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História Unintended - Ressentimentos


Escrita por: eveelima

Notas do Autor


Olá a todos!!! Espero que vocês tenham tido um ótimo Natal, em primeiro lugar. Em segundo lugar, mil desculpas pela espera!
Eu fiquei tão enrolada com meu fim de período e depois colocando a vida em dia com meu namorado e as festas da família, só agora realmente tive tempo de sentar e reescrever esse capítulo todo pela terceira vez. Pra melhorar ainda mais, meu computador desligou sozinho justamente na hora que a escrita tava fluindo maravilhosamente, e eu perdi um pedação do texto ¬¬
Mas no fim deu tudo certo, e aqui estamos nós! É bom estar de volta :D

Capítulo 21 - Ressentimentos


Um mês após sua partida, Hayashi finalmente fazia seu retorno às terras do Oeste.

Sesshomaru observou a chegada do enviado da janela de seu gabinete, ansioso para finalmente obter suas respostas. Mas, antes que o daiyoukai pudesse se mover para ir de encontro ao aliado, uma figura familiar se juntou ao recém-chegado no pátio principal.

- Hayashi! - A voz entusiasmada de Rin chamou, enquanto ela corria em direção ao amigo.

- Ei, Rin! - O youkai saudou de volta, tão animado quanto.

Sem hesitações, a humana se atirou sobre ele quando chegou perto o suficiente, envolvendo a figura alta em um abraço apertado, a cabeça se apoiando no peito dele.

Hayashi apenas a abraçou de volta, levantando-a do chão, rindo em voz alta.

- Isso é que eu chamo de recepção! Dá até gosto de voltar para casa!

Sesshomaru, por algum motivo, estava mais interessado em espiar a cena de reunião pela janela do que em ir pessoalmente receber seu enviado e obter as cobiçadas informações essenciais que ele esperava que Hayashi tivesse trazido consigo. Apesar de estar ciente da urgência dessa questão em particular, ele permaneceu ali, paralisado no mesmo lugar enquanto Rin e o amigo começavam uma conversa casual e energética, como velhos amigos.

Rin havia garantido a ele na viagem de volta do norte que os dois não passavam de bons amigos. Então, por que seus olhos não viam as coisas de forma tão inocente assim? Sesshomaru se sentia inquieto ao ver a proximidade dos dois, a forma como ela havia dado um jeito de ser a primeira a recebê-lo, como se estivesse o tempo todo aguardando por aquele momento. Não conseguia deixar de pensar que ela nunca recepcionara a ele daquela maneira quando ia visitá-la no vilarejo de Inuyasha, embora estivesse quase certo de que tal fato era devido à falta de aberturas da parte dele.

E, quando ele parava para pensar na forma distante como vinha tratando a menina ultimamente, Sesshomaru não podia evitar pensar que talvez... Talvez as prioridades de Rin estivessem mudando. Talvez ela esteja apenas redirecionando seu afeto a alguém mais disposto a recebê-lo. E ele podia realmente culpá-la por isso?

Se tivesse que realmente escolher alguém a quem confiar a vida dela, se tivesse que realmente entregá-la a alguém, não seria de fato a melhor opção que esse alguém fosse seu homem de maior confiança? Ele não devia estar satisfeito com aquela reviravolta de eventos, se fosse o caso?

Mas não estava.

Suas mãos se fecharam em punhos, a mandíbula apertada, a boca fechada em uma linha rígida.

Ele se afastou da janela, decidido a deixar aquela cena de lado, decidido a convencer a si mesmo de que nada do que aqueles dois resolviam fazer com seu tempo livre era do interesse dele. Mas, de qualquer forma, ele se pegava se concentrando nas vozes distantes deles através das janelas, seus ouvidos aguçados o traindo o tempo todo.

- Eu senti tanto a sua falta! Não é a mesma coisa sem você. - A voz dela cantava em deleite, Sesshomaru podia até ver o sorriso na cara dela, mesmo sem estar olhando.

- Claro que eu também senti a sua. - Hayashi respondeu, igualmente animado. - A melhor humana de estimação do Oeste.

Sesshomaru apoiou um punho sobre a mesa no que certamente ele não pretendia que fosse um murro, mas o som da pancada na madeira foi mais alto do que ele havia calculado que deveria ser, para alguém que estava absolutamente calmo, como ele certamente estava naquele momento, visto que não havia motivo nenhum para ser de outra forma.

Mas ela era a humana de estimação dele. Quando foi que Hayashi passou a ter permissão para se apropriar desse termo estúpido, afinal?

Quando ele parava para pensar nisso, Sesshomaru se perguntava quando foi que Hayashi recebeu permissão para sequer tocar nela. Ele certamente não se lembrava de ter dado tantas liberdades ao vassalo.

Fechando os olhos, ele procurou salientar para si mesmo que não importava, qualquer que fosse a situação. Tinha certeza de que, se por algum acaso Hayashi ultrapassasse algum limite inaceitável, ele ficaria sabendo através de Rin. Ou, pelo menos, era no que ele preferia acreditar.

xXx

- Então, me conte, - Rin disse, o sorriso parecendo congelado em seu rosto radiante. - Por onde você esteve, hein?

Hayashi caminhou com ela ao longo do pátio, apenas aproveitando a sua companhia após ser privado da mesma por um tempo tão prolongado. Estava, de fato, ansioso por partilhar suas aventuras com alguém, mas quando pensava nos detalhes de sua jornada, ele se conteve. Não tinha muita certeza sobre como ela reagiria se ele lhe contasse sobre os mercenários que ele encontrou - e não foram poucos - que procuravam por ela com uma incessante sede de sangue. Mesmo que ele pudesse confortá-la ao enfatizar que havia eliminado as ameaças uma por uma, ele decidiu evitar abordar qualquer assunto que pudesse correr o risco de apagar aquele sorriso do rosto dela.

- Pelo sul, você sabe - Hayashi disse, por fim, vagamente. - Mas essas chatices são para falar com o Sesshomaru...

Diante da simples menção daquele nome, a expressão de Rin despencou. O sorriso radiante se desfez, os olhos perderam o brilho e depois ficaram brilhantes demais, úmidos demais. Imediatamente, o youkai soube que havia algo muito errado.

- Rin... O que foi? - Ele perguntou, pousando uma mão no topo da cabeça dela delicadamente. - Aconteceu alguma coisa?

A humana balançou a cabeça, os longos cabelos castanhos acompanhando o movimento.

- Não é nada. E você tem coisas mais importantes para fazer e tudo mais...

- Não, não, não. - Ele negou prontamente, postando-se de frente para ela. - O que foi que ele fez dessa vez?

- N-nada...

A resposta dela era frágil, incerta. O youkai cruzou os braços, preocupado.

Ele podia não ser um grande especialista em humanos, muito menos quando se tratava de fêmeas, mas ele já tinha uma boa idade e tinha visto muitas coisas, definitivamente não havia nascido ontem. E a melancolia no olhar dela diante da mera menção daquele nome lhe parecia estranhamente suspeita.

- Rin. - Ele chamou, o tom de voz mais sério do que qualquer um que ele já tivesse usado com ela antes. - Você por acaso não estaria...

A humana rapidamente levantou a cabeça para olhá-lo, os olhos se arregalando no que parecia uma expressão óbvia de medo. Ele ergueu uma sobrancelha, dando de ombros em seguida.

- Esquece. Acho que é melhor nem saber.

A boca da humana se abriu, na intenção de pronunciar palavras em sua defesa, mas se fechou logo em seguida, diante do silêncio em sua própria mente. Ela soube, naquele momento, que não havia mais desculpas convincentes, pelo menos não para ele, que parecia já estar um passo à frente. Era óbvio como a cor verde das folhas no jardim, seus sentimentos eram transparentes como as gotas de orvalho sobre as pétalas das flores.

- Não conte a ele. – Foi tudo que ela conseguiu pedir, em um fio de voz, constrangimento tomando conta de sua expressão.

O rosto de Hayashi se suavizou em solidariedade.

- É isso mesmo, então. Você está apaixonada por ele, Rin?

Ela suspirou, lutando para manter sua respiração sob controle e se ater ao mínimo de dignidade que ainda pudesse ter. Nunca achou que aquela sentença seria pronunciada em voz alta daquela maneira, não sabia ao certo como se sentia agora que a ouvia assim, crua e exposta. Presente, pela primeira vez, do lado de fora da privacidade de sua própria mente.

- Tão óbvio? – Rin precisou perguntar, precisando saber onde sua máscara tinha falhado, o quão exposta ela realmente estava.

Hayashi sorriu um meio sorriso simpático, tentando confortá-la da melhor forma que pudesse.

- Ah, Rin... Honestamente, está no jeito que você olha para ele. - Revelou o youkai, com um leve levantar dos ombros. - Embora eu realmente esteja curioso para saber por que você está brava com ele.

Ali, com o som incessante das cigarras escondidas nas folhagens dos jardins, Rin se permitiu recontar os últimos eventos que os trouxeram até ali e, no meio de seus contos sobre a viagem ao norte, ela se viu complementando os fatos com histórias do passado, trazendo à tona as informações que levariam seu ouvinte atento a entender todas as facetas do seu real sentimento pelo nobre e inalcançável senhor do Oeste. Hayashi ouviu em silêncio, surpreso ao perceber todas as aventuras pelas quais aquela jovem humana, cuja idade mal chegava a uma fração da sua própria, havia passado em sua curta vida.

Quando Rin terminou de falar, Hayashi, de alguma forma, a via com mais respeito do que antes. Como se cada detalhe da personalidade dela se desdobrasse mais facilmente com aquela nova perspectiva, como se a Rin que ele achava que conhecia não estivesse completa sem a parte dela que amava Sesshomaru, e só agora ele pudesse vê-la por quem ela realmente era. A paixão que ele detectara a princípio, quando contada pelo ponto de vista dela, não parecia mais algo que ele julgara como uma ilusão infantil e imatura. Não, Rin havia passado por tantas coisas, visto tanto sangue, que, mesmo naquela tenra idade, Hayashi não conseguia vê-la como uma mera criança que não compreende os próprios sentimentos, podendo esquecer deles completamente no dia seguinte ou no outro.

No momento em que ela se calou, Hayashi soube que ela falava sério. De alguma forma, a noção de que aquele sentimento era real fazia desaparecer qualquer intenção que ele podia ter de fazer graça da situação. Uma humana, realmente apaixonada pelo temível príncipe do Oeste. Mas não era realmente o amor dela por ele que preocupava o youkai, e sim as implicações que isso poderia trazer. Porque Rin não era só uma humana, ela era a humana a quem Sesshomaru podia até mesmo dar a vida para proteger e, com uma sensação de quase pavor, Hayashi começou a perceber que talvez...

Talvez também houvesse uma parte de Sesshomaru que não estava completamente formada, uma parte que ele ainda não conhecia, mesmo depois de todos aqueles séculos. Uma parte dele que não estaria completa... sem aquela humana.

- Esqueça que eu te disse isso. - Rin disse, percebendo o silêncio não característico do amigo. - Eu estou perfeitamente ciente de que é uma grande bobagem.

O normalmente falante youkai permaneceu calado, o que rapidamente engatilhou a necessidade da humana de preencher o silêncio.

- Eu só queria saber o que eu fiz para ele decidir me ignorar por tanto tempo, eu só queria...

- Ele está se isolando. - Hayashi respondeu por fim. - Eu te aconselho a fazer o mesmo.

Rin o olhou, surpresa. Ele deu de ombros em resposta.

- Rin, eu odeio ser estraga-prazeres, mas se você realmente se sente dessa maneira com relação ao Sesshomaru... E você sabe que nada bom vai sair disso... - Ele explicou, cautelosamente. - Então você não concorda com ele, que o afastamento é a melhor opção?

A nova menção daquele nome, somada aos argumentos do confidente, trouxeram uma ameaça de lágrimas para os olhos da menina, que encarou o chão em uma tentativa de escondê-las.

- Eu não posso, Hayashi. - Ela respondeu em um sussurro, fazendo movimentos aleatórios com o pé direito, distraidamente cavando uma suave reentrância na terra onde pisava. - Eu não posso simplesmente desistir dele. É mais forte que eu...

Suspirando, ele voltou a pousar uma mão reconfortante sobre a cabeça dela, aproveitando a diferença óbvia de estatura entre os dois. Por mais que gostasse daquela garota, mais do que gostava da maioria das pessoas que conheceu em sua vida, o youkai estava dividido. Torcer pela felicidade dela seria o mesmo que torcer pela ruína do próprio clã. Apoiá-la seria o mesmo que trabalhar contra o progresso do Oeste. Por maior que fosse a amizade entre eles, Rin era apenas uma humana, e Sesshomaru, pelo que tudo indicava, ficava cada vez mais próximo de cometer um grande erro.

Um erro que faria Rin sorrir. Mas, por quanto tempo duraria essa felicidade? Quanto tempo até aliados virarem inimigos, até sangue ser derramado?

Nada de bom poderia vir daquilo, e ele sabia. E Sesshomaru também sabia, melhor do que ninguém.

- Você que sabe, Rin. - Ele disse, por fim, com uma expressão triste.

Afinal de contas, a decisão não era dele. Cabia a ele apenas esperar pelo melhor, independente do que fosse.

xXx

- Estava me perguntando quando você viria reportar sua viagem. – Sesshomaru disse casualmente, mas seu tom deixava clara a impaciência oculta por trás da aparente calma do general.

Hayashi abriu um sorriso amarelo, sem se sentir culpado. Ele entrou no gabinete sem hesitações, confortavelmente tomando um assento à frente do general.

- Eu estava ocupado com outras coisas mais urgentes, sabe...

- Ah, eu sei. – Respondeu Sesshomaru, meticulosamente desamarrotando uma folha de papel sobre sua mesa. – Rin.

- Sim, mas voltando ao assunt-

- Qual é o problema com você? – A voz afiada de Sesshomaru o cortou, o som grave colocando o aliado em alerta.

- Problema?

- O que você procura obter com a Rin, afinal? – Sesshomaru pôs-se de pé, as palmas das mãos apoiadas firmemente sobre a mesa de madeira.

Hayashi imediatamente o imitou, sentindo-se intimidado de repente, sem entender o por quê. Ele não se lembrava de ter feito nada para irritar o daiyoukai, principalmente se tratando de Rin. Estava sempre disposto a cuidar da humana sem reclamar, o que era aquilo agora?

- Nada, estou apenas cumprindo o que me pediu. – Justificou, erguendo as mãos em defensiva. – Tomando conta da humana de estimaç-

- Não a chame dessa maneira!

- Ei, você sabe que é só brincadeira... A Rin não liga.

Alguma coisa nos olhos de Sesshomaru o fez reavaliar a situação, sua postura defensiva rapidamente relaxando, humor aparecendo em seus olhos astutos.

- Sesshomaru... – Hayashi disse, se esforçando para segurar o riso. – Você não está achando que eu... E a Rin...

Finalmente, as palavras se perderam em uma exagerada crise de risos, as mãos do youkai se apoiando sobre a barriga como se sentisse dor, enquanto ele tentava, sem sucesso, se conter.

Sesshomaru não encontrou humor nenhum na situação, sua sobrancelha se elevando em um sinal óbvio de irritação.

- Certamente eu não tenho tempo para ficar vigiando as suas... Atividades. – Respondeu o daiyoukai, sem esperar que o aliado se silenciasse por fim. – Mas gostaria de lembrá-lo de certos limites. Vai fazer bem para a sua saúde respeitá-los.

Com as ameaças, Hayashi finalmente cessou as risadas, tentando ao máximo manter-se sério diante do absurdo que era toda aquela conversa.

- A Rin é humana, Sesshomaru. – Ele lembrou, por mais óbvio que fosse aquele fato. – Não que ela não seja... hmm... Atraente...

Um baixo rosnado interrompeu sua fala, mas, ao invés de despertar medo, apenas aumentou ainda mais a graça para Hayashi.

- Você realmente está com ciúmes dela! – Ele acusou, por fim, voltando a rir. – Eu imagino que você não reagiria dessa maneira nem se eu te dissesse que estou dormindo com a Mizuno. Mas toquem na sua humana e é o fim do mundo!

- São situações completamente diferentes! – Rosnou Sesshomaru. – Rin está sob minha guarda, nenhum homem, muito menos sob meu comando, vai encostar nela sem a minha benção.

- Ah... Mas eu duvido que essa benção vai ser dada de bom grado...

O olhar do daiyoukai fez com que a fala de Hayashi se perdesse no ar aos poucos. Por um ínfimo instante de inconsequência, o subordinado havia cogitado a ideia de insinuar que as suposições de Sesshomaru estavam corretas, mas, diante da possibilidade real de perder a cabeça antes mesmo de poder desmentir a história, ele desistiu da diversão. Não valeria a pena perder a vida só para ver aquela surreal demonstração de ciúmes.

- Eu estou te dando um aviso, Hayashi...

Erguendo as mãos em rendição e defensiva, ele assentiu.

- Pelos deuses, Sesshomaru, é mais fácil você fazer logo xixi na garota, se está tão desesperado assim para marcar seu território. - Disse, não conseguindo segurar a piada, por mais inadequada que soasse.

- Você não é engraçado. - Sesshomaru respondeu, sem uma alteração sequer em sua expressão séria, como que para comprovar o próprio argumento. - Apenas quero me certificar de que nada está acontecendo dentro do meu castelo sem que eu esteja ciente.

Hayashi teve que realmente se esforçar para não revirar os olhos diante da tentativa de evasão do líder. E pensar que apenas momentos atrás ele havia dito à Rin que não havia esperanças para ela... Só de ver toda essa possessividade do daiyoukai, Hayashi já soube. Eles estavam mesmo perdidos.

- Fique tranquilo, Sesshomaru. - Ele disse, por fim, procurando deixar de lado a negatividade da situação. - A Rin é como uma irmãzinha para mim. Uma irmãzinha humana. De estimação.

A expressão de ameaça no rosto de Sesshomaru se esvaiu diante daquela confissão, e o youkai finalmente se permitiu relaxar a postura tensa.

- Agora que temos esse assunto resolvido, você quer saber do sul ou não?

Com a seriedade do tópico, Sesshomaru imediatamente se inclinou sobre sua mesa, prestando total atenção enquanto Hayashi narrava sua missão.

Ele havia conseguido muitas informações ao fingir ser ele mesmo um mercenário contratado para conspirar contra o líder do Oeste. Havia encontrado inimigos não muito longe dali, embora eles realmente estivessem cada vez mais concentrados ao sul. A história que lhes foi fornecida não era muito detalhada, eles apenas sabiam haver uma humana chamada Rin a quem alguém queria morta, alguém disposto a pagar muito dinheiro pela cabeça dela.

Quando Hayashi começou a contar sobre os outros soldados que encontrara, o pequeno exército que se formava afim de eliminar o senhor do Oeste, Sesshomaru rapidamente o interrompeu.

- Eu os encontrei no Norte. Foram muito problemáticos.

- A Rin me disse que vocês tiveram uma viagem difícil. - O amigo respondeu, pensativo. - Eu interroguei alguns deles, estão mais informados do que os mercenários. Aparentemente, um tal de Takayama espalhou boatos sobre você e a Rin, e os convenceu de que seria uma boa ideia te eliminar, pois não te consideram mais digno do seu sangue daiyoukai, ou da posição de liderança.

- Então conseguiram arrastar até mesmo um outro daiyoukai para uma batalha tão estúpida...

- Um tigre... Eles costumam vir do continente...

- Mesmo com tigres... Não seria o suficiente para derrubar o castelo das nuvens, ou a minha mãe. - Sesshomaru ponderou. - A não ser que fossem números exorbitantes, o que certamente chamaria atenção.

- A chave provavelmente é esse Takayama... Mas não encontrei sinal nenhum dele.

Os dois aliados sentaram em silêncio por um longo momento, repensando todas as informações que obtiveram até ali. Não era muito para se trabalhar, mas o tempo avançava sobre eles, e sobre o Oeste.

- Eu não pretendo ser pego desprevenido, independente da origem desses boatos. - Sesshomaru determinou, por fim. - Se houver um exército, quero estar pronto para ele.

xXx

Dois meses se passaram desde a viagem para o norte. Os soldados nortenhos haviam chegado às terras do oeste, enviados por seu senhor, Tsugaru. Todos os dias, os dois grupos se reuniam no extenso campo de treinamento, afim de praticarem suas habilidades em conjunto, como uma forma de se prepararem para o confronto que, esperançosamente, enfrentariam em breve.

Frequentemente, Hayashi treinava com eles, demonstrando suas técnicas mais sérias, completamente diferente de quando ele duelava contra Sesshomaru em suas provocações amigáveis. De vez em quando, o próprio Sesshomaru se juntava a eles, ansioso por fugir um pouco da monotonia de seu gabinete. Raramente, até mesmo Mizuno decidia matar o próprio tédio e acabava participando.

Esse era um daqueles raros dias onde a presença dos três no campo de treino coincidia. E, além deles, uma humana se sentava nos arredores, observando os movimentos de garras e espadas com atentos olhos castanhos. Ao seu lado, sentava-se Jaken, segurando seu inseparável bastão de duas cabeças, não deixando passar a oportunidade de comemorar a cada golpe deferido por seu senhor. Asai estava de pé atrás de Rin, mantendo-se em silêncio, apenas presente para se certificar de que sua ama não precisava de nada.

Hayashi havia acabado de derrotar um nortenho, chamando o próximo desafiante. Sesshomaru, que havia acabado de derrotar o próprio oponente, não perdeu a chance de enfrentar o vassalo, postando-se à frente dele.

Os dois começaram a se enfrentar, seus movimentos rápidos deixando a platéia desnorteada. Sesshomaru não sacou a espada, utilizando apenas suas garras e sua velocidade surreal.

Jaken imediatamente ficou de pé sobre o banco, gritando seus elogios:

- Isso mesmo, senhor Sesshomau, acabe com ele! O senhor é magnífico!

Rin ria do entusiasmo do pequeno youkai. Ele agia como se aquela fosse realmente uma batalha de vida ou morte, e não apenas um treinamento.

Mas, à medida que os movimentos ficavam mais bruscos, ela começou a ficar tensa. As garras de Sesshomaru erraram o alvo por um milésimo de segundo, se enterrando no chão de terra batida com força o bastante para abrir uma generosa cratera. Hayashi saltara por cima de Sesshomaru, puxando sua espada e deferindo um golpe contra o general no meio de uma pirueta, forçando-o a rolar para fora do caminho.

- Eles não deviam usar uma espada de treino para isso? - Rin perguntou a Jaken, um pouco preocupada.

- Desde que eles não usem energia sinistra nas espadas, elas não passam de lâminas comuns. - Asai respondeu. - Não causam dano o suficiente em um youkai. As garras do senhor Sesshomaru são muito mais perigosas, eu lhe asseguro.

Rin assentiu, voltando seus olhos à luta a tempo de ver um raio de energia ser lançado contra Sesshomaru, o chicote venenoso dele cortando alguns fios do cabelo lilás de Hayashi logo em seguida.

O enfrentamento se arrastou por quase uma hora, mostrando claramente como as lutas de espadas dos dois no dia-a-dia não passavam de mera brincadeira. Por fim, Hayashi foi lançado ao chão, após receber um golpe em cheio no peito, sendo salvo apenas pela armadura.

Os homens em volta ergueram suas armas, exaltados com a vitória do general. Rin e Jaken também gritaram suas aprovações.

- Foi um golpe de sorte.  - Hayashi justificou, pondo-se de pé.

Os soldados discutiam entre eles sobre quem seria o próximo, aquele que enfrentaria o temido senhor do oeste e tentaria provar seu valor. Entretanto, foi uma figura feminina elegante quem passou entre eles, adentrando o campo.

- Eu enfrentarei o meu amado agora. -  A voz doce de Mizuno soou, fazendo com que os homens se calassem.

- Você não participará das batalhas, Mizuno.  - Disse Sesshomaru, claramente não muito animado com a ideia de tê-la como oponente.

- Ah, eu sei. Mas que mal há em um pouco de diversão? - A fêmea insistiu, posicionando suas garras vermelho-sangue. - O meu poder é desperdiçado, trancado nesse castelo há tantos anos, já que não é usado nem para gerar um filhote...

Os soldados se aquietaram totalmente à menção do herdeiro, todos os olhos se dirigindo para Sesshomaru. Todos se perguntavam o porque, afinal, seu senhor se demorava tanto na realização da conjunção entre os dois. Quanto mais tempo se passava, mais a inquietação no castelo crescia, como uma grande bola de neve que ameaçava esmagar a todos a qualquer momento.

Afim de desviar o foco daquele assunto, Sesshomaru rapidamente se posicionou para o ataque. A fêmea fez o mesmo. Em um instante, os dois borrões se moviam, investindo um contra o outro em velocidade e força surpreendentes.

Rin observava a batalha, apreensiva e desconfortável.  Era difícil para ela ver a inuyoukai se movendo tão graciosamente. Era tão injusto que além de linda e elegante, Mizuno ainda fosse uma excelente e feroz guerreira.

Além de tudo, o estilo de batalha dela era íntimo, até mesmo sensual. Ela mantinha sempre o oponente à curta distância, dançando entre os ataques dele, procurando aberturas para se aproximar ainda mais.

O casal se circundava, os olhos fixos uns nos outros, medindo as distâncias, ângulos e posições tão minunciosamente que era difícil acreditar que eles conseguiam fazer uma análise tão detalhada e se moverem tão rapidamente ao mesmo tempo.

- Se o senhor vencer, irei querer um beijo como consolação. - Condicionou Mizuno, a voz sensual e provocante, um sorriso travesso nos lábios finos.

- É sábia por apostar na minha vitória para conseguir seu prêmio.  - Respondeu ele, em seu tom de voz distante de sempre.

Eles avançaram mais uma vez um contra o outro, garras se chocando contra garras, os fios de cabelos igualmente prateados e longos se misturando com os movimentos rápidos, indistinguíveis sob a forte luz do sol.

A plateia arfou em conjunto quando as garras vermelhas da fêmea marcaram a lateral do rosto do general daiyoukai. Mas, antes que tivessem tempo de pensar que ela estava em vantagem, Sesshomaru alcançou um braço dela, virando-a de costas para ele, restringindo os movimentos da rival.

Suas garras venenosas da mão livre se pressionavam contra o delicado pescoço alvo de Mizuno, ameaçando penetrar a pele ao menor movimento. O ferimento na bochecha infligido por ela já começava a se curar rapidamente, desaparecendo em segundos.

Ela prendeu a respiração, completamente parada. Por fim, sorriu.

- Parece que venceu, meu senhor.

Sesshomaru a libertou diante das palavras de rendição. Ela se virou para ele, pousando a palma da mão sobre o peitoral da armadura, os dedos finos e longos deslizando suavemente pela peça.

- Agora, a minha recompensa.

Sesshomaru a olhou com indiferença, e Rin, embora apreensiva como sempre ficava quando Mizuno simplesmente falava com ele, já podia até prever que ele diria algo como "Perdedores não são dignos de recompensas.", naquele tom de superioridade que ele usava como ninguém.

Em vez disso, Sesshomaru puxou a fêmea pela cintura e a beijou.

Intensamente.

Os soldados emitiram sons eufóricos com a ação, mas Rin só conseguiu olhar por um segundo, antes de se levantar.

Ela se sentia tonta, como se fosse desmaiar a qualquer momento. O estômago estava embrulhado, seu peito doía como se tivesse caído de uma grande distância, como se tivesse se espatifado no chão.

Até mesmo Hayashi sorria, assentindo com a cabeça em aprovação.

Traidor. Ela pensou, tentando se apoiar em alguma coisa para se manter de pé.

- Rin, você está bem? - Asai perguntou, segurando-a pelo braço para ajudá-la.

- É apenas um mal estar. - A humana respondeu com a voz fraca. - Me leve para o meu quarto, por favor.

Sesshomaru interrompeu o que estava fazendo, ouvindo em segundo plano a conversa entre Rin e a criada. Seus olhos dourados se dirigiram à ela, preocupados.

- Parece que sua humana ficou um pouco incomodada. - Mizuno comentou, puxando seu leque de dentro dos quimonos para abanar-se, diante do calor de verão.

- Hayashi. - Ele se dirigiu ao vassalo, que estava por perto. - Rin te disse algo sobre estar doente?

Sesshomaru já estava pensando em quem ele chamaria para cuidar da saúde dela, se fosse o caso.

- Eu acho que você devia ir vê-la, Sesshomaru. - Hayashi sugeriu, observando as figuras de Rin e Asai se afastatem, em direção ao castelo.


Notas Finais


Fanart do capítulo: https://c4.staticflickr.com/1/618/31820277211_db8deedcd3_b.jpg

Então, muito obrigada pelos comentários no último capítulo e pelas mensagens de incentivo. Eu prometo que o próximo capítulo vai ser............ Esperem para ver!! Felizmente ele já ta quase pronto, só quero fazer mais uns retoques.

E se eu não voltar aqui antes, desejo a todos os leitores maravilhosos um ano novo incrível e que possamos continuar em contato em 2017 :D
Mais uma vez, muito obrigada por tudo! E até o próximo capítulo: it's coming. ;)


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