História Único toque - Seguir

Meu corpo está leve e aquecido. Movo levemente sobre a superfície macia.

- Senhorita! - Ouço alguém me chamar e viro minha cabeça para o lado suspirando - Ei, Kath! - Novamente. Abro levemente meus olhos e olho para o meu lado a tempo de ver Cameron segurar uma bandeja dourada. A mesma de sempre. Bocejo logo me levantando sonolenta e puxando o lençol para cobrir mais o meu corpo - Dorminhoca! - Pude vê-lo sorrir.

- O que faz aqui uma hora dessas? - Coço meus olhos novamente bocejando - Droga! Você, por acaso, me acordou às 5a.m? Isso não se faz, Cameron! - Digo direcionando meu olhar para ele que está sorrindo divertido.

- As 5a.m? Já são 1p.m. Você precisa tomar o seu banho para ir para casa. Você acabou cochilando e eu não queria te acordar. Achei que você merecia ter um bom sono antes de me despedir - Ele deu um meio sorriso colocando a bandeja em meu colo. Olhei para a bandeja e vi meu almoço ali.

- 1p.m? - Droga! Eu pensei que já era outro dia. Hoje a senhora Moore e Justin estiveram aqui me fazendo sorrir. Fora tudo hoje, ainda não é o dia seguinte - Já vou para casa? - Meus olhos brilharam olhando para Cameron que sorriu e concordou levemente com a cabeça - Ah Meu Deus! Eu vou para casa! - Puxo Cameron para um abraço desajeitado por causa da bandeja - Muito obrigada por tudo, nem sei como agradecer. Eu adorei te conhecer. Você é a melhor pessoa que eu pude vivenciar aqui. Você é o melhor enfermeiro que existe! - Disse eufórica o fazendo gargalhar.

- Chega de despedidas. Vamos deixar para o momento certo! - Gargalhei e logo nos afastamos. Olhei para o prato na bandeja colocando as mechas bagunçadas de meus cabelos misteriosamente cobres atrás da orelha e comecei a comer. A verdade é que eu estava louca para evaporar aquela comida para poder voltar para casa. Para a minha casa.

- Posso te pedir algo? Deixe soar como um presente de despedida - Digo olhando para ele após engolir a comida que se encontrava em minha cavidade oral. Cameron me olhou desconfiado logo dizendo:

- Lá vem você me colocar em enrascada - Isso me fez rir. Ultimamente venho mesmo o enchendo. Olho para a porta logo me lembrando do senhor Bieber que saiu às pressas para uma entrevista. Isso tudo aconteceu hoje e parece que tudo isso aconteceu ontem. Suspiro rapidamente.

- Nem é algo terrível - Sorri - Você não confia mais em mim? - Pergunto divertida vendo Cameron abaixar a cabeça sorrindo e logo me olhar negando com a cabeça. Ah! - Isso me magoa - Coloco a mão no peito mudando minha face para triste o fazendo soltar uma risada.

- Você sabe que eu adoro você, não sabe? - Diz me fazendo concordar com a cabeça.

- Sim, eu sei, e é por isso que eu te encho de perguntas. Por que sei que não irá me negar nenhuma - Gargalhar com a sua feição seguinte. Parecia decepcionado - Você não acreditou, não é? Você nem sempre me fala as coisas, sabe disso. Eu também adoro você! Vou sentir tanta saudade - Ele solta uma gargalhada e percebo que a sua feição anterior era para curtir com a minha cara.

- Eu adorei você admitindo isso! - Continua gargalhando e eu dou um tapa leve em seu braço fazendo beicinho.

- Isso não se faz! - Digo cruzando os braços emburrada o que não durou muito me fazendo soltar uma risada logo mudando minha feição me virando para ele - Onde está o senhor Bieber? - Após perguntar, levo mais alimento para minha cavidade oral.

- Ele ainda não chegou! - Disse me fazendo suspirar. Já sinto falta. Como viverei longe dele quando sair daqui? Quando voltar ao meu apartamento com Clarke, como vou conseguir superar a sua ausência se agora já estou com um buraco no peito?

- E a senhora Moore? - Pergunto mastigando levemente fazendo Cameron sorrir.

- Creio que ela também não chegou - Ele coçou seu queixo brevemente. Concordo com a cabeça.

- Bom, você me permite lhe pedir o meu presente de despedida? - Olho para seus olhos azuis e faço a minha melhor feição possível. Ele sorri negando fraco com a cabeça logo dizendo:

- Você é terrível, Kath! - Solto uma risada e dou de ombros - O que você pretende?

- Eu gostaria de tomar banho sozinha. Gostaria de testar a minha capacidade e independência longe da fisioterapeuta. Você me permitiria? Queria um tempo comigo mesma - Digo logo suspirando vendo Cameron com um sorriso nos lábios que eu julgo ser divertido. Ele está querendo rir de mim? - Para de querer rir! - Lhe dou mais um tapa.

- Você armou esse show todo para me pedir isso? - Olho para ele desacreditada. Sim, ele está rindo do meu pedido às minhas custas - O doutor Robert pediu para eu organizar o seu banho e deixar você ter o seu momento antes de ir para casa - Cameron continua sorrindo e eu sinto o rubor subir pelas minhas bochechas. Oh! Começo a gargalhar com Cameron.

- Ele disse isso? - Pergunto em meio a tanta risada. Ele concorda com um balanço na cabeça - E eu aqui achando que você estava debochando do meu pedido. Agora, esqueça esse que eu disse. Irei fazer um pedido válido - Digo com ar de superioridade levantando o dedo fazendo Cameron abaixar a minha mão e dizer:

- Agora coma, senhorita superioridade, se quiser sair daqui às 2pm - Ele pisca e eu olho para o relógio do quarto. 1:15pm. Nossa!

Começou a atacar meu prato fazendo Cameron gargalhar - Você vai querer o seu banho de beleza agora? - Pergunta e eu concordo com a cabeça fazendo Cameron assentir e seguir para fora do quarto, entretanto, quando ele foi passar pela porta do quarto se esbarrou no senhor Bieber que derrubou uma bolsa grande no chão - Por favor, me perdoe senhor Bieber - Diz Cameron se abaixando e pegando a bolsa a entregando para o senhor Bieber que a pegou de bom grado.

- Não se preocupe! - Diz Justin dando dois tapinhas nas costas de Cameron que o comprimentou com a cabeça e se foi. Justin se aproximou de meu leito depositando a bolsa na poltrona pérola ao lado da cama - Boa tarde, dorminhoca! - Diz sorrindo. Sua presença já embriagueis a minha alma.

- Já está sabendo que caí no sono depois que você saiu? - Rolo meu olhos e ele concorda com a cabeça. O sorriso ainda não deixou os seus lábios rosados.

- Na verdade, quando cheguei a entrevista, liguei para cá para saber se você estava bem e Cameron me disse que você estava babando nessa cama. Você esquece facil de minha presença - Murmurou a parte final fazendo uma feição emburrada.

- Eu vou bater naquele garoto! - Digo fazendo Justin soltar uma risada maravilhosa - Eu estava sonhando com você! Nem no meu sonho você me deixa em paz - Digo tão rapidamente que me toquei logo depois de terminar a frase me fazendo arregalar os olhos. Oh, droga! Por que eu disse isso?

- Sonhando comigo é? Então o seu sono foi maravilhoso! - Ele gargalhou.

- Para de debochar de mim! - Digo com os braços cruzados e a feição fechada. Claro que eu não estava brava com ele. Eu o amo!

- Ah, amor! Não faz esse bico. É uma tentação! - Diz ele se sentando ao meu lado na cama tomando cuidado com a bandeja reluzente.

Olhei para seu rosto para uma breve avaliação e o vi com um sorriso lindo. Ruborizo ao ver que seu olhar está observando o meu olhar seguir para os seus lábios. Lábios incríveis! Como gostaria de poder beijá-lo novamente.

Nao! Esqueça Hazel!

- Você irá me levar para casa? - Mudei o foco da conversa enchendo minha cavidade oral de alimento. Distração é do que preciso!

- Irei sim. Sua mãe está me perturbando para eu te levar para a casa dela - Diz me fazendo arregalar os olhos e parar a mastigação. Minha mãe?

- Minha mãe entrou em contato com você? - Como ela conseguiu o numero do senhor Bieber? Ah não, Clarke! O olhar de Justin se torna um olhar confuso de repente. Ah, droga! Ele está falando da mãe de Katherine. A mulher elegante - Ah, claro! Minha mãe. Ela disse isso para mim também. Está literalmente te obrigando - Digo suspirando aliviada ao ver que Justin aceitou a minha fala de “volta por cima” - Pena que vou ter que ir para casa - Suspirei voltando a mastigar e engolir o mísero de alimento que se encontra em minha boca.

- Você não quer ir para a casa da sua mãe? - Pergunta Justin com o cenho franzido - Pensei que gostaria de ir para lá e rever os seus parentes.

- Eu realmente gostaria de rever aquelas pessoas mas gostaria de um momento comigo mesma antes de enfrentar tudo isso - Digo fazendo Justin suspirar. Ele parecia decepcionado - Entretanto irei para lá assim que me estabilizar - Sorri tentando o confortar. Vejo Justin suspirar.

- Tem certeza? - Diz acariciando a minha bochecha. Seus olhos estão em um mel incríveis.

- Tenho - Assenti fraco e segurei a sua mão sobre a minha bochecha com um leve sorriso fazendo Justin também sorri. Ele é o melhor homem que uma mulher poderia querer.

Percebo o olhar do Justin avaliar o meu rosto fazendo carinho em minha bochecha logo descendo seus olhos que queimaram meus lábios. Ele estava encarando meus lábios tão firmemente que os sinto descolarem e ficar semiabertos. Hazel, não faça isso! Justin fecha os olhos brevemente e eu aperto sua mão sobre minha bochecha o que faz seus olhos caramelos surgirem através das pálpebras novamente. O som de toques na porta nos pega desprevenidos fazendo eu quase derrubar a bandeja que se encontra em meu colo pelo tanto que ela balançou pelo susto. Justin afasta a sua mão de minha bochecha e quando vou soltar a sua mão ele a segura no ar entrelaçando nossos dedos. Me perdoe por isso, Kath!

- Pode entrar! - Digo em um tom alto para que a pessoa possa ouvir e vejo através da porta que se abre revelando o doutor Robert com uma pastinha em mãos - Doutor Robert! - Dou um grito entusiasmada. Que saudades do doutor. Na verdade, estou com saudade da notícia que ele trouxe consigo, primeiramente.

- Senhor Bieber! - Ele comprimenta Justin com um movimento da cabeça e Justin repete o ato - Boa tarde, senhorita! - Diz se aproximando da cama e puxando um banquinho de debaixo da cama, o qual, Cameron costuma se sentar. Me aconchego.

- Bom dia, doutor! - Soou mais entusiasmado do que eu esperava.

- Animada? - Pergunta depositando a sua pasta em sua perna que está suspensa no suporte para pés do banco. Imaginar o senhor Bieber sentado naquela posição me causa um incômodo frio no interior da barriga.

- Muito! - Aperto meus dedos em torno da mão de Justin que continua entrelaçada com a minha. Agora que eu percebi que ele se virou para ficar de frente para o Doutor.

- Isso é muito bom! - Diz doutor Robert sorrindo me fazendo sorrir também. Se está tudo bom então quer dizer que posso realmente ir para casa! Ao olhar para a pasta em seu colo vejo que em seu braço está o relógio prateado que Adam lhe deu. Adam! - Infelizmente você não poderá ir para casa - Essa noticia me quebrou por dentro em milhões e milhões de pedaços. Mas, por que? Eu não estou boa o suficiente? Quando eu ia questionar atordoada, o doutor Robert incrementar - Seu analista disse que sentirá muito a sua falta, alguns funcionários do hospital e principalmente Cameron não me permitiram dar a sua alta. Eu sinto muito! - Ele estava com um sorriso brincalhão nos lábios e Justin não estava diferente. Depositei minha mão livre no peito e suspirei aliviada. Graças a Deus!

- Você está muito engraçadinho! Quase me quebrou! - Disse fazendo drama e logo percebo que eu não sou tão exagerada assim. Quem costumava fazer este tipo de cena era ninguém mais do que Katherine Moore.

- Desculpe. Não poderia deixar passar - Ajeitou a pasta em seu colo - Entretanto eles realmente irão sentir a sua falta. O Dr. Paks está no hospital hoje e se você puder dar uma passada na sala dele para se despedir ele iria ficar muito feliz. Você é uma garota incrível e todos que tiveram que trabalhar com você estão felizes por você ter melhorado o bastante, porém tristes por você ter que partir - Pude sentir meu coração se iluminar por suas palavras. Eles gostaram de mim e eu amei tanto esse hospital que poderia o levar para minha casa e guardar em um potinho bem pertinho de mim.

- Eu amei todos vocês! O tratamento daqui é tão incrível e cuidadoso. Esse é literalmente o melhor hospital para se curar, não só fisicamente, entretanto emocionalmente também. Muito obrigada por tudo doutor! Você é uma pessoa incrível! - Digo estendendo a minha mão soltando a de Justin e o doutor Robert aceita a minha mão a apertando em comprimento - Obrigada!

- Você é uma menina incrível! Vale a pena conhecer cada um de vocês. Vocês se mostraram o centro de inspiração e fortaleza para as pessoas desse hospital, tanto pacientes como até mesmo funcionários. O amor de vocês foi capaz de vencer tudo e isso sim é algo de se admirar! - Diz o doutor fazendo meus olhos se encherem com suas palavras de carinho - Me lembro de quando você chegou aqui, Katherine, estava entre a vida e a morte e seu marido, o senhor Bieber, estava desolado, arrasado querendo a todo custo estar no seu lugar. Estar morrendo. Você teve três paradas cardíacas, se você tivesse mais uma sequer não saberíamos o que fazer. Você estava em grande risco. Qualquer vírus que lhe contaminasse, você poderia não resistir. Seu marido, no início, brigava comigo sempre por eu não conseguir melhorar o seu estado. Ele estava se acabando - Ouço Justin dar uma risada fraca parecendo envergonhada e cheia de tristeza me fazendo segurar a sua mão fortemente - Seus familiares estavam tão assustados com tudo o que estava acontecendo. Justin desabafou comigo após alguns dias e vi o quanto esse rapaz se sentia culpado por perder a preciosidade de vocês - Ele deu dois tapas no ombro de Justin o que fez os olhos de Justin brilharem. Não chore! - Estavam todos arrasados, foi tudo tão de repente. Descobri que uma garota que trabalhava com você também estava aqui no hospital, na verdade eu estava com o caso dela também. É tão triste ver uma situação dessas - Ele suspirou - Eu pedi ao senhor Bieber que não lhe desse as suas respostas por medo de você ter alguma alteração grave. São tantas coisas que lhe aconteceram que não sei se aguentaria mais pressão. Você finalmente acordou depois de muito tempo e não poderíamos arriscar mais a sua vida. Você sempre se mostrou uma garota forte e por breves momentos você ficou tão sensível e atordoada por respostas. Sei o quanto pode ser angustiante estar em um hospital, sem saber nada sobre você ou o que se passa. Isso é algo terrível! Mas nos entenda, foi necessário para a sua melhora, e que melhora! - Deu uma breve risada e Justin soltou as nossas mãos me abraçando de lado e beijando os meus cabelos. Oh! Não percebi que haviam lágrimas em minhas bochechas até sentir um vento com os movimentos de Justin. Passei a mão rapidamente por eles. Tudo agora faz sentido. Doutor Robert e Justin estavam me protegendo esse tempo todo - Irei lhe explicar algumas coisas e acho que esse pouco que eu disser já vai lhe ajudar a achar algumas respostas - Diz me fazendo paralisar e suspirar forte. É agora! - Você ficou em coma profundo onde o indivíduo perde totalmente a consciência que é causado por uma lesão cerebral ou uma disfunção levando o paciente a uma insuficiência e incapacidade para perceber a si mesmo e ao seu ambiente de estado onde não tem qualquer comunicação com seus estímulos externos e necessidades de si próprio, sendo assim, o paciente não tem um período certo para despertar desse sono profundo - Sinto um arrepio por todo o meu corpo. Eu estava entre a vida e a morte? Coma profundo? Oh Meu Deus! Sinto meu corpo tremer e as lágrimas não cessarem. Levo minha mão livre aos lábios - Sim, isso é muito grave. Conseguimos manter o seu estado estável até o momento em que você teve uma parada cardiorespiratoria e infelizmente - Ele fez uma breve pausa, abaixando a sua cabeça logo suspirando e voltando a me olhar. Eu estava apavorada. Não! Por favor! Não me diga o que pretende - Eu sinto muito, mas a sua filha faleceu - Minha filha? Ele está falando com Justin? Mas Justin sabia, certo? Talvez não. Então, por que o doutor Robert está olhando para mim? - Era uma menina. O senhor Bieber permitiu que eu fizesse um exame quando eu lhe disse que com a sua devida permissão, já poderiam saber o sexo do bebê com os aparelhos modernos do hospital- Ouço Justin soluçar e olho para ele. Seus olhos estão inundados, mas ele não esboça nenhuma reação de desespero. Outro soluço. Oh, nao! Sou eu! Estou soluçando desesperada. Posso sentir Justin passar seus braços por minhas costas e me apertar contra seu peito sussurrando “Está tudo bem, meu amor!”. Eu já sabia o que houve com a pequena Rose, mas não sabia o quanto essa notícia acabaria com o meu emocional físico. Essa notícia foi mais chocante agora do que quando Katherine me confessou - Desculpe, senhorita, gostaria de que eu parasse? - Pergunta o doutor e eu logo percebo que estou chorando compulsivamente. Não consigo controlar. É como se eu e Katherine estivessemos juntado a nossa tristeza e estivessemos a derramando agora. Juntas. Estou ficando desgastada!

Me agarro aos ombros de Justin escondendo o meu rosto neles e respirando fundo em meio a minha depressão de soluços. Vai ficar tudo bem, Hazel! Se acalme! Se acalme! Respira fundo. Fecho meus olhos e colo meus lábios em sua clavícula em um beijo cheio de amor e o agarrou mais forte abraçando firmemente e escondendo meu rosto em seu pescoço. Sinto através da vibração em seu pescoço que Justin murmura algo para o doutor Robert. Com o seu cheiro inebriante consigo engolir os soluços e respirar novamente. Estou mais calma. Levo meus braços para a cintura de Justin e novamente coloco minha testa em seus ombros. Estou agitada. Quero saber mais o que houve! Ainda de olhos fechados respirei profundamente mais uma vez e me afasto olhando para Justin que está com o seu belo rosto inundado. Eu nunca pensei que fosse o ver tão arrasado desde o momento em que me apaixonei. Passo meus dedos por suas bochechas limpando os vestígios e beijo a ponta de seu nariz como ele faz comigo o fazendo sorrir fraco. Sorrio de volta para ele. Passo meus dedos pelas minhas bochechas logo passando meu braço pela cintura de Justin e deitando minha cabeça em seu ombro olhando para o doutor Robert e sorrio fraco para ele. Sinto os lábios de Justin tocar meus fios no topo da cabeça e seu braço rodear a minha volta de forma protetora.

- Por favor, doutor, continue. Eu estou bem - Suspiro. Essa é a pior mentira que eu poderia dizer. Eu não estou nada bem - Eu vou ficar bem - Murmuro dando um sorriso fraco e o doutor Robert olha para o senhor Bieber brevemente antes de assentir fraco.

- Fizemos uma curetagem uterina em você para a remoção do feto. Não afetou os seus sinais vitais, não se preocupe - Senti um aperto no peito. A pequena princesa Rose não reina mais aqui - Você estava bem. Algumas semanas após você despertou do coma e o senhor Bieber não poderia ter ficado mais feliz. Você realmente é muito especial na vida dessas pessoas. O hospital ficava sempre tão iluminado por todos os seus familiares na sala de espera. Foram momentos incríveis - Sorriu para Justin me fazendo abrir um sorriso em meus lábios. Sim, eles foram incríveis - Eu sinto muito, Katherine, sei o quanto pode ser terrível ouvir tudo isso, não sei outra maneira de te dizer isso, eu sinto muito mesmo, mas você teve uma perda de memória - Diz ao mudar a sua feição rapidamente para triste. O que? Pela minha breve careta seguinte ele notou que era hora de continuar - Não sabemos o grau dessa perda de memória. Apenas sabemos que é forte. Você não se lembra de nada da sua vida, entretanto, o inusitado foi que você citou todas as informações da vida pessoal de nossa paciente Hazel Melanie Forbes nas consultas com o Dr. Paks. A sua secretária durante um tempo a qual esteve internada neste hospital junto com você - Como assim? Perda de memória? Eles só podem estar ficando loucos. Não tem como eu ter perdido minha memória. Me lembro de todas as partes de minha vida.

De repente, interrompe a rota de revisão dos momentos de minha vida em minha cabeça e me direciono ao doutor Robert:

- Vocês estão muito enganados. Eu não perdi nada de minha memória. Estão todas aqui, não há nada de errado - Digo e o Doutor Robert suspira. Sinto Justin acariciar o meu braço com sua mão sedosa. Oh! Por um breve momento me esqueci de sua existência naquele quarto.

- Exatamente o que você pensa. Você pensa que seu nome é Hazel Forbes, certo? Eu sinto muito, mas não é bem assim. O seu nome é Katherine Moore, a senhorita é casado com o senhor Bieber e estava grávida de uma menina. A medicina ainda não soube explicar o seu caso. É quase impossível. Nos reunimos com todos os médicos especialistas desse hospital incluindo neurologistas. Não sabemos o que houve com você até então. Nos perdoe! - Interrompo o doutor Robert.

- Está completamente enganado, doutor. Eu não sou Katherine Moore. Infelizmente eu nunca vou ser - Minha voz se elevou mais do que eu esperava - Quem é você, afinal? Não é um simples médico? Por que está querendo se meter na minha vida pessoal? - Não queria ser tão rude, entretanto quando todos estão contra você, seus estímulos fazem com que você acabe perdendo a cabeça. E claro que eu realmente gostaria de saber em qual área atua o senhor a minha frente, porém de repente minha mente viajou a algo inusitado. Minha voz derramou ironia de forma grosseira, algo que eu nunca utilizei. Eu falei como Katherine Moore e estou incrivelmente assustada e de olhos arregalados. Quando penso em me desculpar com o doutor Robert ele se põe a frente.

- Eu sou cardiologista, senhorita. Não sou um simples médico, sou um especialista que vem cuidando do seu caso indo atrás de respostas. Eu quero te ajudar, quero saber o que houve com você e eu sou o único que pode fazer isso. Eu estive com a sua falecida secretária e fiquei com o seu caso após cuidar de sua parada cardíaca e me impressionar com o caso de vocês. Eu me prontifiquei a salvar vocês duas. Eu falhei com uma, isso eu tenho em mente, entretanto ainda sim estou tentando entender e ajudar a senhorita. Eu fui atrás dos familiares da senhorita Hazel atrás de respostas. Todas as respostas sobre a sua vida que você dava ao doutor Paks eu seguia com ele até a família de Hazel para avaliá-las. E todas foram exatamente iguais. Não sabemos o que houve para isso acontecer, é tão estranho. Estou apenas aqui para te ajudar - Sua voz foi tão autoritária e seria a cada palavra que me deixou sem chão. Eu não estou não estou entendendo absolutamente nada. Algumas palavras de Kath passam pela minha cabeça como, novamente, quando diz que todos pensam que meu nome sempre fora Katherine. É impossível! Estou ficando louca. Mais uma vez as peças se encaixam da mesma forma. Eu não posso ser Katherine Moore. Eu nunca saberia ser Katharine Moore. Não existe um eu de Katherine Moore. Não existe!

- Me perdoa, por favor. Eu não sei o que deu em mim. Eu estou tão agitada e angustiada com tudo isso. Eu apenas estou tentando entender a meu modo e admito que talvez eu não queria acreditar ao que está diante de meus olhos - Murmúrio tão baixo que tenho medo deles não terem ouvido. Estou com o pensamento a mil. Estou ficando louca. Ele é um médico, um cardiologista, eu apenas preciso acreditar em suas palavras e sair logo daqui.

- Tudo bem, eu acredito em você. Eu apenas não gostaria que dissesse palavras tão repulsivas sobre o meu esforço e dedicação - Ele dá um meio sorriso e eu apenas concordo com a cabeça abaixando o olhar. Realmente agi de forma egoísta sobre a sua dedicação em me salvar. Foi uma ação horrível - Ei, não fique assim, está tudo bem! - Diz com uma voz alegre me fazendo levantar o olhar e sorrir fraco para ele. Justin me aperta forte em seu abraço - Você vai para casa, não é incrível? Eu espero que tenha entendido o seu processo aqui no hospital, creio eu que as suas outras respostas você encontrará em casa - Ele olha brevemente para o senhor Bieber. Ele irá me dizer tudo que eu gostaria de saber? - Antes de assinar a sua alta irei dar algumas recomendações para vocês - Ele dá um meio sorriso e eu concordo com a cabeça - Peço que ainda não se esforce, Katherine. Você acordou de um coma que durou meses e isso é realmente grave. Tente fazer o menos de esforço possível. Pode voltar a trabalhar, a dirigir, caminhar, entretanto não se esforce tanto, você pode ter uma queda de pressão momentânea que poderá te levar a morte - Sinto um arrepio sobre minha pele - Pode voltar com a sua vida normal. Não tente se esforçar para lembrar de sua vida, tudo virá ao seu tempo. Eu acredito que você possa recuperar a sua memória. Confie em você! - Ele pisca e eu sorrio para ele. Ele é uma pessoa incrível - Senhor Bieber, não se esforce tanto em tentar fazer a Katherine se lembrar de sua vida. Leve ela a lugares que costumava ir, mostre a ela objetos, fotos, tudo isso poderá ajudar na recuperação. Não tente a obrigar a se lembrar, a mente dela ainda pode estar afetada pelo apagão sei que o senhor fará um excelente trabalho para ajudá-la - O doutor Robert pegou a pastinha de seu colo e a entregou para o senhor Bieber - Dentro desta pasta estão recomendações para ajudar você com a memória de Katherine, uma cópia de sua ficha hospitalar, itens pessoais que vieram com ela na entrada do hospital, um atestado médico caso precise, esse eu que dei em meu nome médico, então coloquei no atestado todas as informações necessárias para caso Katherine queira voltar para o antigo trabalho e também contém sua receita médica, recomendações para o dia a dia dela e sua alta. Peço que Katherine continue vindo ao hospital para fazer exames com frequência, pois o caso dela ainda é inusitado e a medicina gostaria de estudá-lo. Não se preocupe, não será nada que possa afetá-la, pelo contrário, poderá a ajudar ainda mais na recuperação com as descobertas. Irei assinar a alta dela na recepção assim que ela estiver pronta para sair - Ele se levanta após acabar de falar. Ele fez um atestado médico para eu voltar a trabalhar? Quem me dera eu pudesse. Ele realmente é um bom homem. Me sinto tão mal por tê-lo agredido com palavras. Estou tão envergonhada.

- Obrigado, Doutor, o senhor foi incrível. Me ajudou tanto que nem sei o quanto agradecer - Diz o senhor Bieber retirando o seu braço a minha volta e comprimentando o Doutor Robert.

- Muito obrigada doutor Robert, eu realmente não sei como agradecer. O senhor esteve pensando em me ajudar esse tempo todo eu não imaginava o trabalhão qie eu poderia lhe dar - Todos deram uma leve gargalhada inclusive eu - Quero te agradecer por tudo que tem feito por nós e ter nos abençoado com a sua pessoa incrível. Eu adorei lhe conhecer - Digo indo abraçar o doutor que retribuiu de bom grado - Por favor, receba as minhas sinceras desculpas - Digo ainda o abraçando forte e sinto ele concordar com a cabeça - Se me permite lhe pedir depois de minha imprudência com o senhor, peço que diga ao Adam para me visitar. Ele sabe como me encontrar - Digo me afastando e logo acrescentando olhando para o doutor - Eu gostaria de falar com ele. Ele é um garoto incrível! - Dou um sorriso para o doutor que retribui e concorda com a cabeça enquanto me afasto.

- Direi ao Adam! Obrigada por suas palavras - Diz o doutor Robert e eu me aconchego na cabeceira da cama.

- Como ele está? - Ouço Justin resmungar questionando quem seria Adam e eu apenas continuo olhando para o doutor que após responder ao senhor Bieber logo me diz:

- Ele ainda está na casa de campo. Está bem pelo que parece. Ele tem se divertido - Diz o doutor parecendo um tanto aliviado. Eles não merecem passar por isso. Além de machucar Justin, Katherine e a família de Kath, ainda pude atingir ao Adam e ao doutor Robert. Como pode uma pessoa fazer tanto estrago em tão poucos dias? - Bom senhores, com sua licença irei me retirar para a senhorita poder ter um bom banho de despedida - Diz o doutor ao olhar rapidamente para a porta. Sigo o seu olhar e vejo o Cameron entrar no banheiro do quarto com alguns itens em suas mãos - Tenha um boa tarde! - Doutor Robert se permite em me dar mais um abraço e comprimentar Justin - Senhor Bieber, gostaria de poder conversar com o senhor. Me permite? - Diz o doutor Robert fazendo Justin concordar e depositar um beijo em minha bochecha logo murmurando perto do meu ouvido “Volto logo, meu amor!” e logo parti pela porta do quarto com o doutor Robert me deixando insegura. A tantas coisas acontecendo e todas se direcionando ao mesmo ponto. Mesmo eu querendo negar todas as vezes, está se tornando impossível. Não pode estar acontecendo isso. Não pode ser o que eu estou pensando. Não tem como eu ser Katherine Moore, é tão impossível. Isso não existe! Katherine, se você realmente apareceu para mim todas aquelas vezes, apareça agora pelo amor de Deus!

- Perdida em pensamentos? - Ouço Cameron dizer e rapidamente me viro para olhá-lo assustada com a sua voz próxima e rápida. Ponho as minha mãos sobre o peito. Droga! Estou ficando louca.

- Não, não, está tudo bem - Massageio meu peito enquanto normalizo minha respiração. Cameron me olha desconfiado.

- Está tudo bem mesmo? - Pergunta e eu aceno com a cabeça concordando e dou um meio sorriso para disfarçar o meu desespero - Bom, o seu banho já está pronto. Enchi a banheira para você ter um bom banho de beleza - Gargalhei com essa parte o fazendo gargalhar também - Sério! Não ria de mim, senhorita! - Diz a minha fala me fazendo soltar uma risada e dar um tapa nele que desviou no mesmo momento - Posso te denunciar por agressão - Diz divertido e eu não estou de outra forma. É tão incrível como Cameron e Adam tem o poder de mudar o meu humor tão rapidamente - Você gostaria que eu colocasse sua bolsa no banheiro? - Pergunta e eu olho para onde ele aponta. A bolsa que o senhor Bieber me trouxe. Sinto minhas bochechas ganharem um tom avermelhado. Droga de colcha de ursos!

- Sim, por favor - Dou um sorriso forçado em meio ao vermelhidão das bochechas e Cameron as aperta antes de pegar a bolsa e correr para o banheiro - Seu maluco! - Grito rindo acariciando minhas bochechas enquanto ouço Cameron sorrir de dentro do banheiro. Ele é impossível!

Suspiro.

Então, finalmente chegou o momento, o momento que voltarei para casa. Rever Clarke no momento não me parece uma boa ideia, estou tremendo tanto só de pensar em abraçá-la outra vez. Que saudades de minha amiga. De mamãe. Eu as amo tanto!

Minhas mãos que estavam nas bochechas sigo com elas para os cabelos escorregando elas ali e as pendurando no pescoço abaixando a cabeça e suspirando pesado. A tanta coisa para resolver. Preciso ter realmente certeza de que Kath fora falecida, que Justin e a família de Kath não ficaram loucos por me chamar de Kath, o que houve realmente no acidente, como está Pete, qual o verdadeiro motivo do sumiço de mamãe e Clarke, saber mais sobre a pequena Rose. Ah,  pequena Rose! Ela era tão linda. Espera! Pequena Rose? Sim, pequena Rose! O ursinho!

- Cameron? - Grito seu nome e ele aparece na porta do banheiro.

- Diga mocinha! - Caramba! Sua voz saiu tão rouca que me arrepiou o corpo inteiro. Uau!

- Quantos anos você tem? - Minha voz saiu mais atrapalhada e gaguejada do que eu esperava. Ah, droga! Cameron franzi o cenho.

- Tenho 26 anos, senhorita! Pareço ser mais velho? - Ele brinca me fazendo negar rapidamente. Ele não é para o seu bico, Hazel! - Menos mal - Ele solta uma risada nasalada e eu estremeço. Chega, Hazel! - Seu banho lhe espera - Ele aponta para o banheiro fazendo uma reverência exagerada. Reviro meus olhos sorrindo.

- Posso ir sozinha? - Pergunto já retirando o lençol de meu corpo, porém, ao contrário do que eu esperava o ar está quente - Aqui tem aquecedor? - Franzi o cenho. Esse hospital parece uma mansão.

- Sim, temos aquecedor. Pode vir quando quiser - Diz e eu aceno com a cabeça entusiasmada. É a primeira vez que ando sozinha longe da fisioterapeuta depois do acidente. Admito que estava bem melhor na minhas últimas consultas. Vai dar tudo certo!

Coloco meus pés para fora da cama e arrumo a minha postura olhando para a janela. O sol lá fora está brilhando como nunca, como se me encoraja-se a seguir em frente. Sorrio.

Desço da cama e apoio a minha mão nela seguindo meu olhar para Cameron que logo diz:

- Irei te esperar aqui no quarto para caso precise de alguma coisa - Concordo com a cabeça e após um suspiro finalmente retiro minhas mãos da cama e consigo me equilibrar. Dou passos leves até a porta do banheiro e é como se eu nunca tivesse tido problemas para andar. Estava indo tão bem até acertar o meu pé na mesa do quarto o que me fez agachar rapidamente e prensar o local dolorido - Está tudo bem? - Diz Cameron me ajudando a levantar e eu me escoro nele apertando o local dolorido em meu calcanhar.

- Está sim, sou mesmo muito atrapalhada - Gargalho divertida, afinal, está tudo dando certo. Estou andando finalmente. Para uma pessoa que estava com medo de ter perdido os movimentos das pernas, esse momento não podia ter sido melhor.

- Não posso me opor - Olho para Cameron lhe dando um tapa no braço. Essa agora é minha marca registrada - Consegue seguir? Está indo bem.

- Consigo sim. Felizmente, não quebrei a perna - Cameron gargalha e me solta aos poucos. Um grande exagero. Caminho meio mancando para o banheiro e me viro ao fechar a porta olhando para Cameron e piscando o fazer rir e acenar dizendo “Bom banho”. Gargalho ao fechar a porta. Me viro olhando o meu banheiro de uso habitual. Ele é enorme e é super equipado para qualquer material ou pessoas que tiverem que entrar aqui. É grande o suficiente para entrar uma maca e a água da torneira é incrivelmente quente. É o banheiro do paraíso!

Me viro novamente e abro a porta em instantes a tempo de  Cameron se sentar na beirada da cama onde eu me encontrei durante meses - Esqueci de perguntar, onde está o ursinho branco que estava comigo no quarto? - Cameron franzi as sobrancelhas parecendo tentar se lembrar. Se Cameron me dizer que não sabe nada sobre isso vou realmente considerar o meu estado de loucura.

- Uma que tinha o nome Rose bordado? - Suspiro aliviada. Pelo menos não foi minha imaginação. Aceno para Cameron - O senhor Bieber levou para o carro dele a alguns dias enquanto você dormia - Sussurro um obrigada e fecho a porta do banheiro. Está com o senhor Bieber. Será que ele se arrependeu de dar para mim? Oh! Ele não se arrependeu porque ele nao me deu, ele apenas me mostrou o que ele e Kath planejavam. Suspiro profundamente. Esqueça Hazel, hora do banho relaxante!

Vejo a bolsa em cima de um suporte móvel que se encontra no banheiro. É nesse suporte que Cameron sempre coloca os objetos necessários para me ajudar em um bom banho. Olho para a pia e logo vejo a parede acima. Como sempre, nenhum vestígio de espelhos. Gostaria de poder olhar para a minha aparência, entretanto no fundo estou em dúvidas sobre isso. Faço um coque em meus fios cobre e retiro minha veste hospitalar logo entrando na banheira morna me aconchegando ali. É confortável! Apoio minha cabeça na borda e fecho meus olhos. A tantas coisas para serem resolvidas. Tantas coisas para serem esclarecidas. São tantas!

Pego o sabonete líquido que Cameron sempre separa para meus banhos e começo a me lavar apreciando cada detalhe. Tanto tempo sem poder tomar um banho por si só com apenas você dentro do banheiro. É tão confortável! Relaxo meus ombros e fico me imaginando passar pela porta do apartamento e ser recebida por Clarke e mamãe que estão conversando na sala e ao me verem correm ao meu encontro. Seria o momento perfeito após tanto tempo distante. Vê mamãe me enchendo de elogios mesmo que eu não os mereça e ficar comigo, abraçadas, a tarde toda será um sonho realizado. É hora de colocar esse sonho em prática. Não vejo a hora! Ajeito o sabonete em seu devido lugar junto com os outros objetos utilizados e me levando da banheira me enrolando na meu robe felpudo para banho que adquiri ao dar entrada nesse hospital e caminho em direção a bolsa, a qual, foi traga por Justin Bieber. Minha nossa! Só de lembrar sinto um arrepio correr por meu corpo. Colcha de ursos! Acho que nunca mais a colocarei em minha cama, não sei mais qual será o próximo imprevisto.

Ao abrir a bolsa grande tive uma enorme surpresa, Justin pegou peças erradas das quais eu nunca havia visto antes, pego um óleo pós-banho, hidratante corporal, nécessaire, perfume de alto nível e algumas joias. O que? Essas coisas não me pertence. Coloco os objetos na mesa móvel e abro outro bolso vendo roupas, puxo uma peça e vejo um macacão curto floral incrível com detalhes que eu chutaria ser uma fortuna. Ele é tão a cara de Katherine Moore.

Arregalo meus olhos.

Katherine Moore? Não pode ser! Justin está mesmo querendo me enlouquecer. Puxo mais uma peça de roupa e vejo um casaco branco com detalhes em um dourado incrível. Onde Katherine arrumava essas lojas? Parecem ser exclusivas para sua autoria. Nossa! São tão lindas! Pego de dentro da bolsa uma pequena bolsa com um par de sapatilhas e em outro bolso um kit de lingerie que ainda estavam presas por uma etiqueta. Caramba! Esse look não é para uma saída no hospital e sim para ir a um desfile super chique da Calvin Klein.

Jogo as coisas em cima da bolsa de qualquer jeito me debruçando sobre elas e suspiro. Ou são essas roupas ou as roupas hospitalares. Também posso pedir a Justin para ir até o meu apartamento e pegar uma peça de roupa minha, entretanto eu não quero perder mais tempo para ir para casa e claro que não deixaria o senhor Bieber ir até o meu apartamento ver a minha colcha de ursos, agora, sabendo que ele não a viu. Bufo alto e começo a tirar o meu robe secando minha pele e logo começando a vestir as peças de roupa de Katherine. Não acredito que estou fazendo isso! Nunca me imaginei nessa situação. Droga!

Pego o perfume e o avalio, claro que eu não usaria os produtos de Katherine, não quero ficar me lembrando das coisas ruins passadas toda vez que inspirar o cheiro do perfume que emana de minha pele, não mesmo. O perfume é incrivelmente cheiroso e lembro-me perfeitamente de Katherine exalar ele ao entrar na empresa em alguns ocasiões. Acho que era o preferido dela já que usava em ocasiões especiais. Coloco de volta na bolsa junto ao hidratante e o óleo pós-banho, ao pegar a sua nécessaire a avalio. Minha curiosidade por saber quais produtos de pele ela usa aumenta e ao piscar eu já abri a pequena bolsa encontrando alguns produtos de pele caríssimos e os seus batons preferidos. Claro que não poderia faltar. Tive uma ideia! Irei tentar me maquiar como Katherine e deixar Justin cair para trás, será o meu modo de importuná-lo depois dessa bolsa cheia de valores de Katherine e os utensílios de me chamar de Kath sempre desde quando acordei do coma. Me sento sobre o vaso sanitário colocando a bolsa sobre meu colo. Por onde começar? Eu não faço ideia de como Katherine faria isso. Sinto meus músculos tremerem, é suplicante! Apenas um batom e os olhos delineados poderiam lhe chamar a atenção, então pego o delineador de embalagem espelhada rosa e pego uma embalagem que tenha espelho, abro a embalagem do delineador e posiciono o espelho diante da minha face, o espelho é tão pequeno, tem tamanho de um limão maduro. Faço o contorno em meu olho direito e quando estou pronta para finalizar o traço paraliso. Meus olhos no espelho estão em um azul vibrante. Os olhos azuis de Katherine me encaram através do espelho, é loucura!

Desisto de passar a maquiagem, não consigo mais fazer isso, então procuro o seu demaquilante enquanto penso o quanto estou ficando louca. Não posso estar louca, não posso. Limpo meus olhos concentrada em tirar todo o delineador e não em ver aqueles olhos vibrantes através do espelho. Quando vou guardar as coisas na necessaire vejo uma caixinha maior. Provavelmente um espelho. Bufo.

Coloco as coisas com cuidado na pequena bolsa e pego o objeto. É a minha chance de ver o meu estado, a minha aparência, torcendo para não estar tão destruída. Abro o espelho e sinto minhas mãos tremerem, respiro fundo fechando os olhos e posicionando o espelho diante de minha face. É agora! Abro meus olhos e não acredito no que vejo.

Não! É completamente impossível!

O reflexo no espelho não é de uma Hazel desajustada, é de uma elegante Katherine Moore sem maquiagem. Isso não é real, não pode ser. Sinto meus olhos encherem de lágrimas. Não há como ser real!

Meu Deus! Não!

Levo minha mão para o meu rosto e puxo meus lábios, minhas bochechas, acaricio minhas sobrancelhas.

É real!

- Não! - Sinto minha garganta rasgar após o meu grito contínuo - Não pode ser! Não! Não pode ser real! Alguém me ajude! Não! - Minha voz saiu tão fraca nessa ultima palavra e meu rosto foi tomado pelas lágrimas e os soluços encheram a minha garganta logo podendo se ouvir do banheiro inteiro. Jogo o espelho longe que acerta na parede e cai em cacos no chão brilhante. Levo minhas mãos a cabeça e puxo os fios, estou descontrolada - Ah! - Solto um grito agudo e caio de joelhos em meio a esse caos. Sinto mãos me segurarem por trás e eu não posso ouvir nada ao redor, estou descontrolada. Sinto mãos me carregarem e me levarem para a cama do quarto, estou chorando compulsivamente. É como se meu peito fosse se partir. A decepção me atingiu em cheio, não era o que eu esperava. Agora eu não consigo entender. Como isso pode acontecer? Eu não entendo - Não! Não! Não! - Estou sussurrando antes de ouvir Cameron gritar:

- Katherine, Katherine por favor, se acalme, se acalme! Respire fundo. Você pode ter uma convulsão com todo esse desespero, por favor - Sua voz estava tão desesperada, mas é como se estivesse tão distante, me sento na cama e escondo o meu rosto sobre as mãos. É tudo tão terrível!

Me pregaram uma peça, a pior armadilha de todas. Isso não pode estar acontecendo.

Passo minhas mãos por todo o meu rosto em um modo impossível de limpar todas as lágrimas de forma agressiva, sinto Cameron segurar os meus braços - Calma, Kath! Por favor - Sua voz está baixa e desesperada.

Paro minhas mãos e olho para Cameron que está com os olhos suplicantes. Rapidamente eu me ajoelho na cama e o atingo com palavras:

- Por favor, Cameron, por favor, acredite em mim! Eu não sou Katherine Moore, não sou. Por favor! Acredite em mim! Eu sou Hazel! Hazel Forbes. Acredite Cameron, acredite! - Agarro as suas mãos - Por favor! Eu não sou ela, não sou - Os soluços voltam a preencher o quarto de forma exasperada e Cameron me puxa para ele me abraçando sussurrando “Oh pequena, vai ficar tudo bem!” me fazendo puxar o tecido de sua blusa para mim e espremer meu rosto contra seu peito - Acredite em mim! Por favor, Cameron, por favor! - Minha voz sai fraca e abafada o que me faz ter as dúvidas dele ter conseguido ouvir. Sinto ele ser puxado de mim as pressas por vários enfermeiros e o doutor Robert está ao meu lado prontamente com uma seringa em mão.

Não!

Com os olhos embaçados tento me levantar da cama às pressas e ao descer outros enfermeiros se aproximam e barram a minha passagem e logo me seguram. Ouço o doutor Robert dizer que vai ficar tudo bem mas não vai. Estou louca! Não está nada bem! Em todo aquele desespero meus olhos se encontram com os de Justin que estão angustiados, sem o brilho perfeito que eles têm. Não posso ser mais causadora de seu sofrimento - Justin! Por favor, acredite em mim, eu não sou Katherine Moore. Não sou! Por favor! Por favor! - Estou novamente em meio a tantos soluços e vejo Justin tentar se aproximar de mim com os olhos encharcados, entretanto Cameron o segura já que se encontrava livre das mãos dos enfermeiros e o ouço dizer ao Justin “ O doutor saberá o que fazer” e é nesse momento que sinto uma picada em minha veia do antebraço através do aplicador para soro me fazendo ficar com uma leve tontura segundos depois. Observo uma enfermeira retirar o elástico do meu braço que nem pude perceber quando colocaram e os enfermeiros me sentarem na cama. Está tudo em câmera lenta e eu só consigo sussurrar “Essa não sou eu!”. Deito lentamente para trás pousando minha cabeça contra o colchão. Olho novamente para Justin e vejo ele tentando se livrar dos braços de Cameron que agora o segura firme com mais alguns enfermeiros enquanto tenta chegar até mim chamando por Kath. Pude ver seu rosto brilhar pelas lágrimas e uma luz ao meu lado me faz desviar o olhar de Justin e é como se meu coração parasse de bater. Katherine? Só pode ser mais algum ataque de loucura. Vejo ela colocar sua mão sobre a minha e dizer “Tudo vai dar certo! Você cuidará bem dele, sei disso! Agora já posso partir em paz!”. Katherine se aproxima de minha testa e incrivelmente posso sentir seus lábios colando em minha testa juntamente com um “ Obrigada, Hazel!” e logo não vejo mais nada a minha volta. Estou em um sono, talvez, novamente, o sono profundo, do qual eu não tenho mais como acordar.

Os caminhos me guiaram para os olhos do senhor Bieber ao entrar naquela empresa pela primeira vez e agora o destino me jogou em seus braços.

- Katherine - Ouço a voz de Justin e desperto abrindo os olhos rapidamente e logo os fechando. Ouço doutor Robert. Eles estão conversando?

- Eu não sei mais o que fazer! A cada dia que passa eu sinto que ela não quer mais ficar comigo. Ele está tão diferente, não se diverte mais como antes, parece que algo a prende, ela nem me beija mais! Sabe o que é se sentir menosprezado, doutor? Estou tão arrasado com tudo isso. Eu tento ser forte por ela, entretanto não dá. Ao virar as costas estou desmoronando e me partindo em milhões de pedaços. Tenho medo de sair desse hospital com Kath. Sinto que ela irá me deixar - A voz de Justin está monótona e bastante carregada. Isso é tudo minha culpa! Eu não posso deixá-lo, agora entendo o porque de Katherine sempre me dizer que Justin sempre me amou ou que todos sempre acreditaram que meu nome sempre fora Katherine. Agora entendo o porque ela disse tantas vezes que eu posso fazê-lo feliz, sendo Katherine Moore podemos conseguir tudo, até mesmo a pessoa que ama. Por isso Kath sempre diz para eu fazê-lo feliz e eu não irei quebrar a minha promessa. Justin será feliz. Eu devo isso a eles pela minha intromissão que terminou em tragédia. Agora entendo perfeitamente, Kath realmente se foi e isso me dói o peito. Ela se foi. Não dá para acreditar que não a verei mais glamurar pelos corredores da empresa. Eu não a verei mais, o que sobrou de Kath fora a sua imagem em minha pessoa. Nada mais - Ela ao menos quer ir ver a família dela na casa da senhora Moore. Todos estavam tão felizes em planejar uma festa de boas vindas para ela que aconteceria hoje quando chegarmos na casa da mãe dela. Seus irmãos estão lá, a família dela está toda empolgada com a sua volta e eu não sei como direi a eles que ela não irá para lá, que ela deseja voltar para casa. Para a nossa casa. Eu não sei como dizer a eles o que houve hoje quando fomos sair daqui. Eu não sei o que sentir. Estou tão arrasado. Vê-la assim me deixa em pedaços, acabado - Ouço o fungar e o doutor Robert lhe dizer algumas palavras de consolo. Eu o estou deixando decepcionado

Eu preciso o fazer feliz, por mim, por Kath, por todas os desastres que causei. Eu devo isso!

Ao analisar toda a história, o que mais saiu destruído dela fora o amor da minha vida, eu o machuquei sem ao menos o querer ferir. Atingi a pessoa errada quando queria fazer Katherine pagar por todos os maus tratos que me fez. Eu o feri e nada é mais certo do que eu curar as suas feridas. Eu aceito o fazer feliz, Katherine, mas eu preciso ter um tempo para mim. Preciso ver mamãe e Clarke, preciso das palavras delas. Pelo menos elas tem que acreditar em mim. Elas irão me ajudar a superar. Eu estou sentindo o peso da culpa me atingir em cheio. Esse tempo todo eu estive vendo Justin se culpar, entretanto, o que ele fez para causar tudo isso, afinal? Quem acabou com tudo fora eu. Eu transformei tudo isso em uma terrível tragédia. Eu vou consertar tudo ao meu jeito com um toque de Katherine Moore, afinal, essa sou eu agora. Sinto que toda vez que disser ao senhor Bieber que não sou a sua esposa, a sua falecida esposa, eu o destruirei ainda mais. Eu não posso mais o atormentar. Não posso!

Me mexo na cama e sinto Justin acariciar os meus cabelos.

- Meu amor? - Sua voz está fraca como a de quem estivesse chorando a minutos atrás. Sinto um aperto no peito. Preciso ser a divertida Katherine Moore para fazê-lo feliz já que a minha maneira nunca despertou o seu interesse. A maneira de Katherine Moore, entretanto por onde começar? Abro os meus olhos e olho para os olhos caramelados de Justin que estão escuros e avermelhados. Oh! Ele realmente tem chorado. Eu acabo sorrindo triste para ele e logo me escapa junto a uma lágrima ao imaginar Justin sentado, se acabando em soluços de tristeza, angústia e culpa.

- Me perdoa, por favor, me perdoe pelo meu ataque de loucura, você não merece passar por tudo isso - Digo com a voz baixa e Justin limpa a trilha feita pela lágrima no canto de meus olhos e eu levo minha mão a sua bochecha acariciando aquele local e sorrindo fraco.

- Não tem com o que se preocupar, meu amor. Eu sei que você vai superar isso, eu estou com você - Ele beija minha palma e eu entrelaço os nossos dedos.

- Me leva para casa? - Digo com a voz fraca e meiga. Eu não quero mais ficar nesse lugar, foi onde tudo mudou. Onde eu não sei mais quem eu sou.

- Senhorita, você não pode ir para casa, infelizmente. Vai ter que ficar no hospital para mais observação. Você poderia ter uma convulsão no momento e isso pode te levar a morte, entende a gravidade disso? Eu pedi para não se alterar, você não pode se esforçar. Se eu não tivesse te levado ao coma induzido você provavelmente poderia não estar mais aqui. Este tipo de consequência é bem comum em pessoas que sofreram coma, como queda de pressão e convulsões, por isso devemos ficar em alerta. Eu não posso te dar medicação tão forte, Katherine, o hospital pode me demitir por isso, mas eu pensei em salvar a sua vida mesmo correndo risco por fazer isso. Eu sinto muito por tudo, entretanto você terá que ficar - Após dizer isso eu sinto meu corpo formigar. A cada palavra eu encolho. Doutor Robert parece tão sério, eu corri risco de vida no mesmo dia em que eu estava recebendo alta. Isso é assustador!

- Peço que por favor, me libere. Não estou me sentindo bem aqui, eu só quero ir para casa. Eu sinto muito por causar qualquer transtorno para você, eu estava assustada e apavorada. Eu sinto muito - Disse para o doutor Robert que balançou sua cabeça em concordância. Me direcionei ao Justin - Por favor, me leva para casa. Eu não quero mais ficar aqui, são lembranças ruins - Minha voz está embriagada. Droga! Não chore agora! Não chore, Hazel!

Justin olha para o doutor Robert e suspira antes de dizer:

- Nós agradecemos os seus cuidados e toda a sua dedicação. Não sei o que seria de mim e Kath sem você. O senhor nos abençoou com a sua luz e eu sou muito grato por isso. Eu queria poder levá-la para casa. Qualquer coisa eu contrato um médico para serviços em casa, até mesmo o senhor se aceitar, entretanto realmente gostaria de leva-la para casa. Passamos por muita coisa e estamos exaustos de tragédias. Se o senhor puder assinar a alta e a liberar, eu agradeceria profundamente. Eu só quero o melhor para Kath - Diz Justin com a mesma voz em que convenceu a mulher da recepção do restaurante a me deixar jantar com ele e Kath. Sua voz autoritária sem retirar o mínimo de educação. Vejo doutor Robert suspirar e pareceu pensar na situação.

- Sabe que ela poderá correr risco de vida, certo? Pretende arriscar isso? - Pergunta o doutor para Justin e vejo Justin está em uma batalha interna, não queria o colocar nessa situação, mas a minha vontade de ver minha família vence qualquer coisa. Aperto a sua mão sorrindo fraco. Vejo Justin concordar com a cabeça sem ter coragem o suficiente para dizê-las em voz alta - Pois bem, irei lhe conceder essa permissão contanto que o senhor não a deixe de trazê-la para consultas e exames repentinos mensais. Ajudando a medicina ela ajuda na melhor recuperação de sua esposa. Não se esqueça disso! - Doutor Robert se levanta sorrindo e eu rapidamente me lembro do Sr. Paks e de Cameron. Queria tanto poder me despedir deles.

- Doutor, onde está Cameron e o doutor Paks? Gostaria de vê-los - Digo com a voz envergonhada. O doutor Robert vem sempre me ajudando, salvando a minha vida e eu simplesmente estou lhe dando as costas.

- Já terminaram o turno deles. Cameron teve que ir para outro hospital transferir um paciente. Não deve voltar por agora - Gostaria de poder vê-lo antes de partir. Agradecê-lo por tudo. Ele é um garoto incrível com um futuro brilhante. Estou torcendo por ele - Ele estava bastante preocupado com você quando saiu. Digo a ele que mandou lembranças - Diz o doutor ao notar a minha feição chateada. Dou um meio sorriso e sussurro um “Obrigada” - Então vamos? Irei liberar a sua alta - Doutor Robert diz e eu suspiro antes de me levantar. Justin me dá apoio. Quando firmo meus pés no chão noto que ainda estou com a roupa de Katherine. Justin pega as sapatilhas no canto do quarto e coloca a frente de meus pés e eu logo tratei de colocá-los para dentro do calçado.

Doutor Robert segue na frente e sinto Justin segurar minha mão entrelaçando os nossos dedos após pegar a bolsa de Katherine e seguirmos atrás do doutor. Antes de passarmos pela porta paro e avalio o quarto, está organizado e as flores que estavam aqui quando acordei do coma já não estavam mais. Está tudo limpo e impecável. Foi muito boa a minha recuperação aqui.

Justin aperta as minhas mãos firmemente e eu me viro para ele vendo suas feição pensativa, talvez pensando o mesmo que eu ou talvez pior. Foram tantos momentos que ele passou aqui, tantos momentos ruins que, acredito eu, ele nunca mais irá querer voltar. Voltamos a caminhar e doutor Robert nos esperava do lado de fora e quando nos viu abriu um sorriso simpático e começou a seguir em uma direção desconhecida. Ao chegar em uma sala, logo posso ver uma maca sendo retirada de uma ambulância com um paciente ferido e correram com ele pelo corredor. De repente me vi naquele momento e o aperto que senti no peito não fora nada satisfatório. Espero que esse paciente fique bem!

Volto a olhar para o doutor que está assinando um papel e Justin vai para o seu lado também deixando a sua bela caligrafia logo entregando a caneta para o doutor que devolve a recepcionista e entrega a Justin um papel levando um outro documento para as mãos da recepcionista. Justin volta para o meu lado entrelaçando os nossos dedos e beijando o topo de minha cabeça me fazendo sorrir. Olho para o doutor que está apreciando a cena e logo o digo:

- Muito obrigada por tudo, diga ao Adam para me achar! - Digo e ele acena com a cabeça em concordância.

- Não deixe de voltar para as suas consultas, Katherine, é importante - Diz se encostando no balcão e eu concordo com um movimento da cabeça logo acenando com a mão livre para o doutor e para a recepcionista. Justin faz o mesmo e nós seguimos rumo ao elevador ao lado que assim que nos aproximamos, ele se abriu liberando pessoas a aquele andar. Eu e Justin pulamos para dentro e a porta se fechou. Soltei as nossas mãos e passei meu braço por sua cintura fazendo Justin passar o seu pelo meus ombros e me puxar para perto. Deito minha cabeça em seu ombro.

- Justin? - O chamo baixinho após alguns segundos. Eu queria ouvir a sua voz para me certificar de que não o feri outra vez.

- Estou aqui, anjo! - Diz logo beijando o topo de minha cabeça.

- Eu te amo! - Essas palavras ditas por mim saiu tão inesperada. Era como se Katherine estivesse dizendo por mim. Soou como uma despedida, afinal, eu não o verei mais por um bom tempo - Obrigada por tudo que você tem feito para mim. Você é maravilhoso!

- Eu também amo você, sempre vou estar aqui te amando, sempre! - Diz com a voz alegre e sinto como se tivesse feito o certo. Fecho meus olhos suspirando cansada e o elevador se abre me fazendo abrir os olhos novamente e seguir abraçada com Justin até uma BMW branca. Puxa! Ele destrava o alarme e abre a porta para mim. Ao entrar me vejo no lugar de Katherine, ela costumava se sentar aqui. Claro! É o seu lugar.

Justin logo abre a porta e se senta no seu lugar logo puxando do cinto se segurança e o travando em seguida. Puxo o meu travando ao lado do banco e Justin liga o carro. Sinto um frio na barriga, é a primeira vez que andarei de carro com o senhor Bieber. É a primeira vez que verei o meu amor tão concentrado. É primeira vez de muitas coisas! Justin sai de sua vaga em uma manobra perfeita e silenciosa logo segue as setas de saída que creio eu, ele já havia decorado e saímos do estacionamento subterrâneo logo entrando na avenida. Logo posso notar o hospital, é tão incrível por fora quanto por dentro. Magnífico!

- Por que não há jornalistas na porta do hospital? - Pergunto ao observar e não ver nenhuma pessoa sequer com máquinas fotográficas em mãos querendo captar qualquer notícia sobre o estado do casal Bieber. Justin me olha brevemente dando um meio sorriso.

- Eu assinei um termo de confidencialidade com o hospital e constatei a polícia para caso algum engraçadinho tenta entrar às escondidas no hospital atrás de notícias suas - Após terminar, eu fiquei deslumbrada com a sua beleza e eficiência. Esse homem não existe!

- Puxa! Você pensou em tudo! - Digo me virando para a janela e logo me voltando para ele - Por que estava em um hospital tão caro? Ele é um dos melhores hospitais do país. Eu nunca teria dinheiro o suficiente para pagar tudo isso - Como sempre não controlo a minha língua. A minha cabeça está cheia de dúvidas.

- É o meu convênio - Meus olhos se arregalam. Oh Meu Deus! Não acredito nisso! Por acaso da poupança do Justin fabrica dinheiro por si?

- Com o que você trabalha? - Acredite ou não, eu nunca tive a oportunidade de saber onde esse belo homem trabalha. Katherine nunca me deixou passar perto dessa resposta. Justin solta uma risada nasalada.

- Um dia irei te levar lá outra vez - Ele diz simples e eu permaneço quieta, porém essa minha quietude acaba em segundos.

- Sabe onde fica a minha casa? - Pergunto quando Justin para no semáforo. Justin suspira antes de responder olhando para mim.

- Moramos juntos, Kath - Observo os seus traços enquanto me é permitido até o semáforo abrir. Moramos juntos? Ah não!

- Está me levando para a sua casa? - Pergunto e Justin dá de ombros. É claro, Hazel! - Não pode me levar para a sua casa, ainda não estou preparada para isso! - Digo fazendo Justin me olhar brevemente antes de voltar a olhar para a estrada, posso ver que ele está mordendo o lábio. Há se soubesse o quanto fica deslumbrante fazendo isso. Justin para no acostamento e desliga o carro. Franzi meu cenho. Justin logo volta a sua atenção para mim.

- Você quer ir para a casa da sua mãe? - Sua voz soou esperançosa. Oh droga! A festa surpresa. Estão todos esperando por mim. Por Kath!

- Não posso! Preciso ver minha mãe primeiro, a minha mãe de verdade e minha amiga Clarke. Eu realmente preciso desse momento - Murmuro e o olhar de Justin se torna acusador. Droga!

- Que mãe de verdade, Kath? Sua família está esperando por você - Diz sério logo respirando fundo e eu suspiro. Vai ser mais difícil do que eu esperava.

- Justin, acredite em mim, eu não sou a sua esposa. Não sou Katherine Moore e eu quero ir para a minha família e não para a família de Katherine - Minha voz saiu monótona e Justin suspira forte e vejo o quanto ele parece angustiado. Ele realmente não sabe o que fazer diante dessa situação. Eu também não sei mais o que dizer.

- Para onde você quer ir? - Pergunta sem olhar para mim e eu respiro fundo antes de lhe responder.

- Para o meu apartamento que divido com Clarke - Digo ajeitando o cinto de segurança em meu corpo. Os olhos de Justin estão sombrios. Estaria ele perdendo as esperanças ou a paciência?

- Katherine, você mora comigo, você não - Eu o interrompo rapidamente.

- Não continue, por favor, peço apenas que me deixe na droga de meu apartamento com Clarke, é só isso que me importa! - Minha voz saiu autoritária e cansada. Cansada por não acreditarem em mim. Estou cansada disso tudo! Entretanto na mesma hora me arrependo das palavras ditas. Oh não! Você me importa Justin, me importa muito. Eu o amo!

- Tudo bem - Ele funga e gira a chave na ignição. Tento impedi-lo, mas já fora tarde, ele está seguindo a avenida.

- Justin - Murmuro com o coração na mão. Ele não me olha, entretanto posso ver ele passar a mão pela sua bochecha esquerda, a bochecha escondida de minhas vistas - Por favor, me perdoe. Procure me entender - Tento pegar a sua mão, mas paro no meio do caminho voltando, é melhor não, deixe elas firmes no volante.

- Tudo bem, não se preocupe comigo, estou errado. Sempre estou errado. O doutor Robert disse para eu não forçar, para não perder as esperanças. Estou fazendo tudo ao contrário. Estou ferrando tudo outra vez - Justin parece estar desabafando, pois lágrimas derramam de seus olhos cansados outra vez. Tento tocar a sua bochecha, entretanto Justin é mais rápido e passa as costas de sua mão nelas limpando as gotas cristalinas.

- Justin, por favor, se acalme! Você pode provocar um acidente - Estou traumatizada. Seus olhos estão inundados, ele pode não estar vendo nada com esse anoitecer.

- Não se preocupe, eu não faria isso com você outra vez - Ele novamente passa as mãos nas bochechas - Onde fica o seu apartamento? - Pela sua voz, é como se doesse recitar aquela palavras. Me dói o peito vê-lo assim, mas antes de levar tudo isso adiante preciso de Clarke e mamãe ao meu lado.

- Avenida 64th - Digo e Justin concorda com a cabeça. O resto do caminho foi um completo silêncio. Eu não sei o que dizer, ele parece tão chateado. Pela primeira vez na vida eu sinto que com Katherine aqui tudo seria melhor. Estaria tudo sendo diferente.

Justin está mais calmo e logo chega na Avenida 64th e eu suspiro ao ver o prédio se aproximando - É aqui! - Digo e Justin para a sua máquina. Ele não desliga sua BMW, apenas olha para mim e eu quase me arrependo por ter feito isso. Tenho vontade de pedir a Justin para deixar para lá e segui com o carro para a festa e ser feliz ao lado dos parentes de Kate, entretanto eu tenho que concertar os meus erros. Clarke deve estar decepcionada. Preciso falar para ela tudo o que está acontecendo comigo.

- Justin - O chamo baixinho e ele continua a olhar para mim - Muito obrigada por tudo. Você é muito incrível! - Me aproximo e vejo Justin suspirar quando meus lábios tocam a sua bochecha que se encontra gelada pelas lágrimas que escorriam ali, minutos atrás. Apoio a minha testa em seu ombro e fecho meus olhos aspirando o seu cheiro inebriante - Eu me preocupo com você!

- Quer que eu entre com você? - Ele me pergunta acariciando o meu cabelo e eu nego rapidamente.

- Preciso fazer isso sozinha! - Digo levantando minha cabeça para olhar em seus olhos. Justin tira algumas mechas de cabelos de meus olhos.

- Tem certeza disso, meu amor? É seguro? - Sua voz soou bastante preocupada. Eu concordo com a cabeça e me viro para descer.

Ao abrir a porta, ouço Justin me chamar e me viro rapidamente.

- Eu também me preocupo com você! - Diz e eu sorrio me sentindo mais confiante. Estou pronta para ver Clarke. Saio pela porta e caminho para dentro do edifício logo vendo pelo reflexo do jarro de flor no balcão Justin partir com o carro me deixando um vazio.

Sigo para o elevador e pressiono o botão e imediatamente a porta se abre. Entro e aceno para o recepcionista que franzi a testa, mas não deixa de comprimentar. Ele não me reconheceu.

Quando as portas se abrem, sigo para o meu apartamento e penso se é melhor abrir a porta ou tocar a campainha. Pressiono o meu dedo no botão da Campainha e aguardo ansiosa pela sua chegada. Entretanto ela não vem. Pressionou de novo e o apartamento parece bastante silencioso, pode estar vazio. Me abaixo e pego a chave escondida perto do enfeite do corredor que fica próximo a porta. Já avisei a Clarke o quanto é perigoso deixar a chave aqui. Ela costuma perder a chave, então diz que essa é a sua solução. Solto uma risada ao lembrar dela empolgada dizendo que encontrou uma solução para não perder mais a chave. Coloco a chave na fechadura e abro a porta.

Está tudo silencioso. Coloco a chave no lugar no enfeite e logo entro e fecho a porta atrás de mim a trancando com a chave reserva que está na parte de dentro na fechadura.

Caminho sobre o meu apartamento sentindo o famoso cheirinho. Como eu senti saudades desse lugar. Me aproximo da cozinha e vejo uma embalagem de lasanha pronta amassada sobre o balcão. Clarke e sua mania de sair atrasada. Abro a geladeira e vejo que o estoque está bom. Pego uma jarra de suco e coloco em um copo logo bebendo todo o líquido escuro. Coloco a jarra no lugar e o copo na pia. Eu preciso imensamente de um banho de verdade e minhas roupas próprias para mim. Preciso colocar a minha mente em ordem para poder enfrentar tudo isso.

Caminho pelo corredor e olho para a porta do quarto de Clarke. Está semi aberta. Poderia estar dormindo? Me aproximo e elevo minha mão dando duas batidas na porta e chamando baixo pelo seu nome. Nenhum sinal. Abro a porta devagar e entro em seu quarto, há algumas roupas reviradas sobre a cama. Sim, ela estava atrasada. Sinto o cheiro inebriante de seu perfume e olho em volta e constato que está tudo como me lembro. Tudo em ordem. Tenho tantas saudades de minha amiga, quero tanto abraçá-la outra vez.

Me afasto lentamente olhando em volta memorizando cada detalhe até passar pela porta e fechá-la deixando uma fresta como estava. Suspiro. Não vejo a hora dela chegar.

Faço meu percurso de volta e chego ao meu quarto. Será que ainda está tudo como deixei? Será que todas as minhas coisas estão aqui?

Giro a maçaneta que por sorte está destrancada e afasto a porta tendo a visão de meu antigo quarto. Está bem organizado. Cama feita, móveis sem quaisquer vestígios de poeira, sapatos no lugar. Clarke realmente cuidou deste lugar. Dou passos para dentro do quarto e olho à minha volta. Está tudo impecável e organizado em seus devidos lugares. Tenho que agradecer Clarke por sempre estar comigo e se preocupar. Ela é incrível!

Caminho até meu closet e avalio as minhas roupas. Parece que a maioria estão aqui. Apesar de que o meu eu não estar vivo para a minha família, Clarke não descartou minhas coisas como uma simples pessoa faria. Eu amo minha amiga! Isso prova o quanto ela se importa comigo. Mexo em alguns cabides e avalio as minhas roupas. Há tantas roupas que eu nem me lembrava que tinha. Olho para a prateleira onde há os meus sapatos. Meu closet é pequeno e todas as minhas roupas cabem ali. Respiro fundo sentindo o famoso cheiro de minhas roupas e passo minhas mãos pelos cabides de roupas. Caminho até as gavetas e abro a primeira e como esperava, estão alguns acessórios como cachecóis, luvas e lenços. Arregalo os olhos ao ver dentro da gaveta sobre todos os acessórios logo pegando em minhas mãos me lembrando da ultima vez que as usei. São as luvas rendadas branca. As luvas que usei na noite em que encontrei Adam pela primeira vez, a noite em que tudo isso começou. Sem saber o que fazer com os olhos marejados, coloco novamente a luva dentro da gaveta e a fecho causando um barulho eco. Suspiro e passo meus dedos sobre os olhos com o intuito de secar as lágrimas que ainda não caíram. Eu tenho esperanças de que Adam me encontrei, mas agora que caiu a ficha eu tenho certeza disso. Agora, querendo ou não eu sou Katherine Moore. Todos conhecem Katherine Moore.

Dou passos em direção às prateleiras e pego uma toalha de banho que estava enrolada de maneira organizada. Separo uma peça de roupa simples e deixo minhas roupas sobre a cama seguindo com a toalha para o banheiro. Apenas por chegar na porta sinto o frescor do meu banheiro. Clarke soube mesmo como cuidar de minhas coisas ao meu gosto.

Adentro o banheiro e acendo a luz vendo tudo em seu devido lugar, cruzo meus olhos entre a banheira e o chuveiro decidindo mentalmente qual usar após tanto tempo distante. Caminho até a torneira da banheira e ligo a água quente que cai sobre a pedra fria do fundo da banheira. Me aproximo da pia e não tenho coragem de levantar o olhar para o espelho a minha frente e avaliar a minha expressão. Os detalhes dos olhos e dos lábios. Os detalhes de Katherine. Não tenho coragem para encarar isso de frente. Fecho meus olhos com força e aperto a beirada da pia.

- Não sei mais o que faço, eu não sei mais o que pensar, como agir, como me vestir. Eu não sei mais quem eu sou - Murmuro baixo e afrouxo o meu aperto na pia e dos meus olhos ainda mantendo as pálpebras fechadas. Eu não sei mais quem eu sou.

Isso é revoltante!

Abro os olhos e minha visão segue diretamente para a pintinha fofa de Kath. Oh, Kath! Preciso tanto de você, mais do que nunca imaginei. Por favor, me ajude a encarar a verdade. Só pode haver algum engano. Não pode ser real, não pode!

Retiro minha mão direita da pia e a passo pelo meus fios agora cobre e logo deixo minha mão em minha testa como modo de sustentação e fecho os olhos. Está sendo tudo tão difícil. Agora, mais do que nunca desejo que Clarke esteje aqui comigo. Desejo mais do que nunca que ela me abrace e diga que estou louca, apenas preciso de você aqui, Clarke.

Eu preciso de você!

Sinto minhas bochechas molhadas e rapidamente solto meus fios cobre que estava segurando e abro os olhos olhando para a torneira da pia. Você consegue, Hazel! Você consegue fazer Justin feliz! Você é forte!

Não sou forte coisa nenhuma. Estou em tempo de despencar de tão despedaçada.

Me endireito e passo a mão sobre os olhos seguindo para as bochechas eliminando quaisquer vestígios cristalino e começo a tirar as peças de roupa de Katherine Moore.

Despejo as roupas no espaço da pia e sigo para a banheira após amarrar o meu cabelo em um alto rabo de cavalo embolando os fios em um coque e me aconchego na água morna logo desligando a torneira. Escoro minha nuca na borda e suspiro fechando os olhos. Eu preciso me organizar e ajudar o Justin a se recuperar. Ele precisa de um apoio. Não posso acreditar que Kath faleceu. Se ela realmente faleceu, Justin precisa mais do que tudo de uma mão amiga. Ele precisa se assegurar novamente e eu prometi a Kath que faria isso e preciso cumprir essa promessa. Pego o sabonete líquido no porta itens e o deslizo pelo corpo logo começando a encaixar as peças.

Então, era por isso que eu ainda via Kath quando estava em coma, então era mesmo real! Ela realmente não está mais aqui. Isso faz meu corpo estremecer.

Nunca mais verei aquela Katherine elegante me enchendo de afazeres e sempre jogando discórdia em meus trabalhos caprichados.

Nunca mais a verei sorrir para o senhor Bieber toda vez que ele a visita na empresa e quando Justin a convida para um almoço romântico.

Nunca mais saberei o quanto é ruim servir a Katherine e todos os seus caprichos. Nunca mais!

Termino de enxaguar a minha pele e me enrosco na toalha logo me agachando e removendo a rolha do fundo da banheira vendo a água correr para longe e desaparecer.

Seco meu rosto na toalha de rosto do banheiro e a vejo com um tom mais escuro. O delineador! Droga, não removi direito, ainda estou com miseros de resíduos em minha pele da maquiagem de Katherine. Droga! Estou transbordando Katherine Moore. Corro para o quarto e procuro pela minha nécessaire em meu closet. O meu intuito de não molhar todo o quarto foi em vão. Gotas escorrem pelas minhas belas pernas e caem sobre o piso. Volto para o quarto e olho em volta. Onde está essa nécessaire? Tomo meus passos de volta para o banheiro e olho no armário que está presente ali e acho minha bolsa para cuidados pessoais. Minha necessaire. Creio que foi a única coisa que Clarke não soube onde guardar. Me sento no vaso sanitário e procuro pelo meu limpador de pele profundo evitando todos os vestígios de espelhos que estão jogados na pequena bolsa.

Finalmente encontro e molho no algodão aplicando em todo o rosto logo descartando o algodão na lixeira e fechando a necessaire a colocando onde Clarke achou mais apropriado. Caminho para a pia e lavo meu rosto com meu sabonete preferido doce e novamente o seco em uma nova toalha que peguei no armário. Coloco a nova toalha no acessório da parede e ajeito a toalha em meu corpo suspirando e voltando a caminhar para o quarto, voltei a ser eu. O meu cheiro está em mim e não o de Katherine. Estou sentindo a verdadeira Hazel Forbes reinar em mim. E isso é muito bom!

Caminho para o closet e ignoro o enorme espelho embutido na parede e pego meu pijama, meias e lingerie colocando sobre o balcão acima das gavetas. Visto minha lingerie e meias logo me virando para pegar minha loção hidratante dando de cara com meu reflexo. Fico paralisada! Os olhos de Katherine estão sobre mim e sinto meus lábios tremerem. Não, Hazel! Vai ficar tudo bem! Fecho meus olhos e suspiro. Não posso fugir do meu novo eu para sempre. Eu preciso aceitar a nova verdade! Katherine morreu e me deixou em seu lugar, ela foi embora levando a sua beleza e a pequena Rose consigo.

Oh, a pequena Rose!

Instantaneamente coloco minhas mãos em minha barriga. Como é macia!

Abro meus olhos e me olho no espelho, o reflexo de Kath continua intacto. A recuperação no hospital fora muito bom, não tem quaisquer sequela, não tem nenhum arranhão, está intacta. Acaricio minhas mãos sobre a pele sedosa da barriga. O lugar onde Rose não vive mais. Sinto uma imensa vontade de chorar. Meus lábios tremem e meus olhos se enchem me fazendo fechá-los instantaneamente. Não,Hazel!

Inspiro profundamente sentindo o ar adentrar os meus pulmões trazendo a tranquilidade. Rose esteve aqui e está em um lugar bem melhor agora. Eu confio nisso!

Subo meus dedos levemente pela pele macia e sinto arrepios de calor por onde passam. Katherine teve algo que eu nunca pude, nunca tive nem em sonhos, as mão de Justin sobre si. Justin a tocou em todos os lugares. O amor da minha vida! Completamente imersa jogo minha cabeça para trás e passo minhas mãos entre meus seios e chego ao pescoço indo para a nuca.

Em todos os lugares. Ele a tocou em todos os lugares.

Sigo minhas mãos pelos meus braços e abraço meu corpo indo para as costas. Estou delirando de calor. Desejo.

Minha respiração está incrivelmente descompassada. Subo com minhas mãos e endireito a cabeça ao passar minhas mão nas bochechas subindo e puxando levemente meus cabelos.

Louca de desejo.

Katherine teve as melhores sensações sobre si. As sensações de ter o senhor Bieber e suas fortes mãos pelo seu corpo, seus lábios sobre sua pele. Sinto meu corpo vibrar em abstinência. Droga! O que estou fazendo?

Abro meus olhos rapidamente o tornando arregalados e olho para o reflexo vendo a inusitada Katherine com as mãos sobre si. Não acredito no que estou fazendo! O que eu estava pensando? Droga! Eu estou ficando cada vez mais horrível!

Não posso viver assim, não dá. Os sentimentos de Kath estão vibrando através de mim. Isso não sou eu! Eu não sou assim.

Sinto meus soluços desesperados e me encolho escondendo meu rosto entre as mãos e me afogando em meu rio de lágrimas.

Por que comigo? Por que, Katherine? Por que?

Estou tão descontrolada que caio de joelhos sobre o piso causando um eco pelo closet.

- Você não tinha o direito de roubar a minha vida, Katherine! Não tinha! - Minha voz saiu alta em meio aos soluços. Estou berrando! Soco meus pulsos no chão em um ato de desespero e frustração - Não acredito que fez isso comigo! Você não tinha esse direito. Você acabou com minha vida de todas as formas. Me obrigou a ser o que eu não sou. Você me destruiu da pior maneira - Despejei em gritos tudo o que estava agarrado em minha garganta desde que soube que eu sou Katherine Morre. Meu Deus! Eu sou Katherine Moore - Você é uma louca! Não podia. Não há algo que seja pior do que o que eu estou passando. Eu te odeio, sua merda! Eu odeio você! - Soco meus pulsos sobre o piso e os sinto latejar, apoio minha cabeça sobre minhas mãos que estão apoiadas no chão e soluços me escapam. Agora eu sou um monstro!

Caio para o lado e levo meus pulso para que fiquem diante de meus olhos apesar de não conseguir ver nada ao meu redor pelas lágrimas que os embasam. Encolho meu corpo e fecho meus olhos e deixo com que as lágrimas caem sobre o piso. Estou desesperada. Meus soluços estão desesperados. Oh, como desejo nunca mais acordar!

Por favor, me perdoe, Kath! Eu não te odeio! Eu não odeio você. Eu odeio a mim mesmo pelas coisas que tenho feito há você.

Sinto meu corpo estremecer com um ar frio que passou por ele e abro meus olhos avaliando ao redor. O que faço aqui? Droga! Eu dormi aqui. Meu corpo está jogado no meio do closet e me encontro com o corpo tremendo e arrepiado. Droga! Posso pegar uma hipotermia. Apoio minhas mãos no chão e sinto meus pulsos latejante se exaltar. Oh não! De pé pego meu pijama e o visto me abraçando para aquecê-lo. Olho para os cabides e vejo meu robe de manga longa e tecido grosso. Me enrolo nele e logo ouço um telefone tocar me fazendo lembrar que o meu smartphone não vejo a muito tempo. Seria o smartphone de Clarke? Sinto meus pés se moverem apressadamente para a sala e vejo Clarke na cozinha através do balcão que divide a sala da cozinha fazendo um sanduíche enquanto está com o telefone entre a orelha e o ombro. Clarke! Meu Deus! Não dá para acreditar!

- Clarke! - Grito seu nome e não consigo conter a emoção. Clarke olha para mim e instintivamente o seu telefone cai sobre o balcão. Ela está de olhos arregalados. Ela pressiona algo no telefone sem ao menos olhar o que me faz crê que ela já sabe de cor como finalizar a chamada em um piscar de olhos - Oh minha amiga! Como senti a sua falta - Meus olhos se enchem. Permaneço imóvel, não sei como reagir após tanto tempo. Espero uma reação de Clarke, entretanto ela apenas continua imóvel em seu lugar com as pálpebras suspensas.

- O que faz aqui? Como entrou? - Diz e posso sentir o desgosto atingir em cheio a minha alma.

- O que? - Pergunto desmanchando o sorriso. Clarke parece revoltada.

- O que te faz achar que tem a permissão de entrar em minha casa a hora que quiser, senhorita Moore? - Sinto o deboche soar em suas últimas palavras. Oh não! Eu não sou Katherine Moore, Clarke! Abro meus lábios para falar, mas ela levanta sua mão a tempo - Eu não quero saber. Não quero aceitar as suas condolências. E nem adianta me dizer que sente muito por que eu sei que não sente. Ela se foi e tudo isso se deu por causa da sua hipocrisia e maldade. Ela se foi por causa da sua arrogância e isso, é algo que eu nunca vou perdoar. Droga! Hazel apenas queria servir a você como merece. Ela não merecia passar por tudo aquilo, não merecia - Clarke deixa suas lágrimas rolarem livremente pelas suas bochechas as deixando cair sobre o balcão de mármore e em suas mãos que ainda seguram o sanduíche mal feito entre o balcão. Engulo em seco. O que poderei dizer? O meu físico me condena. Clarke me odeia. Eu preciso lhe explicar. Eu preciso de forças e apenas Clarke pode me dar isso - Vai ficar em silêncio? Não tem nada para dizer? Peço que se retire da minha casa! - Diz se virando para a geladeira para guardar os alimentos usados em seu sanduíche.

- Por favor - Clarke me interrompe.

- Não quero saber, saia daqui! - Diz se virando brevemente com uma jarra de suco se sentando sobre o balcão. Me aproximo ficando a uma distancia consideravel.

- Por favor, Clarke. Me ouça. Por favor. E depois do que eu te disser se ainda quiser que eu vá embora, eu deixo você - A dor foi perceptível em minha voz, pois Clarke parou alguns minutos me avaliando e depois diz ‘'Fale!’ antes de morder seu sanduíche e fingir que eu não estou aqui.

- Eu não sei como te explicar. Parece tão estranho, entretanto é real, acredite em mim! Eu não sou Katherine Moore, eu sou a sua melhor amiga Hazel Forbes. No hospital, enquanto estava em coma, eu me encontrei com Katherine e ela me contou toda a sua história - Mais uma vez ela me interrompe.

- E ela do nada lhe mostrou que ela é incrível e que poderiam viver felizes? - Debochou logo bebendo o suco - Para mim já chega! Eu não quero saber - Se levanta colocando o copo na pia e tampando o sanduíche com um pano.

- Por favor, Clarke, é a verdade, acredite em mim, eu preciso de você! - Estou com as bochechas molhadas. Clarke deixa uma risada escapar.

- Eu não acredito que depois de tudo o que você causou com o seu maridinho de merda você ainda tem a capacidade de ficar pior. Olha, estou impressionada! Você não cansa de distribuir a discórdia? - Pergunta olhando diretamente em meus olhos. Sinto meu coração se fechar. Tento reprimir os soluços, mas é quase inevitável, vejo que Clarke também tem lágrimas pelo rosto. Me aproximo para abraçá-la, talvez o meus braços a faça se acalmar e sentir que sou realmente eu, entretanto Clarke se afasta e me olha com desgosto.

- Clarke, tente entender! - Minha voz sai tão dificultada pelas lágrimas que quase não dá para se ouvir. Clarke se fechou em uma amargura pelo casal Bieber. Ela os culpa pela minha obsessão e curiosidade. Ela os culpa pela minha morte. Oh! Minha morte, eu morri para Clarke e mamãe. Isso é tão angustiante.

- Agora a senhorita está livre da sua secretária de merda. Não era assim que você falava dela para o Bieber? Eu acho que sim. Não duvido nada que tenha enchido os ouvidos daquele imbecil de discórdia e má interpretação sobre Hazel. Você me dá nojo! - Diz e eu caio de joelhos no chão. Não posso me manter de pé. Estou quebrada!

- Por favor, para! Não diga essas coisas - Grito em desespero tapando os ouvidos com as mãos e abaixando a cabeça. Ainda consigo ouvir a sua risada de deboche.

- Não aguenta a verdade? Eu deveria era acabar com a sua raça por tudo que fez a minha menina passar dentro daquela empresa. Droga! Ela só estava seguindo o seu sonho e você a desgraçou lá dentro. Não sabe o quanto eu odeio você - Meus soluços ecoam alto. Eu desejaria nunca ouvir essas palavras de Clarke - Agora, pode curtir a sua liberdade. Infelizmente, você não acabou com a sua beleza, olha que incrivel, ela está intacta! - Ouço palmas exageradas - Pode continuar se exibindo por aí. Pode esfregar na cara de todos o quanto você é incrível, claro, mas não se esqueça, o seu tombo será bem feio, sua desgraçada! - Nunca ouvi Clarke falar assim. Ela está tremendo. Posso ver pela forma que balança os pés - Coloque as roupas de Hazel no lugar e nunca mais entre no quarto dela outra vez e muito menos em minha casa. Vai curtir a sua vidinha medíocre longe de mim. Você e aquele merda dos infernos que só fez a minha menina sofrer - Ouço os seus soluços - Ela não merecia isso, nunca! Eu ainda estou tentando superar essa perda após tantos meses e é tudo tão injusto! Eu não quero te ver nunca mais, Katherine! Te dou 5 minutos para sair da minha casa. Meu recado está dado! Desejo nunca mais te ver - Diz e logo ouço seus passos perto de mim. Me levanto a tempo de vê-la passar perto de mim.

- Clarke! - Grito, entretanto ela não olha para trás e segue pelo corredor - Obrigada por cuidar de minhas coisas. Eu amo tanto você! - Digo tão baixo que quase não ouço minha própria voz - Me perdoe! - Digo ainda olhando para onde Clarke se foi e desapareceu. Me sento no chão frio. Está tudo tão errado.

Eu não tenho forças. Estou acabada. Ouvir dos lábios de Clarke tudo aquilo parte o meu coração. Ela me defendeu e ao mesmo tempo acabou comigo. Me quebrou em milhões e milhões de pedaços.

Ouço um som alto, entretanto não posso identificar qual é, estou imersa em meus pensamentos.

Outro som e instantaneamente me viro para a porta principal do apartamento. A campainha!

Limpo meus olhos com a manga do robe e dou tapinhas no rosto para me acalmar. Fungo enquanto caminho até a porta e toco a maçaneta. Sinto um calafrio. E então abro a porta dando de cara com o meu anjo galanteador. Com o homem da minha vida segurando três tulipas vermelhas em mãos. Consigo sentir o frescor das flores de onde estou. Espera! Já vi o senhor Bieber levar essas flores para Kath. São as flores favoritas de Katherine Moore. Oh não! Reprimo um soluço. Suas palavras seguintes me fazem tremer.

- Meu amor, por favor, não faça isso. Está acabando comigo. Eu não posso viver sem você, eu não consigo ficar longe de você. Eu sei que errei e me culpo sempre por isso, no entanto não me torture desse jeito. Não fique longe de mim. Eu não posso mais aguentar. Não sei o que é ficar longe de você. Eu não vivo, Kath! Por favor, volta para a nossa casa? - Vejo a dor em seus olhos e ele me oferece a sua mão que está livre das belas tulipas.

É hora de tomar a decisão.

Clarke não quer me ouvir, ela precisa de tempo assim como eu. Eu preciso cumprir a minha promessa antes que seja tarde demais. Justin está se acabando e eu não posso deixar isso acontecer. Eu não quero deixar isso acontecer. Dou mais uma olhada para o apartamento sentindo o vazio e o frio me preencher. Estou só. Me viro para o senhor Bieber a minha frente aceitando a sua mão e seja como Katherine Moore desejar. Ela irá me conduzir.

Muitas coisas tem acontecido, tantas coisas que gostaria de mudar e voltar, todavia aceitar a sua mão naquela manhã foi algo que me fez enxergar a minha missão. A missão de te amar!