História Unknown Dimension - Tentando entender...

 O sinal tocou, Rosalya me puxou para a sala deixando Castiel para trás, Lysandre puxou o braço dele até a sala.

 - Formem duplas! - Pediu o professor Faraize pegando algumas folhas.

 - Angel...? - Castiel tocou meu ombro, ele senta atrás de mim.

 - Angel! - Rosalya gritou do outro lado da sala, eu ia me levantar para ir até ela quando o professor interrompeu.

 - Façam duplas com pessoas próximas para não atrasar o trabalho, vocês sabem que hoje é período reduzido - Faraize pediu olhando para mim.

 Sentei de volta em minha cadeira.

 - Posso fazer sozinha? - Perguntei, Castiel retirou a mão de meu ombro.

 - Não, faça dupla. Tenho poucas folhas.

 - Olha eu sei que você... - Castiel começou a falar, mas eu o interrompi.

 - Coloca a mesa aqui.

 Não tenho escolhas e também não quero ficar sem a nota trimestral. Castiel colocou a mesa ao lado da minha e se sentou.

 - Angel... - Ele pegou minha mão.

 Seu toque me fez arrepiar,  não posso ceder a isso.

 - Vocês tem vinte minutos pra fazer o trabalho, é pouca coisa - Faraize entregou uma folha pra cada dupla com seis questões.

 - Eu faço três e você faz três - Eu disse sem olhá-lo. - Eu começo.

 Puxei a folha para a minha mesa, abri o estojo e peguei um lápis, para mim as três primeiras questões estavam fáceis, terminei em menos de dez minutos. Coloquei a folha na mesa de Castiel e abaixei a cabeça.
 Não sei como Castiel está se sentindo, mas ele parecia mal, a minha intensão não é essa e sim ouvir da boca dele o que ele fez. Ou Rosalya estava mentindo? Agora tudo ficou confuso.

 - Angel... - Castiel cutucou meu braço. - Eu não consegui fazer a última...

 Levantei a cabeça, peguei a folha e resolvi a última questão que realmente estava difícil.

 - Professor! Terminamos! - Gritei e levantei a mão, o professor veio e recolheu a folha.

 - Muito bem.

 Castiel estava inquieto, mexia no cabelo toda a hora e olhava as horas no relógio que tem na sala de aula. Ele tremia.

 - Você está bem? - Arrisquei e coloquei uma de minhas mãos em seu ombro.

 - Sim - ele levantou, pegou o material e saiu da sala.

 - O que aconteceu com ele? - Professor Faraize disse levantando da cadeira.

 - Eu não sei... - Realmente não sei.

 Todos os alunos olharam para mim sem entender nada.

 - Eu vou falar com ele - Faraize saiu da sala, Rosalya levantou e veio até mim.

 - Deve estar arrependido do que fez... - Ela sentou em minha mesa.

 - Tem certeza que era ele? - Perguntei por fim.

 - Quem mais seria? Aquele cabelo chama mais a atenção que as roupas do Alexy - Ela riu e eu não pude segurar o riso.

 - Tem razão...

 Realmente quem confundiria Castiel com aquele cabelo? Quem o conhecia o reconheceria de longe!
 Assim que o sinal para sair da escola tocou, Alexy me puxou para um canto.

 - Vamos comigo até o mercado aqui do lado? Eu estou morrendo querendo comprar um chocolate - ele juntou as mãos quase em súplica.
 - Sério Alexy? Agora? Não pode ir com qualquer outro? - Perguntei segurando as mãos dele impedindo de juntá-las novamente.

 - Poxa Angel? O que deu em você?! - Ele cruzou os braços e sua expressão ficou seria, eu quase nunca vejo Alexy sério, e quando vejo, tenho vontade de apertá-lo pois ele fica fofo. Respirei fundo e falei:

- Desculpa Alexy, você sabe... Vamos.

 Deixei minha mochila junto com a de Alexy que Armin estava cuidando. Saímos da escola e fomos até o mercado. Aquele é bem maior que o que eu costumo ir antes de chegar na escola logo cedo. Haviam seis corredores compridos. Fiquei olhando o nada esperando Alexy até que ele cutuca meu ombro.

 - Esse é pra você - ele me entregou uma barra de chocolate.

 - Alexy, não precisa...

 - Você merece pra se acalmar, não precisa me reembolsar depois - Alexy advertiu fazendo uma careta estranha.

 - Bom... Vou indo, tchau - Alexy disse puxando Armin depois que voltamos a escola.

 Eles pelo menos tem como ir para casa, já eu não. Não vim no dia anterior, ninguém me avisou, meu pai está trabalhando... Eu teria que voltar de ônibus para casa.
 Assim que comecei a andar alguém segurou meu braço, me assustei, mas meu coração se acalmou ao ver Castiel.

 - Não sabia né? - Ele soltou meu braço.

 - Achei que não estava na escola - retruquei.

- Eu estava no ginásio... Pensando  - a voz dele falhou. - Quer que eu te leve para casa?

- Faraize conversou com você? - Perguntei colocando o capacete.

- Disse que eu deveria aprender a separar algumas coisas... Não importa  - ele colocou o capacete e ligou a moto.

 O que exatamente, Castiel?

 Tive vontade de fazer esta pergunta, mas como sou burra eu não fiz.
 Em poucos minutos eu já estava no portão de minha casa, entreguei o capacete para Castiel.

 - Obrigada - disse e entrei. O observei pela janela e ele subia na moto novamente, indignado.

 Não o beijei... Eu já estou sentindo falta... Subi as escadas, troquei de roupa e coloquei um short azul claro e uma regata mais solta azul escuro. Peguei meu  notebook e o coloquei na cama.
 A primeira coisa que fiz foi deitar e espixar minhas pernas, eu realmente estou muito cansada, por mais que eu tenha ficado pouco tempo na escola, parecia ter sido uma eternidade. Abri minhas redes sociais e já tinha uma mensagem de Castiel no meu facebook.

 "Oi". Não o respondi, simplesmente desativei o bate-papo para ele, é crueldade? Sim, mas não estou afim de conversar.

 "Shopping hoje a tarde?" - Rosalya me enviou uma mensagem.

 "Desculpa, mas não estou disposta, convida seu namorado" - repondi.

 Rosalya me respondeu com um emoji entediado, eu ri e me despedi, guardei o notebook e dormi.

 - Acorda, o almoço está pronto - Meu pai disse sentado na beirada da cama.

 - Acordei - passei as mãos no rosto e me ergui com dificuldade.

 Penteei meu cabelo e desci até a cozinha, servi meu prato e me sentei ao lado de meu pai.

 - E então... Como vai o namoro? - Meu pai perguntou, Castiel e Peter se dão muito bem, coisa que eu achei que não iria acontecer.

 - Vai bem - menti, se não eu teria que contar e explicar e acabaria chorando.

 - Faz alguns dias que Castiel  não vem aqui em casa, convide-o - ele sugeriu.

- Claro...

 A verdade é que eu não quero, não estou afim de vê-lo aqui, não enquanto tudo não se resolver.

 Terminei meu almoço e voltei para o quarto, meu pai voltou ao trabalho e eu peguei meu diário dentro da mochila e comecei a escrever.

 "28 de abril, quinta-feira"
 "Por onde posso começar? O dia foi muito estranho hoje, quando cheguei fiz o máximo para ignorar Castiel, mas não parecia dar certo, ele sempre insistia em aparecer, ele pegou esse diário na intenção de lê-lo, mas eu não deixei e acabei por arranhá-lo sem querer, queria muito ter pedido desculpas, mas não consegui... Como eu me sinto agora? Estou prestes a me jogar de um penhasco e cair em um mar de dúvidas - se eu já não caí e não percebi. - Ele me pediu desculpas e eu não dei respostas, eu só queria mesmo era beijá-lo e dizer que o amava, mas não consegui. Sem contar o fato que ele saiu da sala sem explicação após terminar um trabalho de história, ele parecia inquieto, sei lá. Só sei que eu estava preocupada. O resto da aula ele não apareceu, mas... Depois reapareceu me oferecendo carona pra casa. Aceitei claro. Agora estou aqui. Mas sinceramente eu estou confusa, ainda não sei se o que Rosa me contou é verdade, faz dias que ela está agindo estranhamente. Castiel só me traz preocupações, ele... Ele me faz sofrer e ao mesmo tempo amá-lo... Não sei se resistirei... Tudo o que mais quero é acordar desse pesadelo real.
 Vamos aos sentimentos: Ele me deixa louca, envergonhada, triste, com raiva, assustada, mas eu nunca resisto. Tenho medo de perdê-lo... Não sei como ele foi capaz de fazer aquilo - se fez - se ele me amasse como diz todos os dias, nunca teria encostado os lábios nela, nem ao menos a teria olhado. Eu só quero que ele me conte."

 Quando dei por mim eu estava chorando, coloquei o diário de lado e desabei no travesseiro, eu estava precisando disso. Chorei tudo o que tinha que chorar, acho que não tenho mais lágrimas, de todas as vezes que chorei foram rios por causa dele.
 As vezes penso que é o fim de uma amizade de anos, mas nunca é.
 Sequei as lágrimas e decidi tentar continuar.
 Dias se passaram e meu pai fez questão de convidar Castiel para jantar e passar uma noite lá, estou ferrada.