P.O.V's Angel
Acordo um pouco aturdida e com dores no corpo inteiro, a única coisa de que me lembro é de cair no chão frio depois do treinamento.
Levanto lentamente para não fazer o mundo à minha volta girar, continuo com as roupas de luta. Pelo menos ninguém ousou retirar minhas roupas.
Ainda não me acostumei com esse lugar, já cheguei a achar que era uma pegadinha de algum Reality Show, mas assim que vi minha irmã, esse pensamento escorreu da minha mente como uma cascata. Olhei para a cama, e em cima do cobertor tem algumas roupas. Alguém deve tê-las colocado ali.
Tiro aquela roupa sufocante e coloco uma camiseta de tecido estranho, marrom com uma das mangas compridas e a outra não, não há nenhum detalhe nela, a gola aperta em meu pescoço, mas não sufoca. A parte de baixo, tem o mesmo jeito de uma legging colada ao corpo. Deixo o quarto e vou até a sala de portas.
- Imagino que deva estar com dor, não é mesmo? - Reconheço a voz no mesmo instante, Ezarel.
- Sim, estou. Aliás, não era para você estar no mundo humano, com Nevra? - Pergunto com uma expressão desconfiada no rosto, por mais que não signifique nada.
- Era, mas não estou. Tenho que cuidar de sua irmã, esqueceu? - Ele revira os olhos, como se aquela tarefa nada o agradace.
- E você não gosta? - Ele abre a boca para falar, mas eu o interrompo. - Ah, não venha dizer que não, eu vi a sua preocupação aquele dia, quando vi Alma pela primeira vez aqui.
Desisto - por alguns minutos - de ir até a despensa para comer algo.
- Se eu me importo ou não, não importa a você - ele diz, ligeiramente irritado.
Estamos praticamente à meia distância um do outro, estou no meio da sala, e ele ao lado dos pilares, próximo às escadarias.
- Claro que importa, ela é minha irmã. Eu devo saber o que pensam sobre ela e o que sentem por ela. - Meu tom foi levemente acusatório.
- Está querendo dizer que eu gosto de sua irmã? - Ele aponta para si próprio, com uma expressão assustada e corado.
- Se eu estiver, saiba que acabou de se entregar - eu lancei-lhe uma piscadela e continuo minha caminhada até a despensa.
Ouço passos acelerados até mim e uma mão segurar meu braço esquerdo.
- Mas eu não disse nada!
Mais um ponto para mim, Ezarel.
- Não disse, mas seu rosto entregou - estalo os dedos em frente ao seu rosto. - Será que você pode, por favor, soltar meu braço?
Ele solta, suas bochechas voltam a cor normal e sua expressão volta a ser a mesma - séria com uma pitada de sarcasmo.
Vou até a despensa, observo as coisas em cima de uma mesa, pego um pedaço de pão e procuro algo para passar nele, vejo um pote com mel e aproximo minha mão para pegar.
- Olha, eu preciso... - Olho para a entrada e vejo Ezarel boquiaberto. - Tire as mãos do meu mel, agora!
Ele diz, parecendo querer controlar raiva. Por causa de um pote de mel?
- Eu só ia pegar um pouquinho... - digo. - E eu nem cheguei a encostar no "seu" mel.
- Não interessa se você ia pegar um pouquinho, é o meu mel, você não sabe o que o mel é para um elfo? - Ele diz de forma dramática e se aproxima da mesa e tira o pote de mel de meu alcance, segurando-o com uma das mãos.
- Não se nega comida, só um pouquinho, por favor...
- Eu nego sim. - Ele diz e imploro com as mãos juntas em frente ao rosto.
Ele revira os olhos e respira fundo.
- Se eu entregar à você algo para passar a dor no corpo, você fica longe do meu mel? Tipo... Longe mesmo. - Ele nota a minha demora, por estar pensando no assunto. - Lembre-se que tem treinamento hoje de novo.
Pronto, ele venceu!
- Tudo bem - agora quem revira os olhos sou eu.
Antes que ele pudesse deixar a despensa, chamei sua atenção ao pigarrear.
- Você ia me dizer algo antes de surtar por causa do mel?
Digo relembrando-me do que ele dissera. Ele para, pensa e diz:
- Não, não.
Assim ele sai.
P.O.V's Ezarel
O que deu em você pensar em revelar as coisas àquela garota ladra de mel?!
- Ezarel, Angel não é uma ladra de mel, aposto que ela queria apenas um pouquinho - Alma surge ao meu lado e põe uma de suas mãos em meu ombro.
- Espera, como você...? Ah, o colar... - Paro de repente ao lembrar-me de algo. - Mas isso só não funciona com quem usa?
- Era pra ser assim, mas de repente sua voz invadiu minha cabeça - ela fecha o colar em uma das mãos.
Olho para a jóia na cabeça da Fênix, não tem a mesma coloração vermelha de antes.
- Não era vermelho? A cor da jóia - Pergunto ainda olhando para o colar, percebi o desconforto da garota por eu olhar desse jeito para ela. Desviei o olhar para deixá-la tranquila.
- É verdade... Era vermelho, agora está verde... Ezarel, o que isso pode significar?
Ela se aproximou de mim, a expressão confusa em seu rosto iluminado pelo reflexo do dia lá fora.
-Que agora você pode ler o pensamento de quem quiser? - Falei brincando, mas Alma não parece bem para brincadeiras hoje. - Eu não sei...
- Isso é estranho... Mais cedo estava vermelho.
Se agora ela pode ler os pensamentos de outros que não usam o colar, estou ferrado.
- Ezarel, quero que saiba que eu não invadirei sua privacidade. Hoje eu não queria, mas... Sei lá, de repente. Não ousarei ler nada da mente de ninguém - ela respira fundo. - E se acontecer sem que eu queira, falarei e me perdoe.
- Tudo bem, mas você leu isso da minha mente? Por que eu estava realmente pensando nisso.
- Não, sua expressão entregou.
Minha expressão sempre entrega.
- Oh, tudo bem.
Percebo a íris dos olhos de Alma ficarem claras rapidamente, como se estivesse perdendo a pigmentação dos olhos. O corpo dela se inclina para trás à cair, meus braços e envolvem e a puxam para perto de mim, abraçando-a e impedindo sua queda. O corpo dela mole em meus braços.
- Alma?! - Angel grita e corre até nós. - O que aconteceu?
- Ela desmaiou.
A pego no colo e levo-a até seu quarto, deito-a cuidadosamente na cama.
- Fique com ela, vou tentar fazer algo para ajudá-la - Digo a Angel, que agora senta ao lado da irmã na cama e saio do quarto.
P.O.V's Angel
O cabelo de Alma, instantaneamente ficou mais claro, algumas mexas ficaram prateadas, sua pele, extremamente branca, como se não existisse mais melanina em seu corpo, os lábios quase sem cor e a pele fria.
Coloco uma de minhas mãos em sua mão direita, está áspera... Foi instantâneo ou ela já estava magra? Não notei isso quando cheguei, simplesmente pela felicidade de vê-la. Se pelo menos alguém me explicasse o que está acontecendo...
...
- Isto é seu, guarde - Ezarel me entrega um um frasco com um líquido verde dentro, seria aquilo que passaria a dor no meu corpo?
- Obrigada - o frasco é médio e tem uma quantia grande.
- Não tome tudo de uma vez, um gole pequeno já é o suficiente. Preciso esperar ela acordar para fazê-la tomar aquele - ele aponta para um frasco menor que o meu com um líquido azul.
Nós dois ficamos ali ao lado dela em silêncio, enquanto dormia. Ezarel esconde algo sim, ele age completamente diferente com minha irmã, e muito ao contrário comigo. Mas isso não importa, ele pode ajudar Alma, não é mesmo?
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