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História Universo em Desequilíbrio - Medo geral


Escrita por: Mallagueta

Capítulo 21 - Medo geral



- Eu acho bom vocês estarem falando a verdade, senão vão ver só uma coisa! – Magali falou encarando as garotas, que tremiam de medo espremidas num canto do vestiário.
- A gente tá falando a verdade sim, eu juro! – Marina falou com a voz trêmula.
- Ninguém aqui sabe de nada! – Cascuda completou já com algumas lágrimas formando em seus olhos.
- Se alguma de vocês estiver mentindo, eu arrebento sem dó! Vamos, Denise.

As duas saíram do vestiário, deixando as garotas em prantos. Ela detestava patricinhas choronas.

- Acha mesmo que elas não sabem de nada? – Denise perguntou.
- Sei lá. Só pra garantir, fica de olho nelas e me fala se ver alguma coisa estranha.
- Tá bom. E a burguesinha?
- Essa vai ficar pra depois, eu tenho que encontrar o otário que invadiu nossa área.
- Será que ele devolveu o celular? Engraçado que eu não vi ela falando mais nada.

Magali coçou o queixo e voltou a falar.

- Agora que você falou, acho que ela deve saber direitinho quem é aquele cara. Quer saber? Aposto que se eu espremer num instante ela solta a língua pra não apanhar. Eu só preciso pegar ela de jeito!
- Será mesmo que foi o DC?
- Eu tô achando que foi sim, mas quero ter certeza. Aí ele vai ver só uma coisa.
- E o tio dele?
- Tô nem aí. Eu não posso passar a vida inteira com medo desse cara, senão ninguém vai me respeitar.

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Mônica estava com Cebola na enfermaria. Ele segurava um saco de gelo contra um olho para aliviar o inchaço.

- Eu não acredito que ela bateu em você desse jeito, ela é louca!
- Deixa pla lá, eu tô acostumado.
- Mas foi minha culpa... quer dizer, ela tá descontando toda raiva em você...
- Tudo bem, eu sabia que isso ia acontecer.
- Droga, por que ela tem que ser assim? Isso não tá certo! Por que ninguém a enfrenta?
- Polque todo mundo tem medo da tulma dela. Só o Tonhão vale por 5. Não adianta, eu já pensei em válios planos e nenhum lesolveu.
- Hunf! Ela é valentona assim porque tem os amigos dela.

Cebola levantou os olhos e a encarou.

- Aposto que se ela estivesse sozinha, não ia ficar atazanando ninguém dessa forma.

Ele levantou uma sobrancelha.

- Mas é um problema mesmo, né? Juntos eles são mais fortes do que cada um separado. Aff, que rolo!
- É... – ele falou meio evasivo. – Você não devia estar na aula de educação física? Melhor ir, senão a plofessola vai te dar a maior blonca.
- Você vai ficar bem?
- Vou sim, pode ir.

Depois que ela saiu, ele ficou refletindo sobre o que tinha sido falado minutos atrás.

“Que se ela estivesse sozinha, não ia ficar atazanando ninguém dessa forma”. Essa frase ecoava na sua cabeça de forma insistente e ele pareceu sentir um estalo dentro de si. Claro, por que ele não tinha pensado nisso antes? Até então ele tinha concentrado seus esforços em derrotar a gangue como todo, por isso nenhum plano foi bom o suficiente. E se ele conseguisse separá-los? Se Magali ficasse sozinha, ele teria mais facilidade para encará-la.

Sua cabeça começou a fervilhar com algumas idéias. No início, ele havia se conformado em esperar por alguns anos, até se tornar alguém rico e poderoso, para derrotar a Magali. E se ele conseguisse fazer aquilo ainda naquele ano? Se derrotasse Magali e sua gangue, os outros alunos do colégio iam respeitá-lo e ele nunca mais seria tratado como um Zé ninguém.

O objetivo principal já estava definido: dividir e conquistar. Seus planos precisavam ter esse foco.

“Que coisa... ela me deixou inspirado mesmo!”

Quando saiu da enfermaria, Mônica deparou-se com o DC que a esperava no corredor.

- Ué, você não devia estar na sala de aula?
- Pedi pra ir ao banheiro. Escuta, por que você fica perdendo seu tempo com esse perdedor?
- Heim? – na mesma hora ela levou um susto ao ouvir aquilo.
- Aquele cara é o maior mané e ninguém nessa escola gosta dele.

Ela o olhou boquiaberta, não acreditando no que estava ouvindo.

- Na boa, deixa esse cara se ferrar. Você não tem nada a ver com os problemas dele.

Após pensar um pouco, ela falou.

- Você disse que ninguém aqui gosta dele.
- E ninguém gosta mesmo!
- Então por que você não é amigo dele?
- Como é? Amigo dele? Eu?
- É! Você não gosta de contrariar e fazer o contrário do que todo mundo faz? Então?

DC engasgou um pouco, ficou com o rosto vermelho, esfregou a nuca com a mão e tentou se justificar.

- Er... tipo assim... é que eu também não gosto dele e...
- Por que?
- Porque... porque...
- Ele já aprontou com você?

A última pergunta lhe pegou de jeito. Apesar de já ter aprontado com ele algumas vezes, Cebola nunca tinha lhe feito algo tão grave a ponto de criar aquela hostilidade.

- Ele é legal, viu? É só dar uma chance!
- A Magali virou essa peste por culpa dele!
- Eu não vou discutir isso agora porque tenho que ir pra educação física, mas acho que tá na hora de todo mundo parar de ficar jogando nas costas dele toda culpa do que a Magali faz, isso não tá certo!

Ela foi embora dali antes que uma discussão chata e desgastante se iniciasse. DC também voltou para sua sala de aula também muito irritado com a teimosia daquela garota, que insistia em sair com aquele perdedor e não com ele.

Quando o corredor ficou vazio, ele saiu da enfermaria apertando os lábios com força e o olhar endurecido.

“Esse cara ainda vai se ver comigo!”

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Dois times jogavam handebol na quadra enquanto Mônica e as outras garotas esperavam pela sua vez de jogar.

- Puxa, então ela ameaçou vocês? – Mônica perguntou para as amigas que ainda estavam abaladas.
- Ameaçou, dá pra acreditar? Ela nunca foi de mexer com a gente! – Keika respondeu ainda abalada e com medo.
(Cascuda) – Quem será que invadiu o ferro-velho? Até que fiquei curiosa, viu?
(Marina) – E por que ele fez isso? Até agora não entendi!
- Vai ver é algum herói misterioso que resolveu enfrentar a Magali. – Xaveco falou passando ali perto para tomar água no bebedouro. Nimbus, que estava com ele, acabou gostando da idéia.
- Até que seria bom mesmo alguém enfrentar aquela maluca! Dizem que ele entrou lá, jogou ela no chão, falou um monte de coisas e depois fugiu numa boa!
(Xaveco) - Esse tem o meu respeito!
(Dorinha) – Ai, que emocionante! Será que ele vai voltar pra dar uma lição nela?
(Marina) – Tomara!

Mônica ouvia a conversa sentindo vontade de rir. O que eles iam pensar se soubessem que o tal herói misterioso era o Cebola?

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- Ouvi dizer que o cara entrou lá na maior moral e saiu numa boa! – um rapaz comentou com o outro.
- Que doido! Essa eu queria ter visto.
- Dizem até que ele deu umas bifas nela! – um terceiro falou.

Cebola ouvia tudo sem ser notado. Quem disse que ele bateu na Magali? Claro, o povo fazia fofoca e a cada conto, iam aumentando um ponto. Aquela Magali era burra mesmo. Por que deixou aquela informação vazar? Sua vontade de se vingar era tanta que ela sequer percebeu que aquilo poderia até lhe desmoralizar.

- Agora ela anda desconfiando do DC.
- Mesmo? Vixe!
- Tranqüilo, ele é sobrinho do delegado, esqueceram? Ela não se mete com ele.
- Sei não. Aquela ali tá mó atacada ultimamente!
- Será que foi ele?
- Pode ser, viu? Só ele tem coragem pra enfrentar ela!

“Só faltava mais essa! Eu quase me mato naquele ferro velho e aquele imbecil fica de herói?” ele pensou irritado. Paciência, não havia como dizer a verdade. Pelo menos não por enquanto. Depois, quando a Magali estivesse derrotada, então todos iam saber quem era aquele herói misterioso e ele ia fazer questão de esfregar toda sua vitória na cara do DC.

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Os dias que se seguiram não foram nem um pouco fáceis para Mônica. Constantemente Magali a rodeava, mandando bilhetes ameaçadores, lhe dando fortes esbarrões no corredor e as vezes até ficando de plantão em frente a sua casa.

- Olhe pros dois lados quando for atravessar a rua, vadia. – ela lhe falava de vez em quando. – Eu tô de olho em você!

O clima naquela escola era de medo constante. Algumas vezes ela até tinha tentado conversar com a valentona, mas sem nenhum resultado.

- Magali, por que você faz isso?
- Porque eu posso.
- Você tá botando medo em todo mundo, isso não tá certo!
- E quem é você pra me falar o que tá certo ou não?
- Agindo assim, você não vai conseguir amigo nenhum!
- Eu já tenho minha galera e não quero nada com esses molengas filhinhos de papai. E não vem me encher o saco não, tá legal? Você tá abusando demais pro meu gosto.

Era sempre assim quando Mônica tentava conversar alguma coisa com Magali. O duplo de sua amiga parecia ter o coração duro como pedra e não se sensibilizava com nada. O pior era que dava para ver que seus amigos não pareciam lá muito felizes, especialmente o Cascão. O rapaz vivia deprimido, falava pouco e não esboçava nenhum sorriso. Muito diferente do Cascão original que era alegre, expansivo e sempre brincalhão.

Era doloroso ver seus amigos morrendo de medo, tendo que vigiar cada palavra para não serem pegos pela Denise ou Tonhão que pareciam vigiar todos constantemente. E as garotas também viviam com medo do Titi, que estava se tornando cada vez mais abusado, usando sua posição de membro da gangue para tirar vantagens com elas.

Em seu quarto, deitada em sua cama e olhando para o teto, Mônica pensava nisso tudo tentando imaginar uma forma de ajudar seus amigos sem ter que apelar para a violência física. Não, ela não queria ser a garota que resolvia tudo na pancadaria. Era preciso encontrar outro caminho.

E como se aquilo não fosse ruim o bastante, ainda havia as cobranças dos seus pais alternativos sobre seus progressos com o piano. Como explicar para eles que ela não tinha conseguido sequer tocar algumas notas na seqüência correta, quanto mais executar uma música inteira?

Seu corpo parecia pesado, seu espírito cansado e todo seu ânimo tinha escoado entre os dedos. Se pudesse, ela fugiria daquela realidade maluca para nunca mais voltar. Como não podia, já que Paradoxo não atendia aos seus chamados, só lhe restava ir levando como podia.

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- As coisas não estão indo bem. Acho que você deveria ir falar com ela. – Astronauta falou ao ver as dificuldades da Mônica.
- E eu farei isso, comandante. No momento certo. Por enquanto, ela ainda não está pronta para ouvir e entender.
- E não vai estar nunca! – Cebola falou. – Cara, eu não sei que idéia é essa de colocar a Mônica pra tocar piano! E na boa, essa pose de boazinha dela não vai levar a nada! Ela não é assim!
- Rapaz bobo. Você vem acompanhando a história no outro mundo e até agora não aprendeu nada, não é?
- Aprendi o quê?
- Se você não foi capaz de ver sozinho, paciência.

A discussão foi interrompida pelo som alto de um ronco.

- Crendeuspai! Tem um monstro alienígena na nave? – Cascão falou dando um pulo nervoso.
- Eu acho que é alguma peça com defeito. – Zé Luiz respondeu checando os controles.
(Xabéu) - Algum asteróide bateu na nave?
(Astronauta) – Pode ser algum intruso fazendo sabotagem.

O ronco se fez ouvir novamente e todos se voltaram para Magali que esfregava o estômago com aquela cara de choro que ela fazia quando estava com fome.

- Ai, tô morrendo de fome, gente! Seu Astronauta, será que não tem nada pra comer aqui não?
(Cebola) – Agora eu me toquei... há quanto tempo a gente tá aqui? Cara, se passaram várias semanas naquele outro mundo!
(Cascão) – É mesmo, véi! A gente tá aqui esse tempo todo? Minha mãe já deve tá surtando geral!
(Astronauta) – O que está acontecendo aqui?

Paradoxo deu uma risada bem humorada e respondeu.

- Vocês demoraram a perceber, heim? Digamos que em se tratando de espaço e tempo, eu sempre dou um jeito de manipular tudo como quero. Então, semanas e meses naquele mundo se passarão para nós como se fossem horas, é isso.
- Mas como você faz isso?
- É complicado explicar, comandante. Eu apenas consigo controlar o tempo. É suficiente saber disso.
- Tá, e quando a gente vai comer? Meu estômago tá até doendo!
- Tenente Xabéu, mande trazer algo a cozinha da nave. Acho que precisamos de uma pequena pausa.   

Magali deu um largo sorriso e parou de choramingar. Comer era tão bom que ela não entendia por que seu duplo perdia tanto tempo agredindo as pessoas ao invés de comer coisas gostosas e ficar numa boa com todo mundo.
 

 



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