História Monster In Me - Hands To Myself

Harry estava sentando na bancada da cozinha enquanto eu preparava nosso café da manhã, nosso reencontro nos deixou mais famintos que o normal. Ele me contou sem detalhes sórdidos como foram esses meses em que estivemos longe, sei que sempre trocávamos mensagens, porém é diferente uma conversa pessoalmente. Ele falou sobre os meninos, sobre a Tour na Europa que acabou essa semana e que em breve se iniciará na Ásia, sobre sua família que está de férias na Austrália, e quando eu o questionei porque ele não foi encontra-los, sua resposta foi ''E perder a oportunidade de ter você em meus braços? Nem pensar.'' Não posso negar que meu coração se aqueceu ao ouvi-lo, porém eu não posso começar a me iludir novamente, eu já estive lá antes e não quero voltar a me sentir daquele jeito.

Apesar de ser um homem super carinhoso e respeitador, Styles é um garanhão nato, é assim desde que eu o conheci e até hoje nada mudou, inúmeras mulheres passaram por sua cama e vida, mas nenhuma permanecia. Não é qualquer uma que aguenta o mundo de Harry Styles, mas boa parte das mulheres que estiveram com ele, nada tira da minha cabeça que foi por puro interesse, só que quem sou eu pra julgar?

Assim que nos conhecemos nos bastidores do programa da Eva Miller, que por sinal é minha melhor amiga, eu fui jantar com os meninos e o pessoal da produção, minha amiga queria bancar a cúpida, ela sabia da minha paixonite boba pelo Harry, na verdade acho que encantamento descreveria melhor meu sentimento por ele naquela época. No fim da noite, ao me despedir do pessoal, Harry veio se despedir e pediu meu número, fiquei tentada a dizer não, eu já estava sofrendo por estar na mídia devido aos meus pais, uma mera aproximação com uma pessoa como ele, só deixaria minha vida mais louca ainda. Mas quem consegue negar algo para aquele sorriso?

Bom, eu tentei, mas falhei miseravelmente. E foi nessa troca de telefone a quatro anos que tudo começou, a tensão sensual entre a gente sempre foi gritante, só que com o passar do tempo, sentimentos que eu não podia controlar foram criando raízes em meu coração, e até hoje eles continuam marcando presença. No começo foi algo como ''vou te tirar do meu sistema e seguir em frente'', só que não foi bem assim que aconteceu. Uma bela amizade nasceu e se enraizou entre a gente, os meninos vieram como um maravilhoso bônus. Todas as vezes que a banda vinha para a América, eu os encontrava sempre que podia, e quando estavam em Los Angeles, Harry ficava no meu apartamento.

A mídia no inicio foi brutal, por estar começando minha carreira, fui apontada como uma nova usurpadora, as fãs dos meninos não foram nada agradáveis, eu cheguei a pensar em me afastar dele, não estava aguentando toda aquela perseguição, ele percebeu isso, eu estava sendo engolida pelo seu mundo, e isso estava me fazendo mal. Então ele me pediu desculpa e se afastou, não demorou uma semana para ele ser visto com Kendall Jenner, por algumas semanas eu continuei sendo relacionada a ele, porém agora eu era tachada como a traída e coisas do tipo, fui esquecida assim que eles viram que o relacionamento entre Harry e Kendall seguia firme. A essa altura, eu já tinha sentimentos indevidos por ele, só que fiquei calada, sofrendo na minha, afinal ele não tinha culpa.

Ficamos afastados por quase cinco meses, foi tempo suficiente para o relacionamento dele com a aspirante a modelo acabar, porém não demorou muito para ele ser visto com outras mulheres. Eu sentia a falta dele, muito, era estranho conversar e me encontrar com os meninos e ele não estar presente. Liam falava que ele sentia a minha falta, só que tinha medo de se aproximar novamente e me fazer sofrer. Eu entendia o lado do Harry, sei que o que ele fez foi para o meu bem, e isso fazia com que eu gostasse mais dele. Não foi até minha ida com a Tour do Justin Timberlake para a Europa, que nós nos reencontramos em Londres, totalmente por acaso, eu cheguei a fingir que não tinha o visto, porém ele veio ao meu encontro e simplesmente me abraçou. Fazendo assim com que eu chorasse no meio da rua, eu não fui capaz de controlar o turbilhão de sentimentos que me afogaram naquele momento, fora a sensação de estar em seus braços novamente, era demais pra mim. Ele disse o quanto sentia a minha falta e que se sentia mal pelas coisas terem tomado aquele rumo. Falei com ele que a gente precisava conversar, não poderíamos ficar daquele jeito, eu tinha um show para fazer naquela noite, ele falou que iria ir me assistir e que depois conversaríamos. Cheguei à conclusão de que queria ele na minha vida, e se pra isso eu teria que aguentar a mídia, que assim fosse, valeria a pena se eu o tivesse por perto.

No começo nossa relação era algo carnal que aos poucos se tornou uma grande amizade, com essa reviravolta que fez com que nos afastasse, eu preferi ficar só na amizade, e tentar preservar meu coração, não foi isso o que contei para ele ao dizer que não iríamos nos envolver sexualmente novamente, claro, ele não precisava saber dos meus sentimentos. Estaria mentindo se dissesse que foi fácil resistir, diversas vezes cheguei muito perto de jogar tudo para o alto, apenas para ser dele mais uma vez.

Depois de quase um ano da nossa ''volta'', eu passei a ser aceita pelos fãs dos meninos, pra ser sincera, elas passaram a me amar, até hoje eu não entendo muito bem o que fez com que elas mudassem de ideia. Passei a ser chamada de ''Queridinha das Directioners'', como o mundo dá voltas.

Nesse tempo eu fui obrigada a ver o Harry com várias mulheres e fingir que estava tudo perfeitamente bem, curei centenas de ressacas dele, aguentei ele falando de suas conquistas, presenciei algumas mulheres desfilando pelo seu quarto de hotel, enquanto isso meu coração idiota se quebrava. Pois eu fui estúpida ao ponto de cair no amor completamente por ele, literalmente em queda livre, e não podia fazer nada a respeito. Sempre que eu o socorria quando estava bêbado, ele falava que sentia minha falta, do meu corpo, dos meus beijos, de estar comigo, de adorar cada parte minha e que se ele pudesse escolher por quem se apaixonar, eu seria sua escolhida. Nem preciso dizer que eu chorei feito uma criança, certo?

Eu comecei a sair com Grant, no intuito de esquecê-lo, até porque eu precisava dar um rumo pra minha vida, não poderia continuar daquele jeito. Grant trabalhava junto comigo, era a alegria em pessoa, capaz de fazer até o ser humano mais rabugento sorrir, além de ser um amor de pessoa, super cativante, extrovertido, e lindo de morrer. Foi fácil corresponder as suas incensáveis investidas, tudo fluía muito bem com ele. Nós não namoramos, eu não queria me prender a alguém, e ele muito menos, Grant é um espírito livre, nós respeitávamos, nos pegávamos quando a vontade ou a carência batia, simples assim.

Harry é o único dos meninos que não gosta de Grant, eu até pensei que era por ciúmes ou algo parecido, mas seria bobeira minha pensar isso, não tínhamos um compromisso, sei também que ciúmes de amigos existe, mas não era por esse caminho.

Após um after party de uma premiação em que eu fui a trabalho e os meninos se apresentar, chegamos muito bêbados no hotel, e invés do Styles ir para o seu quarto, ele foi para o meu. Não sei dizer se foi o excesso do álcool, o tesão reprimido, a saudade, a vontade de estar com ele mais uma vez, ou sei lá o que, só sei que eu o ataquei, e passamos a madrugada inteira rolando na cama, chão, banheiro e por ai vai. Aquela suíte presenciou um bom momento e um excelente sexo. Na manhã seguinte, eu resolvi agir como se nada tivesse acontecido, só que eu não tive essa sorte, Harry falou que ele estava quase tomando essa atitude, que ele lutou até quando pôde pra preservar nossa amizade, só que seu limite se aproximava. Resumo da ópera, decidimos deixar a coisa rolar, era praticamente a mesma coisa que tinha com o Grant, só que aqui o meu coração estava jogado aos leões.

Se engana quem pensa que em algum momento depois que voltamos a nos relacionar fisicamente, Harry se descobriu apaixonado por mim e me pediu em namoro, nha, isso não aconteceu. Eu continuei vendo ele com uma porção de mulher, curando suas ressacas, e por ai vai. Só que com o tempo, eu aprendi a preservar meu coração, eu amadureci e consegui ser mais forte, já não era mais a menina de 20 anos que o conheceu, muitas coisas mudaram. Tive um namoro que durou cerca de seis meses, e eu até que gostei bastante do Rush, uma pena que ele teve que se mudar para a Suécia.

E foi mais assim que nossa história aconteceu, hoje continuamos com nossa pegação, só que agora não é uma coisa só carnal, vai muito além disso, eu sinto, a maneira como ele me toca, como me olha e sorri pra mim, é totalmente diferente de antigamente. Tudo é mais profundo e intenso, ele é mais carinhoso do que antes, está mais possessivo também. Nossa amizade se consolidou, está mais forte do que nunca. É meio complicado nossa situação, quem está de fora não entende, até os meninos ficam confusos, não é algo que se explique, a gente apenas vive.

- Hey babe, você vai poder acompanhar a gente em quantas cidades? – Ele se referia a Tour que aconteceria daqui um mês e meio na América do Norte. Eu sempre os acompanhava por algumas cidades, eu tinha que intercalar com minha agenda de shows.

- Acho que dessa vez apenas sete cidades, de acordo com o e-mail que você me mandou, New York, Chicago, Dallas, Orlando, Las Vegas, Atlanta e Houston. – Antigamente eu conseguia ir à no mínimo uns dez shows.

- Só isso? – Reclamou fazendo bico.

- Isso porque eu dei um jeitinho, caso contrário seriam apenas cinco, então não reclama. – Apertei seu bico e sentei ao seu lado, para finalmente tomarmos nosso café.

- Gostava mais quando você tinha podia rodar o país todo com a gente. – Teve uns dois anos que eu consegui fazer isso, realmente foi incrível, uma experiência sensacional. Ok, que no meu trabalho eu também faço isso, mas viajar com os meninos é coisa de outro mundo, é diversão garantida.

- Deixa de ser resmungão e coma, tenho que sair daqui vinte minutos para dar aula. – Sim, além de ser coreografa de famosos e bailarina, eu também dou aula em uma academia para adolescentes.

- Posso ir com você? – Questionou esperançoso.

- Sabe que dou aula para adolescentes. – Sempre que ele ia assistir às aulas, ninguém prestava atenção em nada além de Harry Styles e eu ficava que nem uma babaca no meio da sala falando com as paredes de vidro.

- E o que tem? Elas me amam. – Se gabou, idiota.

- Você vai atrapalhar minha aula. – Enfatizei.

- Ah, eu prometo que fico quietinho no cantinho da sala, você não vai nem perceber minha presença. – O problema não sou eu, e sim as meninas.

- Você não tem nada pra fazer na cidade? – Quis saber, até porque sempre que vinha para L.A, ele tinha diversos compromissos, mesmo estando sozinho.

- Só amanhã, e você não vai me deixar sozinho nesse apartamento né? – Me abraçou por trás, deixando um rastro de beijos pelo meu pescoço, sacanagem.

- Ok ok, eu te levo comigo. – Desisti, ele comemorou me pegando no colo e me arrastando para o quarto.

Os vinte minutos se transformaram em quase uma hora, pois o bonitinho queria uma rapidinha, eu não gostava de me atrasar para meus compromissos, é totalmente antiético. Mas eu tinha um britânico na minha cama, então acho que dessa vez eu deixo passar, só dessa vez.

- Se eu levar uma bronca, saiba que você pagará por isso. – Avisei assim que atravessamos as portas da academia. Não preciso nem dizer que todas as mulheres pararam pra babar e suspirar por ele né? Eu meio que já tinha me acostumado com esse tipo de reação.

- Uhm, irei pagar? Adoro quando você me castiga. – O safado sussurrou e deu uma mordidinha no meu pescoço, vê se pode?

- Ora Ora Senhorita Swanepoel, pensei que não daria o ar de sua presença hoje. – Garry, meu chefe me olhou brincalhão.

- Pelo menos tem algo, ou melhor, alguém que não vai deixar as meninas ficarem chateadas com a minha demora. – Apontei para o Styles alguns metros atrás de mim, ele tinha parado para atender algumas ''fãs''.

- Com esse ai, você se safa de qualquer coisa com as meninas. Nem preciso lhe desejar boa sorte, apenas evite atrasos, ok? – Gaz, como eu costumava chama-lo, pois nos conhecemos faz tempo e temos uma certa intimidade, ok ok, já transamos umas duas vezes na época da faculdade.

- Vou manter isso em mente. – Pisquei pra ele e entrei na minha sala, quinze pares de olhos chateados me encaram.

- Hey gatinhas, recolham as garras, meu atraso tem um nome e sobrenome, e vocês amam ele. – Levantei as mãos em sinal de rendimento.

- Você não quer dizer que... – Daphine não conseguiu terminar sua frase, pois logo gritos histéricos ecoaram pelo quarto. Harry havia chegado. Um pouco de '' AI MEU DEUS'', ''PUTA MERDA'', ''EU NÃO ACREDITO'', ''SOCORRO'', 'É O HARRY'', ''EU VOU MORRER'' foram ouvidos. Ele deu atenção para as meninas, algumas já conheciam ele, justamente por ele vir comigo aqui, porém outras não, elas eram novas, e foi meio difícil fazer com que elas voltassem a realidade.

Fazer com que as meninas ignorassem o bonitão inglês foi como pedir para um bebê não puxar seu cabelo. Foi até divertido ver algumas se insinuando para ele durante certas músicas com uma pegada mais sensual. Com o sucesso de Sorry do Justin Bieber, e como sou a criadora da coreografia, esse esteva sendo o meu carro chefe do momento. Eu amava a batida da música, quando me apresentaram, eu não precisei de mais do que meia hora para criar a coreografia, Sorry é aquela música que fala com seu corpo, alma e coração.

Pela falta de concentração das meninas, levei mais tempo do que esperava apenas nessa música. Harry como prometido, ficou quietinho sentado no chão, somente observando. Eu sentia seu olhar queimando meu corpo, confesso que teve momentos em que eu disfarçadamente me aproximava dele, só para mostrar o poder dos meus quadris. O típico, olha o que você está perdendo, só que ele já usou e abusou desses quadris, só não é o único a ter esse direito e acesso. Eu já tinha desencanado de ter um relacionamento sério com ele, se até hoje não rolou, sinal de que não é pra acontecer. Eu guardei meus sentimentos por ele bem no fundo do meu coração, se é que é possível isso, porém agora eu não quebro todas as vezes que o vejo com outra mulher, não deixo de sair com outros homens, como fazia antes. Agora estou no controle da situação, ou eu acho que estou, eu falei que é complicado, pois realmente é.

Tem época que mesmo nos vemos quase um mês inteiro, nós não nos envolvemos sexualmente, já tem época que não conseguimos afastar as mãos um do outro. Não queira entender o que acontece entre a gente, sua cabeça vai dar um nó. Eu desisti de entender, porém no momento em que eu perceber que estou caindo novamente, eu irei recuar. Não vou colocar meu coração no abatedouro, não de novo, se antes a queda foi insuportável, acho que dessa vez eu sairia destruída.