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História Unintended - Flores e Revelações


Escrita por: eveelima

Notas do Autor


Voltei com mais um capítulo pra vocês! :D

Capítulo 10 - Flores e Revelações


— Senhor Jaken, veja essa. – Rin disse com um sorriso, oferecendo uma flor com pétalas cor-de-rosa para o pequeno youkai.

Já se passara uma semana desde que começaram a viajar todos juntos novamente, e Rin se sentia tão a vontade quanto em sua infância, voltando facilmente à rotina antiga. Aguentar as provocações de Jaken e, é claro, provocá-lo de volta sempre que tinha a oportunidade. Ela podia montar em Ah-Un quando começava a ficar muito cansada, às vezes até caía no sono sobre um dos longos pescoços do réptil. 

À medida que os dias se passaram, o número de youkais inimigos começou a decrescer. Aparentemente, eles estavam começando a perceber que qualquer que fosse seu plano infalível, não ia funcionar.

— Ugh, Rin, tire essa planta da minha cara! – Jaken protestou, dando um leve tapa em sua mão, o suficiente para fazê-la derrubar a flor, que voou com o vento antes de pousar na terra, de onde ela viera.

— Ah, olha o que você fez, agora a perdi! – A humana cruzou os braços, seu corpo cambaleando levemente de acordo com os passos de Ah-Un abaixo dela.

— Quem se importa?! – rebateu Jaken, desviando o olhar na direção oposta, dramaticamente.

— Rin. – Sesshomaru intercedeu, interrompendo a discussão sem sentido de seus seguidores.

— Sim?

— Está com fome? – O daiyoukai perguntou de sua posição à frente do grupo, sem olhar na direção dela.

— Um pouco, senhor Sesshomaru. – Rin confessou, recordando brevemente de sua última refeição. Um bolinho de arroz apressado após desmontarem acampamento naquela manhã.

Antes de Sesshomaru dizer qualquer outra coisa, a vegetação densa ao redor deles começou a se abrir em um ponto. À primeira vista, apenas um ponto brilhante se esgueirando por entre as folhas verdejantes e, pouco a pouco, se expandido à medida que o grupo se aproximava, até que eles finalmente romperam a barreira da floresta para alcançar um campo aberto.

Rin arfou e logo em seguida prendeu a respiração, olhos castanhos analisando a imagem à sua frente em cada mínimo detalhe. Ela não se lembrava de alguma vez ter visto um campo de flores silvestres tão extenso em sua vida. Olhando à distância, ela podia ver as pequenas pétalas coloridas encontrarem o céu, como se simplesmente não houvesse fim para aquele paraíso que se estendia à sua frente. Tantas cores, tantas texturas.

A menina deu um passo experimental a frente, suas sandálias naquele momento funcionando como vendas para seus olhos. Sem pensar duas vezes, ela se livrou dos calçados usando os próprios pés, e suspirou em satisfação ao sentir a planta dos pés tocando o solo levemente úmido.

— Isso é incrível! – Murmurou, maravilhada.

Sesshomaru observou, ainda semicoberto pela sombra das árvores altas, a humana rodopiar pelo campo, seus longos cabelos escuros dançando com seus movimentos, suas mãos tocando as flores como se pudessem transferir algum tipo de energia uma para a outra.

— O que essa menina tola está fazendo? – Jaken questionou, rabugento.

Sesshomaru encarou o pequeno seguidor com insatisfação. A última coisa que ele queria ouvir naquele momento eram as reclamações inoportunas de Jaken.

— Jaken. – Ele chamou, cortando o youkai verde no exato momento em que ele estava prestes a fazer mais algum comentário sobre o comportamento infantil de Rin. – Volte à floresta e procure cogumelos.

— Mas, meu senhor, Rin pode muito bem comer essas amoras que crescem aqui por toda parte...

— Vá. – Sesshomaru repetiu, o tom impassível, sem deixar espaço para argumentação.

— Agora mesmo, senhor Sesshomaru! – Acatou o lacaio, sabendo o que era bom para ele.

Assim que Jaken se retirou, a voz animada de Rin chamou a atenção do daiyoukai de volta para o campo florido:

— Senhor Sesshomaru! Olhe isso!

Sesshomaru tinha plena certeza de que o que quer que fosse que Rin quisesse lhe mostrar, não teria a menor importância para ele, mas mesmo assim atendeu ao chamado da jovem, sua altura lhe permitindo olhar por sobre o ombro dela facilmente para o objeto que ela segurava nas mãos.

— O que é? – perguntou.

— A maior flor que eu já vi! – Rin respondeu, se virando de frente para que ele pudesse ver melhor. Tratava-se de uma flor cujas pétalas deviam ocupar o diâmetro do rosto dela. – E olha só aquilo!

Momentaneamente esquecendo de sua flor gigante, Rin se abaixou perto de alguns arbustos rasteiros, na sombra dos quais cresciam vistosos cogumelos vermelhos, exibindo um formato chamativo e incomum.

— O senhor não acha incrível, senhor Sesshomaru, como as coisas venenosas, mesmo sendo as mais mortíferas, são também as mais belas?

Ela olhou para ele ao terminar sua fala, e Sesshomaru permanecia imóvel e inexpressivo, ponderando suas palavras.

— Para aqueles que estiverem atentos, funciona bem como um sinal óbvio para manter distância. – Respondeu.

Rin sorriu, infinitamente contente por ele estar conversando com ela sobre coisas tão sem importância como aquelas.

— Eu imagino que alguém tenha sido curioso o bastante para provar uma primeira vez. – Ela opinou. – O senhor não acha que uma morte por intoxicação poderia ter valido a pena para essa pessoa, se esse cogumelo, por acaso, tiver também o sabor mais doce de todos?

— Provavelmente morreu agonizando. – Sesshomaru disse, cortando a fantasia tola dela. – Venenos dificilmente têm um sabor doce.

Rin não se incomodou com a resposta pessimista. Nada podia incomodá-la naquele lugar, não quando estava a sós com seu senhor Sesshomaru.

Eu me pergunto que sabor teria... Pensou ela, corando, pois o que ocupava sua mente naquele momento era um outro ser venenoso em especial.

— O senhor se lembra de quando eu lhe fazia arranjos de flores anos atrás? – Ela perguntou, rindo de sua própria ingenuidade da época. Presentear um lorde daiyoukai com flores... – Era meio bobo, mas o senhor nunca reclamou.

— Você era só uma criança. – Ele lembrou, fazendo-a rir mais por algum motivo. – Embora, aparentemente, não muito tenha mudado desde então.

— O senhor quer um arranjo de flores, então? – Ela ofereceu, seus olhos brilhando como se estivesse se segurando para fazer aquela pergunta desde o início. – Eles são muito mais bonitos agora, eu juro.

— Algumas coisas não necessitam de mudanças, eu suponho. – Sesshomaru comentou, assentindo seu consentimento para a garota.

Rin quase tropeçou nos próprios pés com a velocidade que se virou, seus olhos habilidosamente percorrendo a área coberta de flores, seu cérebro trabalhando rápido para pensar nas mais belas combinações possíveis. Nada menos que a perfeição era digna de seu senhor.

Ela colheu minúsculas flores brancas, vistosas flores vermelhas, pequenas flores de todas as cores, um arco-íris harmonioso rapidamente se formando em seus braços enquanto ela trabalhava. Sesshomaru observava pacientemente de seu lugar, ocasionalmente virando sua cabeça para acompanhar com o olhar os movimentos inconstantes de sua protegida.

Em um tempo que ele julgara incrivelmente rápido, era oferecido a ele um belo ramalhete das mais diversas flores, em combinações e proporções que mesmo um olhar destreinado como o dele definiria como ideal. Era realmente belo, ele admitiu a si mesmo.

— Prontinho! – Rin anunciou sua obra-prima, o sorriso resplandecente constantemente eu seu rosto.

Sesshomaru estendeu uma mão marcada com um par de listras magenta para aceitar o singelo, mas impressionante, presente da menina. Dobrando um joelho e liberando seu peso, ele se sentou confortavelmente sobre a relva florida, analisando cuidadosamente os detalhes de seu presente.

— Você ficou melhor nisso. – Ele elogiou simplesmente, para o deleite da humana.

Rin sentou-se ao lado dele com o certo descuido, proposital ou não, de não manter tanta distância entre eles quanto era usual. Ela encolheu as pernas, abraçando os próprios joelhos e olhando seu horizonte infinito de flores. Aquele lugar a fazia sentir tão maravilhosamente bem, como se ela e a natureza pudessem se tornar apenas um se ela se concentrasse por um instante.

Com mais um suspiro satisfeito, ela liberou a coluna, inclinando-se para trás até acabar deitada sobre as flores que forravam o chão, sentindo o calor da luz solar sobre seu rosto, aquecendo-a.

— O senhor me dá flores. – Ela comentou após um momento de silêncio confortável. – É justo que eu retribua.

Sesshomaru não conseguiu evitar se inclinar um pouco para olhar em sua direção, uma sobrancelha erguida em questionamento.

— Quando eu lhe dei flores? – Ele perguntou, buscando a memória em sua mente, sem sucesso. Ele se lembraria se tivesse feito algo assim, certamente.

Rin apenas riu docemente, antes de levar uma mão aos seus cabelos, liberando os fios do pente ornamental que usava e oferecendo-o ao youkai ao seu lado.

Sesshomaru o pegou, analisando por um momento a estrutura de metal adornada com flores de girassol e lírios.

— Certamente, essas são mais duráveis, mas ainda assim, são flores... – Rin completou.

— De fato. – Ele disse, sem fazer muito caso, devolvendo a peça delicada para a sua dona legítima.

Rin se sentou de volta, ajustando sua posição para melhor ajeitar seus cabelos, que a essa altura já estavam impregnados de pétalas de flores e algumas folhas e pequenos caules. Ela lutou com as mechas por alguns instantes, sem obter sucesso em reuni-las de forma apropriada para prendê-las com o pente como havia feito naquela manhã com a ajuda de um espelho de mão.

Ela arfou em surpresa quando o pente foi tomado abruptamente de seus dedos, mas relaxou quando sentiu as mãos de Sesshomaru habilidosamente colocando o pente de volta em seu lugar, em meio aos fios negros de seu cabelo.

— Obrigada. – Ela sussurrou, olhando para baixo em uma tentativa de esconder o rubor em suas bochechas. - Hoje deve ser um dos melhores dias da minha vida. No melhor dos lugares, com a melhor das compan-

— Senhor Sesshomaru! Seu fiel servo retornou! – A voz estridente de Jaken anunciou sua chegada à distância, pegando Rin de surpresa, embora Sesshomaru já estivesse ciente da aproximação do irritante youkai.

Antes que Jaken pudesse avistá-los, Sesshomaru silenciosamente retornou o arranjo de flores para as mãos de sua criadora original. Rin apenas sorriu para ele, um olhar de cumplicidade passando entre o par em uma fração de segundo.

Certo, senhor Sesshomaru, eu o guardarei para você. Pensou ela, entendendo que ele não desejava ser reconhecido publicamente como o proprietário oficial daquelas flores.

— Trouxe os cogumelos, Rin! – Jaken disse quando chegou até ela, oferecendo os generosos fungos comestíveis.

— Mas Senhor Jaken... Não temos fogo! – Ela lembrou, deixando-o chocado por não ter pensado nisso. – Vou guardá-los para mais tarde. Obrigada.

Rin tratou de guardar os cogumelos coletados junto com o restante das coisas, com Ah-Un, que estava comendo grama tranquilamente.

Ela colheu amoras para si, saboreando as doces frutas com vigor. A beleza do campo de flores a fizera esquecer por alguns momentos o quanto ela estava faminta.

Sesshomaru monitorava seus seguidores à distância, os olhos dourados observando atentamente enquanto Rin se alimentava, dividindo suas frutas com Jaken, e Ah-Un mastigava seu capim tranquilamente.

Mas algo espreitava ali ao redor, uma leve presença sinistra quase tangente à área. E estava se aproximando, ele podia sentir.

Rin estava discutindo com Jaken sobre algo sem importância quando todos paralisaram ao perceber a postura de Sesshomaru ficar repentinamente mais alerta, sua coluna perfeitamente ereta, o rosto levemente erguido, seu nariz trabalhando freneticamente, tentando captar o aroma do invasor antes de vê-lo.

— Algum problema, senhor Sesshomaru? - Rin questionou, apreensiva.

A aura do visitante então finalmente se fez presente em absoluta clareza, e estava vindo da floresta, na direção das costas de Rin, que estava de frente para seu protetor do outro lado do campo.

Em um segundo, ele estava ao lado dela, um braço a afastando da floresta, colocando-a protegida atrás de seu corpo. Aquela energia sinistra, embora não se comparasse ao poder dele, não pertencia a nenhum youkai de baixa classe. Sesshomaru sabia que podia ser um desafio, apesar de o cheiro do inimigo em potencial trazer consigo a forte presença de sangue.

— Hm. - Sesshomaru murmurou, intrigado, quando o cheiro ficou ainda mais fácil de identificar. - Um inuyoukai.

— Inuyoukai? - Rin sussurrou com curiosidade, tentando ver algo por cima do ombro dele, sem sucesso, devido à gritante diferença de estatura entre eles dois.

A mão de Sesshomaru se apoiou sobre o cabo da Bakusaiga, se preparando, mas o suposto adversário não fez uma entrada muito intimidadora, aparecendo entre a folhagem da floresta coberto de sangue de cima a baixo, antes de cair sobre os joelhos, aos pés de Sesshomaru.

— Oh deuses! - Rin exclamou, sua cabeça aparecendo por trás do braço de Sesshomaru para espiar a situação. - Você está bem, moço?

— Identifique-se. - Ordenou Sesshomaru, sua voz fria e autoritária, em perfeito contraste com a preocupação da humana com o bem estar do visitante.

— Pela graça de todos os deuses, - O youkai estranho falou entre lábios manchados de sangue. - Finalmente o encontrei, senhor Sesshomaru.

Sesshomaru observou o homem analiticamente. Era obviamente um guerreiro, apesar de sua armadura se encontrar em frangalhos e de não trazer nenhuma arma. Era alto e musculoso, com um longo cabelo cor de areia preso em uma trança desarrumada.

— E o que quer com o grandioso senhor Sesshomaru? – Jaken se intrometeu, exaltando seu senhor, como sempre.

O youkai tossiu sangue no chão, manchando as flores coloridas de vermelho profundo.

— Preciso entregar uma mensagem ao senhor. - Ele explicou com dificuldade, seu tronco se curvando em submissão. - O palácio nas nuvens foi atacado, meu senhor. Não reconhecemos o responsável nem identificamos seu objetivo, mas toda a guarda foi aniquilada.

Sesshomaru escondeu bem sua surpresa com as notícias, enquanto Rin quase engasgou, e Jaken soltou um ruído de choque. Ela lembrava daquele castelo, estivera lá uma única vez quando criança, embora houvesse buracos em sua memória entre ver um enorme cão do inferno sair de um portal e acordar com o olhar terno de seu protetor sobre si.

— Toda a guarda? - Sesshomaru questionou, duvidoso. Quanto poder ofensivo seria necessário para derrubar toda a guarda do castelo? De um inimigo não declarado, além disso.

— Eu fui o único sobrevivente, meu senhor. Tomei a tarefa de avisá-lo do ocorrido antes que a vida me esvaísse, como fará em breve.

O nobre daiyoukai ficou em silêncio por um tempo, absorvendo a informação. Não que sentisse pelas vidas perdidas, mas mesmo com os séculos de ausência, aquele era parte de seu território, e parte de seu exército. Uma ofensa tão grande não podia ser ignorada.

— Isso é tudo?

O guarda hesitou por um instante, a poça de sangue sob seu corpo aumentando exponencialmente de diâmetro com os segundos que se passavam.

— A senhora do Oeste está morta. - Ele revelou de uma vez, a cabeça se abaixando em pesar.

O silêncio tomou conta do campo florido por um momento que se arrastava, o rosto ilegível de Sesshomaru por um breve instante mostrando uma expressão óbvia de choque.

Ele não conseguia nem imaginar aquilo como uma verdade, era impossível. Sua mãe, a mais poderosa das fêmeas de todo o clã - com uma larga vantagem - morta?

Quanto poder um inimigo deveria ter para conseguir tal feito? Era um choque tão grande quanto acreditar que alguém era capaz de derrotar seu pai, embora o fato tivesse se mostrado verdadeiro naquele caso.

Mas o grande Inu no Taisho estivera em uma batalha solitária contra um oponente formidável, famoso por todo o Japão. Enquanto sua mãe estava protegida em tempo integral por habilidosos guerreiros, e não se havia conhecimento da existência de alguém que pudesse derrotá-la, mesmo sozinha, além do próprio filho.

— Você por acaso quer dizer a honorável mãe do senhor Sesshomaru?! – Jaken questionou a pergunta óbvia, se calando ao receber um olhar repreensivo de seu senhor, antes de ele se voltar novamente para o informante.

— Eu devo presumir que você não teria a audácia de vir até mim em seus últimos instantes de vida para inventar contos irreais.

O guarda se curvou ainda mais, sua testa tocando o chão

— Nunca, meu senhor! Eu senti o corpo dela esfriar com minhas próprias mãos. A senhora sua mãe não caiu sem causar grande dano, lhe asseguro. - Contou ele, sua voz saindo cada vez mais estrangulada, a respiração cada vez mais difícil. Ele sabia que não tinha muito mais tempo. - Eu desejava ficar e cuidar do corpo, mas ela me deu uma última missão de vir encontrá-lo o mais rápido possível e informá-lo do acontecido.

— Um guarda não deve viver além de sua senhora. - Sesshomaru comentou, friamente. - Mas sua última missão foi cumprida.

O homem ferido voltou a se sentar precariamente, sua mão ensanguentada buscando algo dentro de seu quimono.

— Minha senhora me pediu ainda para que lhe entregasse isto, senhor Sesshomaru. - Ele ofereceu a Meido Seki*  presa a um colar de contas enormes. A cabeça baixa.

* (glossário: é a pedra negra no centro do colar da mãe do Sesshomaru, que ela usa no episódio 9 de Inuyasha Kanketsu-hen)

Sesshomaru aceitou o objeto, agora completamente manchado de vermelho. O guarda tossiu mais sangue uma última vez, antes de perder o suporte de seu próprio peso, seu corpo caindo com um som oco sobre a poça de seu próprio sangue.

Rin soltou um breve grito de surpresa e choque, procurando uma forma de ajudar o pobre homem. Sesshomaru a parou antes que ela pudesse dar um passo na direção do corpo caído.

— Está morto. - Ele esclareceu, podendo ouvir claramente o coração do outro youkai. Ou melhor, não podendo ouvir.

— Não pode ser... - A voz embargada de Rin lamentou em descrença, o cheiro de suas lágrimas rapidamente tomando conta do ar ao redor deles.

— Por que chora? - O tom de Sesshomaru era mais ríspido do que ele pretendia, mas, querendo admitir ou não, toda a situação era desconcertante. Além disso, Rin não tinha razão para chorar daquela forma, ela não conhecia aquele youkai por mais do que alguns minutos.

— Sua mãe... E todos os guardas... - Ela tentou explicar entre lágrimas que se entalavam em sua garganta quando ela tentava sem sucesso segurá-las, soluços se formando em seguida.

— Minha mãe já era velha demais. - Ele disse, sem sentimentalismo. - E você só a viu em uma ocasião. Não há razão para isso.

— Mas agora... - Ela insistiu, secando suas lágrimas com a manga do quimono, apenas para que mais caíssem para tomar o lugar das que foram removidas. - O senhor... É como eu.

Sesshomaru levou um momento para compreender o que ela dizia. Agora ambos seriam órfãos, embora aquele fato pouco significasse para ele, pelo menos não da forma que significava para ela.

Sua mãe estava morta, o Oeste estava sem um líder regente, com uma ameaça potencialmente letal à espreita nas sombras. Sim, a morte dela significava muito mais do que a morte de um casal de camponeses poderia significar no plano geral, embora ele soubesse que para Rin os pesos eram um pouco diferentes.

— Não seja tola. - Ele ordenou, ainda soando mais duro que o necessário. Era verdade que, de certa forma, Rin devia sua vida à mãe dele. Mas, ao mesmo tempo, a senhora do oeste não derramara uma lágrima pela morte de uma garotinha humana, e jamais teria feito o que fez por piedade ou compaixão quando a salvara, e sim como um favor ao seu único filho.

Jaken teria brigado com a jovem humana por ignorar as demandas de Sesshomaru e continuar chorando de forma tão audível, se ele mesmo não estivesse tendo dificuldades em conter o seu pesar. Podia não ser de fato íntimo da falecida governante, mas não podia deixar de respeitá-la por ser a progenitora de seu grandioso senhor Sesshomaru.

— Guarde isso. - Ele entregou ao pequeno servo o colar com o pingente da Meido Seki, antes de se virar para Rin e para Ah-Un, que observava toda a cena ao fundo. - Vamos.

Rin olhou por sobre o ombro, para o corpo sem vida abandonado no chão.

— Vamos simplesmente deixá-lo aqui?

Sesshomaru não ofereceu uma resposta, seu cérebro se ocupando com infinitos planos e possibilidades que se desdobravam diante do novo cenário.

A humana hesitantemente se afastou do cadáver, seguindo seu eterno guia. Jaken vinha logo atrás, suas pequenas pernas lutando para alcançá-los ao mesmo tempo que ele puxava as rédeas de Ah-Un após ter confiado o último tesouro da mãe de Sesshomaru ao dragão.

— Senhor Sesshomaru, - Rin chamou em voz baixa, ainda com dificuldades para controlar sua tristeza diante da grande tragédia. - Aonde vamos?

O inuyoukai fitou o céu azul marcado de tufos brancos de algodão, antes de responder:

— Ao palácio nas nuvens.


Notas Finais


Fanart do capítulo: https://c8.staticflickr.com/9/8088/29643935935_c79c590793_b.jpg

Gente, o que foi que eu fiz? D:
Em muitas fanfics por aí o pessoal coloca a mãe do Sesshomaru como vilã da história, e eu acho isso super legal porque ela é tão versátil! Ninguém nunca sabe realmente qual é a dela, se ela se importa de verdade com ele ou não, se ela é má ou boa, ela é toda contraditória. Eu AMO essa personagem, não acredito que eu a matei! Mas foi pelo bem da história, juro.

Sobre o glossário, me desculpem jogar assim no meio do texto, mas não quis colocar nas notas anteriores ao capítulo pra não dar spoiler da aparição desse objeto, e também não quis colocar no final pra não terem que ficar o capítulo inteiro sem saber do que eu tava falando. :/

Enfim, já falei demais. Vamos esperar pra ver o que acontece agora. Até a próxima!


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