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História (un)lost. - Presença da ausência.


Escrita por: futfics

Notas do Autor


NÃO SEI NEM COMO COMEÇAR A PEDIR DESCULPAS PRA VOCÊS.
Os últimos meses foram acúmulos de imprevistos e do meu característico pé frio e azar.
Além de estar lotada até o pescoço de coisas da faculdade, problemas pessoais e bloqueio criativo, meu notebook resolveu pifar e só agora ele voltou pra mim.
Peço desculpa de verdade pelo meu sumiço e, principalmente, minha falta de notícias. Eu devia ter avisado e ter tido mais consideração. Não foi proposital. Me perdoem.
ANYWAY, EU VOLTEI DE VEZ! Tava com saudades. Bjs <3

Capítulo 5 - Presença da ausência.


O aeroporto de Dortmund estava um caos naquele dia. Pessoas andando apressadamente pra lá e pra cá, crianças chorando, malas e bagagens em todos os cantos. Foi difícil sair de lá, mas o alívio por estar finalmente de volta em casa era recompensador. Depois de alguns minutos tentando achar um táxi, adentrei no primeiro que apareceu e segui em direção ao meu apartamento. Quando se fica uma semana fora, tudo que se mais deseja é um banho quente e sua própria cama. Isso era tudo que eu queria, depois de dias em Milão participando de convenções e eventos sobre marketing e publicidade. E, principalmente, era tudo que eu pedia já que aquele dia era meu aniversário.

Eu nunca tive problema com aniversários. Sempre comemorei com minha família e com meus amigos, as vezes com festa, as vezes com apenas um jantar, não importa. Nunca tive problema em ficar mais velha ou algum tipo de paranoia que algumas pessoas tem que as fazem odiar seus aniversários. Mas naquele ano era tudo diferente. Estava sem o menor clima pra qualquer tipo de comemoração. Recusava admitir pra mim mesma que grande parte do meu desânimo em comemorar meu aniversário se devia a tudo que aconteceu entre mim e Mario. Tudo isso me deixava incrivelmente irritada e frustrada.

Faltava pouco para que eu chegasse em casa, olhei meu celular novamente só para constatar que não havia nenhuma mensagem, nenhuma ligação. Já fazia mais de 24 horas que ninguém me dava sinal de vida. Todos os anos, Mario e Marco sempre me mandavam mensagens e me ligavam no meu aniversário logo quando o relógio marcava meia-noite. Gotze não ter me felicitado era, de certa forma, um alivio. Mas o fato de Reus, todos os meus amigos e até mesmo o meu pai terem esquecido do meu aniversário me chateava. Não queria comemoração, mas um "feliz aniversário" das pessoas que você ama é sempre bem vindo.

Bufei em frustração lamentando como aquele dia estava sendo extremamente exaustivo. O carro estacionou na frente do meu prédio, e eu só pude agradecer por finalmente está em casa. Subir o elevador pensando em tomar uma banho quente, pedir uma comida e depois cair na cama e só acordar no outro dia. Aí sim daria uma fria em Marco, meu pai e todos os "amigos" que se esqueceram do meu aniversário. Posicionei a mala do meu lado e abri a porta do meu apartamento.

- SURPREEEEEEESAAAAAAAAAA!

Eu literalmente quase caí pra trás. Meu susto foi tão grande que não pude evitar soltar um gritinho e eu tinha absoluta certeza que todo o sangue tinha fugido do meu rosto. Quando finalmente consegui focar minha visão, vi Marco Reus à frente, com um chapéu amarelo de aniversário e um bolo nas mãos. Pouco atrás dele estavam meu pai, Auba, Mats, Lewy e mais vários amigos meus.

- Puta que pariu - foi a única coisa que eu consegui dizer logo depois de recuperar minha voz.

Olhei ao redor do meu apartamento e vários balões amarelos e pretos estavam espalhados pela casa. Não só o Marco, mas todos os outros - incluindo meu pai - usavam o chapéuzinha amarelo de aniversário. Seria trágico, se não fosse cômico. Aos poucos minha ficha foi caindo e eu fui entendendo o que estava acontecendo ali. A falta de ligações dos meus amigos e do meu pai, todo o sumiço repentino... tudo era porque estavam planejando uma festa surpresa pra mim.

- FELIZ ANIVERSÁRIO, ABELHINHA! - Marco deixou o bolo nas mãos de Nuria e me puxou pra um abraço forte e demorado, me tirando do chão.

- Sai, Reus, deixa os outros também. - Mats protestou me tirando dos braços dele. - Feliz aniversário, Leneeeeeee! 

E assim foi sucessivamente, até que eu tivesse abraçado todos que estavam presentes. Menos meu pai.

- Parabéns, minha filha! - ele já me abraçou emocionado, me deixando com os olhos marejados. - Quero que saiba que você é meu maior orgulho, minha maior motivação e a força que me fez levantar da cama e encarar a vida desde que você nasceu. Há 22 anos atrás, foi o dia mais feliz da minha vida. Eu sou muito grato por ser seu pai. 

Naquele momento eu já estava com o rosto banhado em lágrimas. Eu e meu pai sempre tivemos uma relação de muita proximidade, mas especialmente depois que mamãe morreu, nossos laços se estreitaram ainda mais e se tornaram mais fortes ainda. Éramos o alicerce um do outro, a força um do outro. Éramos uma família. E ainda que uma família considerada demasiada pequena para muitos, éramos uma família que tínhamos tudo de fundamental na vida: amor, respeito e compreensão. Abracei meu pai com toda a força do mundo e o agradeci do fundo do meu coração por ser exatamente como ele é.

Passado as emoções e o chororô, a minha pequena festa continuou muito bem. As pessoas se dispersaram pelo apartamento conversando, rindo, e os mais ousados até arriscando alguns passos de dança. A felicidade de estar com meus amigos e a diversão proporcionada por eles era tanta que meu cansaço pela viagem ficou em segundo plano. Conversar e rir com meus amigos era a melhor coisa, melhor descanso, melhor ocupação de tempo.

Mas faltava alguma coisa.

Faltava alguém.

Por mais que eu tentasse, não conseguia ignorar a presença da ausência do Mario ali. O primeiro aniversário que eu me lembro que não estou com ele, que nem sequer recebi uma ligação dele. Por mais que eu amasse meus amigos que estavam ali, a ausência do Mario era ensurdecedora, me sacudia, me incomodava e me enraivecia. Não queria vê-lo. Não queria ouvi-lo. Mas, acima de tudo, não queria que ele tivesse feito o que fez. Se ele não tivesse se vendido, ele estaria aqui comigo agora. A raiva falava mais alto que a saudade, afinal. Porque a saudade era culpa dele, a dor da forma abrupta que ele saiu da minha vida era dele. A decepção esmagadora no meu coração tinha o nome dele. Quase sufocada e com nó na garganta, me afastei discretamente da roda de amigos e me dirigi a janela do meu apartamento, experimentando um sopro de ar fresco. Fechei meus olhos e tentei tirar um pouco do peso no meu coração. Mentalizei qualquer outra coisa na tentativa de preencher a ausência que me agobiava. Pensei no trabalho, nas viagens... mas tudo parecia tão superficial se comparando a falta que um dos meu melhores amigos me fazia.

Superficial e distante também era o barulho que começara a me incomodar e só depois percebi que se tratava do meu celular. Tirando-o do bolso da minha calça, vi que um número desconhecido me ligava. Nunca tinha o visto antes, mas o DDD de Munique fez o meu coração palpitar. Eu não precisava conhecer o número pra saber de quem se tratava. Era ele. Os números piscavam na tela do meu celular, como se fosse o próprio Mario implorando pra ser ouvido. Eu segurava o aparelho e observava em transe, mas tendo a certeza que eu não poderia atender. Não poderia escutar sua voz. A chamada se encerrou sem ser atendida e um sentimento de alívio e decepção encheu meu peito. Não conseguia soltar meu celular e continuei o encarando e quase dei um pulo de susto quando anunciou que eu tinha uma mensagem de voz. Ainda um pouco receosa, pressionei a tecla e comecei a ouvir.

- ... Oi, Hele, - A voz de Mario preencheu meus ouvidos depois de algumas respirações profundas. - como você está? Espero que bem. Quer dizer... com certeza você está bem. Deve estar com o Marco e o resto do pessoal agora, não é? Se divertindo em algum lugar, longe do celular e por isso não me atendeu... Gosto de pensar assim, mesmo sabendo que não me atendeu porque não quer escutar minha voz. Sei disse porque te conheço. Mas tudo bem, essa mensagem não é pra falar de mim. Helene, eu não consigo lembrar de algum aniversário seu que eu não estivesse presente. Algum dia aconteceu? Acho que não. Até hoje. Se eu te disser que me sinto um lixo por isso, você se sentirá melhor? Eu sei que não, porque você é boa demais pra isso, mas novamente gosto de pensar que sim. Gosto de pensar que ainda posso fazer você se sentir bem de alguma forma, mesmo me sentindo o pior ser humano da terra. Helene, eu pensei em você o dia todo. Fiquei o tempo inteiro pensando em como seria seu dia, o que você faria, se você está feliz... Você está feliz, Hele? Torço com todo meu coração pra que sim. Você está sorrindo? Queria muito saber da sua vida. Mas sei que perdi esse direito. Mas novamente, isso não é sobre mim. É sobre você. Sobre como você é especial, sobre o poder que você tem de tornar a vida de qualquer um melhor. Sobre o quão orgulhoso eu sou de você, sobre o como eu desejo tudo de bom na sua vida, mesmo que doa como uma navalha na pele não fazer mais parte dela. Aproveite sua vida, Lene, faça amigos, faça escolhas erradas, ame, curta, dance, sorria... Sorria. O mundo fica um lugar mais fácil de viver quando você sorri. Feliz aniversário, meu amor.

 



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