História Unidos pelos mesmo propósito - Capítulo 2

Helena P.O.V

Por um momento, eu me desligo de tudo e sinto que alguém, afastado da multidão, olhando aquela cena, ele não demonstrava nada, a reação dele era diferente dos de mais, enquanto todos gritava, falavam ao mesmo tempo, ele apenas me encarava. Não consegui ver seu rosto por completo, pois mesmo com o tempo chuvoso e frio, ele usava óculos escuros, usando uma blusa com capuz. Ele tinha uma postura reta e firme, com as mãos no bolso de sua calça jeans preta, ele observava tudo, como se esperasse por algo.
         Perco o foco no homem e volto a atenção para meu pai, ele tem dificuldade para respirar, e tenta me falar algo, não consigo entender, as palavras saem como um sussurro.
        - ... Lewis Scott ... - Ele sussurra e abre os olhos como se quisesse continuar , mas lhe faltava forças.
         - Pai ? ... Fala comigo , Lewis Scott.. Foi ele quem te fez isso?... . - Pergunto pausadamente e sentindo as lágrimas rolarem sem nenhum esforço.
          - Lewis Scott ... .- Ele repete só que com mais firmeza . Apenas assenti, e olhei novamente logo a minha frente no lugar onde aquele homem estava, ele sumiu .
         - Moça? Já estão vindo socorrer vocês. - Um senhor de cabelos um pouco grisalhos me informa.
         - Obrigada ... .- A primeira palavra que digo para alguém ,sem ser meu pai.
          - Helena... Eu te amo minha princesinha... - Ele fala me olhando, e com um lindo sorriso enxuga as minhas lágrimas , em seguida ele coloca suas mãos até as minhas , fazendo com que eu sinta o seu coração.
        Ao me lembrar daquele nome , começo a voltar na minha infância , tentar me lembrar, como aquele nome não me parecia nada estranho. Meu ainda sorri para mim , entrego um sorriso doce e acaricio seu rosto.
          - Eu te amo com todas as minhas forças pai. - Digo e logo vejo seus olhos brilharem ao ouvir algo que não falava desde meus  nove anos , ele sorri ainda mais ,e vejo uma lágrima se formar e rola sobre sua bochecha. Me curvo e beijo sua testa. Ao voltar sinto q seu sorriso esta sumindo aos poucos , e seu olhar vai ficando distante.
            - Pai ?! .-Grito desesperada.
          Sinto que ja perdi meu pai assim que ele recebeu o meu ultimo beijo. Sim , perdi a minha única família, o meu porto seguro , aquele que cuidou de mim, aquele que nunca me abandonou. O socorro finalmente chegou, mas no que adianta , agora nada mais resta fazer , apenas saber o que irei fazer daqui em diante. Pego meu celular , e ligo para minha tia Rachel.
            - Alô ?. - Ela atende . Quanto tempo faz que não a vejo, e não ligo para saber se está bem , receber ela em uma ligação a qual eu falo que meu pai , seu irmão morreu agora , seria pedir para perder a minha tia.
           - Tia? ... Sou eu a Helena ,não tenho as melhores notícias para te dar... . - Ela me interrompe e pergunta com a voz soando preocupação.
           - O que aconteceu ? ... Foi algo com você??!... Filha me responde !... .
           - Meu pai ... Ele ... Morreu tia . - Ela não diz nada , fico meio que com medo da reação dela pois ela iria ficar pior do que já estava. Minha tia se  divorciou a pouco tempo de um casamento que durou dez anos , ela se casou muito nova e isso fez com que ela se perdesse totalmente nesse amor , que tanto durou mas teve um fim , não sei bem o motivo , mas ela não superou , aliás, quem supera um amor de dez anos em dois meses.
            - NÃO!! .... Não pode ser ! ... .- Ela chora e grita muito do outro lado , eu não aguento e sigo ela em lágrimas, meu pai foi retirado agora de cima de mim , fui junto com ele , mas mesmo assim continuei na linha com a minha tia , precisava muito de ajuda , não tinha para onde ir , eu sei que tudo que é ... Era..é Vou demorar para me acostumar com esse era quando me referir a meu grande Pai. Tudo que era do meu pai agora é meu , mas preciso de alguém.
            - Tia ... Te mando mensagens te informando tudo , vou pedir para Anne e Natali me ajudarem com o restante , só preciso que se acalme um pouco , e venha o mais rápido que puder.
           - Tudo bem minha linda , Já chego ai. - ela diz com uma voz tremula . Sinto que ela vai chorar muito ainda.
        Não posso desmorona agora, tenho que dar um fim digno para meu pai , para que ele possa descansar em paz , tudo o que ele não teve quando conheceu aquela vadia , será que ela está envolvida nisso tudo. Perco meus pensamentos com a voz de Anne e Natali. Elas chegam e apenas me abraçam. As horas passam como um sopro , e eu , simplesmente acabada.
         Aos poucos, familiares e amigos mais próximos do meu pai vão chegando , meu pai sempre foi um dos melhores homens e até como vizinho , ele nunca se meteu em encrencas, como alguém tão bom assim pode ser assassinado, do nada . Até onde eu sei meu pai nunca teve briga com nenhum colega de trabalho, ele era uma pessoa sem inimigos , a única coisa ruim na vida dele foi a Laurence.
         Me sinto tão sem chão, pela manhã nunca imaginaria que isso poderia acontecer , estar no enterro do meu pai , que logo cedo estava com tanta energia e disposto a enfrentar a vida a fora , pois um fato é , que quando é com nossas vidas , nunca achamos capaz de acontecer algo tão violento e fatal , é como se a pessoa tirasse a minha alma , a minha vida , com tanta força que acabou deixando rastros de dor , feridas que nunca irão se fechar.
        Perco todos esses pensamentos quando estou sentada de frente para o corpo do meu pai , vejo um homem se aproximando , ele não é homem , seu rosto sério me chamava a atenção , cada detalhe daquele rosto me fazia ter pensamentos aleatórios , de como alguém tão frio e que passava medo pelo seu jeito de olhar , poderia causar ao mesmo tempo uma vontade de ter , de sentir seu calor . Ele me olha , e sinto que é como ele soubesse quem sou , ele nao tem nenhuma expressão. Perco ele de vista quando Jean entra na minha frente para me abraçar, não neguei , era o que eu mais precisava naquele momento. Ao abraçar Jean , olho para aquele homem , ele mesmo assim não se intimida e continua a me olhar , senti que ele não estava olhando em meus olhos , e sim ele olhava a minha alma , era como se ele visse a minha dor refletida em meu olhar , não queria que aqueles olhos partissem , eles me trouxeram paz.
          Jean se coloca na minha frente , coloca suas mãos em meu rosto , acaricia as minha bochechas, não vou negar , estava gostando muito daquilo , precisava mais disso. Volto a minha atenção para aquele que esta atrás do Jean , mas ele não estava mais lá, olhei para os lados e vi ele saindo aos poucos de lá.