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História Unintended - Takayama


Escrita por: eveelima

Notas do Autor


Oizinho pra vocês mais uma vez!
Apareço aqui nessa tarde de quarta-feira com a maior cara de pau do mundo hahaha
Calma, eu explico. A senhorita aqui dormiu o dia inteiro ontem, só acordou pra comer, ir no banheiro e brincar com o cachorro, crente que ia dar tempo de editar o capítulo à noite. Aí de noite me aparece meu namorado pedindo ajuda com um projeto do trabalho dele que ele não tinha como fazer, aí lá vou eu editar planta baixa a noite toda. Enfim, não deu tempo :x
Hoje minha internet ainda tá uma bosta completa e eu já to até com raiva desse capítulo demorado pra sair. Vou soltar ele logo aí pra me livrar HIASHIEHA

Boa leitura :)

Capítulo 24 - Takayama


De alguma forma, Rin sabia que estava acordada, mas tinha dificuldade em acreditar nesse fato quando olhava a seu redor e via apenas escuridão e um caminho de terra irregular sob seus pés, que parecia levar a lugar algum, desaparecendo na distância. Ela sentia frio, e estava completamente sozinha.

Como eu vim parar aqui de novo? Ela se perguntou, procurando algum sinal de alguma coisa. Qualquer coisa.

- É a mãe do senhor Sesshomaru de novo? – Ela questionou em voz alta, dando um passo experimental para frente. – A senhora está aí?

Diante do silêncio que obteve como resposta, a humana tentou dar mais um passo hesitante, se sentindo completamente perdida. Se ao menos Sesshomaru estivesse com ela, não seria tão ruim, mas no momento ela sentia o desespero começar a crescer em seu peito enquanto tentava ver alguma coisa na escuridão à sua frente. Estava, ao mesmo tempo, esperançosa e com medo de que de fato houvesse algo ali, sem saber o que poderia ser, mas rezando para que fosse a falecida senhora do Oeste mais uma vez.

Ela tentou chamar mais uma vez, e a resposta que obteve foi um calafrio passando por sua coluna, como se não estivesse mais sozinha.

- Eu não achei que veria uma humana viva por aqui. – Uma voz diferente do que ela esperava ecoou ao longe, mas em alto e bom som. – Muito menos uma que mencionasse o nome Sesshomaru.

Rin não pôde evitar um breve grito de surpresa ao ouvir aquela voz masculina soar. Ela procurou a fonte freneticamente, mas ainda nada podia ver.

- Quem está aí? – Ela perguntou, a voz trêmula de medo. Naquele momento, mais do que nunca, ela desejou que Sesshomaru estivesse com ela.

- Não precisa ficar tão assustada, eu não posso te machucar. – A voz respondeu, com certo humor, mas não de forma amigável. – Não neste lugar, pelo menos. Aqui, posso apenas conversar, portanto, fale comigo. Como você chegou aqui?

Rin não respondeu à pergunta, pois nem ela mesma tinha certeza sobre como fora parar naquele lugar mais uma vez, e aquele homem não precisava saber quão perdida ela se encontrava naquele momento.

- Quem é você? – Ela repetiu, a voz soando mais firme dessa vez.

- Meu nome é Takayama. Vai ouvir falar de mim em breve. – Respondeu, finalmente. – E, se uma humana como você é tão famíliar com Sesshomaru, deve ser seguro presumir que eu esteja falando com ninguém menos que a famosa Rin. Estou certo?

- C-como... Como você sabe meu nome?

- É o mínimo que a pessoa que enviou cerca de cinquenta matadores atrás de você deve saber, não concorda?

Rin deu um passo para trás com a revelação, instintivamente procurando se afastar da fonte da voz, embora fosse difícil dizer ao certo de onde vinha.

Era desconcertante ter que lidar com aquela situação, ela se sentia exposta e vulnerável em meio à escuridão, completamente desarmada e indefesa, sem saber como sairia dali. Apesar de ele ter dito que não podia feri-la, Rin ainda temia. Ela não sabia o quanto podia confiar nele e, se o que ele revelou sobre os mercenários fosse verdade, então a probabilidade era de que ela não pudesse confiar nada.

- O que foi que eu fiz a você, afinal? – Ela questionou com o máximo de confiança que conseguia fingir. – Eu nem o conheço... Por que iria querer tanto assim a minha morte?

A voz riu, debochada, por um breve instante, antes de responder vagamente:

- Você não me fez nada, Rin, tem razão. Mas, confie em mim, ainda vai fazer. - Garantiu ele. - A menos que eu impeça você e Sesshomaru. E é o que eu pretendo.

A explicação de Takayama apenas serviu para deixá-la mais confusa. Ela não conseguia pensar em como ela faria algo contra aquele homem, exceto pelo motivo de ele estar tentando matá-la de alguma forma. Se ela tivesse que lutar contra ele, embora parecesse improvável, seria certamente um ato de auto-defesa. Ainda assim, ele falava como se ela tivesse más intenções contra ele desde o início, o que não era verdade. Ela sequer o conhecia!

E o que Sesshomaru tinha a ver com tudo aquilo, afinal?

- E-eu... Não entendo.

Quando a voz falou novamente, todo o tom de falsa simpatia havia desaparecido. Takayama soava sombrio e ameaçador.

- Eu aconselho você e Sesshomaru a não ficarem tão tranquilos, achando que podem fazer o que bem entendem. Os outros youkais podem não conseguir prever seus atos como eu posso, mas eu lhe asseguro que já estou alertando todos eles. Guarde minhas palavras, humana, e avise também ao seu amante. Nenhum youkai ficará ao lado de vocês, mesmo que me vençam. E não vão vencer.

A voz era tão intensa e intimidadora que Rin começou a ter a impressão de que ele estava bem ali. Soava tão claro que ela não podia evitar a sensação de que ele estava perto, perto o suficiente para sussurrar ameaças em seu ouvido.

Mas a escuridão ainda era tudo que havia ao seu redor e, de repente, todo aquele espaço tão amplo parecia sufocante, desesperador. Por outro lado, avaliando a situação onde se encontrava, se ela estava realmente frente a frente - ou quase isso - com um inimigo de Sesshomaru, ela podia ao menos tentar ser útil. Enchendo o peito de uma coragem que ela não tinha, ela o confrontou:

- Vencer? É fácil falar em vencer quando se está escondido, fazendo ameaças para uma menina humana que nem consegue te ver. - Ela acusou com propriedade. - Você não falaria com toda essa confiança se estivesse cara a cara com o senhor Sesshomaru, mas imagino que lhe falte coragem para tal, o que é compreensível.

Rin sabia que estava brincando com fogo, mas ela decidiu apostar na possibilidade de ele realmente não poder tocá-la ali dentro. Alguém que mandou cinquenta homens para assassiná-la não perderia a chance de fazê-lo ele mesmo se tivesse a oportunidade, e ela ainda estava respirando, afinal de contas.

- Ah, mas é claro, Rin. - Respondeu a voz, malícia cobrindo completamente o seu tom. - Você não espera que eu vá confrontar meu oponente sem assegurar minhas apostas primeiro. Sesshomaru não perde por esperar, é só uma questão de um pouco mais de tempo.

A humana procurou não se deixar atingir pela resposta ameaçadora, mas imediatamente as lembranças da batalha sangrenta no Norte vieram à sua cabeça e, junto com elas, uma preocupação arrebatadora. Por mais irracional que fosse, seu maior medo era que algo acontecesse ao seu protetor, por mais que ela soubesse que era ela quem corria o maior risco sempre.

Diante do terror que lentamente se arrastava por sua espinha, tomando conta de seu ser, Rin começou a tentar se convencer de que nada daquilo era real. Só podia ser um pesadelo, daqueles que parecem absolutamente realistas. Sim, ela devia ter caído no sono, talvez até mesmo desmaiado devido a tantas oscilações emocionais após ser beijada tantas vezes pelo homem que sempre desejara. A garota quase sorriu ao imaginar que, se fosse o último caso, ela provavelmente acordaria em breve nos braços dele, e tudo ficaria bem.

Dizem que, uma vez que você consegue perceber que está sonhando, é possível controlar o rumo do sonho, moldando-o a qualquer coisa que você desejar. Mas, por mais que desejasse o silêncio e o conforto da presença de Sesshomaru ali, a voz odiosa continuava a falar.

- Grave minhas palavras, garota. Quando eu colocar minhas mãos em você no mundo real, quando nos encontrarmos cara a cara, será o seu fim. Você vai se arrepender de um dia ter se unido ao inuyoukai. Avise a ele que nem ele poderá salvá-la e, também, para não se preocupar. A hora dele chegará logo em seguida, e vocês poderão continuar essa relação distorcida de vocês nas profundezas do inferno que, aliás, é bem perto de onde você está agora. Apenas um passo em falso, Rin...

A humana tentou não ouvir aquelas palavras enquanto ele continuava a descrever de forma vívida a punição que ele se certificaria de aplicar sobre ela, por um crime que ela nem sabia que havia cometido. De repente aquela estrada de terra parecia estreita demais, e ela cometeu o erro de ceder ao impulso de olhar para baixo, sendo tomada por uma forte náusea imediatamente ao observar a escuridão sem fim do abismo que a cercava. Apenas um passo em falso...

Em sua visão periférica, ela avistou uma criatura com toda a estrutura do esqueleto à mostra, que parecia estar apenas vagando casualmente pela escuridão, passando por ela como se nem ao menos pudesse vê-la, perfeitamente indiferente. Entretanto, Rin estava tão assustada com as ameaças na voz de Takayama que seu coração quase parou ao ver a criatura. Com o susto, ela se viu gritando do fundo dos pulmões e, quando seus olhos se abriram novamente, ela estava em seu quarto, deitada em seu leito de dormir.

Não havia nenhuma luz acesa no cômodo, mas, após tanto tempo na escuridão absoluta do Meidou, seus olhos viam com clareza as pinturas familiares nas paredes.

O desespero não se esvaiu tão facilmente. Sua respiração estava acelerada e lágrimas silenciosas brotavam de seus olhos, escorrendo livremente por seu rosto.

Ela quase gritou de novo quando sentiu uma mão segurar seu rosto, mas se acalmou quase instantaneamente quando ouviu a inconfundível voz de seu eterno salvador chamando seu nome:

 - Rin! - Sesshomaru chamou, com um tom óbvio de urgência e preocupação que ele só usava quando dizia respeito à ela.

Só então a humana percebeu que sua cabeça não estava apoiada no travesseiro, e sim sobre o colo do youkai que a confortava com carícias em seu cabelo. Ele parecia tão transtornado que Rin achou que devia ser ela a confortá-lo.

Erguendo-se do futon, ela o envolveu em um abraço, o rosto se enterrando em seu peito, lágrimas umedecendo o tecido das roupas que o nobre usava.

Sesshomaru não hesitou em corresponder ao abraço desesperado, envolvendo-a ternamente pela cintura, ainda sem entender do que se tratava tudo aquilo. Apesar disso, ele cedeu à ela tempo o suficiente para se acalmar antes de fazer qualquer questionamento.

- Rin, o que houve? – Perguntou ele, uma vez que os soluços cessaram. - Você estava comigo lá fora e simplesmente desmaiou!

- Aconteceu de novo. – Rin respondeu hesitantemente, ainda sem se afastar um centímetro dele. A sensação de conforto e segurança que ele emanava era irresistível. – Eu estive lá de novo. No Meidou.

Sesshomaru ficou surpreso com a resposta por um instante, imediatamente afastando-a para que pudesse analisá-la melhor, em busca de quaisquer ferimentos ou outros sinais de que qualquer coisa tivesse acontecido à ela, mesmo sabendo que absolutamente nada poderia ter acontecido enquanto ele a estivesse vigiando, o que ele fizera o tempo todo. A humana parecia perfeitamente bem, pelo menos no que tangia ao seu aspecto físico.

O conhecimento de Sesshomaru sobre a pedra mística que Rin usava era, de fato limitado, de forma que ele não fazia ideia ser possível para ela estar dentro do Meidou enquanto seu corpo estava fisicamente ali com ele o tempo inteiro. Se sua visão não fosse o bastante para comprovar esse fato, havia o cheiro que ela exalava, perfeitamente natural, pouco afetado por qualquer coisa que não fosse cotidiana como o ar do castelo, o tecido das cobertas, a madeira dos pisos e das paredes onde ela encostara, e o próprio cheiro dele que estava impregnado no corpo dela.

Da primeira vez que Rin estivera no Meidou, quando criança, seu corpo cheirava diferente, carregado da atmosfera do lugar. Tinha o cheiro da escuridão. Só agora ele reparara que ela não apresentou tais alterações no seu aroma na segunda vez que dissera ter ido lá, muito menos agora.

Dado o fato de que testemunhara o desmaio da humana, sem qualquer explicação aparente, ele estava inclinado a confiar nela sobre aquela nova habilidade. Rin podia realmente estar apenas mentalmente na escuridão do submundo, o que era ao mesmo tempo um alívio e uma preocupação extra.

Apesar das evidências, o youkai procurou não se antecipar, não querendo alarmar nem a ele mesmo, nem à Rin. Seus olhos dourados se suavizaram quando ele falou com ela novamente, a voz estranhamente reconfortante:

- Se acalme, Rin. Tem certeza de que não foi apenas um pesadelo?

Improvável, ele sabia. O desespero dela era genuíno demais, ele não tinha dúvidas, quando olhava naqueles olhos castanhos, que eles estavam verdadeiramente aterrorizados. Mas ainda existia a possibilidade.

Rin o olhou de volta, a princípio surpresa com a pergunta, mas em seguida sua cabeça se balançou em afirmativa.

A porta se abrir sem aviso antes que ela pudesse responder, a luz brilhante do corredor cegando-a por um instante. Uma figura afobada entrou no cômodo, ela rapidamente reconheceu a silhueta como sendo Hayashi.

- Rin, o que aconteceu? Eu te ouvi gritar.

- Ela teve uma espécie de sonho ruim. - Sesshomaru esclareceu, antes de ser cortado pela humana.

- Não foi um sonho, senhor Sesshomaru. – Ela afirmou, a voz confiante do que dizia. – Eu realmente estava lá e não estava só.

Ela se lembrava de ter cogitado aquela possibilidade também, mas, agora que estava acordada, era claro como o dia que aquilo tudo fora real.

Apesar de sua certeza, o youkai à sua frente não pareceu dar muito crédito. Seus olhos eram firmes e fixos nos dela, como quem tenta transmitir confiança a um ouvinte teimoso.

- Não foi fisicamente real, Rin. – Ele insistiu. – Você não saiu desse quarto em nenhum momento, acredite em mim.

- Eu sei o que vi e o que eu ouvi. Havia um homem, não, uma voz. Ele falou comigo, disse que se chamava Takayama.

À menção do nome, ambos os youkais presentes enrijeceram suas posturas. Hayashi, que permanecera parado na porta, se aproximou do casal.

Sesshomaru e ele trocaram um olhar apreensivo brevemente. Aquele era o nome associado aos ataques de youkais recentes, incluindo o ataque ao palácio nas nuvens, que levou à morte da senhora do oeste.

Mas o mais desconcertante era que, embora Hayashi tivesse descoberto aquele nome em suas investigações há mais de um mês, ele não tivera tempo de compartilhar aquela informação com a humana, visto que eles tinham tantas coisas mais interessantes para falar e não havia muitos motivos pelos quais ela devia ser informada de nada daquilo, de qualquer maneira. Ele não gostava de debater assuntos tão sérios e preocupantes com ela.

Isso colocava abaixo a teoria de Sesshomaru de que Rin estivera apenas imaginando toda aquela interação.

Imediatamente, a abordagem cuidadosa e reconfortante dele mudara para uma mais urgente. As mãos se moveram para os ombros dela, atraindo o foco da humana para si.

- Takayama falou com você dentro do Meidou?

Percebendo a seriedade de seu senhor, Rin respondeu prontamente, já quase completamente recuperada do susto provocado por toda a situação.

- Ele conhece o senhor, e a mim também. Sabia o meu nome. Disse coisas horríveis!

Sesshomaru e Hayashi sentaram sobre o piso de madeira na escuridão da madrugada e ouviram enquanto a menina contava o que se sucedera durante seu encontro inesperado com o inimigo. Ela não deixou nenhum detalhe de fora, inclusive corando enquanto mencionava o envolvimento dela com Sesshomaru, embora apenas vagamente.

O daiyoukai ponderava a respeito de tudo que havia ouvido, fazendo pouco caso da humana que se encontrava novamente encostada contra seu peito, envolvida em seus braços protetores. Enquanto ela revivia as palavras de Takayama, seu pânico retornara, e ele instintivamente a acolhera ali, sem pensar muito a respeito ou se preocupar com a presença de Hayashi no quarto.

- O que você acha? – Ele perguntou ao vassalo, que observava a cena, pensativo, mantendo uma certa distância respeitosa do par.

- É bem preocupante que ele possa estar no mesmo lugar que ela, em momentos aleatórios, longe do nosso alcance. – Hayashi opinou.

-  Se Takayama tem uma conexão com o Meidou... Que eu saiba, apenas a Tenseiga e a Meidou Seki estão conectados dessa forma. – Sesshomaru disse.

- Ele pode estar com a Tenseiga. – Lembrou o outro, apontando o fato de que a relíquia de família não mais se encontrava no poder de seu herdeiro.

- A Tenseiga só tem um mestre. Além disso, ela perdeu a habilidade de abrir portais há alguns anos.

Rin saltou do colo de Sesshomaru com aquela fala, os olhos arregalados.

- E se ele tem a Tessaiga? E se aconteceu alguma coisa com o Inuyasha? – Ela supôs, preocupada.

A Tessaiga havia absorvido a habilidade da Tenseiga de contatar o submundo... Se havia uma forma de Takayama estar lá dentro...

- Eu duvido. – O daiyoukai disse, balançando a cabeça em negativa. – Mesmo a Tessaiga não bate exatamente com a habilidade dele de apenas poder projetar a própria voz. Se ele pudesse estar fisicamente no Meidou, algo que a Tessaiga permite, ele não teria perdido a oportunidade de te matar.

- Mas a Rin também não estava lá. – Observou Hayashi.

Rin o olhou com confusão. Sim, ela estivera lá! Por que de repente ninguém mais acreditava nela?

- Você se lembra de quando você realmente abriu um portal, no norte? – Sesshomaru perguntou, prendendo a atenção dela. Rin assentiu. – A sensação não foi diferente? Você não abriu um portal físico dessa vez.

- Eu não sei, eu não me recordo. Mas me parecia tão sólido, tão real...

- Você esteve apenas espiritualmente lá. – Ele continuou sua teoria. – Minha mãe disse que sua alma é uma com o Meidou, talvez os dois estejam ressonando. Isso explica a ausência do cheiro e como seu corpo não foi afetado nesse plano.

Os três ficaram em um silêncio pensativo por um longo tempo, até que Hayashi se pôs de pé.

- Bom, parece que eu vou ter que investigar mais a fundo o que esse cara está tramando. O que ele disse parece fazer parte dos rumores que eu ouvi no sul, pelo visto tem a ver com vocês dois e ele planeja vir atrás da Rin.

- Você quer ir ao sul de novo? O que te faz pensar que dessa vez terá mais sucesso em encontrá-lo?

- Senhor Sesshomaru, eu tenho uma ideia melhor. – Rin intercedeu. – Eu prometi que não ia tentar usar a pedra sem sua supervisão, mas parece que eu tentar, ou não, não faz muita diferença para ela. Se eu puder realmente controlá-la, não precisaremos investigar às cegas, e eu terei mais chances de arrancar respostas desse Takayama. Ele parecia surpreso de me encontrar lá, o que quer dizer que posso estar mais próxima dele do que ele mesmo imagina.

O youkai de cabelos prateados apoiou o queixo sobre uma mão, ponderando aquela possibilidade. Era certo que ele não pretendia colocar Rin no centro daquilo, mas ela estava correta em um ponto: a pedra não parecia se importar com o que eles pretendiam ou não, parecendo sempre tomar as próprias decisões. No fim das contas, deixar que ela continuasse sem treinamento poderia ser mais perigoso do que permitir que ela explorasse a magia plenamente.

- Veremos isso depois, Rin. - Concedeu ele, por hora.

xXx

 

- Parece que uma certa humana de estimação não vai a lugar algum, não é mesmo? – A voz inconfundivelmente animada de Hayashi soou na privacidade do gabinete.

Sesshomaru encarou o amigo com frios olhos dourados de quem já estava esperando que aquele assunto fosse levantado, mesmo com todos os acontecimentos mais urgentes.

- Era perigoso demais para ela ir sozinha. - Ele respondeu, usando a mesma desculpa que havia dado à Rin. - Se realmente há tantos mercenários quanto ele disse...

O subordinado abriu um sorriso, não se deixando enganar.

- Se esse é o problema, eu posso escoltá-la. – Ele ofereceu.

Não tinha realmente a intenção de ajudar a retirar Rin do Oeste, mas adorava colocar Sesshomaru contra a parede e desmascarar as desculpas esfarrapadas que ele usava para não ter que admitir que não queria que ela fosse embora.

- Você mal consegue defender a si mesmo, Hayashi.

- Mas não fui eu quem perdeu uma espada em combate, não é verdade?

A mão de Sesshomaru inconscientemente convergiu para o suporte de suas espadas na cintura, apenas encontrando o cabo da Bakusaiga lá.

- Era uma espada insignificante. – Ele argumentou, fazendo pouco caso da perda.

Uma espada que não servia para mais nada além de reviver pessoas, e que não mais podia reviver a única pessoa com a qual ele se importava. Inútil.

- Vocês dois fizeram as pazes, então? – Hayashi perguntou, voltando ao assunto inicial. – E me parece que até nosso inimigo já está sabendo mais do que eu, pelo visto.

Sesshomaru lembrou em um flash de toda a discussão que tiveram, mas a maioria das palavras estava esquecida, ofuscada pelas lembranças mais intensas dos toques e beijos trocados. As doces memórias foram maculadas pela recordação das palavras de Takayama narradas por Rin.

Ele havia deixado Rin dormindo em seu quarto quando ela se acalmou o suficiente para pegar no sono. A pedra havia sido guardada, como uma condição que ele dera de que ela nem ao menos tocasse no objeto sem ele estar por perto. Estava decidido a ajudá-la a controlá-la, mas só ficaria tranquilo em deixá-la sozinha enquanto ela cumprisse essas regras.

- Não é nenhuma novidade que as pessoas vêm tirando suas próprias conclusões sobre Rin e eu. – Ele respondeu, procurando dispersar aqueles pensamentos que o atormentavam. Ela estava segura agora, era só o que importava.

Hayashi ergueu uma sobrancelha, cético, antes de deixar escapar uma risada.

- A questão é: será que elas estão tão equivocadas assim?

Por um instante, Sesshomaru pensou em revelar mais, se ao menos para aliviar um pouco o próprio fardo, as próprias dúvidas. Havia séculos de amizade e confiança entre eles. Se havia alguém a quem ele podia revelar aqueles últimos acontecimentos, definitivamente era Hayashi. Mas, ao mesmo tempo, o orgulho o impedia de admitir, de confessar a própria fraqueza e as repetidas recaídas que se sucederam. Se ele admitisse em voz alta mesmo que apenas uma pequena fração de seus sentimentos, como poderia continuar negando para si mesmo?

E, se ele não pudesse mais negar, só restaria a rendição.

- Você tentou me impedir de matar a Izayoi quando eu descobri sobre ela. - O daiyoukai lembrou, de repente trazendo à tona memórias de um passado distante e esquecido. - Por quê?

- Você não tinha autoridade para se meter nos assuntos do seu pai até esse ponto. - Hayashi respondeu, mesmo confuso com o assunto repentino. - Ele ficaria furioso.

Sesshomaru distraidamente bateu as garras sobre a mesa, fazendo sons leves soarem pelo cômodo. Ele não sabia bem onde seus pensamentos o estavam levando, nem por que ele resolvera remexer em assuntos que ele procurara evitar por tanto tempo.

- Mas você não estava do lado dele, estava? - O líder perguntou, sondando.

- Sesshomaru, você está indiretamente tentando me perguntar se eu me oponho a você ter qualquer coisa com a Rin? - O outro foi direto ao ponto, cortando as evasivas.

Sesshomaru não respondeu, suas garras continuando os sons repetitivos de tec tec tec sobre a madeira, seus olhos observando o aliado em discreta expectativa.

- Como seu segundo em comando, eu vou te dizer para não fazer isso, seja lá o que você está pretendendo fazer. - Ele continuou, cauteloso, antes de abrir um sorriso. - Como seu amigo, eu vou te dizer para ir em frente.

O daiyoukai finalmente parou o movimento de seus dedos, a sutil ameaça de um sorriso se formando em seus lábios sérios.

- Eu nunca devia ter lhe deixado se considerar meu amigo. Você me dá os piores conselhos.

Hayashi ergueu a cabeça e estufou o peito como se tivesse acabado de receber um elogio.

- Bom, uma coisa é verdade: você não o único fascinado por ela. Todos na cidade adoram o chão onde ela pisa. Você sabe como eles a chamam? O Lírio do Oeste. - Ele contou, divertido. - Muitos deles nem sabem da existência da Mizuno, ela não pisa lá há tantos séculos. Mas, para a Rin, foi muito fácil ganhar a afeição do seu povo.

Sesshomaru esperou pelo desconforto que devia vir com aquelas palavras, mas em vez disso ele sentiu uma leve satisfação. Talvez não seja apenas ele a sucumbir com o misterioso feitiço de Rin, que parecia ser capaz de conquistar os corações de todos ao seu redor. Talvez ele nunca tivesse tido a menor chance de vencer contra ela, desde o início. Desde aquele primeiro sorriso ela já o tinha. Então será que havia alguma vantagem em continuar lutando, no final das contas?

- Hm. - Ele respondeu apenas, distraído com seus pensamentos.

 

 

 


Notas Finais


Fanart do capítulo: https://c6.staticflickr.com/1/281/31438856813_418390ef60_b.jpg

Gente do céu, como foi difícil escrever isso. Eu tinha mudado uma coisinha no capítulo anterior que acabou mudando o contexto desse totalmente, foi um cocô pra ajeitar. Me desculpem aí qualquer coisa, prometo que o próximo não vai dar mancadas :D

Obrigada mil vezes pelos comentários adoráveis, vocês são as melhores pessoas. <3

Beijos e até a próxima terça (sem falta, juro)


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