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História Unity - Fendas Temporais - Eleonora


Escrita por: MestreBatata

Capítulo 3 - Eleonora


Arno tinha grande vontade de voltar a Haas e contatar a líder da defesa da cidade, na qual salvou sua vida sozinha, mas também tinha que ir ao templo fazer alguma coisa que nem a xamã sabia o que era de verdade. A roupa de Arno estava toda lá dentro, mas isso não importava, ela estava rasgada. Vestindo apenas uma takitam branco, desceu a floresta e sentia o ar nos pulmões, a grama alta em seus pés, as folhas das árvores batendo em suas orelhas, assim como também sentia o povo em Haas. Ao chegar aos portões, pode observar a cena que o traumatizou, as coisas operavam como se nada aconteceu, o sangue já havia sido limpado e as flechas já haviam sido recuperadas.

A medida que Arno se aproximava da cidade, tudo estava mudado. A população ficou menos densa e os vendedores, mesmo que dentro de lojas estavam com planos de sair da cidade. Nada mais parecia seguro, ninguém tinha o sentimento de segurança de antes, apesar de Haas ser uma cidade de bandidos, pelo menos não tinha um histórico de ataques como esse.

Ao adentrar a cidade, Arno foi direto ao ponto principal que o levou até aqui. Ao chegar à prefeitura da cidade, Arno foi redirecionado logo ao prefeito.

De baixa estatura e um tanto quanto gordo, o prefeito era tudo o que Arno já esperava. Com trajes luxuosos, um bigode que se erguia às bochechas e um cavanhaque, não era a melhor das visões. Enquanto Iilhem deixava Arno para baixo com seus aprendizes de feiticeiros esbeltos e elegantes, o prefeito apenas fazia a autoestima de Arno melhorar.

— Então você é o jovem que causou toda aquela destruição em Iilhem? — Perguntou o presidente

— Bem, sim... — Disse Arno, envergonhado

— Você destrói um laboratório e atrai um aldarych para minha cidade?

— Eu não atraí, ele que veio atrás de mim.... Não tive culpa — Retrucou Arno

— Enfim, não estou aqui para discutir suas ações, vim aqui para lhe fazer uma oferta. Lhe ofereço moradia em Haas, apenas isto. Porém, você terá que servir o esquadrão de defesa de Haas e conduzir experimentos, buscas e pesquisas para mim. O que me diz? — Perguntou o prefeito

— Não soa tão mal, aliás o que pode dar errado?

— Nada, desde que você não exploda o laboratório. A propósito, se irá me servir convém se referir a mim pelo meu nome, Fink, Hanz Fink.

— Prazer em conhece-lo Fink. Quando eu começo? — Perguntou Arno, curioso

— Agora — disse a líder do esquadrão — E arrume roupas novas, imbecil

— O que? De onde você saiu? — Perguntou Arno perplexo

— Estava vindo justamente para falar com o prefeito, a porta estava aberta então eu entrei

— Rapaz, poderia nos deixar sozinhos por um momento? — Disse Fink

Arno sai da sala achando que fez a pior escolha de sua vida, não lembra de seus feitiços, não foi ao monte dos Monges, pelo menos vai poder conversar com a líder do esquadrão, outro ponto que o fez vir até aqui

— Só pode estar de brincadeira, eu treinando um mago? Eu treino pessoas competentes e que sabem o que diabos estão fazendo no campo de batalha, não essa escória de mago — Disse a líder

— Me escute Eleonora. Essa cidade é conhecida pelo contrabando, nenhuma outra cidade permite isso. Estamos ficando com cada vez menos moral no conselho dos reinos, precisamos desse garoto para melhorar a nossa imagem, não tenho ideia do que ele é capaz, falta comida para o povo, o roubo por aqui é algo corriqueiro e ele sabe explodir coisas. Não peço que o treine como guerreiro, peço que o guie para fazer as coisas necessárias em Haas. — Explicou o prefeito

— Isso tem tudo para dar errado, porque ele não volta logo pra Iilhem? Se até essa cidadezinha exilou ele, ele com certeza não nos serve — Disse a líder, furiosa

— O aldarych não veio aqui por você, não veio aqui por mais ninguém exceto o mago, ele deve nos ser útil. Se assinarmos um contrato de fidelidade com ele, não servirá a mais ninguém exceto a nós. Acha que é a única que odeia magos por aqui? São todos fracos e inúteis, inábeis de empunhar uma espada e lutar feito homens — Disse o prefeito

A líder permaneceu em silêncio, não havia mais nada a fazer a não ser usar o mago para fins lucrativos, então assim o fará, por ordens do prefeito. Eleonora saiu da sala chutando tudo que achava pelo caminho, com passos largos e extremamente frustrada.

— O que aconteceu lá dentro? Qual seu nome? Já teve algum mago por aqui? Eu já sou do esquadrão? — Perguntou Arno

— Puta merda menino, não dá para calar a boca? Um monstro ataca a cidade, o Monte Vuht treme e agora isso, sinceramente? Não dá para piorar. Ah, e Eleonora a propósito.

Eleonora tenta cada vez menos disfarçar a raiva que sentia por tudo que acontecia, andava cada vez mais rápido

— MULHER! EU NÃO SOU ATLETA NÃO! Vai mais devagar aí — Choramingou Arno

— Mas que saco, isso também? Olha, eu não vejo nada de especial em você além de que o prefeito quer te usar para botar ordem nessa cidade, não precisamos de você. Um soco meu e você cai mole no chão seu fraco. 

— Mas eu — Arno foi interrompido antes de terminar sua frase

— Mas nada! Não preciso de você no esquadrão! Não preciso do prefeito dizendo o que devo ou não fazer, o esquadrão já não é aquelas coisas, você queimando a bunda dos meus soldados vai ser pior ainda — Retrucou Eleonora, irritada

Arno se via em uma situação complicada, sem suas roupas, sem seus feitiços, sem ter para onde ir, completamente perdido na cidade de Haas. Após descer a longa escadaria da prefeitura, Arno viu os últimos passos de Eleonora antes de sumir totalmente de sua vista. Virou à esquerda para a biblioteca, chegando no lugar, Arno repara no balconista, que sempre o reconhece embora nunca conversem, e de fato a loja estava sendo saqueada.

Ao ver a cena, os batimentos de Arno aceleraram, o sangue desceu às pernas e suas mãos estavam tão frias quanto magias congelantes, suas veias ficavam mais saltadas e podia-se ver algo laranja circulando por entre elas, unidas ao sangue, como se pulsasse. Seu campo de visão ficava maior, o que estava longe parecia mais longe, e o que estava perto parecia mais perto ainda, seus ouvidos podiam ouvir a respiração ofegante dos bandidos, não estavam em boa forma. Através de um livro caído no chão, cuja capa refletia a sua frente, Arno pode ver os 2 homens que estavam no lugar, usavam roupas que fechavam todo o corpo, tinham quase a mesma altura e estavam nervosos, um deixou cair um livro no chão, seus sacos estavam quase cheios, era a hora de fazer algo. Arno num impulso só, levantou rapidamente de sua cobertura, seus olhos focavam nos saqueadores, sua audição em suas respirações. Desferiu um violento soco em um dos bandidos, este que, embora atento, não calculou a posição do braço de Arno, mesmo desviando Arno conseguiu chocar sua cabeça contra a estante, fazendo ela cair e o bandido morrer por ali mesmo. O outro sacou uma faca e cortou o bíceps de Arno, que então rodopiou para trás para acertar o outro saqueador com o pé, mas sem sucesso. Sua perna ficou presa em um espaço na estante, fazendo com que o bandido chutasse seu joelho no sentido oposto. Quando o homem ia fincar sua faca no meio da perna de Arno, este solta um grito incandescente que penetrou o corpo do bandido, junto com a parede da biblioteca. Sua pele queimou, sua roupa estava em chamas, seu pulmão havia evaporado no calor intenso da magia, e o rombo no peito deixava qualquer um perplexo, inclusive Arno, agora com sua perna quebrada.

— Que porra foi essa? Mago desgraçado, olha o que fez na minha loja! — Disse o balconista

O olho de Arno voltava a sua coloração normal, suas veias não se destacavam mais e sua mão esquentava novamente.

— Olá — Ironizou Arno

— Olá? Você vem na minha loja, destrói o meu lugar, mata duas pessoas e ainda faz um rombo na minha parede? Quem vai limpar toda essa bagunça?

— Me desculpe se salvei sua loja de um assalto, não tenho a menor ideia do que aconteceu aqui, em todos esses anos nesta indústria vital, isto é a primeira vez que isso me acontece — Disse Arno, mais uma vez ironizando

— É a primeira vez que tamanha desgraça acontece em minha loja também, escória de magos, volte para o buraco de onde saiu seu demônio!

— Eu só queria alguns livros, só isso

— Agora queimou todos eles seu puto! — Disse o balconista furioso — Saia da minha loja e só volte quando Taarktraan ter misericórdia por algum vagante

Arno sai da loja tropeçando em uma tripa e mancando de uma perna, o hospital mais perto parecia cada passo mais longe

— Que merda, o cara tinha que falar de Taarktraan... — Disse Arno agonizando em dor

 

Chegando no hospital com ajuda, os olhares se viraram para observar sua perna quebrada, com uma aparência horrenda, como se Arno tivesse nascido sem joelho. Foi acolhido com prioridades no recinto, que parecia mais uma cabana de xamãs que faziam uso de pastas e placebos para tentar curar, não funcionava, assim como o resto de Haas. Enquanto deitado na cama, Arno olhou ao redor e viu diversas pessoas que claramente apenas estavam doentes, nada que pudesse preocupar os curandeiros do local, logo Arno foi o centro de atenção de todos, e antes que pudesse ser alvo de zombaria dos doentes, a curandeira chegou com um pergaminho branco com laço amarelo e roupas novas para quando estivesse melhor. Após a leitura, Arno sentiu uma formicação em seu sistema nervoso que fez seu corpo inteiro se coçar em agonia

— Que pergaminho é esse sua ousada? Além da minha perna estar quase do avesso você me faz ter coceiras? — Perguntou Arno, quase gritando

— Mas você sente alguma coisa na sua perna?

— Essa não é.... É..... Não sinto não...

— Então está bom — Disse a curandeira deixando o pergaminho de lado numa escrivaninha, aberto.

Enquanto saía do quarto, ela se esbarrou no prefeito, com o que parecia ser uma maga experiente, alta, com olhos e cabelos escuros como a noite, branca como a areia da costa de Iilhem.

— Desculpe prefeito, não sabia que precisava de ajuda — Disse a curandeira preocupada

— Não estou aqui por ti mulher, aonde está o moleque com a perna do avesso?

— Ah, e- ele está p- por aqui senhor — Disse a curandeira com medo

 

Ao encontrar Arno coçando sua barriga e seu pescoço ao mesmo tempo, o prefeito riu como se não tivesse rido em semanas

— Ha, você provoca um alvoroço por toda a cidade, mata dois bandidos, quase incendeia uma loja de livros com um grito e acaba assim? Essa é a incompetência dos magos de Iilhem? — Pergunta Fink

— Cala a boca velho, coça as minhas costas aqui!

— Olhe seu tom. Tenho um trabalho para você, seu imprestável, Hiuga é a minha curandeira pessoal, ela pode dar um jeito em você

 

Antes de começar, Hiuga colocou todos os tendões, músculos e ossos em seus devidos lugares enquanto Arno via tudo em sua cama, embora não sentia dor na perna, a coceira ficava mais forte e Fink gargalhava mais ainda

— PARA DE RIR DA MINHA DESGRAÇA! — Gritou desesperado Arno, enquanto se coçava

— Impossível, hahaha — Respondeu Fink, enquanto se engasgava de rir

Após Hiuga terminar com a perna de Arno, ele não sentia mais coceira, conseguia mexer sua perna melhor do que antes, como se estivesse nascido de novo naquele instante

— É... É como nova, como fez isso? — Perguntou Arno, encantado

— Eu simplesmente faço, não pergunte demais — Respondeu Hiuga, ignorante e seca com seu olhar

— Agora vamos ao que interessa, tenho um contrato para você. Era suposto a fazê-lo sozinho, porém não tem como confiar em sua capacidade depois do ocorrido aqui. Sua missão é investigar uma caverna que Hiuga descobriu recentemente, pelo seu relatório, algo intenso reside em sua profundeza, intenso o suficiente para aumentar exponencialmente as habilidades de cura de Hiuga. A segurança do artefato é de primária importância, vá, recupere seja lá o que for e volte. Nada a mais, nada a menos. Como disse, você era suposto a descer a caverna sozinho, já que aparenta inabitada, porém sua inutilidade já foi provada em minha cidade, além de me trazer prejuízos. Vou confiar em Eleonora a sua proteção, já que não temos magos por esses lados e Hiuga estará ocupada demais para realizar a missão dos dois. Apenas isso, Eleonora te espera na saída do portão noroeste.

Fink sai do quarto com pressa, sem espaços para perguntas. Arno prepara seu espírito para uma jornada sozinho, levanta animado com sua perna agora, consertada, pega o pergaminho que a curandeira deixou na escrivaninha sem que os outros percebam, veste a roupa que tinham disponibilizado e sai do hospital, perguntando-se o que lhe aguardava em sua jornada.


Notas Finais


~GLOSSÁRIO
Aldarych: Criatura usada pela realeza, apenas quem tem um alto poder dentre as demais pessoas na sociedade podem criar e procriar essa raça.
Crawler: Serpentes do tamanho de humanos, rápidas e se camuflam em ambientes escuros
Deverium: Nova raça criada por Ross, advinda de alquimia, esta raça consegue sentir os seus arredores como se estivessem conectados ao mundo.
Fukhom: A cidade bandida de Gatter, felicidade, prosperidade, honestidade, em Fukhom nada prospera. Todos são bandidos e roubam de todos para manter seus lucros, quem se protege melhor é o mais rico dentre todos.
Golduin: Metal élfico usado principalmente em alquimia, por obter resultados superiores em comparação aos outros materiais, também usado em alguns cajados mais avançados, também élficos
Gondod: Nome da região onde estão localizados os 4 reinos, Haas, Iilhem, Numos e Fukhom.
Haas: Reino com o principal comércio de Gatter, onde qualquer tipo de venda é liberado e o governo tem grandes problemas com a falta de organização, comida e segurança.
Iilhem: Reino com o maior desenvolvimento em tecnologia e com a maior classificação no quesito Inteligência, também conhecida por ter a melhor escola de treino mágico de toda Gatter.
Katae: Camisa curta, geralmente antes da linha do umbigo, seguida por uma blusa mais curta e fina por baixo
Loch: Metal extremamente rígido e raro, fácil de encantar e extremamente difícil de manipular.
Mana: Fonte mágica, necessária para invocar feitiços.
Matae: Um short pequeno e fino, bastante maleável.
Não-Humanos: Monstros extremamente parecidos com humanos, porém depois de mortos revelam-se criaturas horrendas com músculos a mostra, pelagem, e olhos profundos
Monte Vuht: Monte aonde os monges repousam e aguardam para chamar um novo discípulo.
Numos: Reino que acredita em uma sociedade pura, apenas guerreiros podem adentrar, dentre suas falácias, a que as outras classes são desnecessárias, fracas e irrelevantes, apenas os guerreiros merecem viver em Gatter, também é a maior produtora de armas de uma mão.
Taark: Deus supremo.
Takitam: Roupão branco envolto em uma faixa de proteção, apenas para garantir que as coisas fiquem no lugar certo.
Taarktros: Deus da vida, responsável pela criação das coisas.
Taarktraan: Deus da morte, responsável pela vida de todos os organismos.
Vagante: Almas que não entraram em nenhum reino divino, ficam vagando por aí em busca de redenção por seus atos.


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