História Unidos Pelo Caos - Novos Habitantes

Eu fechei meus olhos e deixei que meus outros sentidos explorassem.

As mãos de Daryl deslizavam sobre minhas costas enquanto a água fria do chuveiro trilhava seu caminho livremente sobre nossos corpos. A sensação era inebriante demais para se descrever. Era a primeira vez que nos amamos desta maneira. Parecíamos dois animais selvagens que foram aprisionados por muito tempo longe um do outro, mas que agora finalmente se encontraram para saciar suas necessidades mais básicas e primitivas.

Ao termino de nosso banho, desligamos o chuveiro e nos secamos para em seguida vestirmos uma roupa velha que trazíamos conosco. Á porta, deparamos com Maggie e Glenn que aguardavam na fila para tomarem banho. Ao nos verem sair do banheiro juntos, sorriram cumplices e maliciosos.

–Vejo que finalmente se entenderam... –Maggie ironizou com um sorriso sapeca na face. Eu senti-me envergonhada com a cena inusitada que simplesmente eu não sabia o que dizer naquele momento.

–Deve ter sido uma reconciliação e tanto... –divagou Glenn entrando na deixa de Maggie. -A Emi não tem nem resposta para te dar hoje, o que é difícil de acontecer.

–Por que vocês dois não calam a boca antes que eu arranque a língua dos dois?! –Daryl respondeu a sua maneira, vindo em meu socorro. –Não tem mais nada pra fazer não do que infernizar a vida dos outros?!

–Foi só uma brincadeira! Calma. –Glenn respondeu se acovardando, todos sabíamos que Glenn podia ser um dos mais corajosos do grupo, mas morria de medo do Daryl.

–Por que não brincam assim na frente do Hershel! Quero ver se ele vai aprovar esse comportamento de vocês.

Eu peguei Daryl pelo braço e o apertei.

–Vamos embora. –eu disse olhando para ele, depois desviei meu olhar para Maggie e Glenn. -Até parece que os pombinhos não vão fazer o mesmo que a gente.

Desta vez, foi Maggie e Glenn que coraram. Ela desviou seus globos grandes e azuis dos meus e se escondeu atrás das costas de Glenn.

–Não se engane, china. -Daryl disse novamente, desta vez soando amigavelmente. -Essa aqui –ele apontou com a cabeça para mim. -nunca fica sem resposta.

Nós dois saímos pelo corredor rindo da cara de “idiota” dos dois. Não tinha como não amar aquele estressado.

–Daryl, você tem que parar de bancar o valentão toda hora. O mundo acabou e não espaço para esse tipo de coisa.

–Que se dane. –ele respondeu. –Não nasci para agradar ninguém.

–OK. –respondi. –Você que manda, mas não diga que não avisei.

Nós dois havíamos chegado na cela onde passaríamos a dormir dali para frente e entramos. Eu deitei na cama com os braços por baixo da cabeça e finalmente percebera o quanto estava esgotada.

–Eu estou morta. –disse para puxar assunto, pois agora ele estava de pé me encarando de cima em silencio. –Isso aqui vai dar um bom lar. Mais seguro que a fazenda.

–Não tenha tanta certeza disso. –ele disse naquele tom de quem está prevendo um futuro não muito bom. Quando percebeu que eu não havia compreendido ele completou. –Se prepara por que amanhã Rick vai precisar de todos nós para limpar o resto da prisão. Até mesmo você, magrela.

–É verdade. –respondi após refletir sobre suas palavras. Sentei-me e o encarei, pensativa. –Amanhã será um dia longo. Senta aqui do meu lado. –eu pedi.

Daryl me olhou mais um momento então depois, vencido, sentou-se ao meu lado. Sem que eu precisasse pedir oralmente, ele começou a fazer massagem em meus ombros.

–Até que não é um lugar ruim. –ele disse como se seguisse um fluxo de pensamentos diferente.

O dia chegou tão rápido que foi como se eu tivesse apenas piscado. Meu corpo estava dolorido e meus pés dormentes, mas eu precisava levantar. Daryl havia dito que não ia me deixar em paz enquanto não me pusesse de pé. Eu tive que obedecer, sabia o quanto ele era determinado ainda mais em me atazanar.

Comemos alguns enlatados que havíamos deixado para os momentos mais critico, mas como a prisão havia sucumbido cedo, era praticamente certeza que a comida e os medicamentos ainda estivessem intocados.

–Precisamos prosseguir, não podemos deixar pontos cegos aqui na prisão. Tomaremos este bloco de celas inteiro por hora. Depois o resto da prisão. Além de comida, encontraremos muitos remédios que você e Hershel vão gostar de ter a mão. –Rick disse olhando para mim. Eu tive a impressão que ele só dizia aquilo para me “animar” em sitiar as outras partes, pois era evidente que eu não estava nem um pouco a fim de entrar lá.

–Eu já decidi. –ele continuou. -Eu, Daryl, Glenn, T. Dog, Maggie e Emily vamos entrar. Vocês ficarão aqui dentro e só abrirão a cela para nós. –ele disse para Lori e o restante que ficaria.

–Tomem cuidado. –Lori disse abraçando Rick com dificuldade, já que sua barriga estava bem grande por conta da gravides.

Eu respirei fundo e me preparei para entrar. Nós pegamos algumas roupas de proteção dos policiais zumbies que havíamos matado quando invadimos a prisão.

–Até que você fica muito linda com essa roupa. –Daryl disse rindo em uma obvia tentativa de me insultar, pois a roupa estava extremante grande.

–Cala a boca! –eu repliquei. –E você? Não vai vestir?

–Eu não preciso dessa porcaria. Não adianta nada. –respondeu com sua rudeza de sempre.

Os corredores estavam escuros e encharcados, por canos quebrados. Usávamos lanternas para poder andar pelos corredores sem ter de tropeçar nos inúmeros corpos no chão. Glenn marcava com spray setas nas paredes para não os perdemos. Encontramos muitos zumbies vivos pelo caminho e tivemos e matá-los. Infelizmente só podíamos contar com as armas brancas. Tínhamos que poupar munição e os disparos seria mais problema que ajuda ali dentro.

Um dos zumbies agarrou meu braço e me empurrou na parede, estava escuro demais e eu acabei largando a faca que caiu no chão. Daryl o tirou de cima de mim e junto com T. Dog o matou.

–Eu mandei ficar atrás mim, porra! –Daryl gritou para mim me puxando pelo braço e me jogando atrás dele. –Se você quer morrer então deixa que eu te mato, cacete!

–Fica calmo aí, não aconteceu nada. –Rick disse pedindo para Daryl abaixar o tom de voz.

–Não adianta, Rick. Esse aí é mais teimoso que uma mula. –eu disse ironizando a atitude de Daryl.

–A única mula aqui é você! –Daryl me devolveu.

–Ehh... estava demorando. –Glenn murmurou.

Após mais algumas trocas de farpas. Nós nos pusemos a caminhar novamente. Eu fui contra minha vontade, atrás.

Quando estávamos a poucos metros do fim do corredor, uma coisa horrível aconteceu; Hershel foi mordido por um zumbie que aparentemente estavam mortos. Rick teve de atirar na cabeça do zumbie para soltar a perna de Hershel, porem o barulho atraiu muito mais deles. T. Dog e Rick levantaram Hershel e o arrastaram pelo corredor em direção oposta a multidão que se aproximava.

–Daryl! –Rick gritou pedindo cobertura.

–Deixa comigo! –ele respondeu se postando na nossa frente, atirando flechas nos zumbies. –Emily, vai com eles!

Eu assenti e corri junto com Rick. Após achar uma porta entreaberta no corredor, eu entrei e dei passagem para que o restante nos seguisse. Daryl foi o ultimo a entrar e a trancou em seguida. Ele e T. Dog se postaram na porta para conter os zumbies lá fora.

A sala era grande e iluminada por varias janelas disposta em duas paredes. Nós deitamos Hershel no chão e imediatamente eu abri um rasgo em sua calça com minha faca.

–Dá pra salva-lo! –eu exclamei sorrindo. –Precisamos cortar a perna dele fora. Rick você tem mais força que eu. Maggie, dê o machado a ele.

–O quê?! Nós não podemos fazer isso! –Glenn disse erando em pânico com a situação.

–É a única maneira. –eu disse.

–Mas... –ele tentou argumentar.

–Ei, garoto! –Daryl disse se esforçando para segurar a porta. –Você é medico? Então cala a boca e deixa ela fazer o trabalho dela!

–Obrigada. –eu agradeci.

–Vocês dois coloquem o papo em dia depois! Ta difícil segurar a porta aqui! –T. Dog disse.

Eu assenti e pedi a Rick seu cinto, em seguida fiz um torniquete com a ajuda de Glenn. E Maggie tampou a boca de seu pai. Rick respirou fundo e desceu o machado. Foram necessárias sete machadadas para arrancar sua perna do joelho para baixo.

Quando terminamos, Daryl nos disse para nos abaixarmos pois ele tinha visto alguém. Obedecemos imediatamente quando ele deixou T. Dog na porta e apontou a besta com a lanterna para o outro lado da sala.

Sob a luz pálida da lanterna, avistamos cinco homens, não zumbies, mas homens de verdade. Nossa sorte era que uma grade nos separava deles.

–Minha nossa! –disse um deles.

–Temos que tirar ele daqui. –eu disse apertando ainda mais o torniquete em sua perna. –Ele vai sangrar até morrer se eu não cauterizar o corte!

Rick assentiu e sem dar importância para os homens que vimos ele começou a vasculhar a sala em busca de algo. Finalmente, ele encontrou uma mesa com rodinhas onde pusemos Hershel com dificuldade.

–Quem são vocês? –Daryl perguntou ainda apontando a besta para os homens que entraram na sala por uma porta lateral.

–Quem são vocês? –o Homem perguntou de volta!

–Que tal sair daí devagar e com calma. –Daryl disse novamente.

–O que houve com ele? –um deles perguntou. Tinha o cabelo longo e preto, um cavanhaque e usava um dos uniformes da prisão.

–Ele foi mordido. –Daryl respondeu sem dar mais detalhes.

–Maggie segura isso. –eu disse pedindo para Maggie continuar o meu trabalho de estancar o sangue. Eu tinha tomado uma decisão. Virando-me para os prisioneiros eu perguntei. –Vocês têm suprimentos médicos?

–onde você está indo? –um moreno alto perguntou para mim, mas não ei importância e entrei na sala onde eles estiveram há pouco. Encontrei uma caixinha branca com uma cruz vermelha e a peguei.

–Vocês não aprecem uma equipe de resgate. –um mais velho disse nos avaliando. O cabeludo apontou uma arma para nós.

–Se vocês estiverem esperando uma equipe de resgate, esqueçam! –Rick gritou para eles. Eu coloquei a maleta na maca improvisada e peguei minha arma que ia presa ao meu cós.

–Chega de papo! Vamos tira-lo daqui agora! –Eu estava com muito medo daqueles caras mal encarados, mas naquele momento minha prioridade era salvar Hershel mesmo que custasse minha vida. –Rick e você e a Maggie conduzem a maca. Eu e o resto da cobertura!

T. Dog e Glenn vieram do meu lado. Eu abri a porta e começamos a matar os zumbies.

–Daryl! –eu grite, pois ele não se moveu. –Temos que ir.

Daryl concordou. Nos seguiu ainda cauteloso. Deixamos os cinco homens para trás e corremos.

Quando estávamos longe Daryl assumiu a dianteira.

–Vamos! –dizia ele.

Quando chegamos ao fim do corredor, percebemos que estávamos sendo seguidos pelos homens. Ainda ouvi um deles dizer “sigam as lanternas”. Nós chegamos até a cela e gritamos para Carl abrir a porta. Quando a grade foi aberta, nós conduzimos a maca até uma das celas.

–O que houve com ele? –Beth perguntou.

–O papai foi mordido. –Maggie respondeu.

–Ele vai virar zumbie?

–Acho que cortaram a tempo! –Lori disse se aproximando e até mesmo ela nos ajudou a por o Hershel na cama.

–Carol! –eu a chamei. –Acenda uma fogueira, precisamos cauterizar a ferida.

Ela assentiu e correu para fora. Eu abri a malinha e comecei a fuçar os remédios. Até que encontrei morfina e algumas seringas. Abrindo a embalagem de uma delas eu apliquei uma dose em Hershel, pois ele ia precisar. Colocamos alguns travesseiros em baixo da perna para evitar que derramasse mais sangue.

–Onde está o Daryl? –eu perguntei notando sua ausência.

–Ele está com T. Dog lá na entrada. –Rick respondeu. Eu assenti. Sabia que eles não iam deixar que os cinco caras andassem livremente pela prisão.

–Emily vem aqui. –eu obedeci. Limpando minhas mãos cheias de sangue na roupa, segui Rick até a entrada da cela. –Você não vai sair do lado do Hershel em nenhum momento. Ouviu bem? Se ele virá um zumbie você terá que mata-lo sem hesitar.

Eu concordei e involuntariamente peguem no punho de minha arma. Rick saiu em direção à gritaria que se formou lá fora. Eu me virei para Hershel. Era bom ele escapar se não...

* * *

Após uma longa horas de espera, finalmente Daryl apareceu seguido de T. Dog e Rick. Eu que estava sentada ao lado da cama de Hershel, me levantei e corri para abraça-lo. Eles traziam grandes sacas contendo comida enlatada que nos manteríamos vivos por um bom tempo.

–Como ele esta? –Rick nos perguntou.

–Bem. Estancamos o sangramento, só que ele ainda não abriu os olhos ainda.

–Pega a algema no meu bolso e prende nele. –eu assenti e o obedeci.

–O que aconteceu? –eu perguntei para Daryl depois de por as algemas no braço de Hershel.

–Nós vamos ajuda-los a tomar um bloco de celas para eles.

–Eu vou junto com vocês. –eu me ofereci.

–NÃO! Você não vai sair daqui de forma alguma ouviu bem?! –ele disse, desta vez soando preocupado ao invés de arrogante.

–Mas por quê? –eu insisti.

–Aqueles caras são uns grandes bobocas. Mas eles não são bobos e notaram você e a Maggie. Perguntaram se veriam vocês de novo e se tinha mais mulheres como vocês no grupo, então você imagina onde isso pode chegar, não é?

Eu abaixei a cabeça e tive que concordar. Se o que Daryl dizia era verdade então e não ia contra.

–Eu vou cuidar das coisas por aqui então. –eu disse.

–Certo não abra a porta para ninguém que não seja nós.

–Está certo. Boa sorte. –eu disse. Então nos beijamos.

* * *

Daryl:

Não sei dizer se foi bom termos encontrado os caras ou não. Eu preferia mata-los e tomar toda a comida, mas Rick disse que só faríamos isso se realmente fosse necessário.

Nós estávamos andando pelos corredores ensinando-os a matarem sem armas de fogo, mas os cretinos eram uns otários.

–Então cara, é Daryl seu nome não é? –o cabeludo perguntou. Eu confirmei com a cabeça sem responder. –Não vai mesmo dizer o nome daquelas gostosas?

Eu respirei fundo e me esforcei para não quebrar a cara daquele panaca. Se ele falasse mais uma eu juro que o matava.

–Anda cara, aquela morena de nariz empinado toda metida a medica. Nossa... com aquela gostosa eu trepava gostoso o dia inteiro.

Eu me virei e o peguei pelo pescoço jogando-o na parede.

–Repete o que você disse! Anda! –eu gritei para ele desvairado. Quando ele fez cara de espanto eu lhe soquei a cara fazendo-o cair no chão. O bando dele veio para cima de mim e então começou uma gritaria mandando-nos acalmar. A vos de Rick soou mais alta sobre as outras.

–Para Daryl! Agora!

Eu por algum motivo desconhecido obedeci. Eu o soltei ofegante no chão e me aproximei de Rick.

–Você é louco cara? -o mais velho deles disse.

–Daryl, ele não vai mais fazer isso. –Rick disse, mas eu saquei que não era para mim que ele se dirigia e sim uma indireta para os prisioneiros safados. -Agora ele sabe que a “medica” de quem ele está falando está com você. E não se atreveriam a tocar um dedo sequer nela e ou em qualquer outra do nosso grupo, não é mesmo?

–Eu não sabia cara, é sério. A gente deixa ela em paz. –o coroa disse de novo em forma de rendição. Mas meu olhar não estava voltado para ele e sim para o desgraçado deitado no chão.

Ele se levantou limpando a boca de sangue.

–Ele é quem pensa. Com tão poucos homens como você diz, ela só não teve muitas opções. –ele resmungou em voz baixa, mas alta suficiente para que eu ouvisse.

–Se atreva a se aproximar dela, ou melhor se atreva a olhar para ela de novo que eu pessoalmente arranco o seu pau e enfio no seu rabo. Ouviu bem?

–Ele ouviu, Daryl. E tenho certeza que entendeu o recado, porque se você não fizer nós faremos. –Rick disse para me acalmar, pois o clima ficou muito tenso entre todos nós.

Eu concordei, relutante e deixei que eles fossem na frente para ficar de olho. Mais uma e eu juro que eu mato. Mas a culpada de tudo isso é a Emily.

Mas que mulher mais mandigada!

Como pode atrair tanto marmanjo assim?!

Primeiro o panaca do Shane, depois o idiota do Randall e agora esse colombiano de uma figa! Ah, mas eu não posso culpa-los, pelo menos inteiramente, afinal eu também fui uma vitima de seu charme.

É Emily, sua mãe de batizou no mel...