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História Universo Atemporal - O Começo Depois do Fim


Escrita por: rainbownizer

Notas do Autor


Hello guys! Pra quem é novo na história, essa aqui é a segunda temporada da fanfic Universo Paralelo, o link está nas notas finais. Pra vocês que tem acompanhado a história até aqui, sejam mais que bem vindos de volta! Esse primeiro capítulo é igual ao prólogo postado em UP. Então, aqui está apenas para vocês salvarem a história em suas bibliotecas e aguardarem o início oficial da fic. Obrigada por todo o apoio, o carinho, os comentários, favoritos, obrigada por tudinho!

Até breve <3

Capítulo 1 - O Começo Depois do Fim


Porto Alegre, Brasil, 2016.

 

Alycia Debnam-Carey Narrando

- Não é que a sensação ruim no peito foi embora? - Eu disse com um sorriso. - Você até pode dizer que foi a música ou o mar, mas eu sei que é esse efeito que você tem sobre mim. - Silêncio. - Amor? - Olhei para trás em busca dos olhos azuis, mas tudo que vi foi seu corpo desfalecido nas pedras. - Eliza!? - Levantei sobressaltada, me desequilibrando nas pedras, mas me agarrando em uma delas ao meu lado. Meu violão, porém, rolou por entre as pedras em um som agoniante e melodioso, até que as ondas o devoraram para longe. Respirei fundo, recuperando o equilíbrio e forçando meu corpo para frente. - Eliza!? - Chamei, ajoelhando-me ao seu lado. Peguei seu rosto em minhas mãos, sacudindo-a veemente. - Eliza, me responda, pelo amor de Deus. - Nada. Eu a sacudia tanto que sua toca já tinha saído da cabeça e o suor fazia todo o seu coro cabeludo brilhar sob a luz do sol. Uma penugem rasa já havia começado a crescer e eu lhe acariciei o rosto. - Eliza, por favor, agora não. Ainda não, eu não estou pronta. - Eu dizia, já chorando em desespero. - Não faça isso comigo, eu estou te implorando, merda! - Apertei seu corpo mole junto ao meu, molhei seu rosto com minhas lágrimas, gritei em pleno pulmão. - Socorro! Alguém me ajuda! - Sua cabeça pendia pesada em direção às pedras, mas eu ainda apertava ferozmente seu corpo junto ao meu. - Socorro! Socorro! - Gritei até ficar vermelha, mas não havia ninguém por perto. Peguei seu corpo leve em meus braços e desci as pedras com cuidado. O sol castigava, me fazendo suar exasperadamente. Meu chinelos haviam ficado para trás, assim como o meu violão e a minha racionalidade. A areia queimava meus pés dando a sensação de caminhar sobre brasas, mas era apenas uma dor entre tantas outras. Tudo que eu sentia era dor. Minha boca estava seca, a exaustão tomava conta do meu corpo, meus olhos e nariz ardiam com o choro excessivo. Os músculos do meu braço queimavam com o peso da minha namorada, o suor escorria por todos os lados, mas o pior... O pior era a dor que dilacerava meu coração, parecia rasgar meu peito sem qualquer tipo de anestesia. Minha cabeça pesava latejante, minhas pernas bambeavam, tudo parecia girar e eu chorava em agonia. Eu não aguentaria por muito tempo. Foi quando meus amigos, já caminhando em direção à praia, me avistaram e vieram correndo até mim, minhas pernas vacilaram e eu cai de joelhos na areia quente.

- Eliza!? - Chamei em uma última súplica, até que as últimas coisas que senti foram braços auxiliadores.


 

- Alycia! - Acordei assustada, levantando-me imediatamente. - Isola, menina. Parece que viu um demônio. - Em minha frente estava minha colega de quarto da faculdade. Olhei-a confusa, quando a mesma fazia o sinal da cruz e desaparecia porta a fora. - Você vai se atrasar pra primeira aula! - Ela gritou do lado de fora e, mais confusa do que eu já estive em toda a minha vida, olhei ao redor. Lá estava meu violão em seu cantinho habitual, lá estavam meus chinelos favoritos e meu quarto parecia ser exatamente o mesmo. Olhei no relógio, era pouco mais que meio dia. Capturei meu celular debaixo do travesseiro e procurei o número da minha sogra. Não achei. Nem mesmo o número do meu sogro ou de Eliza. Vesti uma roupa qualquer e saí desesperadamente do quarto, indo em direção ao quarto da Lindsay, que também já saia do seu quarto.

- Opa, há quanto tempo não vamos juntas pra faculdade? - Ela riu em seu humor característico, trancando a porta do seu quarto.

- Sem brincadeira, Lin. Por que diabos estamos de volta a faculdade e não no hospital com a Eliza?

- Alguém tá de mau-humor hoje, ein?

- É sério, Lindsay, não brinca comigo com essas coisas. Cadê a Eliza?

- Que Eliza, menina? - Esfreguei minhas mãos no rosto e respirei fundo, sentindo a mão de Lindsay em meu ombro, eu reprimi o contato imediatamente.

- Eliza, minha namorada. Pelo amor de Deus, Lindsay.

- Aly, eu acho que você teve um sonho muito real. Você parece bastante perturbada, vamos lá na lanchonete tomar um suco e conversamos sobre isso, ok?

- Sonho? Então ela está bem?

- Todo mundo está bem. Relaxa, vamos lá. 

 

...

 

- É tão bom não ser mais novata. Estou tão animada para a primeira aula!

- Você conseguiu falar com a Dona Lucy? 

- Quem?

- Dona Lucy, Lindsay. Foca aqui. A Eliza, ela está bem, não está? Ela parecia... tão... Ela estava nos meus braços e... - As lágrimas já voltavam aos meus olhos e escorriam livremente em minha face.

- O que? O que te deram, Aly? Quem diabos é essa Eliza?

- Sua colega de quarto, porra! Minha namorada!

- Aly, eu nem tenho colega de quarto. Não ainda, pelo menos. É começo de semestre, eles provavelmente vão ver isso hoje.

- O que? Você está louca, é final de semestre. Pare com isso, eu aguento. Eu aguento, me diz, Linz. Eu desmaiei? O que aconteceu depois?

- Eu acho que você está delirando. - Lin encostou a mão direita em minha testa. - Talvez a gente deva ir ao hospital.

- Pare com essa merda! 

- Você está me deixando preocupada. Me escuta, Alycia. É começo do terceiro semestre, segundo ano de faculdade. Eu não tenho colega de quarto, você que tem e ela não se chama Eliza. Não conhecemos nenhuma Eliza ou Dona Lucy, ninguém morreu, estamos atrasadas para a aula e isso é tudo. 

- C-como assim? - Linz pega seu celular e me mostra. 12:47, 27 de fevereiro de 2016.

- É o dia que ela chegou... 

- Quem?

- A Eliza, lembra? Você me pediu pra mostrar a faculdade pra ela, era uma queridinha da Indra.

- Que? Você teve um deja vu? Então vou ter uma colega de quarto chamada Eliza? - Mais confusa que qualquer outra coisa, a imagem apenas veio em minha cabeça.

 

- O que aconteceu?

- Eu deveria saber que isso tudo ia acontecer. Eu não pertenço aqui, eu nem deveria estar aqui e já fiquei tempo demais até.

- Do que você está falando? - Perguntei confusa.

- Vai soar loucura, mas o mundo é meio louco, certo? E tem coisas que a gente desconhece nisso tudo. O universo é uma caixinha de surpresas, nós não conhecemos nem um terço dele, como poderíamos entendê-lo? Se isso tudo aqui é real, então existem milhões de realidades espalhadas entre estrelas e buracos-negros. 

- Eu não estou entendo onde você quer chegar.

- Linz me disse que tudo é feito de energia, que todos nós somos matéria e matéria é concentração de energia. Ela disse que as pessoas são limitadas demais por achar que a vida é só isso que conhecemos, nesse mundinho pequeno, restrito e finito. Disse que é impossível que em um universo cheio de possibilidades, com átomos com bilhares de anos, que atravessam galáxias, sobrevivem o tempo, combinam-se e transformam-se em tudo que se conhece, como as estrelas, você e eu, se limite a só uma realidade. Nessa teoria, quer dizer que nossos átomos são muito mais antigos que nós, que são restos de estrelas, que fizeram parte de outras coisas, que atravessaram mundos, épocas, universos...

- Ok... Isso é realmente interessante. - Eu disse, ainda bastante confusa com toda a sua divagação.

- Você deve ter reparado, ao menos no começo, o quanto sou diferente. A fala, os pensamentos, a confusão...

- Sim, mas tudo ficou claro depois. - Eu apontei tristemente para a sua cabeça.

- Bem, sim. Mas isso é o preço. - Eu franzi a testa em confusão. - Bem, não tem uma forma melhor pra dizer isso, então vou apenas dizer. Eu não sou dessa época. Eu vim de 1848, eu estava prestes a ter um casamento arranjado, quando eu encontrei esse Velho que podia mudar o rumo da minha vida. Me dar alguma resposta. Era uma época bastante diferente, entenda...

- Espera, o que? Eliza, você está sentido alguma coisa? - Eu disse preocupada, colocando a mão em sua testa para checar a temperatura.

- Não, me escuta! Acho que não preciso dizer quanta influência da religião tinha na época e toda aquela pressão social, o status, o dinheiro... Eu odiava tudo aquilo e, principalmente, eu não sabia como poderia ser diferente. Agora eu sei.

 

- Eu... Não sei.

- Isso ainda é muito estranho. Certeza que você está se sentindo bem?

- Mais ou menos, eu realmente não estou entendendo mais nada. - Respondi honestamente, porque eu sentia um gosto estranho na boca. Se Eliza estava sendo honesta, se é que existe a remota possibilidade dessa loucura ser real, isso que dizer que ela foi embora pra 1800? E eu? Como eu fico? Se todos tinham esquecido dela, como eu não tinha? Por que eu tinha que viver sabendo de sua "não-existência"? Então eu também estava pagando algum preço? Eu me sentia tonta com a quantidade de loucura em tudo isso.

- Ok. Bem, vamos pagar os sucos e eu te levo ao hospital, tudo bem? - Eu apenas assenti, procurando algum dinheiro no bolso.

- Eu acho que não trouxe nenhum dinheiro... - Ao vasculhar todos os meus bolsos, achei um pedaço de papel e o peguei para analisá-lo. Senti meu coração erra uma batida ao reconhecer do que se tratava. 

"Se as coisas ficarem confusas, se nada parecer certo ou real, leia isso e lembre-se que eu amo você e esse sentimento é a coisa mais real do mundo."

Como aquele papel fora aparecer ali, eu não sabia. Era a minha caligrafia, eram as minhas palavras, mas, de alguma forma, eu podia ouvir Eliza pronunciando cada letra cuidadosamente em meu ouvido. Como se ela tivesse me acalmando, trazendo-me conforto e paz. Eu sorri. Não porque eu estava feliz, ou porque tinha encontrado a solução de algum cálculo matemático impossível, mas porquê aquele pedaço de papel era a prova do que eu precisava e isso confortou meu coração de alguma forma. Ela era real. De alguma forma misteriosa, mas era. Eu não sabia porquê, nem como. Eu não entendia como o tempo funcionava, onde ela estava ou onde eu mesma estava. Eu não entendi absolutamente nada sobre nada. Mas aquele bilhete tinha as lágrimas, as digitais e o amor de Eliza e isso era tudo que eu precisava para seguir em frente. 

- Eu pago pra você. - Lindsay disse, chamando-me para o tempo atual, afagando meu braço em forma de consolo. Eu agradeci com um sorriso fraco, mas ainda estava perdida em minhas memórias.

 

- Promete que você não vai chorar nunca mais. 

- Ah, isso é ridículo. Não posso prometer isso! 

- Tudo bem, tudo bem. - Ela disse, puxando meus braços para desmanchar minha pose defensiva. - Você tem que me prometer que não vai chorar o tempo todo, que vai colocar suas energias no estudo, terminar a faculdade e ser a melhor professora de português do mundo todo, porque eu acredito muito no seu potencial. - Eu relaxei a expressão dura e quando achei que ela não poderia ser mais adorável, ela sorriu, tirando uma mecha esvoaçante de meu rosto. - Não vai deixar as pessoas usarem você e vai guardar sua beleza pra quem mereça seu coração.  

- Você tem meu coração. - Eu disse óbvia.

- Agora. Mas depois você tem que prometer que vai dá-lo para outra pessoa, você tem que se permitir gostar de alguém e quando você encontrar essa pessoa, você tem que investir nela e verbalizar seus sentimentos, ok? 

- Não posso prometer nada disso. 

- Pode sim. Quando você encontrar alguém especial, porque ela está por aí em algum lugar, acredite. Você é incrível demais pra ser uma viúva pelo resto da vida. - Ela disse, rindo baixo. 

- Seu humor não poderia ser pior. 

- Ah, deixe de ser tão ranzinza. Me prometa de uma vez. 

- Eu prometo. - Eu disse, revirando os olhos. - Vou jogar minha dor toda nos estudos. Focar completamente na minha vida profissional, pra quem sabe, esquecer um pouco que perdi o amor da minha vida.  

- E...? 

- E, se um dia eu encontrar alguém tão incrível quanto você, eu prometo dar o meu melhor pra ela. Mas só se assim como você, ela despertar o meu melhor. 

- Justo. - Ela disse sorrindo. 

 

- Quer saber? - Chamei a atenção da morena, que me olhou interessada. - Me sinto melhor, acho que podemos ir para a aula normalmente.

- Você tem certeza? - Pensei por um momento. Eu tinha feito uma promessa e eu acreditava nela. Eu acreditava na Eliza. Ela poderia ter vindo de 1800, mas se ela coexistiu em dois universos paralelos, ela poderia muito bem existir em algum lugar nesse, certo? Ou eu poderia coexistir no dela. Era apenas lógico, sendo que o universo parecia ser um lugar tão cheio de surpresas. Então, talvez ele fosse atemporal. E se ela existia em algum lugar, eu ia achá-la e, em meu coração eu sabia que ela estava por aí. 

Eu sorri antes de responder.

- Nunca tive tanta certeza em minha vida.


Notas Finais


Universo Paralelo (primeira temporada): socialspirit.com.br/fanfics/historia/fanfiction-eliza-taylor-cotter-universo-paralelo-5399939


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