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História Unintended - Escolhas


Escrita por: eveelima

Capítulo 8 - Escolhas


Sesshomaru e Rin contornaram a região pantanosa com sucesso em algumas horas, e a noite já era longa quando eles alcançaram uma boa região para repousar, o youkai garantindo haver um pequeno riacho ali perto.

Rin se sentou sobre o capim baixo sem cerimônias, liberando um suspiro de alívio por finalmente poder parar um pouco e descansar. A vida no vilarejo a havia deixado realmente fora de forma.

Sesshomaru, por sua vez, depositou a bagagem de viagem da humana cuidadosamente ao lado dela, antes de se afastar para junto de uma árvore, se recostando sobre a mesma como comumente fazia.

A primeira noite que eles passariam juntos após tantos anos! Rin mal podia acreditar como ela podia ser tão privilegiada de ter a oportunidade de estar ali mais uma vez, ao lado de Sesshomaru, quando ele podia facilmente ter se livrado da responsabilidade simplesmente deixando-a no vilarejo. Ele era tão bom com ela, o tempo todo. Naquele momento, admirando-o silenciosamente à distância, Rin sorriu, sentindo tanta gratidão que mal cabia em si.

— Boa noite, senhor Sesshomaru. – Ela desejou docemente, procurando em suas coisas um pequeno lençol que havia trazido, forrando o chão com ele quando o encontrou.

— Boa noite, Rin. – Ele respondeu, para a surpresa dela. Não esperava receber mais do que, no máximo, um murmúrio como resposta.

Sorrindo ainda mais do que antes, ela se deitou de forma que ficasse virada na direção dele, para poder observá-lo até cair no sono, como era sua antiga tradição quando criança.

—---

O dia clareou com um sol generoso já de manhã cedo, o que rapidamente tratou de despertar a humana, que cobriu o rosto com o braço quando os raios de luz a atingiram. Essa era mais uma das coisas com a qual Rin teria que se acostumar de novo.

— Hmm... – Ela gemeu, se esforçando para se sentar, ainda se sentindo sonolenta. – Já é manhã?

— É o que parece. – Sesshomaru respondeu, fazendo-a se lembrar do motivo pelo qual acordar com o sol na sua cara de manhã cedo valia a pena.

Com energia renovada, Rin pôs-se sentada, se espreguiçando.

— Bom dia! -  Ela saudou, animada. – Espero que tenha tido um bom descanso, meu senhor.

— Diga-me quando estiver pronta para irmos. – Ele pediu, ainda reclinado sobre sua árvore, parecendo completamente relaxado.

A humana assentiu, se apressando para suas sacolas em busca de um pãozinho de arroz que ela havia trazido com ela.

Eles partiram mais tarde naquela manhã, após Rin ter descansado, se alimentado e se limpado no riacho.

Seguiram a trajetória do rio, mantendo-o por perto, pois sabiam que iria ser útil quando tivessem que parar novamente para o almoço. Rin recolhia os galhos secos que encontrava no percurso, ansiosa para ver se suas habilidades para construir uma fogueira ainda estavam afiadas.

—Vamos parar aqui, por enquanto. - Sesshomaru anunciou, satisfeito com a área aberta, mas cercada de árvores grandes o bastante para fazer uma sombra significativa sobre a clareira, aliviando-os do calor do sol a pino.

— Certo, senhor Sesshomaru! - Rin acatou, imediatamente lançando seus gravetos secos ao chão e reunindo-os em uma pequena pilha.

Deixou o fogo pegando e correu até o riacho que borbulhava ali perto, erguendo seu longo quimono e prendendo as pontas no obi para evitar molhá-lo enquanto entrava na água corrente, tão translúcida que ela podia ver facilmente os peixes com escamas prateadas cintilando contra a luz do sol.

Ela pegou dois peixes médios, que julgou serem o suficiente para alimentá-la, pois sabia que Sesshomaru não partilharia de sua refeição.

Rin puxou uma pequena adaga de sua bainha, que ela guardava no quimono em caso de necessidade, embora nunca tivesse usado para outra coisa além de preparar refeições. Com a lâmina afiada, ela tratou de abrir os peixes para limpá-los, mas, em um momento de descuido, acabou cortando o próprio dedo, que não demorou em expulsar grossos filetes de sangue pele afora.

— Ai! Que droga! - Ela sibilou, mergulhando o dedo ferido na água para limpá-lo.

Sesshomaru, que estava relaxado contra uma árvore no acampamento, observando a fogueira consumir a madeira seca, imediatamente pôs-se de pé ao sentir suas narinas serem invadidas com o odor metálico do sangue de Rin. Era uma quantidade de sangue que descartava a possibilidade de ela ter apenas caído e ralado um joelho.

Sem pensar em mais teorias, ele se apressou a encontrá-la, mas parou entre as árvores na margem do rio, quando sentiu um outro cheiro familiar se aproximando em alta velocidade.

Ele podia ver Rin, apesar de ter certeza de que ela não podia vê-lo entre as folhagens, e se permitiu relaxar quando percebera que ela apenas havia se cortado com uma faca, agora pressionando o tecido do quimono contra o dedo para estancar o sangramento.

Sesshomaru se atentou novamente ao visitante, ou melhor, aos visitantes, e viu, antes mesmo de Rin reparar, o enorme youkai gato de duas caudas pousar logo atrás dela, com um jovem humano montado em suas costas.

— Rin! - O humano chamou, sobressaltando-a. Ele desmontou, e a fera felina assumiu sua forma menor ao se ver livre do peso extra.

Rin se virou imediatamente, uma mão sobre o peito para tentar estabilizar o coração acelerado com a surpresa.

— Kohaku! Kirara! - Ela saudou quando se recuperou, rapidamente substituindo a expressão assustada por um alegre sorriso. - Como me encontraram aqui?

Kohaku, por sua vez, não parecia tão feliz assim ao vê-la.

— Seu rastro ainda estava fresco para a Kirara. - Ele explicou com um tom amargo, completando em seguida: - Como você pôde fazer isso comigo, hein?

Rin franziu a testa, entendendo do que o exterminador estava falando.

— Desculpe-me, Kohaku. - Ela pediu com sinceridade. - Eu esperei por você o máximo que pude, mas...

— É mesmo? Me disseram que você não tentou prolongar nem um pouco mais o tempo que Sesshomaru te cedeu. Você simplesmente virou as costas para todos, sem nem ao menos se preocupar em me dar nenhuma explicação.

— Explicação? Eu estava esperando para me despedir propriamente. Você sempre soube, desde o início, que eu não tinha planos de permanecer no vilarejo, Kohaku. O que mais você queria que eu te explicasse?

— Você nunca realmente considerou suas opções, Rin...

— Eu tinha minhas opções muito bem definidas na minha frente, tudo que eu fiz foi escolher. – A menina insistiu, erguendo o queixo levemente.

— Bom, talvez tenha uma da qual você ainda não estivesse ciente.

Kohaku deixou a frase vagar, seus olhos desviando por um instante enquanto ele começava a murmurar sobre algo diferente.

— Eu não estava esperando que Sesshomaru viesse te levar embora no exato instante que você atingisse a maturidade, parece que o maldito mal podia esperar, não é?

Rin se sobressaltou com a forma ressentida como ele se referia a Sesshomaru. A começar por dispensar o tratamento honorífico, e agora ele soava muito mais como Inuyasha do que como Kohaku, usando aquelas palavras ofensivas.

— Há um motivo para eu ter me ausentado tanto do vilarejo ultimamente, Rin. - Ele começou a explicar, de volta à linha de assunto inicial sobre as opções de Rin. Sua voz soava mais doce agora, seu olhar era mais gentil. - Mais do que apenas me tornar mais forte como exterminador de youkais, eu estava construindo minha carreira, juntando provisões. Eu esperava que você aceitasse se tornar minha esposa quando chegasse a hora.

Rin prendeu a respiração, e Sesshomaru se viu fazendo o mesmo de seu esconderijo na floresta, por algum motivo.

— Kohaku... - Ela sussurrou. - Desculpe-me, mas...

— Tudo bem. - Ele a cortou, ríspido. - Desde o momento em que você partiu com ele sem uma única palavra para mim, eu já sabia qual seria a sua resposta.

— Não seja assim, Kohaku...

— O que eu posso fazer, Rin? Se ao menos você estivesse fazendo uma escolha consciente... Mas você está completamente cega.

— Com licença? - Ela questionou, erguendo uma sobrancelha, com um leve tom de indignação.

— Você e eu seríamos um par perfeito. Nós sabemos tudo um sobre o outro, dividimos nossos segredos mais sombrios. Partilhamos de um mesmo passado trágico no que diz respeito aos nossos pais, e mesmo assim fomos capazes de superar todos os nossos traumas. Eu posso ser um pouco tímido, mas quando estou com você tudo flui tão naturalmente.

Rin estava sem argumentos diante da declaração dele, não podendo ignorar a lógica por trás do que ele dizia, sabendo que de fato ela o amava, mesmo que não fosse exatamente daquela forma. Na verdade, ela nunca havia parado para pensar nele dessa maneira, mas a sugestão não soava tão desconfortável quanto deveria.

— Diga-me, Rin. O que você realmente sabe sobre o Sesshomaru? Quando ele te contou qualquer coisa sobre ele? O que ele gosta de fazer, o que ele gosta de comer... Ele já te falou sobre como o Oeste é, ou te contou porque ele não volta lá há mais de duzentos anos? Você sabe quantos anos ele tem? Quantos inuyoukais estão sob o comando dele?

— Como você sabe dessas coisas? - Ela perguntou em voz baixa, chateada por não ter como contra-argumentar. Ela realmente não sabia muito, Sesshomaru era sempre tão reservado, e ela realmente não se importava com essas coisas, de qualquer forma.

Mas sentia que sabia o suficiente. Sabia que ele era protetor de seus seguidores e nunca deixaria que se ferissem, mesmo que nem sempre demonstrasse essa preocupação até o perigo ser iminente.

— Miuga me contou algumas delas. - Explicou ele. - Como um exterminador, é importante saber sobre todos os tipos de youkais, e como os inuyoukai são atualmente o clã mais poderoso, qualquer informação é válida.

— Tenho certeza que o senhor Sesshomaru me contaria se ele achasse pertinente que eu soubesse dessas coisas...

— Ou será que ele não te conta porque ele não quer que você saiba? Você já perguntou quantos humanos ele já assassinou a sangue frio? - Ele questionou, ainda mais sombrio agora. - Quantos eram crianças ou mulheres? Ou será que você também não tem coragem o bastante para ouvir?

Rin estava visivelmente chateada agora, seus olhos acumulando umidade rapidamente.

— Eu não me importo! Essas coisas aconteceram há muito tempo atrás, assim como as coisas que você fez-

— Sob o controle do Naraku!— Ele ressaltou, claramente irritado como raramente ficava.

— Que seja! Se era só isso que você queria me dizer, já pode ir! - Ela disse em voz alta, fazendo Kirara inclinar as orelhas para trás com o volume do som.

— Você vai se arrepender disso algum dia, Rin. Você mesma sabe que isso não vai dar certo, porque você está apaixonada pelo Sesshomaru e-

— Cala a boca! - Ela sussurrou em um tom de desespero, olhando ao redor como se procurasse alguém. Seu rosto ficou totalmente ruborizado em um instante. - Ele pode te ouvir, seu idiota!

Kohaku sorriu de lado, olhando diretamente na direção em que Sesshomaru se encontrava, e Sesshomaru estreitou os olhos, ainda oculto na sombra da vegetação. Ele sabia que Kohaku sabia que ele estava ali, o exterminador era treinado para reconhecer facilmente sua energia sinistra, e ele não havia se dado o trabalho de tentar ocultá-la.

— Como se ele desse a mínima para o que você sente. Sesshomaru não pode te corresponder, e isso é trágico para uma menina como você. Rin, o seu amor pelas pessoas aparece tão facilmente quanto o sol em um dia de verão, enquanto os sentimentos do Sesshomaru estão completamente ocultos atrás de uma barreira de pedra coberta por gelo.

— Eu não me importo. - Ela murmurou, encarando os próprios pés. - Ele não precisa me dizer nada, eu sei que ele se importa comigo, e isso basta.

Ele deu de ombros.

— Bom, isso é problema seu, eu acho. Na minha opinião, uma garota como você merece ouvir que é amada todos os dias, mas se você prefere escolher uma vida inteira de admiração silenciosa, sabendo que ele nunca vai nem tocar em você da forma como você pateticamente fantasia...

— Kohaku! - Ela protestou, seu rosto impossivelmente vermelho agora, lágrimas de raiva, vergonha e tristeza se acumulando para finalmente escorrerem por suas bochechas.

— Acredito que você tenha passado dos limites, exterminador. - A voz grave de Sesshomaru ressoou, fazendo Rin erguer a cabeça para vê-lo saindo das folhagens e caminhando calmamente até Kohaku. - Rin te disse para ir embora. Saia agora, antes que eu o mate.

Kohaku soltou um riso seco, se virando para encará-lo.

— Acho que você realmente não se importa com os sentimentos da Rin, se está disposto a assassinar o melhor amigo dela bem na sua frente. - Ele rebateu.

— Algo me diz que não são mais tão amigos assim. - O youkai respondeu, estalando as garras da mão esquerda de forma ameaçadora.

— Senhor Sesshomaru! - Ela chamou, correndo até o lado dele. - Por favor, não o machuque. Não desejo mal ao Kohaku.

Sesshomaru ergueu uma sobrancelha questionadora para a humana. O garoto havia obviamente a desrespeitado repetidamente, ferido a sua honra e, no fim das contas, fizera-a chorar. Era motivo o bastante para pagar com a vida, na opinião dele, mas aparentemente Rin discordava.

— Kohaku, vá embora. - Ela pediu, ansiosa por apartar qualquer briga que pudesse ser iniciada. - Já disse tudo que tinha para me dizer e mais um pouco.

— Acho que sim. - Ele aceitou, se afastando dos dois, em direção à Kirara, que se encontrava completamente avulsa à discussão, seus olhos fixados nos peixes abandonados por Rin às margens do rio. - Adeus, Rin.

— Tchau. - Respondeu ela, ao vê-lo subir no lombo do gato gigante transformado. Definitivamente, não era aquela a despedida que ela esperava ter.

— É melhor cuidar dela. - Ele disse, em um tom intimidador, encarando Sesshomaru, antes de levantar voo.

Passaram-se alguns minutos desde o último rosnado de Kirara ser ouvido ao longe, e Rin ainda encarava o chão. Suspirando, ela usou a manga do quimono para secar as trilhas de lágrimas em seu rosto.

— Senhor Sesshomaru... - Ela chamou, sem saber realmente o que dizer. Ele estivera ouvindo o tempo todo? Rin estava morrendo de vergonha só de imaginar que ele tivesse ouvido Kohaku falar de seu amor pelo youkai.

— Como está sua mão? - Ele perguntou, fazendo-a se lembrar do corte que agora latejava dolorosamente. Ele falava como se nada tivesse transcorrido entre ela cortar o dedo e ele chegar até ali.

— Vai ficar bem. - Rin respondeu, analisando a profundidade do ferimento. - A senhora Kaede me mostrou um emplasto ótimo para dor e cicatrização, eu trouxe um pouco comigo.

Ele assentiu e se retirou silenciosamente por onde viera.

Rin soltou outro suspiro. Uma coisa boa em Sesshomaru era que ele tinha facilidade em ignorar assuntos que não tinham relevância para ele, ou zonas desconfortáveis. Se ele ouviu a revelação de Kohaku ou não, ela jamais saberia, e era melhor assim.

Ela voltou a cuidar de seus peixes, terminando de limpá-los propriamente, mesmo com o dedo machucado. A dor do corte era pouca se comparada com o aperto em seu coração naquele momento.

Toda a atitude de Kohaku havia sido completamente desnecessária. Embora ela realmente devesse desculpas a ele por ter ido embora sem dizer nada, ainda assim, não dava a ele razão para dizer as coisas que ele dissera sobre ela e sobre Sesshomaru.

Mas, apesar de tudo, ela podia se ver se casando com ele. De fato, o que ele havia dito sobre eles serem um bom par era verdade. Uma vida ao lado de Kohaku seria fácil. Ele lucrava em seus serviços mais do que o suficiente para prover uma vida confortável à ela. Talvez não com os luxos que Sesshomaru providenciava, como quimonos dignos da realeza, porém ela sabia que aqueles itens, embora dados de coração, na prática não passavam de futilidades para os quais uma plebeia como ela tinha pouca utilidade no dia-a-dia.

Ela podia ver Kohaku chegando em casa após uma temporada de extermínio de youkais malignos, talvez um pouco ferido, mas visivelmente feliz em voltar a vê-la. Rin cuidaria dos ferimentos dele e lhe prepararia uma refeição quente e saborosa.

Ela fechou os olhos, não conseguindo evitar um pequeno sorriso ao imaginar um bebê em seus braços, que teria pequenas sardas em suas bochechas.

A menina sacudiu a cabeça, dispersando seus pensamentos. Não importava agora, não depois do que ele dissera. Mesmo que ela nunca pudesse ter nada daquilo com o nobre youkai, o objeto de sua escolha derradeira, não importava.

Sesshomaru era seu eterno herói, uma figura sem a qual ela sabia ser incapaz de viver. Apenas estar na companhia dele fazia valer a pena todos os sacrifícios que ela tivesse que fazer, e ela jamais voltaria atrás em sua decisão, jamais o abandonaria.

Talvez eu esteja mesmo cega, mas não me importo. Pensou, sorrindo.

Quem o senhor Sesshomaru realmente é ou foi, não muda a forma como ele cuidou de mim e me protegeu. Não muda a forma como eu o amo.

E Kohaku não podia culpá-la por seguir seu próprio coração.

Rin pôs-se de pé, trazendo seus peixes com ela e voltando ao acampamento.

Quando retornou à clareira, Sesshomaru estava exatamente onde ela o tinha deixado, como se nunca sequer tivesse se levantado dali.

— Estou de volta! - Avisou ela, mesmo sabendo que ele já havia percebido.

Ele a recebeu com um aceno da cabeça, que a menina aceitou com um sorriso.

Ela vasculhou suas coisas até encontrar a pomada de que falara a Sesshomaru, espalhando o material viscoso e levemente gorduroso sobre o dedo ferido, antes de envolvê-lo com uma tira de tecido limpo. Sesshomaru franziu o nariz por um momento. O cheiro daquilo era forte.

Após fazer seu curativo, ela temperou seu almoço alegremente com um luxo que havia se permitido trazer com ela do vilarejo: sal marinho. Rin se lembrava bem de como era comer peixe sem tempero.

Ela espetou os animais em varetas finas e os depositou sobre as chamas, observando a pele começar a dourar pouco a pouco, a visão fazendo sua boca se encher de água.

— Senhor Sesshomaru. - Ela falou enquanto esperava sua refeição ficar pronta. - Não leve muito a sério as coisas que aquele garoto infantil disse, por favor. Ele só estava magoado.

Ela sentia a necessidade de afirmar isso a ele, pesarosa que as duas pessoas de que ela mais gostava passassem a se desprezar dali para frente, apesar de suspeitar que Sesshomaru nunca tivesse tido muito afeto por Kohaku, desde o início.

Mas, também, eram poucas as pessoas pelas quais ele tinha algum afeto.

— Hm. - Foi tudo que ele disse, sem olhar na direção dela.

Rin suspirou, percebendo que ela era a única ali realmente dando atenção ao ocorrido. Claro que Sesshomaru não perderia mais que dois minutos do seu precioso tempo se preocupando com o desabafo emotivo de um adolescente humano.

Ela decidiu se concentrar em sua refeição, deixando de lado aquele assunto. Quando o peixe estava pronto, ela o comeu com tanta pressa que queimou a língua.

Sesshomaru observou Rin terminar os seus peixes e começar a aprontar suas coisas, se preparando para a partida deles.

Ele não entendia como ela podia ser tão bondosa a ponto de tentar defender o exterminador depois de todas as baboseiras que ele dissera. Mesmo a mais piedosa das pessoas devia ficar irritada por pelo menos um dia, não? Rin sempre o surpreendia, a cada palavra que ela dizia, cada ato que ela executava, seus gestos, suas expressões, eram tanto imprevisíveis quanto incompreensíveis para ele.

Ela tinha um nível de pureza dentro dela que se atritava diretamente com a desvirtude do youkai. Havia uma zona ali, entre a luz e as trevas onde eles simplesmente não podiam se misturar, não importando o quão próximos estivessem. E isso era uma coisa boa, de certa forma, pois alguém como Rin jamais devia ter acesso às profundezas da escuridão dentro dele. O garoto estava certo em uma coisa: Havia coisas que ele não queria que ela soubesse, e ela jamais saberia, no que dependesse dele.


Notas Finais


Fanart do capítulo: https://c3.staticflickr.com/9/8334/29292848666_64edf38e68_b.jpg

Então, Kohaku está de volta, mas dessa vez passa porque dá pra ficar brava com o personagem de boa hahaha
Não esperem mais Kohakus de mim, acho que já to bem farta dele por enquanto.

E sim, essa história é totalmente sobre o desenvolvimento dos sentimentos do Sesshomaru pela Rin e como isso vai desabrochar, então sentem aí e relaxem porque ainda vou tomar meu tempo aqui pra amadurecer isso hein :)

Beijos e até o próximo :*


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