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História (un)lost. - É preciso deixá-lo ir.


Escrita por: futfics

Capítulo 4 - É preciso deixá-lo ir.


Era a primeira vez que eu voltava ao Clube desde o fatídico dia em que ouvira a conversa de Mario e Marco no vestiário. Optei por deixar a poeira abaixar antes de retornar ao clube, pois não queria desviar o foco de nada do Borussia para assuntos que naquele momento já estavam encerrados e com uma pedra em cima. Além disso, o clima em casa também não estava dos melhores. Não falava direito com meu pai desde que soube da maldita transferência, pois como presidente do Clube, eu entendia que ele não devia nem sequer considerar vender Mario Götze. Ainda mais para o Bayern.

Os meninos treinavam normalmente, e eu os assistia em um canto isolado da arquibancada. Observava cada um deles e pude notar alguns mais desanimados que os outros, cabisbaixos, provavelmente ainda afetados com toda essa história. Estava tão concentrada observando os meninos que mal me dei conta de quando meu pai sentou ao meu lado. Ele ajeitou-se a poucos centímetros de distância e ficou em silêncio, mas sua presença forte e oponente era ensurdecedora. Papai me conhecia bem demais e sabia que com ele ali parado ao meu lado, eu não demoraria para soltar tudo que eu estava guardando. E foi o que eu fiz.

- Eu não entendo o porque. - falei baixo, ainda olhando pro campo.

- Eu também não. - ele respondeu no mesmo tom.

- Pai, você é o presidente do Clube. - ainda não olhava pra ele, mas o tom de voz já não era tão leve. - Por que você o vendeu?

Meu pai ficou em silêncio por aproximadamente 2 minutos inteiros e angustiantes. Respirou fundo antes de responder.

- Porque quando um jogador pede para ser negociado, filha - ele olhou-me nos olhos - Temos que deixá-lo ir.

Meus olhos vidraram nos do meu pai e não consegui que as lágrimas não se formassem. Tudo era muito pior do que eu pensava. Sempre achei que o Bayern tinha feito uma proposta e, juntamente com o Clube, Mario decidiu que era o melhor a se fazer. Mas não. Ele pediu pra ser negociado. Pediu pra deixar o Borussia. Quando a lágrima escorreu no meu rosto, meu pai limpou-a e deixando um beijo na minha testa, saiu.

-

A minha ida ao BVB naquele dia era devido a uma entrevista coletiva que teria à tarde, onde eu falaria de resultados e projetos envolvendo as sociais medias do Clube. Seria a primeira vez que eu enfrentaria a imprensa depois de todo o ocorrido, não teria escapatória. Claro que eu não era ingênua a ponto de pensar que não haveria perguntas sobre Mario, mas eu iria ignorar, até porque nem era esse o propósito da coletiva. No horário marcado, estava eu sentada na sala de coletivas, em frente a dezenas de jornalistas de diferentes partes do mundo. Eu sempre me sentia como uma presa em frente a caçadores, pois todos eles estavam sempre em busca de um deslize para estampar as capas de jornais e revistas.

- Bom dia, Helene. As redes sociais do Borussia são as mais famosas do meio esportivo, o que você acredita que se deve esse sucesso? - um jornalista francês perguntou.

- Bom dia. O nosso projeto quanto as redes sociais do Clube sempre foi o aproximamento com o torcedor. Não queríamos tanta formalidade, mas sim um projeto de diálogo e identificação com os torcedores. Acho que essa fórmula deu certo, por isso o sucesso das nossas redes sociais. - respondi.

- Helene, é inegável que a marca BVB ficou muito mais conhecida depois que você assumiu o departamento de social media do Clube. - um jornalista espanhol disse.

- Essa era a intenção, e eu fico muito feliz que tenha dado certo. Acho que a nossa principal é o twitter, que é uma rede social muito grande e influente e que cresce a cada dia mais. Nós começamos a interagir com os seguidores, usar gifs e narrar os jogos lá, o que despertou a simpatia até de torcedores de outros clubes. Expandir a marca BVB para o mundo é ganhar mais simpatizantes e torcedores para o Clube.

- Bom dia, Helene. Queria saber sua opinião sobre a transferência de Mario Götze para o Bayern.

Os olhos perspicazes de todos me olhavam com mais atenção ainda. Uma hora ou outra essa pergunta chegaria, eu sabia. Mas ainda assim, no fundo, eu tinha esperança de que todos respeitassem e não dissessem nada. Bobagem.

- Não vamos fugir do tema da coletiva. - o diretor do BVB que me acompanhava interveio.

- Helene, todos estão ansiosos para saber sua opinião a respeito, por favor! - outro jornalista declarou.

A partir daí, muitos jornalistas falavam ao mesmo tempo pedindo uma declaração minha sobre o assunto. O desconforto em mim aumentava cada vez mais, e minha única vontade era sair correndo dali. Adicionei esse momento ridículo em mais uma das coisas ruins que eu passei por causa de Mario Götze. Alguns minutos se passaram e, diante do meu silêncio, eles se calaram. Me posicionei novamente para falar e seus olhos brilhavam em expectativa.

- Eu não comento sobre jogadores que não fazem parte do Borussia Dortmund. 

- Mas o que você acha que levou o Mario Götze, criado no Borussia, a pedir pra ser negociado com o Bayern? - o jornalista alemão era insistente.

- Eu não poderia dizer. - falei serena. - Eu não o conheço mais.

Após dizer essa frase, levantei e me retirei da sala de coletivas. 

-

Após a desastrosa entrevista coletiva, praticamente me escondi no estacionamento do Clube. O combinado era esperar o Marco lá dentro, mas eu não queria ser achada. Queria sumir, na verdade. Queria pegar minhas coisas e ir para um lugar longe, sem data pra voltar. 

- Hey, Leninha. - Marco parou na minha frente, já de banho tomado e arrumado pra ir pra casa.

- Hey. - respondi cabisbaixa.

- Fiquei sabendo da coletiva. - ele falou em tom de lamentação.

- Ai, Marco! - coloquei as mãos no rosto. - Por que é que eu simplesmente não fiquei de boca fechada?

- Porque essa não seria você. - ele riu me levantando puxando minha mão.

Após deixar um tapa em seu ombro, o abracei. Sinceramente, não sei o que seria de mim sem o Marco, não sei se conseguiria passar por tudo isso sem ele do meu lado. 

- Você é muito chato. - falei enquanto caminhavamos em direção ao carro, ainda abraçados.

- É por isso que somos amigos. - ele depositou um beijo no meu rosto.

Ri entrando em seu carro, íamos para a casa dele. Aquele era o dia oficial da pizza e do vinho para nós, e veio na melhor hora possível, era algo para eu esfriar a cabeça. Ao chegar na casa de Marco, nos acomodamos com as pizzas e os vinhos na mesa de centro enquanto assistimos um filme qualquer na tv. Ríamos e conversávamos sobre tudo, até que minha curiosidade falou mais alto.

- Você tem falado com o Mario? - perguntei como quem não quer nada.

- Sim, tenho falado com ele esses dias. - ele respondeu.

Não queria, mas uma pontada de indignação me atingiu. Como ele conseguia falar com Mario como se nada tivesse acontecido? 

- Que bom. - falei e meu tom afiado ficou evidente.

- Helene... - Mario notou que sua resposta não tinha me agradado.

- Tudo bem, Mario. - falei sem esconder mais meu descontentamento. Comecei juntar as minhas coisas e levantar. - Você o entende, não é? Também é jogador de futebol. Daqui um tempo você será o próximo a ir embora. - completei sentindo um aperto no peito só de imaginar.

Peguei minhas coisas e caminhei em direção a porta, sentindo as lágrimas se formarem nos meus olhos. Assim que abri a porta, senti a mão de Marco segurar meu braço.

- Preste atenção no que eu vou dizer. - seu semblante era sério. - Eu nunca vou deixar você.

Nos encaramos por alguns segundos, e senti que Marco falava aquilo do fundo de seu coração. Abracei-o forte sendo retribuída na mesma intensidade, sabendo que quando ele dizia que nunca me deixaria, não só era a mais pura verdade, mas também significava que jamais deixaria o Borussia Dortmund.



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