estão juntos, o que está gerando um burburinho na mídia e com os fãs, fazer o que se o menino tem uma fama duvidosa. Nós falamos por mensagens e duas vezes por Skype, todas as vezes iniciativa dele, meu processo de desintoxicação de Harry Styles, se assim posso chamar, está avançando com sucesso. Uma das vezes que conversamos por chamada de vídeo, Scott estava presente, e a cara de descontentamento do Styles  não passou despercebida, mas ele não falou nada.  Meu peão nunca mais voltou a tocar no nome dele desde quando conversamos após a volta dele para Los Angeles. A confiança que ele deposita em mim, significa muito e só me deixa mais encantada por ele.

Eva combinou de vir me buscar na academia para almoçarmos juntas, já tem três semanas que nosso almoço semanal não acontece, e ela está me acusando de amiga desnaturada, que só dou atenção ao Scott. E não é bem assim, não vou mentir que todo tempo livre que tenho passo com ele, mas estou sobrecarregada de trabalho, cheguei até a convidá-la para jantar na minha casa esses dias, só que ela estava em reunião. A questão é que não posso deixar que minha amiga pense que estou deixando-a de lado, ainda mais por causa de homem, isso jamais, mesmo que esse homem seja o Eastwood.

- Entra ai sua desnaturada. – Eva grita ao estacionar na frente da academia, revivo os olhos, ela vai me perturbar com isso.

- Para com isso, você sabe que não é verdade. – Resmungo ao colocar o cinto.

- Bom, de onde eu venho quando uma amiga abandona a outra, chamamos a pessoa de desnaturada. – Dá partida com o carro e me olha fazendo cara feia.

- Eva, você está fazendo com que eu me sinta mal. Estou com lidando as gravações do The X Factor, a academia, a organização da festa do orfanato e as coreografias do novo cd das meninas do Little Mix, o tempo livre que tenho eu quero transar, descarregar a tensão. Eu falo com você todos os dias por mensagem e facetime, você sabe muito bem que eu JAMAIS te abandonaria. – Falo sério, querendo mostrá-la meu ponto, o fato de não ter dito tempo de encontrá-la pessoalmente não quer dizer que estou me afastando dela.

- Hey, recolha essas garras, felina. Estou apenas tirando uma com a sua cara, se eu tivesse um Scott Eastwood eu nem lembraria da sua existência, minha cara. Transaria com aquele homem a cada oportunidade, teria overdose de orgasmo. – Solta sua gargalhada escandalosa.

- Ah sua cadela, eu aqui sofrendo e você de olho no meu homem, você não presta mesmo. – Soco seu braço, o que faz com que ela ria mais.

- Apenas um draminha pra apimentar nossa relação, meu amor. – Pisca pra mim e eu me rendo. Eu tenho a melhor e mais louca amiga do mundo.

- Você é ridícula. – Digo e abro a porta do carro ao reparar que minha amiga já estacionou o mesmo.

- É mesmo? Mas você não vive sem essa ridícula aqui. – Eva rebate ao entramos no restaurante, caminhamos para a mesa que a recepcionista nos indica.

- Será? Não era eu dando chilique por me sentir abandonada. – Duas podem jogar esse jogo.  Sento-me na cadeira e tiro o celular da bolsa, deixando em meu colo, vejo minha amiga repetir meus atos. Combinamos faz tempo que celular está proibido em nossos encontros, deixamos apenas ao alcance de nossas mãos, por causa da loucura que é nossa vida profissional, mas deixamos no silencioso.

- Cadê o pedaço de mau caminho que nos leva ao paraíso com apenas um sorriso? – Eva não perde a oportunidade de me provocar.

- Está em reunião com o diretor de um possível novo filme. – Respondo, o garçom vem buscar nossos pedidos, não foi preciso olhar o cardápio, pois esse é o restaurante oficial dos nossos encontros, já sabemos o menu de cor e salteado.

- Ele vai começar a filmar semana que vem e já está pensando em um novo filme? Se ele tem essa disposição na cama, tá explicado o motivo do seu sumiço. – Eva dá aquele sorrisinho sujo.

- Você está louca para saber como ele é na cama, sinto muito, vai ter que ficar imaginando. Não vou vender meu peixe. – Rebato, ela insiste mais um pouco para que eu conte minhas aventuras sexuais com o Scott, mas eu nego, durante o almoço conversamos sobre o Orfanato, a adoção de Harper e nossas férias no Brasil, Eva está super animada, eu também estou, mas minha amiga ao falar do que iremos fazer quando chegarmos lá, não consegue conter a empolgação e dá pulinhos na cadeira.

- Vê se não some, cadela bem comida, te amo. – É desse jeito que Eva se despede ao me deixar na entrada do meu prédio. A vontade que eu tenho é de gritar, ‘’isso tudo é inveja por não estar sendo bem comida como eu estou’’, mas tive que controlar a língua por causa do casal idoso que descia de um táxi, disfarçadamente ergui meu dedo do meio e sorri para minha amiga, a sem vergonha gargalhou e arrancou com o carro.

Ao entrar em meu apartamento, deixo minha bolsa no sofá e resolvo tomar um banho e descansar um pouco, nem que seja por uma hora. Tenho que voltar para a academia para trabalhar nas coreografias do Little Mix, elas virão em breve para começarmos os ensaios.  A divulgação do CD está prevista para daqui um mês, então estamos correndo contra o tempo.

Desperto com o barulho do meu celular, resmungando caminho até a sala onde deixei minha bolsa, meio sonolenta procuro o aparelho, pego e um sorriso toma conta do meu rosto ao ver o nome do Scott na tela.

- Oi peão. – Me jogo no sofá, sorrindo como uma adolescente.

- Hey bailarina, estou indo pra casa agora, queria te fazer um convite. – Eu o vi ontem de tarde, mas parece que tem mais de uma semana que não nos encontramos. Como é possível já sentir saudade?

- Uhm, um convite? – Uso o meu tom sedutor.

- Bem, esse tipo de convite também, mas esse vai ficar para depois do que eu tenho pra lhe fazer agora. Topa vir jantar aqui em casa? – Há uma coisa diferente em sua voz, como se ele tivesse armando algo. Sempre fui muito apegada aos mínimos detalhes, meu pai dizia que eu daria uma ótima agente do FBI, durante uma fase da minha vida, eu até cogitei a ideia, mas o amor pela dança falou mais alto.

- Só nós dois? – Questiono, pois a última vez que fui a sua casa, alguns amigos e suas respectivas namoradas e esposas também estavam por lá. Não que eu não tenha gostado, eu fiquei feliz na verdade por ele está me apresentado ao seu círculo de amizade.

- Sim, só nós dois, e ai o que me diz? – Scott.

- Topo. Você vem me buscar? – Quero saber.

- Você ficaria chateada se eu não fosse? Dessa vez quero cozinhar pra gente, lhe mostrar meus dotes culinários, minha mãe diz que conquistou meu pai pela boca, estou pensando em fazer o mesmo com você. – Ele ri e eu o acompanho, ah Eastwood, acho que não vai ser necessário..

- Uhmm, mal posso esperar para ver o que essa noite me reserva. Olha, eu sou meio difícil de ser conquistada. – Brinco.

- Eu trabalho arduamente, minha querida. Até o final da noite, você estará conquistada, acredite em mim. – Noto o divertimento e a certeza em sua voz. Os sinos de que ele está armando algo voltam a tocar com força total.

- Veremos. Que horas devo ir? – Levanto ao verificar a hora em meu celular, tenho que correr pra academia.

- 7 pm está bom, acredito que já estarei com tudo pronto. – A promessa de algo mais é nítida em sua voz.

- Ok, às 7 pm estarei ai, até mais, peão. – Estalo um beijo.

- Estarei esperando impacientemente, dirija com cuidado, te vejo mais tarde, bailarina. Tô louco de saudades dessa sua boca. – Esse é aquele momento que você tem vontade de lamber a tela do celular.

- Eu sei, minha boca é irresistível. – Rio e encerro a ligação,  ou ficaríamos nessa a tarde toda.

                                                                             **************

Sai da academia mais tarde do que eu pretendia, por isso meu quarto está uma zona com minhas roupas espalhadas para todos os lados, por mais que seja um jantar casual e somente nós dois, não posso conter o meu desejo de me vestir bem para o meu homem. No banho conferi se estava tudo certo com minha depilação, escolhi uma calcinha bem sexy, pois meu vestido dispensava sutiã.

Deixei meu quarto parecendo uma zona de guerra, sai de casa e já era 7 pm, odeio atraso, sempre me cobrei isso por causa da minha profissão e meus pais pegaram muito no meu pé com isso também. Ao parar em um sinal vermelho no caminho para a casa do meu peão, pego meu celular e vejo que tem uma mensagem dele.

                                     ‘’Aconteceu alguma coisa? Você nunca se atrasa, e até agora nenhum sinal seu. Estou preocupado aqui.’’

Digito uma resposta rapidamente, deixando o saber que me atrasei na academia, mas que já estou a caminho. Meia hora depois estaciono no seu condomínio, o segurança ao reconhecer meu carro, abre o portão. Quando vim à primeira vez aqui com o Scott, tive que deixar meu nome completo e a placa do meu carro. Ao estacionar em frente à mansão do Scott, noto um carro que não é o dele, estranho. Pego minha bolsa e saio, ativando o alarme, caminhando lentamente em direção a porta de entrada, pensando no que será que o Eastwood aprontou. A porta abre antes que eu possa tocar a campainha.

- Até que fim, estava quase indo atrás de você. – Scott me puxa para seus braços, dá um beijo carinhoso em minha testa e depois beija meus lábios docemente.

- Calma peão, já estou aqui. – Sorrio e beijo seus lábios demoradamente.

- Uhm, por mais que eu esteja tentando a lhe tomar aqui mesmo, acho que disse algo sobre lhe conquistar pela boca, certo? Então vamos entrar, sou um homem em missão. – Sua mão descansa em minhas contas enquanto ele me guia pela casa.

Estaco quando chegamos na sala de estar, meus pais estão sentados no sofá e conversam animadamente com um mulher e um homem que eu conheço de algum lugar, mas não me lembro de ontem. Viro para encarar Scott, e ele tem um sorriso nervoso estampado em seu belo rosto.

- O que é isso? – Rosno para que só ele ouça. Volto a encarar as pessoas sentadas e quando o homem alto, de cabelo de grisalho e olhos azuis que me lembram o do Scott vira em minha direção, sinto minha cabeça girar, puta merda são os pais dele. Dou um passo pra trás, mas a mão de Scott aperta minha cintura. Olho feio pra ele, como ele faz isso comigo? Me apresentar aos pais sem nem ao menos me preparar? E ainda por cima meus pais também estão aqui, sinto o ar ficar preso em minha garganta, o nervosismo toma conta de mim.

- Oh, minha querida, ainda bem que chegou. – Mamãe diz alegremente ao me ver.

- Isso não vai ficar assim. – Murmuro para o Scott, não posso dar vexame na frente dos pais dele, eles não tem culpa da armadilha que o filho deles armou pra mim. Respiro fundo, jogando o nervosismo pra baixo do tapete, eu sou Mia Swanepoel, posso qualquer coisa, e se o desafio dessa noite é agradar e conquistar uma parte da família Eastwood, já me vejo no pódio com a medalha de ouro.