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História Universo em Desequilíbrio - A festa do pijama


Escrita por: Mallagueta

Capítulo 37 - A festa do pijama



- Festa do pijama, é? Que tudo... – Carmem oscilava entre o desejo de poder conhecer a casa da Mônica e a repulsa de ter que dividir o mesmo teto com aquelas garotas pé de chinelo. Por que Mônica teve que convidar aquelas mortas de fome? – Eu vou ver se dá e depois te falo, tá?
- Tá bom.

Convidar aquela chata e suas amigas nunca esteve em seus planos, tinha sido imposição de sua mãe quando soube da sua intenção de fazer a festa do pijama.

- Os Frufrus são nossos amigos, então você não pode deixar a filha deles de fora! – ela falou e não teve como negar. Só lhe restava torcer para que Carmem se negasse a ir a festa como uma forma de dar o troco por ela não ter ido na sua.

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Magali olhava para os lados e viu que tudo parecia normal, indicando que ninguém estava sabendo do incidente no vestiário. Como ela ia imaginar que Mônica era tão forte?

“Essa vaca burguesa vai ver só uma coisa, ah se vai!” ela pensou consigo mesma tentando pensar numa forma de se vingar da Mônica pela humilhação sofrida. Se apenas Denise tivesse assistido, talvez desse para conviver com aquilo. Mas não, as outras meninas também tinham visto e era um milagre não terem espalhado pela escola inteira. Talvez fosse só questão de tempo até todo mundo saber. Ela não podia deixar aquilo passar em branco de jeito nenhum.

Com a saída do Tonhão, sua gangue enfraqueceu e ia enfraquecer mais ainda se ela não tomasse uma providência. Como fazer aquilo? Enfrentá-la de novo cara a cara podia ser arriscado. Magali ainda se lembrava da força com que Mônica tinha apertado seu pulso, que ficou doendo por horas seguidas depois do incidente. Então ela podia se defender? Claro, ela nunca acreditou que fosse possível. Então por que não fez antes? Por que não se impôs desde o início?

- Ainda tá pensando na Mônica? – Denise perguntou quando acabou a aula de matemática, uma das piores de todas.
- Tô. Aquela vaca vai ver só uma coisa. Eu sou osso duro de roer e não vou ser derrotada tão fácil assim.
- E o que você vai fazer? Tentar enfrentar ela?
- Vou. Quero ver se ela vai ser mesmo capaz de quebrar a cara de todo mundo.

Denise ficou preocupada. Um pouquinho pela Mônica em si, que tinha lhe defendido, mas principalmente pelo Cebola, que gostava dela. Uma atitude impensada por parte dele poderia estragar tudo.

- E o bagulho? A gente não tem que vender?
- O que uma coisa tem a ver com a outra?
- Tem a ver porque se você brigar de novo com a Mônica, vai dar encrenca e seus pais vão te botar de castigo outra vez. Aí você não vai poder vender sua parte.

Magali quebrou o lápis ao meio para extravasar a raiva. Denise estava certa, ela estava com problemas mais urgentes para resolver. Enquanto não se livrasse dos traficantes, não ia dar para fazer nada. Pelo menos não na escola.

- Se eu não posso brigar na escola, então vai ser fora dela. Mais tarde vou planejar um jeito de pegar a burguesa no lado de fora, vou esperar só uma chance.
- Então tá. – Ela fingiu concordar, ainda preocupada com aquela teimosia. Se bem que pegar Mônica fora da escola era difícil porque dificilmente ela saia sozinha, então aquilo podia ajudar a ganhar algum tempo.

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- Ai, que coisa chata! – Maria reclamou. – Por que você recusou ir a casa da Mônica?
- E misturar com aquelas pobretonas? Você quer isso? Eu heim! Vai que pobreza pega, eu não quero arriscar.
- Só que eu queria tanto conhecer o quarto dela... – Irene falou pintando as unhas. Como uma forma de compensação, Carmem também resolveu dar uma festinha para elas que não estava tendo a menor graça.

Era sempre a mesma coisa e elas estavam ficando enjoadas.

- Pelo menos a gente não vai ter que encarar aquelas comidas super calóricas. – Isa falou comendo um pedacinho de maçã. – Elas adoram se entupir com porcarias e vocês sabem como aquilo engorda!
- Viram só, meninas? A Isa não tá reclamando.

As outras duas deram um suspiro cansado e desistiram de discutir. Era inútil mesmo.

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O quarto estava em ordem e ela tinha providenciado várias guloseimas como doces, bolos, salgadinhos, sucos, refrigerantes e outras coisas gostosas para elas comerem durante a festa. Também havia produtos de beleza, maquiagem, muitas revistas, DVD’s e seus CD’s preferidos para animar a festa.

- É isso aí, vai ser demais! Há quanto tempo eu não vou a uma festa do pijama!

Colchonetes foram distribuídos pelo chão para acomodar as amigas. Para sua sorte, Carmem se recusou a ir alegando uma desculpa qualquer. Melhor assim, aquelas três nunca gostaram de se misturar com as outras meninas, então só iam atrapalhar sua festa.

- Menina, suas amigas chegaram. – Durvalina anunciou.
- Beleza, vou lá receber elas!

Na sala de estar, Marina, Cascuda, Keika, Dorinha e Aninha olhavam ao redor maravilhadas com a beleza daquele lugar. Realmente, Mônica vivia em grande estilo!

- Oi, meninas! Vamos entrando!
(Marina) – Nossa, que casona!
(Cascuda) – Eu ia me perder aqui!
(Aninha) – Mostra ela pra gente, vai!
- Tá bom, vem que vou mostrar pra vocês.

O grupo fez um pequeno passeio pela casa, onde Mônica mostrou as partes principais, deixando todas maravilhadas.

- Pena que tá fazendo frio, mas quando chegar o calor vou dar uma festa na piscina pra nós!

Elas também ficaram encantadas com o piano e mais ainda quando Mônica tocou algumas músicas. Dorinha foi a que mais gostou.

- Nossa, você toca bem demais! Bem que podia tocar no teatro da escola!
(Aninha) – É mesmo, viu? Eles já consertaram o piano e dizem que tá funcionando direitinho.
- Será que eles vão deixar?
(Keika) – Seria uma judiação se não deixassem. O piano fica lá parado sem fazer nada, então tem que servir pra alguma coisa, né?

Depois de ouvirem mais algumas músicas, elas foram para o quarto da Mônica e ficaram de queixo caído com o grande espaço que havia ali, tudo só para ela. A privacidade era total.

- E aí, meninas? Quem vai querer hidratar o cabelo?
- Eeeeuuuu!

E a festa começou, com tudo o que uma festa do pijama tinha direito: máscaras de beleza, hidratação nos cabelos, fazer as unhas, fofocar, ouvir música e comer coisas gostosas. Elas riam e se divertiam como se fossem velhas amigas.

Pela primeira vez desde que colocara os pés naquele mundo, Mônica se sentia mais tranqüila e feliz. Claro que muita coisa precisava ser resolvida, mas ela sentia que aos poucos tudo estava entrando nos eixos. Quando o assunto voltou-se para os rapazes, Aninha quis saber.

- Aqui, você tem certeza de que não quer nada com o DC?
- Nem! Ele é metido demais!
(Cascuda) – Eu não acho. Ele é um gatinho, viu?
(Keika) – Eu prefiro o Tikara, mas o DC também é um gatinho!
(Marina) – Blé, só que ela prefere o cobaia! Eca!
- Eca nada, o Cebola é muito legal.
(Aninha) – Pffff! Só você chama ele de Cebola, pra nós é cobaia ou Cebolinha mesmo.
- Nunca entendi por que vocês chamam ele de cobaia...

Marina esclareceu.

- É porque todo mundo apronta com ele de tudo quanto é jeito.
- Que coisa horrível!
(Cascuda) – Horrível nada. É por causa dele que a gente tem que agüentar a Magali todos os dias.

Mônica balançou a cabeça e disse.

- Tá certo que o Cebola errou um monte, mas a Magali também tem culpa no que faz. Ele parou de zoar com ela a um tempão, mas ela ainda insiste em mexer com todo mundo.
- Faz isso porque foi muito zoada! – Dorinha tentou justificar.
- Eu também fui e nem por isso fiquei valentona que nem ela. Ah, gente, não tá na hora de largar o passado não? Vocês vão ficar remoendo isso pelo resto da vida? Eu heim, isso dá ruga viu?

Aninha correu até o espelho para examinar seu rosto.

- Cruz credo, não quero ficar velha mais cedo não!

O riso foi geral por causa da cara que Aninha tinha feito e o clima foi se descontraindo. Talvez Mônica tivesse mesmo razão. Talvez fosse hora de deixar o passado para trás e seguir em frente.

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“Deixar o passado pra trás... será que dá mesmo?” Cebola foi pensando com seus botões enquanto ouvia a conversa das garotas. Como esquecer as coelhadas que tinha levado? Como esquecer todos os planos que deram errado? Era difícil carregar aquilo dentro de si, aquela frustração mal resolvida que lhe atormentava sempre. Durante toda a vida, Mônica sempre foi a líder, a mais forte e poderosa. Ele, por outro lado, era só o carequinha troca-letras que apanhava no final.

Será que dava mesmo para esquecer tudo aquilo e recomeçar? Afinal, Mônica sempre dizia que lhe admirava, o achava inteligente e esperto. Ela nunca lhe cobrou nada, nunca exigiu que ele fizesse grandes feitos para impressioná-la. Ele fazia porque queria fazer.

- Vejo que está bem pensativo, rapaz do cabelo espetado. – Paradoxo falou se colocando do seu lado sem que ele visse.
- Tô só pensando numas paradas aqui. Nada demais.
- Pois parecem ser demais para você, não é? Bem, não se apresse. Pense o quanto quiser, será bom para você.

Cebola não entendeu o que ele quis dizer com aquilo e não se preocupou em perguntar. Ele ainda se debatia entre o desejo de resolver suas frustrações ou apenas esquecer e seguir em frente. Era tão difícil deixar o passado para trás!

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O prédio era antigo e bem gasto. Ficava na periferia do bairro das pitangueiras, numa parte pobre e decadente. O homem abriu o portão e subiu de elevador até o andar onde ficava o apartamento que procurava. O prédio também estava gasto por dentro. O piso estava quebrado, a pintura descascando e algumas lâmpadas estavam queimadas há meses sem que alguém tivesse a preocupação de trocá-las.

Ele abriu a porta com cuidado e entrou levando algumas sacolas nas mãos. O interior do apartamento contrastava com o exterior. O local era bem decorado, estava limpo e com mobília relativamente nova. Na sala, havia uma grande televisão de led junto com um home theater. No sofá um homem alto, forte e de pele morena assistia a um filme de guerra com uma lata de cerveja nas mãos.

Quando viu o recém chegado, ele pausou o filme e perguntou.

- E aí, o que tem de novo?
- A pirralha e os outros moleques conseguiram vender a mercadoria e já dei outra pra eles. – ele respondeu colocando o dinheiro das drogas sobre a mesa de centro.
- Legal. Até que os moleques estão servindo pra alguma coisa, só não sei se tô gostando muito disso.

O outro ficou surpreso.

- E por quê? É grana fácil, eles trabalham de graça e tão morrendo de medo da gente!
- Já tem gente nova na área e cada um vende mais do que todos eles juntos. Acho que não precisamos mais desses moleques e é meio arriscado ficar colocando essa droga na mão deles.
- O que a gente faz então? Pára de dar bagulho pra eles vender?

O sujeito pensou um pouco, dando alguns goles da lata de cerveja. Aquela parecia ser a melhor alternativa. Os moleques não tinham nenhuma ligação com seu bando, não o conheciam e não estavam por dentro dos seus negócios. Talvez o melhor fosse deixá-los de lado mesmo. Por outro lado... ele não podia esquecer que por causa de um deles, três dos seus homens foram presos. Não dava para cortar aquele castigo assim do nada, senão eles nunca iam aprender a lição.

- Vou pensar num outro jeito de dar uma lição neles. É isso que vou fazer. – Ele falou com um olhar sinistro que sempre deixava seus capangas nervosos. O traficante não falou mais nada e voltou a assistir o filme enquanto pensava calmamente em várias formas de acabar com aquele grupinho de pivetes revoltados.

No início era só uma gangue de colégio, mas podiam crescer com o tempo e ele não podia deixar aquilo acontecer. Eliminar a concorrência quando ainda estava o início era bem mais fácil.  

 



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