História Universe - Oceano de amizade

Uni estava treinando, Onyx não havia sequer tocado no assunto “poderes”, ela não queria que ele os usasse, primeiro ele deveria saber controlar sua instabilidade, e só então seria capaz de usá-los, apesar de se impressionar com a capacidade dele de se manter de pé mesmo usando grandes quantidades de água.

-Quando... Vou poder controlar... A água? – Perguntou o mesmo, depois de dar sua centésima volta na torre.

-Depois que se tornar suficientemente estável, você não pode ficar desmaiando toda vez que o usar.

Uni assentiu e continuou dando voltas pela torre até o treino acabar e Onyx ir cumprir outra responsabilidade, deixando o jovem para descansar e se divertir com o que quisesse fazer.

-Rum... O que fazer? – Uni se perguntou.

-Uni! Meu garoto, como vai? – Perguntou uma voz conhecida, era Howlite, que saia de dentro de um portal aberto por ela no chão, apenas com a cabeça para fora.

-Howlite! Estou bem! O que está fazendo?

-Estou apenas dando uma passadinha, e umas voltas pra lá, pra cá – Deu uma risadinha – Bem, eu já vou indo, não conte a Iolite que me viu hein!

-Espera! Posso ir com você?

-Comigo? Ahh, não sei não Uni, as meninas me matariam e...

-HOWLITE?!

Iolite descia as escadas a todo vapor na direção dos dois, e Howlite não viu outra opção se não puxar Uni para dentro de seu portal e fechá-lo, deixando a arroxeada irritada para trás.

Uni se viu caindo em um espaço azul e estrelado até alcançar o chão, todo cheio de uma grama verdinha e úmida, o céu azul brilhante, árvores grandes e principalmente, um vilarejo não muito distante.

-Uau... Que lugar é esse...? – Perguntou curioso.

-Esse é um vilarejo humano.

-Vilarejo humano?! Dos humanos?! Aqueles que vocês me contaram?!

-Exatamente! Bem-vindo a Blue town!

-Eu quero conhecer! Eu quero conhecer! Vamos?!

-Ok, ok! Vamos – Deu risada – Mas fique perto de mim, ok?

Uni concordou e deu a mão para Howlite, caminhando junto dela até a cidade, que tinha um aspecto antigo, muito bonito e calmo, com pessoas simples e aparentemente simpáticas.

-Eu adorei esse lugar – Disse Uni animado – Tantos humanos! Tantos humanos!

-Concordo, tem muita gente diferente aqui – Olhou ao redor – Olhe ali Uni, uma senhora humana.

Uni olhou para a senhora, estranhando a aparência da mesma, na verdade era muito estranho para ele ver tantos humanos diferentes, pequenos, altos, magros, gordinhos, brancos, vermelhos, negros, com cabelos longos, curtos, e das mais diferentes formas.

-Por que são todos tão diferentes?

-Por que ninguém é igual Uni – Ela sorriu – Venha, eu vou te comprar um sorvete!

-Sorvete?

-Sim, você vai ver, é uma delícia.

Uni seguiu de mão dada Howlite até um senhor vendedor de sorvete, pedindo para ele um de Céu azul, e para ela um de morangos.

-Experimente.

Uni deu uma única abocanhada, assustando-se com o gelado, mas logo isso passou e ele começou a dar tímidas lambidas no doce.

-Hahaha, cuidado hein, vai gelar a cabecinha – Deu risada.

Os dois passearam por mais um longo caminho, visitaram lojas, conversaram com pessoas. A maioria dos habitantes eram senhores e senhoras de idade, mas mesmo assim havia crianças brincando lá e cá.

-Bem, Uni, agora eu tenho que cuidar de uns assuntos – Disse parando na frente de uma casa – Por isso vou te deixar com uma amiga de confiança.

-Não posso ir com você?

-É muito perigoso... Melhor ficar aqui e se divertir.

Eles bateram e foram recebidos por uma gentil e fofa senhora de cabelos longos e grisalhos, algum dia os mais loiros e brilhantes da cidade.

-Olá Margaret – Disse Howlite sorrindo.

-Howlite... Velha amiga, eu senti saudades – Ela disse sorrindo – E você não mudou nada...

-Pois é... Bem... Eu gostaria de ficar pra conversar mais, mas tenho uma missão a cumprir...

-Ah, sei, você e suas andanças, tem que aprender a parar mais no lugar, não deixe que seu tesouro fujo enquanto busca outro – Disse, fazendo Howlite coçar a cabeça sem jeito.

Uni não tinha entendido nada.

-E quem é esse bebêzinho lindo? Pensei que Gems não podiam ter filhos – Se abaixou perto dele.

-Não podemos, mas ele é quase isso, é da família, seu nome é Uni... Trouxe ele para passear, mas não posso leva-lo na missão, seria perigoso demais, pode cuidar dele enquanto resolvo meus assuntos?

-Claro, eu vou adorar! Certo Uni?

-Sim! – Ele sorriu.

Howlite se despediu e foi embora, deixando Uni com a senhora, que o levou até o jardim dos fundos, onde surpreendentemente para si, haviam algumas crianças, a maioria tinha menos altura.

-Legal, humanos pequenininhos! – Disse sorridente.

-Nunca viu crianças? – A senhora quis saber.

-Não, é a primeira vez que venho conhecer!

-Por que não vai brincar com eles?

Uni sorriu e foi correndo até a caixa de areia onde as crianças brincavam. Todas olharam para si, pareciam surpresas com seu jeito diferente.

-Oi! Eu sou Uni! E vocês?

-... Eu sou Milk Candy – Disse um garoto de pele caramelada e cabelos castanhos.

-Blister – Disse um garoto de pele branca e cabelos pintados de azul.

-Feed – Disse uma menininha de cabelos ruivos.

-Posso brincar com vocês? – Disse animado.

-Claro! – Disseram, entregando os brinquedos para Uni.

Eles começaram a brincar na caixa de areia como quem não queria nada, mas de repente Uni sentiu seu brinquedo ser tomado de suas mãos e jogado contra a terra por um garoto bem maior que si, gordo e carrancudo.

-Por que fez isso...? – Quis saber.

Ao olhar para as outras crianças pode ver que estavam todas encolhidas. Tinham medo dele.

-Quem deixou esse garoto estranho brincar?!

-N-Nós... – As crianças gaguejaram.

-Eu não deixei! – Aumentou a voz.

-Não grita com eles! Isso não é legal! – Disse tentando parecer zangado.

-Cala a boca! – Puxou o cabelo de Uni – Olha que esquisitão! Cheio de marcas pelo corpo! E ainda rosas! E com esse cabelo, virou garotinha agora? Parece uma menininha amedrontada!

Uni choramingou de dor, mas não pode fazer nada pra se defender, o valentão jogo-o contra a areia e deu um chute em seu joelho.

-Você é uma bichinha me ouviu?! Não passa de uma bichinha nojenta! – Gritou.

Uni começou a chorar, e estava prestes a levar um soco por suas lágrimas irritarem o garoto, mas grande foi a surpresa de todos presentes quando uma bela garota interveio para socorrê-lo.

Era Connie.

-Deixe ele em paz! – Jogou-o para trás com um hábil golpe.

-Quem é você?!

-Sou Connie Maheswaran, e não vou deixar você machucar esse garotinho! – Disse irritada – Ele é especial do jeito que ele é, e não é por que você não é feliz consigo mesmo que tem o direito de machuca-lo, saiba lidar com os próprios problemas em vez de descontar sua raiva numa criança inocente! Você não o conhece e não pode falar nada da vida dele!

O garoto se revoltou e saiu correndo dali, deixando todos surpresos com a coragem da morena.

Foi num rápido suspiro que ela se acalmou e olhou para Uni, deixando transparecer sua surpresa ao ver que ele era um Gem.

-Você está bem...? – Se aproximou, recebendo uma confirmação com a cabeça – Não deixe ele te magoar com aquelas palavras... Às vezes os humanos podem ser muito malvados quando estão tristes ou bravos... Mas nada do que ele disse é verdade.

Uni sorriu, estava contente de alguém tê-lo defendido daquela forma, ela o fazia lembrar Moon e suas amigas.

-... Qual o s-seu nome...? - Ele perguntou.

-Connie... E você...?

-Uni... – Murmurou.

-Uni? Ahn... Uni, posso perguntar... Você é uma Gem?

-Sou! – Sorriu.

-Mas você é menino.

-... É... Eu sou um Gem menino! – Sorriu.

Connie parou um minuto para pensar. Ela sabia que todas as Gems eram mulheres, e que Steven era homem por que era meio humano, então poderia chegar a conclusão de que seria o mesmo caso de Uni, mas todas aquelas pedras.

-Você é algum tipo de fusão...?

-Sou... Me disseram que sou uma fusão forçada de várias Gems, mas eu nunca entendi direito – Disse meio envergonhado – Quer brincar Connie?

-Quero.

Os dois brincaram com as outras crianças, Uni adorou aprender com Connie sobre livros e cultura humana, e ela adorou ter algo como um irmão mais novo para ensinar. Queria muito que Steven estivesse lá.

-Uni! – Howlite chegou – Hora de irmos!

-Howlite! Howlite! Eu fiz uma amiga! – Puxou Connie – Essa é a Connie! Ela conhece Gems!

-Conhece...? – Franziu o cenho.

-Sim... – Disse firme, e levemente surpresa, nunca tinha conhecido outras Gems além das Crystal Gems.

-Uni...

-Sim?

-Vai lá comer um pedaço de bolo com a Margaret, preciso conversar aqui com a sua amiga.

-Ok!

Uni saiu correndo até a cozinha, deixando as duas a sós, e para conversarem melhor, Howlite se abaixou para ficar na altura de Connie.

-Você é uma Gem de Homeworld? – Connie já foi iniciando o interrogatório – Você veio para machucar as Crystal Gems? Foi você que fez aquilo com o Uni?!

-Não, não, e não – Disse séria – Eu sou uma a Crystal Gem.

-Então como nunca ouvi falar de você?

-Digamos que Rose Quartz não quis que isso acontecesse.

-Rose...?

-É... Ela pediu para que guardássemos segredo até que a hora certa chegasse, por isso as outras Crystal Gems não podem saber que estamos vivas... Entende?

-Por que não?

-Apenas nossa atual líder sabe, teria que perguntar a ela, eu apenas faço o que é melhor para minhas amigas... Isso inclui Garnet e Pearl.

Silêncio. Howlite se levantou e pegou Uni no colo, indo para fora da casa logo depois de se despedir de Margaret e prometer voltar para visita-la qualquer dia, tomar um chá e relembrar os velhos tempos de amizade.

Mas antes que voltasse, pode ouvir Connie gritar ao longe.

-EU VOU GUARDAR SEGREDO!

Ela sorriu. Sentia que finalmente o oceano estava trazendo sua família de volta.