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História Unique - Capitulo 2


Escrita por: Nikant

Notas do Autor


Pela quantidade de palavras poderia dividir em 2 capítulos, porém planejei apenas 4, no máximo, 5 capítulos na Floresta Encantada, então... This is it.
Espero que gostem. Ouvi Of Monsters And Men - Empire- enquanto escrevia este cap. fica ai a dica se curtirem

Capítulo 2 - Capitulo 2


Por anos vivendo numa ilha distante, no clausuro e em devoção a jovem menina almejava conhecer o mundo, viajar por outros reinos e descobrir tudo o que tinham a oferecer. Sua vida fora simples, cresceu rodeada de crianças e jovens que aprendeu a chamar de irmãos e irmãs. Os grandes mestres mantinham tudo funcionando e cuidavam de todos, ensinavam-lhes a ler e escrever, a entoar os cânticos da antiga religião e até mesmo para alguns que demonstrassem aptidão, era ensinado magia.

Pouco antes de atingir a puberdade a jovem demonstrou habilidades especiais. Fora ensinada pela própria grã mestra, da qual se tornou pupila e serva devota. Anos se passaram, já versada em magia branca ou, em outra nomenclatura, magia de luz, a jovem foi escolhida por sua mestra e com aprovação dos demais sacerdotes a manter o curso do destino, sendo responsável por garantir que a maldição das trevas fosse lançada. Só assim a profecia poderia ser cumprida.

Aceitou o fardo com grande empolgação e honra. Seus irmãos e irmãs festejavam pelos corredores, finalmente alguém sairia da ilha, teria a chance de conhecer o mundo afora. A jovem foi até seus aposentos para se preparar e se deparou com sua mestra lhe esperando. Haviam alguns detalhes a serem ditos.

—Minha criança, em breve será dado a ti a oportunidade de vislumbrar o futuro. Não busque respostas, não veja mais do que o necessário e principalmente não tente alterá-lo quando sua jornada começar. Não deverá utilizar magia, a menos que seja de extrema necessidade. Lembre-se, você deve manter o curso do destino, se seus atos interferirem inocentes sairão feridos, pois o que já está escrito se cumprirá e não há nada nem ninguém que possa impedir isso.- A mulher mais velha tinha uma expressão serene, seu alerta era demasiado importante para o êxito da jovem. Em sua voz podia-se notar preocupação, mas em seu olhar ela passava confiança para a menina a sua frente.

—Sim minha senhora- Afirmou com determinação- Serei mesmo capaz de realizar tal feito?- Admitiu num suspiro de medo.

—Não tema minha menina, essa é sua jornada e só você poderá cumpri-la.- Sorriu gentilmente a mulher mais velha.

—Eu darei o meu melhor- Disse confiante após as palavras de sua mestre.

—Não tenho duvidas disso. - Fez uma pausa ponderando sobre o que diria a seguir- Minha criança há algo em especial que precisa saber.- A jovem assentiu com a cabeça e sua mestra lhe confidenciou uma tarefa extra, também relacionada a profecia mas de igual importância. E assim após se preparar e se despedir de todos partiu rumo a Floresta Encantada, tinha como objetivo manter o destino e uma missão importantíssima a cumprir. Não poderia falhar.

 

~

O guarda que encontrou a jovem estava ao seu lado desde o momento em que chegaram a cabana. Cuidou de seus ferimentos. Saiu apenas para alertar seu comandante quando a jovem acordou e surpresa por ver um soldado da rainha ao seu lado, tentou se levantar, mas foi impedida pelo homem. Quando o mesmo retornou, trazia consigo um senhor de cabelos grisalhos, armadura negra e feição bruta. Ele sorriu maliciosamente para a moça que se assustou.

—Finalmente a bela adormecida acordou-

—Onde estou? O que querem comigo?- Respondeu a menina aflita sem deixar de olhar para todos os lodos procurando um modo de fugir. Não gostara nada da feição do homem a sua frente, o olhar dele era malicioso.

—Calma garota- Disse pausadamente- Só quero conversar contigo.

—Não temos nada a conversar, deixe-me ir- Bradou já com a respiração descompassada.

—Se sanar as minhas dúvidas a seu respeito deixarei você ir- Abriu um sorriso perverso, nem um pouco convincente a moça notou-

—E o que quer saber?- Respondeu com os dentes semicerrados.

—Primeiro de onde você é? Pois está obvio que não é deste reino.- Disse se sentando numa cadeira próximo a lareira.

—Venho de terras muitos distantes, não acredito que conheça- deu uma resposta evasiva

—O que faz por aqui?- Considerando a ultima resposta que não foi nem um pouco útil.

—Apenas viajando sem um destino certo- Notando a cara de poucos amigos dada pelo homem a sua frente a jovem resolveu completar- Cresci cercada de crianças, busco encontrar um lugar novo para morar, só isso.

—Humm- Coçou a barba se levantando aproximando-se da enferma.- ultima pergunta: Por que salvou a rainha?-

—Não sabia quem ela era e estava apenas pernoitando próximo, foi quando ouvi o som dos cavalos. Agi por impulso. - Respondeu firme tentando convencer o homem— Um infeliz impulso- Mentiu torcendo que ele acreditasse nela.

—Bem… Você respondeu minhas perguntas-

— Posso ir agora?- suplicou por fim.

—Não.

—Mas você disse…

—Eu disse que se sanasse minhas dúvidas você partiria. No entanto, o que notei aqui foi uma jovem metida a esperta tentando me enganar com respostas curtas e desconexas. Sabe o que acho? Você é de outro reino, pode até ter salvado a rainha sem saber quem era ela. Mas duvido que esteja aqui para encontrar um novo lar. Mentiu para mim, o que me faz crer que suas intenções são duvidosas, e se não notou sou comandante da guarda real, meu dever é proteger a rainha e o reino de delinquentes e jovens suspeitos como você. Ficará aqui.- Se levantou indicando que os guardas permanecessem vigiando a moça-

—Eu não posso ficar, tenho que ir- Dizia desesperada se debatendo, só pensava em sua missão, não poderia perder mais tempo presa naquele lugar.

—Então considere me contar a verdade quando eu retornar. Agora vamos, temos uma fugitiva para procurar.- Saiu da cabana apressado deixando para trás uma garota assustada e temerosa. Grã mestra me perdoa. Disse fazendo surgir de suas mãos uma luz branca, porém ao invés da luz levá-la longe daquele lugar, pode ouvir dentro de sua cabeça uma voz conhecida

—Não temas minha menina, você está onde deveria estar…- A menina se espantou com o que ouviu mas aquietou seu coração. Era sua mestra lhe falando, certamente estava lhe vigiando. A moça ficou aliviada ao saber que ainda estava no caminho certo, que ainda poderia cumprir seu objetivo e missão. Sorriu satisfeita contendo um feixe de luz que permanecia em suas mãos. Felizmente os guardas agora estavam do lado de fora.

 

~

Algumas horas se passaram desde que deixaram a jovem escondida. Snow e Ruby se sentiram culpadas quando retornaram ao local e não a encontraram. Os guardas a levaram- Disse Snow preocupada- Talvez ela tenha acordado e se escondido- Ruby tentou acalmar a amiga. Elas procuraram pelas redondezas por algumas horas, por fim cansadas resolveram descansar num local seguro que encontraram no meio da floresta fechada. Assim que amanheceu Snow foi acordada por sua amiga.

—Oi- Disse envergonhada por acordar a amiga-

Oi, se levantou faz tempo?- respondeu sonolenta.

—Não, achei algumas frutinhas para nosso ‘café da manhã’- Esticou a mão oferecendo para a mulher grávida o que encontrou pela floresta.— Você precisa comer.- Snow assentiu sorridente passando as mãos pela sua barriga. Já estava crescendo e a vida em seu ventre merecia viver num mundo melhor sem a ameaça constante da temida rainha má. Com este pensamento, se levantou e as amigas seguiram seu caminho, precisava passar na aldeia, pegar mantimentos e bolar um novo plano. E se dessem sorte, ainda encontrariam a jovem ferida.

-Snow temos que ir adiante mas o que faremos sobre a...

-Eu sei, também pensei na moça até adormecer, ela é só uma menina-  A princesa estava preocupada, sentia-se culpada por ferir uma inocente, no entanto algo em seu coração dizia que seus caminhos se cruzariam outra vez- Não sei como explicar Ruby mas sinto que a menina ficará bem e nós nos veremos em breve. A lobinha sorriu complacente para a amiga, Snow sempre mantinha a esperança, por que não acreditar também?

Percorreram um longo caminho até chegar na aldeia. A mesma era pequena, singela porém acolhedora, seus moradores apesar do temor constante da rainha má, viviam em harmonia ajudando uns aos outros. Ruby apareceu sozinha confirmando que o ambiente estava livre de qualquer ameaça do castelo. Snow a seguiu e fora recebida com grande festa e comoção por parte do seu povo. Algo que emocionou e inspirou ainda mais a jovem princesa- Trarei a paz para este reino, não percam a fé, o bem sempre vence. Disse incentivando-os.

—Charming?- Espantou-se ao encontrar seu marido entre os aldeões. O loiro fora tirado de sua reunião de defesa quando ouviu o povo aclamando alguém. Soube de imediato que só poia se tratar de sua amada esposa.

—Snow- Respondeu sorrindo caminhando em sua direção. Elevou a mulher pelos braços e rodopiou-a no ar terminando com um profundo beijo de amor.— Nunca mais faça isso. Estava preocupado.

—Eu tenho que detê-la- Se justificou, as mãos acarinhando o rosto de amado.

—Olha ao seu redor minha querida- Continuou fitando a mulher enquanto ela olhava os aldeões a sua volta.- Você não está sozinha. Não precisa fugir no meio da noite para tentar deter sua madrasta. Somos mais fortes juntos.- explicava ternamente.

—Desculpe meu amor eu só… eu só quero resolver isso logo. Precisamos de paz- Dizia pensando na gravidez. Snow ainda não havia contado a seu marido, sabia que se fizesse ele não a deixaria partir. A jovem princesa tinha conhecimento dos cuidados que deveria ter na gestação, mais um motivo para persistir com o plano. Almejava de todo o coração que seu bebê viesse a esse mundo sem a ameaça da rainha. Sua bebê aliás. A morena não sabia como explicar mas sentia que a criança era uma menina, sentia uma força incomum crescendo e expandindo dentro de si mesma, lhe revigorando a esperança a cada novo amanhecer.

—E iremos eu te prometo- Falou o loiro beijando a testa de sua esposa.— Leroy e o grilo tiveram uma ideia, estávamos discutindo quando você chegou. Venha precisa descansar, eu lhe explicarei o plano que dessa fez executaremos juntos- Enfatizou a última palavra

O casal entrou em uma cabana para conversar mais reservadamente. Ruby fora encontrar sua avó. Granny era uma senhora de meia idade muito ativa, andava sempre armada com uma besta, criou a neta sozinha após o falecimento do filho e o desaparecimento da mãe da garota. Quando descobriu sobre a maldição do lobo, no passado, fez um acordo com o Senhor das Trevas. Na ocasião deu a ele uma gota do sangue da menina, em troca ganhou uma manta vermelha que a jovem passaria a usar nas noites de lua cheia para conter sua transformação.

Muitos anos haviam passado. Ruby a princípio negou o ‘dom’ que havia recebido, pois inconscientemente causava terror pela vila e até mesmo matava inocentes. Com o tempo, ajuda e determinação de sua avó, a moça passou a ter maior controle sobre sua transformação. Ainda assim, tinha que tomar muito cuidado para não perder a consciência e se transformar em um animal selvagem que mataria a própria família se tivesse a oportunidade.

 

~

A menina que havia levado uma flechada permaneceu enclausurada na cabana por algum tempo, desde que acordou. Não sabia que horas eram até um guarda lhe trazer o que considerou ser o jantar. Estava escuro do lado de fora. Os soldados tinham retornado da busca e outros mantiveram-se na caçada. Ainda frágil nada pode fazer para tentar fugir, seria em vão pela quantidade de homens do lado de fora. Aceitou de bom grado o alimento afinal estava faminta, em seguida dormiu ainda sentindo muita dor.

Deveria ser de madrugada quando acordou, notou que do lado de fora não havia mais agitação. Os soldados dormiam em volta de uma fogueira. A moça levantou-se e caminhou com dificuldade até a porta, tentou forçá-la para abrir mas a mesma estava trancada. Desistiu frustrada. Foi quando ouviu do lado de fora dois guardas sussurrando algo que a deixou apavorada. Preciso sair daqui— pensou aflita. Sua magia ainda estava fraca devido os ferimentos, a única alternativa seria tentar fugir quando um guarda entrasse. Para isso esperou a espreita até amanhecer.

—Olha só quem já está acordada- Disse o comandante entrando no recinto. Estava ainda mais ameaçador do que antes.— Está pronta para falar? A verdade dessa vez…

—Não posso fazer nada se não acreditou em minhas palavras.- Foi ríspida

—Vou te mostrar o que faço com prisioneiros insubordinados- O homem irritado caminhou para perto da jovem e a agarrou pelo pescoço e prensou suas costas na parede. A moça sentiu seu corpo estremecer, o guarda a olhava com olhar malicioso. Ele com a outra mão livre percorreu o corpo da menina, usando o peso do seu próprio para prensá-la ainda mais. Não havia escapatória para ela e a jovem tinham medo do que estava por vir.

Os eventos a seguir foram rápidos, a garota fragilizada sentiu uma força crescendo dentro de ti. A magia de luz emanando de seu corpo transcendeu, curou seus ferimentos, assustou o homem que ficou embasbacado sem entender o que estava acontecendo. Com a mesma rapidez que a magia surgiu ela foi embora, porém a jovem utilizou-se da força que ela lhe proporcionou para golpear o velho que tentara lhe abusar. Ele se afastou cambaleando, e então foi nocauteado pela moça.

Já com seus poderes estabelecidos ela encenou um feitiço e apagou a memória do homem. Seria melhor que ele de nada lembrasse e apenas pensasse que ela havia fugido de madrugada. Se alguém soubesse de seus poderes poderiam forçá-la a fazer algo que certamente mudaria o futuro. Se lembrou do que sua grã mestra a alertou: Tome cuidado pois a mínima interferência pode mudar todo o futuro. Ela se certificaria que o futuro permanecesse intacto, para isso precisava correr, aliás, correr contra o tempo antes que fosse tarde demais.

 

~

Após repousar e se alimentar adequadamente, além é claro de matar a saudade de seu amado marido, Snow e Ruby preparavam suas bolsas com suprimentos para alguns dias. O plano que Charming lhes contou seria arriscado, mas também poderia funcionar. Para isso o príncipe precisaria ser visto por um dos soldados da rainha e Snow aceitar se render em seu lugar, desde que fosse a própria rainha a lhe encarcerar. Deste modo a monarca jamais suspeitaria do que estaria lhe esperando.

O trio se preparava para partir rumo a floresta novamente quando um dos anões correu apressado para alcançar o casal real e Ruby.

—Eu vi… eu vi soldados da rainha, não estão muito longe- Dizia afobado.

—Então vamos- Os três se entreolharam concordando com a cabeça – Estejam preparados- David falou em um tom mais alto para que os aldeões ouvissem.- Vamos vencer esta guerra. Dizendo isso o príncipe sai a cavalo após depositar um beijo terno em sua amada. Ele chamaria a atenção dos soldados até a aldeia.

—Snow você precisa se esconder- Falou Ruby ajudando a amiga.- Seu príncipe ficará bem não se preocupe.- Tentou acalmar notando a expressão aflita da amiga.

~

Não muito distante a jovem observava inquieta. Após deixar o comandante da guarda desacordado na cabana, ela roubou-lhe a capa preta e espreitou pela porta. Haviam muitos soldados do lado de fora, mas nenhuma parecia vigiar o local. Estavam afiando suas lanças, outros treinando combate, e ainda tinha aqueles que carregavam mantimentos para os cavalos. Certamente estavam se preparando para partir. Foi nesse momento que a moça viu uma oportunidade.

Num impulso se esgueirou pela porta e foi rastejando para fora da cabana, conseguiu se esconder por entre as árvores milésimos de segundos antes de um guarda olhar em sua direção. Ficou em dúvida. Não conhecia aquelas matas, poderia facilmente se perder ou pior ser capturadas por eles novamente. Não sabia se corria, sabe-se lá para qual direção, ou se tentava pegar um cavalo. Afinal ao menos teria mantimentos para sua jornada. Mal teve tempo de pensar quando o homem que tinha acabado de golpear saiu pela cabana gritando e reunindo todos seus homens. Iriam atrás dela.

Deste modo, manteve-se escondida entre as árvores, ainda próxima a cabana. Os guardas saíram a sua busca, inclusive o comandante enfurecido. Apenas um soldado foi deixado para trás guardando o local. Foi então que a jovem esperou o melhor momento para derrubá-lo. O rapaz franzino era o mesmo que cuidou dela na noite anterior, estava com sembante assustado, suplicando para não ser machucado. Ela o olhou com estranheza e notou que ele não lhe faria nenhum mal. Soltou o soldado que mais parecia um garoto e sem resistência montou em um dos cavalos, partindo para a direção contrária a que foram os cavaleiros.

Cavalgava apressada sentindo um frio percorrer sua espinha. Não sabia para onde estava indo, mas tinha fé que seus passos estavam sendo guiados pelo destino. Quanto mais a sensação de temor aumentava, mais rápida a jovem forçava que o cavalo fosse. Se ao menos soubesse onde encontrar a princesa ela usaria magia— Pensava. Talvez a encontraria na aldeia, mas também não conhecia o caminho da mesma. —Pare de procurar, deixe-se guiar…- Uma voz familiar pode ser ouvida em sua mente. - Sim mestra- ela respondeu e continuou cavalgando.

 

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Após uma noite regada de luxuria e orgasmos alucinantes por toda a madrugada, a rainha viu sua companhia partir logo que amanheceu. Nenhuma palavra foi trocada, ambas as partes apenas assentiram sabendo que o acordo se mantinha de pé. A monarca se espreguiçou rolando pela cama sentindo ainda pelo corpo os toques e beijos daquela noite. Um sorriso brotou em seu rosto antes de levantar e caminhar até a porta de seu quarto.

—Tragam-me o Graham agora- Ordenou a mulher e seus guardas acataram sem deixar de notar que a rainha estava nua em sua frente. Engoliram em seco e foram atrás do caçador solicitado. Alguns minutos se passaram até um homem se apresentar perante a mulher que neste momento já havia vestido outro hobie transparente mas de tonalidade vermelha agora.

—Mandou-me chamar alteza?- Graham tinha um olhar vazio e uma postura triste. Tinha sindo contratado para matar a princesa Snow, mas quando retornou com um coração de um cervo, teve seu próprio coração arrancado por tentar enganar a rainha. Desde então era mantido como brinquedo pessoal da soberana.

—Sim caçador- Olhou para o rapaz com olhar faminto- Quero que me satisfaça- Ordenou. Tinha um sorriso perverso porem excitante no rosto.

—Pensei que tivesse aproveitado noite passado com…- Dizia antes de ser interrompido

—Foi satisfatório- Explicou sem animo- Desejo mais e você dará o que eu quero- Havia se levantado da cama e estava caminhando em direção do homem, ao alcançá-lo envolveu os braços em torno do seu pescoço e disse:- Sabe por que?— Perguntou retoricamente.- Por que eu possuo o seu coração e portanto, você é meu bichinho de estimação- Falou fazendo um bico malicioso e puxando o homem para sua cama.

—Como desejar alteza- Ele disse com a mulher sentada em seu colo rebolando em cima de seu sexo, que nesse momento deu sinal de vida. A rainha sentindo o pulsar do rapaz tratou de despi-lo para encarar com fascínio e gula o membro latejante. Inciou assim a continuação de sua noite de prazer para aliviar suas frustrações.

 

~

Algumas horas haviam passado desde que a jovem fugiu da cabana e cavalgava pela mata, tentava encontrar aquela que precisava proteger. Snow estava dentro de uma casa simples na aldeia junto com Ruby, as duas amigas aguardavam o retorno do príncipe para iniciarem outro plano contra a rainha. Foi então que ouviram o som de cavalos e já era tarde demais para tentar escapar. Estavam cercadas, sequer poderiam tentar fugir escondidas.

—Onde ela está?- O comandante da guarda indagou enquanto descia de seu cavalo. Seus homens tinham feito reféns alguns aldeões, e ele sabia que a princesa jamais deixaria inocentes se ferirem em seu lugar.-

—Chegou tarde demais, ela partiu- Disse um aldeão corajoso, tentava proteger a vida da princesa.

—Não tente me enganar seu pobre imundo- Golpeou o rosto do homem- Eu sei que Snow está aqui, meus soldados se infiltraram nesta aldeia a dias. Então... Saia princesa, vem dizer Oi para o seu povo- Debochou num tom de voz alto. Uma porta se abriu e dela surgiu a mulher grávida com a sua amiga ao encalço.

—Solte-os, você quer a mim, então leve-me- Respondeu firme, não queria transparecer toda a aflição que estava sentindo, medo este relacionado a vida que carregava no ventre. Não podia suportar a ideia de perder sua bebê.

—Ora, ora se não é a princesa dos pobres e desafortunados- Brincou- Alteza— O homem fez uma reverência real, continuava debochando e se deleitando com a tortura que sua atitude causava nas pessoas.

—Pare de joguinhos Anfeu liberte-os e eu irei com você sem resistência- Afirmou decidida. Ruby segurou em suas veste tentando impedir a amiga, mas foi em vão. A decisão fora tomada.

—Não está em posição de fazer exigências “alteza”- Mantinha o tom de desdém na voz.- Mas façamos um trato, diga-me onde está a mulher ferida que viajava contigo e eu não incendiarei esta aldeia.

—O- o que?- Estava atônita. Suas suspeitas foram confirmadas, a mulher fora pega pelos cavaleiros. Sentiu sua boca secar de remorso e ódio pelo o que podia ter acontecido a jovem. Ainda assim estava confusa- Ela fugiu?- Pensou consigo.

—Não se faça de desentendida pois de sonsa já me basta aquela lá, tentou me enganar sobre suas reais razões para estar nesse reino. Ou me diz onde ela está ou matarei todos aqui mesmo, começando pelo seu principezinho estúpido.

—Charming?!- Surpreendeu-se ainda mais a mulher. Sentiu o coração descompassado ao ver dois guardas trazendo seu marido desacordado entre os braços. - SOLTE-O seu desgraçado- Bradou com fúria.

—Calma princesa, seu amado só está desmaiado. Diga-me onde está aquela vadia e eu o soltarei- Insistiu.

—Eu não sei.- Disse ela com a respiração acelerada.

—Está mentindo.- Ele afirmou

—Ela diz a verdade- Ruby interferiu- Desde que a deixamos na floresta não a encontramos mais, pensávamos que estivesse morta devido os ferimentos.- Explicava torcendo para que o homem acreditasse no que ela dizia.

—Sabe, eu odeio segredos. A rainha muito mais, portanto, vejo que terei que levá-las para o castelo. Quem sabe sob tortura param de proteger aquela criatura de intenções suspeitas.

Snow e Ruby mal tiveram tempo de replicar. Soldados a cercaram e prenderam-nas em gaiolas de uma carruagem. Charming fora jogado em cima delas. Puderam ver quando o comandante ateou fogo em um dos telhados de madeira, o sorriso diabólico no rosto do homem indicava o quanto desequilibrado e perverso ele era. - Acabou Snow suspirou derrotada Ruby, a moça sabia o destino que lhes aguardava no castelo da rainha- Jamais sairemos de lá- continuou. Não podemos perder as esperanças Ruby. Lembre-se o Bem sempre vence- Tentou consolar a amiga.

Um bom tempo se passou desde que foram capturados pelos guardas. A princesa acarinhava delicadamente o rosto do marido. Quando acordou, assustado, o príncipe tentou quebrar as grades, sem sucesso, estavam trancados. Deitou-se no colo da sua amada, aproveitando o que talvez fossem seus últimos momentos juntos. O caminho por eles era conhecido, sabiam que estavam na estrada do rei indo em direção ao castelo da temida Rainha má, e somente um milagre poderia impedi-los do tortuoso fim.

~

A jovem em determinado momento de sua cavalgada se surpreendeu pelo caminho- Eu reconheço esta árvore- Disse a si mesmo chocada. Passara por ela a menos de duas horas, ou algo assim, o que significava que estava andando em círculos. - Maldição- Bufou irritada. Ok, respira- Inalou e expirou o ar profundamente algumas vezes tentando se acalmar e se concentrar- Deixe-se guiar, deixe-se guiar…- repetia como um mantra. Sua corpo ainda estava dolorido, sentia que algo ruim estava para acontecer e precisava agir rápido antes que fosse tarde demais e falhasse na missão que fora incumbida.

De olhos fechados deixou-se ser guiada pela mata, o cavalo seguiu fazendo o caminho que tanto conhecia. Quando a mulher abriu os olhos notou que já não estava mais entre a floresta densa e sim numa estrada. Sorriu com a possibilidade de finalmente estar chegando a algum lugar. Foi então que ouviu a sua frente passos de cavalos. Desmontou do seu e se escondeu por entre as folhagens da beira da estrada. Seu coração palpitou descompassado ao ver as duas mulheres que lhe cuidaram presas numa gaiola, sendo escoltadas pelos cavaleiros que lhe prederam na cabana. Precisava agir.

Usando magia atiçou o cavalo a qual viera montada e o animal avançou em direção ao grupo chamando a atenção de todos para ele. Acenando outra vez sua mão conseguiu fazer com que uma árvore caísse impedindo a passagem do grupo. Os homens nitidamente ficaram perturbados, não era comum nenhuma dessas coisas acontecer naquela estrada. Gesticulando suas mãos pela última vez, destrancou a gaiola. Charming que estava alerta notou quando o trinco inexplicavelmente se abriu, chamou a atenção das duas mulheres e os três aguardaram o melhor momento para investir contra os soldados.

Os guardas puseram-se em defensiva, algo estava acontecendo por mais que não soubessem explicar. o Comandante Anfeu permaneceu montado e arregalou os olhos quando reconheceu o cavalo furtado mais cedo pela garota na cabana. Ela estava por perto, ele sabia.

Os acontecimentos seguintes foram rápidos, Charming nocauteou dois guardas, Ruby se despiu da capa transformando-se imediatamente em lobo, o que intimidou os demais soldados. Snow após golpear o comandante correu apressada para a floresta, não podia se arriscar muito, tinha que proteger a criança que crescia em seu ventre. A loba protegeu a retaguarda da princesa, o marido veio logo em seguida. Os guardas não os seguiram com medo do lobo.

Correram sem olhar para trás, foi só quando estavam muito afastados que conseguiram parar para recuperar o folego. Ruby voltou a sua forma humana. E o casal apaixonado trocou um beijo romântico aliviado. Foi um milagre- Sussurrou Snow. Foram tirados de seu descanso quando ouviram um som de galhos vindos da floresta. A jovem surgiu afobada, tinha corrido tentando alcançar o trio.

—Você!- Sorriu timidamente a princesa

—Quem é você?- Questionou Charming desconfiado

—Oi, sou eu.- A moça sorria sem folego.

—Calma querido, ela nos ajudou… Foi você que derrubou o tronco não foi?- Dizia certa Snow, sentia algo bom emanar daquela mulher. Confiara nela desde o primeiro momento em que se viram.

—Pode-se dizer que sim- Disse tentando esconder que tem magia- A madeira já estava pobre, só precisou de um empurrãozinho- Justificou

—Mas e a fechadura como a abriu?- Perguntou Ruby com o olhar duvidoso.

—Eu não sei- Mentiu torcendo para acreditarem- Devia estar aberta.

Charming e Ruby se olharam, ambos verificaram a fechadura, sabiam que estava trancada. No entanto não tinham como provar que fora a garota. 

— Não importa, o que vale é que nos salvou- Agradeceu Snow aliviada.- Não sei como podemos lhe pagar por isso-

—Não se preocupem, como disse o que vale é que estão a salvos- Sorriu com o canto da boca, no olhar um semblante aliviado e feliz por ter conseguido manter parte de sua missão no caminho certo— Além do mais, vocês já cuidaram de mim…

—Por falar nisso, você não deveria estar desmaiando de dor ou fraqueza?- Falou Ruby ainda desconfiada da jovem.

—Aqueles guardas- Respirou fundo bolando uma história- Eles me capturaram e levaram-me até uma cabana, era prisioneira lá, porém trocaram minhas ataduras e me deram o que comer. Ainda estou fraca, mas ao menos já estou melhor para continuar minha jornada-

—Hum, quanta sorte. Outro em seu lugar com muito menos não teria sobrevivido.- Pensou receosa.

—Penso que para o destino talvez ainda não seja a minha hora- Considerou sabiamente as palavras. Causou inquietação pelo trio, mas nada mais foi dito em relação a isso. Ruby mesmo desconfiada resolveu aceitar que a moça lhe salvou. Charming agradeceu imensamente pelo gesto de bravura. Snow por sua vez não conseguiu conter a curiosidade.

Aposto que tem algo a ver com sua vinda para este reino- Disse afobada. A jovem sorriu tímida, como quem é pega no flagra.

—Mais ou menos isso.- Notando o clima tenso que se tomou ela resolveu partir- Bem, é melhor eu ir. Se cuidem- Olhou principalmente para a barriga da princesa que entendeu o recado na hora.

—Espere, deve estar cansada. Fique conosco pelo menos esta noite- Suplicou Snow.

—Eu tenho algo a cumprir e já me atrasei demais…- Explicou chateada tendo que recusar a proposta da mulher.

—Só algumas horas por favor Foi impossível dizer não a morena, a moça assentiu com a cabeça e sorriu recebendo um abraço da mulher grávida. Charming e Ruby apenas olharam. A loba ainda não confiava totalmente na jovem, Charming por outro lado só queria se assegurar que a esposa estava bem.

O quarteto caminhou por algumas horas. A menina ouviu atentamente da boca do príncipe a história, ou parte dela, já que preferiu omitir o verdadeiro motivo pelo qual a rainha buscava vingança. Deixaria isto para Snow caso a mulher desejasse compartilhar. Aproximaram-se de um lago, era possível ver o castelo real muito distante, resolveram repousar por lá pois já iria anoitecer.

Bem, eu vou caminhar…- Disse Ruby sugestivamente para Snow e Charming.

Mas já está anoitecendo- Não entendeu a moça que questionou agitada.

—Er… eu gosto de caminhar a noite pela floresta- Explicou desconfortável- Me ajuda a pensar- Justificou.

—Ah- A menina ficou sem graça, desviou o olhar e caminhou para o lago.

Snow e Charming prontamente se aproximara de Ruby, o princípe ainda incerto se poderiam falar abertamente sobre certos assuntos perto da moça, mas como ela aparentava estar distraída brincando com a água ele sussurro:

—Tente encontrá-lo, é nossa melhor chance- Enfatizou o príncipe.

—Não se preocupem tentarei chamar a atenção dele.- Dizia olhando em volta- Cuidado e fiquem de olho nela- apontou para a jovem que nesse momento estava lavando a face nas águas do lago com um sorriso genuíno no rosto. Charming assentiu também preocupado, enquanto Snow não compreendia o por que de tamanha desconfiança. Ela conseguia enxergar a pureza no olhar da moça.

—Não entendo como conseguem ser tão desconfiados. Olhem para ela- Falou a princesa indicando o sorriso deslumbrado da jovem brincando com a água-

—Essa garota esconde algo Snow, meu instinto me diz que aquela árvore não caiu apenas com um empurrãozinho, muito menos o cadeado estava aberto eu verifiquei assim que saímos da aldeia.- É a segunda vez que nos encontramos. -

—Acha que ela está nos seguindo?-Ponderou a princesa.

—Talvez. Na primeira foi ferida e agora nos salvou, não é muita coincidência ela estar sempre no nosso caminho? Algo de muito importante ela está nos escondendo- Praticamente rosnou.

O trio olhou para a jovem, cada um com seus pensamentos. Era realmente suspeita toda aquela situação, Snow não entendia como a mulher conseguiu ser atingida por suas flechas, sendo que as mesmas foram direcionas a rainha má. Charming ficou inquieto, mas compreendia sua esposa. A jovem durante a caminhada se mostrou muito impressionada com o reino e espontânea em suas palavras. Se estivesse desejando-lhes mal já teria tentado algo. Por outro lado Ruby sentia seu instinto de lobo alarmar próximo da menina.

Saindo de seus pensamentos, Ruby foi para a floresta ‘caminhar’ como combinado. O príncipe buscou alguns galhos para montar uma pequena fogueira. Enquanto Snow trançava algumas raízes secas a fim de conseguir pescar algo para se alimentarem mais tarde. A menina ficou ao seu lado, observando atentamento o trançar da morena. Nada foi dito. Após algumas horas um peixe tipo carpa assava na brasa da fogueira. O casal estava abraçado trocando carinhos modestos, a menina deitada olhava para o céu pensando em seu lar e na missão que tinha a cumprir. Acabou adormecendo sem comer nada.

A princesa faminta assim que provou o primeiro pedaço suculento do peixe sentiu seu estômago revirar. Se não tivesse levantado apressada e corrido para trás de uma árvore, provavelmente faria seu marido perder o apetite. Assustado com a reação da esposa, o príncipe correu a seu encontro, confortando a amada. Por um momento o rapaz pensou que sua mulher pudesse estar grávida, mas então tirou a ideia da cabeça, deveria ser só cansaço mesmo. Snow nada disse e nem conseguiu comer algo depois do ocorrido, então adormeceu nos braços do amado.

~

—Tem certeza? Só teremos uma chance- Disse a loba para o homem a sua frente.

—Sim, a rainha irá para o castelo de verão ainda hoje. Viajará de madrugada, pouco antes de amanhecer para que ninguém a veja e alerte Snow. Cuidado- Alertou, sabia que o que estava fazendo era traição, mas não se importava com o que poderia lhe acontecer e sim com o bem estar da princesa.

—Obrigada Graham, irei avisá-lo agora mesmo para se posicionar. Fique com ela e qualquer coisa sabe como me chamar- Respondeu firme ao amigo, amizade esta incomum mas que dera certo. O caçador era o espião da princesa dentro do palácio, sempre que ouvia algum plano avisava a mulher de mechas vermelhas. Por ter a audição de lobo, com um simples apito distante, o homem conseguia alertá-la. Quando já estava de costas o rapaz puxou a morena novamente.

—Afastem-se, caso dê errado não vão querer estar perto daquela mulher.- Soou preocupado. A morena apenas assentiu com a cabeça e se transformou em lobo para poder correr mais rápido. Alguns minutos se passaram até avistar a taberna em que estava antes de ouvir o chamado do caçador.

—Demorou, achei que não viria mais- Falou o homem aliviado por ver a morena entrar já em sua forma humana.

—Será agora Robin- Avisou-o de supetão. O arqueiro compreendera o plano, estivera matutando sobre ele até o retorno da loba. Acreditou que teria mais tempo para se preparar. No entanto, sabia o quão critica era a situação. Se a princesa Snow precisava de sua ajuda ele prontamente ajudaria, garantindo assim um lugar seguro para criar o filho junto da esposa. Somente com a morte da rainha má eles encontrariam paz. O homem concordou, pediu apenas alguns minutos para se despedir da mulher e do filho pequeno. Pegou seu arco, vestiu o capuz e acompanhou a loba para fora do estabelecimento.

—Tem certeza que pode acertá-la? Não podemos errar dessa vez.— Perguntou a mulher de mechas vermelhas. Pois já haviam tentado matar a rainha e falharam, se falhassem novamente a fúria da monarca certamente seria em dobro, massacraria todos do reino até conseguir encontrar a princesa.

Não se preocupe- Disse com um sorriso tímido no rosto- Está vendo este arco? Foi do meu pai e antes dele do meu avô. Eles nunca erraram, assim como eu. Espero um dia poder viver num reino em que não seja preciso passá-lo para meu filho. - Afirmou, passava confiança para a mulher que apenas acenou depositando todas as suas esperanças no arqueiro.

Caminharam por mais algum tempo até que o homem pode avistar a estrada do rei. Se posicionou por entre as árvores, assim como fora combinado ficou a espreita aguardando a comitiva real. Ruby se despediu do rapaz e voltou correndo para o lago, precisava avisar Snow e Charming, faria como sugerido pelo caçador: ficariam bem longe.

~

 

Logo após adormecer a jovem despertou num campo florido entre as colinas, vestia uma túnica leve e sentia-se em paz. Inspirou profundamente o aroma peculiar das flores e tão conhecido por ela. Estava em casa. Levantou-se sorrindo alegremente ao avistar seu lar. Foi caminhando sem pressa até o portão principal, quando foi surpreendida por sua grã mestra. Cumprimentou formalmente a mulher e em seguida pulou em seus braços num abraço terno carregado de saudades.

—Minha menina- Falou a mulher mais velha num tom calmo.

—Estava com saudades. Sei que parti a poucos dias, mas senti falta daqui- Confessou com lágrimas nos olhos.

—Está se saindo muito bem minha pequena, em breve se desejar poderá regressar.

—Graças a senhora mestra.- Respondeu em agradecimento- Fala como se eu não fosse desejar voltar para casa…- Sua voz soou aflita.

—Em breve minha criança você vislumbrará o futuro, assim como a terra em que cumprirá sua missão. Um novo mundo repleto de oportunidades e facilidades que poderão lhe seduzir e não mais querer retornar para cá.

—Não minha senhora, eu amo aqui… eu… Eu sempre desejarei voltar. —Disse firme— Cumprirei minha missão e voltarei a meu lar.

—Se for sua vontade, assim será.

—Mas mestra- Chamou a atenção da mulher ao seu lado, haviam caminhado até a ponte e se sentado num banco próximo a beira.- O que acontecerá comigo neste novo mundo?- Era uma dúvida que lhe incomodava desde o início da sua jornada.

—Lembre-se menina, não busque aquilo que não deve saber, aliás, o que não pode saber.- Seu tom era sério, mas ela não estava brava.

—Eu morrerei?- Ela perguntou com um olhar triste.A grã mestra mirou o campo verdejante a frente, aquela pergunta a atormentava desde que mandou sua menina para outro reino,  a vida da jovem, daquela menina que ela criou desde bebê, dependia de uma unica mudança no rumo da história: a missão paralela que a jovem tinha que cumprir.

—Entenda, a profecia se concretizará, entretanto, a mínima intervenção pode alterar todo o futuro. Não há como saber o que acontecerá contigo pois você ainda está intervindo nos acontecimentos. — Acariciou com delicadeza o rosto alvo da jovem- Não temas. Eu estarei sempre com você.- Sorriu ternamente.

—Não tenho medo…- Dizia calmamente engolindo o choro que insistia em querer sair.

—Não?

—Não minha senhora.

—Pois eu no seu lugar estaria morrendo de medo- Tinha um sorriso aberto no rosto e recebeu da menina um olhar engraçado, ela também sorriu com o canto da boca.

—Não posso temer aquilo que desconheço.

—Você é ainda jovem mas tão sábia ao mesmo tempo. Outros em seu lugar recusariam a missão a qual foi incumbida só pelo risco de fracassar. Você no entanto não teme sequer a própria morte caso ela aconteça.

—Penso que o destino existe, ele nos rege, mas também nos dá opções e são elas que nos levam por certos caminhos. Se tiver que morrer eu morrerei, caso contrário ao termino da jornada desejarei voltar para casa- Suplicou esperançosa.

—Será conforme sua vontade minha criança. Agora venha está na hora de partir.- Levantou-se, estendeu a mão para a jovem que segurou insegura.

—Mas acabo de chegar… Por falar nisso como cheguei aqui?- Foi quando tomou consciência da situação.

—Está sonhando minha criança e é hora de acordar.

—Mas…

—Deixe-se guiar, apenas deixe-se guiar pelo destino…- Foi a última coisa que a jovem ouviu enquanto, sem entender, sentia seu corpo ir se afastando da sua mestra. Acenou um adeus antes de despertar com uma boa sensação no coração.

Estava deitada de lado, pouca luz a sua volta, ainda era de noite. Ouviu passos agitados próximo de ti. Reconheceu que eram do grupo que acompanhava, Ruby estava de volta e conversava afoita com os amigos. A jovem apenas ouviu.

—Ela está dormindo?— Se certificou a loba.

—Sim. E então, conseguiu falar com ele?- Charming perguntou.

—Graham me chamou.- Os amigos a olhavam surpresos- A rainha viajará esta noite escondida.

—Então temos que agir de imediato, vamos- Disse Snow pegando seu casaco

—Não podemos— Ruby

—Mas…- Retrucou a princesa.

—Eu já avisei o arqueiro, ele fará hoje mesmo. Mas nós temos que partir, caso não dê certo a fúria da rainha aumentará.- Explicou

—Ruby está certa querida, temos que ir. Quanto mais longe melhor.

—E como saberemos se funcionou?- Não queria partir. Seu coração doía ao ter que matar a mulher que um dia salvou sua vida. Queria tanto que Regina reconsiderasse e se entregasse. Tentou tantas vezes evitar aquele momento, salvar sua madrasta. Por isso mesmo ali, diante do que estava prestes a acontecer, não queria partir, não queria que realmente acontecesse.

—O caçador me avisará- Ruby Tranquilizou a mulher grávida.-E quanto a ela? Iremos acordá-la?- perguntou indecisa. O casal se olhou e então Snow aproximou da moça devagar, não queria assustá-la, mal sabia ela que a jovem estava com o coração acelerado. Tinha escutado toda a conversa e precisava correr para salvar a rainha. Mas como farei isso sem que suspeitem de mim?- Pensou consigo mesmo.

Fingiu que estava dormindo quando foi acordada por Snow. Se assustou com o olhar triste da moça. Pode notar que a princesa estava apreensiva.

—Precisamos ir.- Disse a mulher

—Por que?- Questionou a jovem.

—Ruby viu cavaleiros da rainha pela floresta- Mentiu desviando o olhar- Além do mais, estamos próximo ao castelo dela. É arriscado ficarmos aqui por mais tempo.- Explicou, e a jovem assentiu. Sabia da verdade e não precisava ouvir mais mentiras. Ela se levantou e recolheu as suas coisas. Charming apagou o que restava da fogueira enquanto Ruby se mantinha atenta aos sons na floresta.

—Para que lado fica o oceano?- A moça quebrou o silêncio formado durante a cainhada do quarteto, chamou assim a atenção de todos ao seu lado. Ruby intrigada foi a primeira a apontar para o lado esquerdo do qual caminhavam.

—Por que quer saber isso?- Perguntou a loba.

—Minha jornada, eu preciso ir em direção ao mar.— Mentiu, mas o plano poderia dar certo. Ela independente da resposta do grupo iria na direção oposta, apenas para conseguir despistá-los e ir direto para a estrada do rei impedir o que estava por vir.

—E por que só falou isso agora?- Rosnou Ruby prensando a jovem num tronco de árvore, seu instinto estava atiçado. Teve certeza que a resposta da jovem não passara de uma mentira. Charming e Snow estavam em duvida, mas correram para tirar sua amiga de cima da menina com olhos assustados.

—E-eu… eu es-estava indo em direção ao mar quando me perdi e vaguei pela floresta- Dizia com a voz trêmula, medo de falhar em sua missão já tomando conta de ti.

—Quer saber, eu não acredito em você.- Mesmo longe a morena de mechas vermelhas ameaçou a jovem.

—Me desculpem- Tentou- Mas eu devo partir.

—Perdoe a reação da Ruby, ela não está em seus melhores dias- Confortou Snow com um olhar terno- Há dias diz que tem que partir e nós não deixamos, nos perdoe e vá, cumpra sua jornada menina- Sorriu incentivando a garota que abaixou para recolher sua bolsa que caiu ao chão quando a loba lhe prensou num tronco.- E obrigada por tudo que fez.-

—Nos veremos novamente…- Disse num tom que o trio não soube distinguir se era uma pergunta ou uma afirmação. Porém a jovem sabia que os veria novamente e em breve. Acenou para o grupo e seguiu o caminho indicado pela mulher que não gostava dela.

Ruby bufou desgostosa, por ela seguiria a moça, mas fora impedida por Charming. No fundo a mulher também sabia que precisava proteger os amigos. Snow ficou olhando a garota até a mesma desaparecer, sendo engolida pela escuridão. Sentia o coração apertado. Desejava revê-la em breve, mas no momento só podia torcer para que a menina ficasse bem.

 

~

Não muito distante Robin permanecia atento. A floresta estava silenciosa. Ele mantinha seu arco nas mãos pronto para ser usado. Foi então que ouviu sons de cavalo vindos pela estrada. Sabia o que viria a seguir e precisava manter-se concentrado pois não poderia falhar. Felizmente o lema passado de geração a geração por sua família era de que aquele arco nunca erra. Dessa vez não seria diferente. Se posicionou num melhor ângulo, foi então que viu a carruagem real e os cavaleiros em escolta. Contudo, para sua sorte a monarca cavalgava a frente sentindo-se livre ao respirar o ar fresco da madrugada.

Ele ergueu o arco e direcionou para a rainha, puxou mantendo os braços firmes e então soltou. A flecha foi rápida e certeira, sequer fez barulho ao cortar o vento, porém não atingiu quem deveria. O arqueiro ficou boquiaberto, seus olhos não podiam acreditar no que viam. A pessoa atingida tombou, foi rolando até a beira da estrada, chamando a atenção dos cavaleiros e da temida rainha má. Robin que estava parado em choque saiu do transe quando ouviu guardas apontando para a floresta e vindo em sua direção. Sabia que não fora visto, mas, ainda assim, precisava se esconder. Eu atingi um inocente- Ele pensava enquanto corria. Jurei que jamais feriria um inocente- Sentiu-se culpado.

~

Após se despedir do grupo, a jovem correu pelo caminho que viera, vestia a capa que roubara dos guardas da rainha na cabana. Precisava avistar o castelo e encontrar a estrada do rei. Sentia seus pulmões queimarem tamanha a intensidade com a qual inspirava o ar para se manter correndo."A rainha não pode morrer, eu preciso salva-la. A profecia deve se cumprir"- A menina pensava afoita. Suas pernas não estavam preparadas para uma atividade tão intensa. Sentiu que travariam, mas manteve-se obstinada mesmo com dor. Foi então que seu corpo todo estremeceu, soube naquele momento que estava prestes a acontecer. Correu tão depressa que por pouco não avistou o arqueiro disfarçado.

Felizmente por cargo do destino, a menina tropeçou em uma pedra e foi parar próximo ao tronco de uma árvore. Foi só com o susto de quase cair que notou adiante um homem se mover por entre as árvores. Colou o capuz para se camuflar por entre a escuridão da floresta e seguiu seu olhar e então viu cavaleiros negros se aproximando, com eles a rainha. Não teve tempo para raciocinar, viu o homem direcionar seu arco para a monarca e em um impulso desesperado, pois sabia que jamais alcançaria a mulher em seu cavalo novamente, ela se jogou na frente da flecha torcendo para que fosse atingida, e também não morresse-

Com o impacto rolou morro abaixo até parar em terra plana, sentia várias dores pelo corpo, mas sorriu aliviada quando sentiu uma flecha presa em seu ombro. Havia conseguido. Suspirou tranquilizada. Apesar da dor a jovem tentava se levantar, estava sentada quando uma voz conhecida lhe chamou a atenção.

—FIQUE ONDE ESTÁ- Bradou a rainha com fúria. Estava aturdida tentando entender o que acontecera. Alguns de seus homens entraram na floresta e outros mantiveram protegendo a soberana. A mulher de voz firme e postura intimidadora foi com o cavalo até aquela figura caída no chão. - Quem é você?— Questionou curiosa a pessoa a sua frente estava encapuzada e isso lhe impedia saber quem era.  Quem quer que fosse mataria por tê-la visto. Não poderia deixar que alguém avisasse Snow.

Mesmo com dor a jovem endireitou-se ficando de joelhos em sinal de reverência a mulher a sua frente. Os guardas apontaram-lhe as lanças. A rainha ainda esperava uma resposta, impaciente disse- Mostre-se é uma ordem- cuspiu irritada. Foi então que a menina levantou a cabeça devagar, abaixou o capuz mostrando seu rosto contorcido pela dor, porém serene por ter salvado a rainha. A mulher mais velha suspirou surpresa com a figura por baixo daquela manta- É ela, a garota que me salvou- pensou consigo.

—Minha rainha- Saudou a jovem ao notar o olhar distante da monarca.

Regina ficou em silêncio por alguns segundos, apenas observou o estado em que a mulher se encontrava. Estava novamente com uma flecha nos ombros e desta vez usava uma capa que conhecia muito bem, por ser tratar de parte do uniforme de seus soldados. Ficou sem palavras por alguns minutos até virar o rosto para um de seus oficiais e dizer:

—Mudança de plano sargento, levem-na para o castelo.

Dito isso a jovem foi pega por dois soldados e levada arrastada para o palácio real. A rainha entrou em sua carruagem onde se manteve pensativa até retornar de onde vinha. Fúria e confusão descreviam suas emoções naquele instante. Em breve chegariam ao castelo.

 

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Notas Finais


Regina fogosa
Baby Emma dando os primeiros sinais de que está ali participando de toda a agitação. (tadinha do bebê)
E então continuo?
até


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