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História (Un)Lucky Girl - Paint It, Black


Escrita por: Lady_Dragon

Notas do Autor


Olá amiguinhos <3
Aqui estou eu com mais uma capítulo!

Espero que gostem, boa leitura!

Capítulo 2 - Paint It, Black


Fanfic / Fanfiction (Un)Lucky Girl - Paint It, Black

- Desculpa ter que deixar você tão cedo assim no colégio Yeri. - Irene dizia enquanto lhe entregava a mochila.- É que preciso terminar algumas coisas no serviço, mas prometo que venho te buscar quando sair.

 A menina não se importava em chegar cedo, na verdade era até melhor, conseguia tempo para pegar as coisas no armário sem ser enfiada lá dentro. Yeri respirou fundo ajeitando a mochila nas costas e caminhou para além daqueles portões, hoje era um dia aparentemente tranquilo, as aulas variavam entre Artes, educação física e história, matérias que ela gostava muito. Foi andando até a sua sala sem prestar muita atenção nos alunos que cochichavam quando ela passava, tinha certeza que comentavam sobre o ocorrido de ontem, de como ela é facilmente manipulada pela própria irmã. E por incrível, as pessoas não odiavam Joy, mesmo elas vendo tudo o que fazia, todos os maltratos, o que será que passava na mente deles?
 Chegou na sala sentando-se na carteira ao lado da porta, deixou a mochila na cadeira retirando alguns de seus cadernos, ficou a folhear algumas páginas distraidamente até que o tempo passasse.

- Bom dia Yeri. - A menina de cabelos curtos e negros dizia enquanto se sentava na carteira de trás. - Sinto muito, não conseguir vir ontem, tive outro ataque...

- Ah Meena... - Yeri se virou tocando em suas mãos. - Não se preocupe comigo. Espero que esteja melhor!

 Meena sorriu de forma triste, mordeu os lábios como se aquilo fosse segurar as suas lagrimas.

- Você é uma pessoa maravilhosa sabia? - Apertou de leve sua bochecha vendo a outra abrir um sorriso. - Obrigada...

 Meena sofria de epilepsia, tomava tantos remédios que ela literalmente apagava durante as aulas, foi dentro do vestiário que ela e Yeri se conheceram, uma situação não muito agradável. A aula já havia começado, o professor falava sobre alguma coisa sobre a idade feudal levantando um dos livros para deixar a imagem que descrevia amostra, alguns alunos cochichavam, outros jogavam bolinhas de papeis no colega da frente e isso já estava irritando o pobre professor que ajeitava os óculos impaciente, foi graças ao sinal do termino da aula que fez o homem quase jogar os próprios livros para cima, as vezes sua turma conseguia ser insuportável de tanta conversa.
 Yeri colocou um dos braços para trás alcançando um dos pequenos bolsos da mochila, tirou um espelho que tinha o vidro trincado por conta da queda de ontem, mas ainda conseguia fazer sua função. Passou os dedos sobre os leves hematomas que ainda apareciam em seu rosto mesmo depois de passar maquiagem, o canto dos lábios também tinha uma ferida que já havia cicatrizado, suspirou deixando o objeto sobre a mesa, vendo o próximo professor entrar.
 Estavam todos em duplas fazendo uma atividade que o professor chamava de "Analisando o vazio", o que não fazia sentindo nenhum já que as imagens que ele havia entregado era um quarto cheio de coisas e a outra um grande lixão, mas as meninas tinham entendido o que ele queria mostrar ao dizer vazio. Um dos alunos debochou do homem que simplesmente cruzou os braços o chamando para frente.

- Então acha que sou idiota? Me diga senhor Kwang, o que você aprendeu com essas imagens? - Se virou para o garoto que riu de maneira debochada

- Por favor, as imagens estão repletas de coisas, lixos, bonecos, livros, cadeiras. Esse analisando o vazio, não é nada do que apenas nos enrolar, sua matéria é horrível.

 Alguns alunos se entreolharam não acreditando que alguém estava desacatando um professor daquela maneira, mesmo que o exercício não fizesse sentindo, ninguém tinha o direito de confrontar um professor daquela maneira, sem nenhuma educação.

- Ótimo, é o que você pensa. - Disse não demonstrando nenhuma reação, olhou para os outros alunos que ainda estavam perplexos. - Alguém aqui quer falar a sua análise?

 Acho que foi automático quando praticamente todos os alunos evitaram um contado visual com o homem ali de pé, até mesmo Yeri e Meena tentaram não fazer movimentos bruscos, mas parece o professor já tinha uma "vitima" na mira.

- Park Ye Rim! - Mentalmente ela tinha planejado uma fuga incrível, mas apenas ficou de pé dando um rápido sorriso. - Será que pode compartilhar a análise da sua dupla?

- E como sabe que elas analisaram alguma coisa? - Risos contidos foram surgindo na sala. - Aposto que analisaram quem iria para o hospital primeiro, a tremelique ou a saco de pancada.

 Dessa vez as risadas foram altas, Meena abaixou a cabeça a apoiando sobre a mesa evitando ter que olhar para alguém, Yeri pegou a folha que estava de baixo de um dos braços da colega e encarou o professor que assentiu com a cabeça silenciosamente.

- Analisando o vazio! - Sua voz saiu tão alta e clara que as risadas dos alunos cessaram. - É evidente que o título nos apresentado tratasse de uma metáfora, ambas as imagens nos apresentam diversos objetos, alguns dentro de um quarto e outros em um grande espaço aberto coberto de sacos de lixo, mas o que precisamos enxergar está além do que está exposto na nossa frente. - Meena ergueu a cabeça de uma maneira que conseguia ver a expressão séria da colega que lia aquele papel como se fosse o álibi de um caso extremamente importante. - O quarto, ele está repleto de coisas assim como livros, roupas, paredes repletas de pôsteres o que nos leva a pensar em um quarto de adolescente, despreocupado com a organização e até rebelde, mas, o que não vemos são os pequenos detalhes. As bandagens dentro do lixo, cartelas de comprimidos sobre a mesa e a cama limpa e vazia. Isso são sinais da depressão. - Parou por alguns segundos para que pudesse respirar. - É exatamente o que não vemos, o que o outro passa, a desordem mental estava representada pelas coisas espalhadas, a cama limpa é o isolamento, o lugar onde ele se sente seguro.

- E a segunda imagem? - O professor tinha um sorriso satisfeito no rosto.

- A segunda imagem temos um grande deposito de lixo. Os sacos pretos, os resíduos espalhados para todos os lados chamam mais a atenção, cobrindo o jovem rapaz que está bem ao fundo. - Yeri pode ver de relance alguns alunos voltarem a atenção para a imagem e começarem a cochichar mais uma vez. - Essa é a humanidade, o futuro de quem é esquecido pela sociedade, ela se mistura com as pilhas gigantescas de lixo que produzimos todos os dias, são as pessoas " descartadas" por nós. Sem uma oportunidade melhor para sobreviver, apenas vivendo de restos.  São.... Invisíveis.

- Muito bem senhorita YeRim! - A menina se sentou finalmente relaxando os ombros. - Agora, Kwang, será que aprendeu alguma coisa? Ou a sua mente de jogador é tão fechada que só sabe fazer piadinhas agressivas sobre as condições particulares de seus colegas?

 O garoto fez uma expressão de desgosto e manteou-se em silêncio.

- Aprendam a ver além do obvio. – Começou ele. – A arte é isso, ela mostra tanto o lado do entretenimento quanto a nossa realidade. Não vejam a arte apenas como pinturas, leiam sobre ela, veja como surgiu aquela pintura, há muito mais do que apenas tinta sobre a tela, mais do que uma fotografia, mais do que um texto. Tudo tem um motivo, mesmo que não seja visto aos olhos nus. Muitas vezes, até um simples poema descreve o estado sentimental de uma pessoa.

 Foi a primeira vez naquele dia que sua sala ficou em completo silencio. O professor de artes, senhor Byun era o que os alunos chamavam de General, não se importava com o que falavam, se gostavam dele ou não, iria ensiná-los de qualquer maneira. Yeri lamentava ter apenas uma aula de artes na semana. Estava guardando as coisas na mochila preparando-se para o intervalo quando o professor pediu para que ficasse na sala por mais alguns instantes, queria conversar com ela sobre algo, sua amiga apertou-lhe levemente o ombro e saiu da sala.

- Tudo bem Yeri? – Perguntou o homem sem encara-la arrumando suas pastas.

- Sim senhor. – O escutou rir de maneira anasalada e enfim ele a olhou sorrindo.

- Você não é muito de conversar, não é? – Ela encolheu um pouco os ombros mexendo discretamente na manga da blusa. – Bom, queria dizer que estou impressionado com sua resposta hoje.

- Muito obrigada. – Sorriu timidamente.

- Poucas vezes vi analises tão profundas, vindo de alunos. – Disse retirando uma folha de dentro do caderno. – O que eu quero falar com a senhorita é sobre isso, é um projeto que tenho com vários de meus alunos aqui da escola e da faculdade onde dou outras aulas.  Queria que participasse, gosto da maneira que pensa e lida com a situação do dia a dia.

 A menina pegou a folha impressa começando a lê-la, o projeto não tinha um nome definido, mas tratava-se de uma tese criada pelo próprio professor. Os jovens que fogem do padrão, desde os estudos até mesmo na atitude, “revolucionários” como estava escrito ali.

- Ah, eu não sei professor... – Ela não se sentia como se fosse uma “revolucionária” ou algo do tipo, ela simplesmente sucumbia as vontades da irmã. – Posso pensar um pouco?

 O homem sorriu e concordou com a cabeça, a menina agradeceu o convite se despedindo do outro curvando um pouco para frente. Ao sair da sala ainda ficou observando aquele pedaço de papel, era algo interessante e também curioso, o que será que aqueles alunos tinham em comum para chamar a atenção do professor? Decidiu deixar aquilo de lado por enquanto, estava com fome e precisava saber se sua amiga estava bem, não gostava de deixá-la sozinha por muito tempo era como se algo pudesse acontecer. Aquela maldita Lei de Murphy.
 Yeri tinha um lanche natural de atum nas mãos estava sentada no pátio onde o sol tinha dado finalmente o ar da graça para aquecer um pouco aquela manhã, ao seu lado estava Meena que ficava indignada com as coisas que aconteciam na escola quando ela não estava, achava um completo absurdo ninguém conseguir controlar a irmã maldosa dela.

- Yeri, você precisava falar com seus pais sobre isso, é sério! – Comentou comendo a metade do lanche da colega.

- Eu vou, prometi a Irene que vou ligar para eles hoje. – Ela não tinha muita certeza se faria aquilo ou não. Seus pais acreditariam nela? – Mas vou ser sincera, prefiro ficar na casa dela enquanto eles não voltam. É perturbador pensar no que pode me acontecer se eu ficar no mesmo ambiente que a Joy.

- Ela é terrível...

 Meena fora interrompida com o som chiado dos alto-falantes que chamaram a atenção de todos que estavam ali.

-Bom dia alunos! – O sangue de Yeri congelou no mesmo instante, aquela voz era de SooYoung. – Temos um conto, uma história para contar para vocês. Escutem com atenção e claro.... Divirtam-se.

 Aquilo com certeza não seria nada bom, como Joy tinha conseguido a chave da sala do grêmio?

-“Está nevando lá fora, mas, aqui dentro deste quarto não a um vestígio daquele frio. O corpo dele era algo tão lindo, definido, mas não era algo vulgar, ele simplesmente era... interessante. Seu sorriso era como um presente de natal que nos causa uma alegria instantânea, a voz preenchia todos os espaços vazios daquela casa, algo calmo e sedutor, ele me chamava. Acho que aquilo que sinto dentro de mim é o que as pessoas chamam de amor. É algo que mexe com todos os seus sentimentos, pensamentos até mesmo com partes de seu corpo, tudo ainda é um pouco confuso, mas com ele, as coisas não precisam ser claras. Elas apenas, acontecem...”

Naquele momento, Yeri não sabia o que fazer, estava completamente pálida e a metade do lanche que acabara de comer queria voltar e se espalhar por todo aquele chão de cimento. Aquilo era uma das suas histórias não publicadas, escondidas em seu computador. Era uma construção do que Seulgi – outra amiga de Irene -  havia lhe contando certa vez, a primeira vez dela.  Agora estava sendo contada para todos do colégio, mas esse não era o pior e sim o fato que sua irmã não saber daquele detalhe. A mulher da história não era Yeri.

-“Conseguíamos ouvir os sinos da igreja tocar anunciando a meia-noite, o natal havia chegado e eu já havia recebido meu presente, assim como ele também. Eu estava tão feliz...” – Aquilo não podia estar acontecendo, Yeri não queria que aquilo fosse contando aos quatro ventos por isso escondeu. Deus, porque não deletei isso. Ela pensou consigo mesma enquanto corria desesperadamente pelo colégio, rezava para conseguir chegar ao terceiro andar a tempo antes que sua irmã terminasse a história. –“ Agora entendo os clichês escritos em romances sobre casais apaixonados, sobre a primeira vez de ambos, é algo magico se feito da maneira certa. Claro, se existe maneira certa de se amar. ”

  A menina ainda estava começando o segundo lance de escadas que a levava para o segundo andar, seu peito estava ardendo como se tivesse pressionado contra um ferro de passar roupas, a garganta estava tão seca que nem mesmo sua saliva passava por ali, as costelas começaram a dar fisgadas a fazendo parar brevemente para que a dor diminuísse. Sooyoung realmente não sabia o próprio limite.

-“Ficamos ali, só nos dois, abraçados um ao outro como se fossemos um. Acho que não existem palavras para descrever os momentos vividos há alguns minutos atrás, algo que ninguém quer contar explicitamente para um colega como se fosse uma notícia de jornal qualquer. Apenas sei que vou querer repetir isso, várias e várias vezes, mas ele é a única pessoa que me terá novamente daquela forma tão.... Erótica.

 Yeri acabou tropeçando no último degrau da escada caindo de joelhos no meio daquele corredor, sua respiração estava completamente descompassada, os pulmões procuravam o ar com urgência, sua cabeça girava por conta da má oxigenação. Ao se levantar pode ouvir as risadas contidas vindas da porta da sala do grêmio. Não era novidade, Lisa e Jennie estavam ali, guardado a porta como duas estatuas. A menina não pensou duas vezes e tentou passar entre elas, mas obviamente fora impedida por empurrões.

- Desiste, a história está boa demais pra parar agora! – Lisa falou pressionando a outra contra a parede. – Você até que escreve bem, quem diria que essa carinha inocente se escondia uma pessoa tão... Devassa!

- Porque não para de cuidar da minha vida e vai fazer uma hidratação nesse cabelo horrível? – Agora, aquilo tinha sido novidade. – Você não tem nada melhor pra fazer além de me atormentar? Me solta!

- Ah vai se fuder garota! – A loira segurou firme em sua blusa a batendo contra a parede, Yeri gemeu perdendo o ar. Lisa a soltou deixando que ela agachasse no chão.

- Nossa! Que história! Alguém mais perdeu o ar com tantos detalhes? – Sooyoung falava animada encarando a garota que estava escorada na parede do corredor, conseguia ver o desespero de Yeri, era tão palpável que aquilo a fez sorrir.- Muito bem alunos, essa história ou realidade não sabemos, foi escrita por Park Ye Rim! Sim, aplausos para ela, até a próxima semana.

  Sooyoung desligou o microfone e saiu da sala com um sorriso vitorioso.

- A imagem de boa moça foi desfeita com sucesso! – Abaixou para aproximar-se da outra, amassou o papel que tinha nas mãos jogando em seu rosto em seguida. – Tem muito mais de onde veio esse...

- Ei vocês!  - Escutaram uma voz masculina vinda da escada, parecia irritado e caminhava até ela com pressa. – Estão muito encrencadas!

 Lisa e Jennie foram as primeiras a correr, Joy tentou se levantar para fugir também, mas fora impedida pelos braços da irmã que agarraram sua cintura, Yeri não seria culpada novamente por algo que ela fez.  Domada pela raiva Sooyoung deu-lhe uma cotovelada em seu rosto fazendo a finalmente soltar, mas o professor agarrou em seu braço antes mesmo que conseguisse correr.
 Ambas foram levadas até a sala da diretora que estava furiosa, o rosto vermelho, a voz alto assustava todos os empregados da diretoria.  Sua irmã fora a primeira a ser ouvida pela mulher que realmente estava disposta dar uma suspensão a todos que estivessem envolvidos no que ela chamou de “depravação auditiva”. Yeri apenas esperou de olhos fechados, já sabia como tudo aquilo iria acabar.

- Park Yerim! – Seu nome foi chamado com ódio pela mulher, quando se levantou seu olhar cruzou o de Sooyoung que visivelmente queria estrangula-la.

- Sua desgraçada. – Foi o que sussurrou enquanto passava pela outra se sentando no banco.

 Yeri entrou, fechou a porta e sentou-se completamente calada na cadeira que estava em frente à mesa de madeira escura. A mulher de cabelos loiros presos em um longo rabo de cavalo virou-se em direção da menina, apertou as têmporas e respirou fundo antes de começar a falar.

- Primeira coisa é verdade que a historia contada é sua? – A moça levantou a cabeça e afirmou ainda em silencio, ouviu um suspiro prolongado. – A ideia foi sua de ler isso no meio do intervalo?

- Não senhora! – Negou rapidamente. – Essa história não deveria nem ter saído do meu computador!

- Sua irmã disse ao contrario. – É claro que disse. Pensou Yeri.

- Se a senhora vai me dar outra advertência, por favor, me suspenda logo.  – Suspirou ansiosa recebendo um olhar desentendido a mulher.

- Senhorita Yerim, história é sua, tudo o que sua irmã disse fora contra você, agora, em nenhum momento você a acusou... Por quê?

  Ela se calou mais uma vez. Será que a diretora iria suspendê-la por não tentar acusar a irmã? Ou melhor, por não dizer a verdade? A mulher levantou uma chave e a balançou no ar.

- Isso sumiu hoje de manhã e pelo andar da minha investigação, a culpa não é sua. – A mulher riu fraco. – O professor que as encontrou me disse que ela te agrediu depois de tentar segurá-la.  – Yeri abriu os lábios para responder mais fora interrompida. – Sai daqui Yeri, já estou cansada de te ver nessa sala.  Vai menina!

 Ela levantou tão rápido que apenas murmurou um obrigada enquanto saia, nem conseguia acreditar que aquilo tinha mesmo acontecido.  Tinha um sorriso singelo nos lábios que apenas ficou maior quando viu o inspetor trazer Lisa e Jennie pelos braços, estavam com expressão de desgosto, acabaram se sentando ao lado de Joy que ainda a encarava de maneira furiosa. Yeri não quis saber do veredito final, apenas saiu dali para a aula de educação física, ela precisava contar para a amiga que pela primeira vez naquele ano, não teria que ficar para a detenção.

- Serio? Mesmo? – Perguntou Meena da arquibancada. – Nossa, eu queria muito ter visto a cara delas!

- Olha, foi a melhor sensação do mundo, não ter que assinar outra advertência é como... sei lá... – Yeri subia alguns degraus limpando o suor à pequena toalha branca. – Só sei que estou feliz.

- Estou feliz por você também! – Meena disse apertando a perna da amiga que estava distraída vendo o restante do vôlei.

- Ei, quer ir comigo até a casa da Irene? – Yeri perguntou animada para a outra que puxava a mão de volta para o próprio colo. – A gente pode estudar, minhas anotações estão em casa, mas Joy não vai me deixar voltar para lá, ainda mais depois de hoje.

-É..é pode ser... Vou ligar para minha mãe.

- Irene vem me buscar, vou perguntar pra ela depois.  – Balançava as pernas devagar enquanto viajava nos próprios pensamentos.

- Ouvi um grupo de pessoas falar sobre a sua história... SooYoung por ter sido punida, mas é seu nome que está correndo pela escola Yeri.  – A menina a olhou sobre o ombro e suspirou voltando a atenção para a quadra.

- Eu sei... Jinsoo me chamou de vadia do natal. – Yeri a encarou com uma expressão triste. - Vou continuar a minha vida amiga, não posso deixar que esses comentários acabem comigo.

- Mesmo assim, são coisas horríveis Yeri. – Elas se levantaram ao ouvir o apito do professor que indicava o termino da aula, estavam a caminho do vestiário quando Meena segurou na mão da outra entrelaçando seus dedos, a puxou de lado para afastar-se de alguns alunos. – Eu não quero ouvir que você é um saco de pancada, vadia do natal ou qualquer outra coisa! – Suspirou. – As pessoas nesse colégio apóiam qualquer tipo de humilhação gratuita, e elas nem ao menos se conhecem, e ainda assim, espalham mentiras.

- Meena... – Começou com um tom cansado. – O que eu posso fazer? – Perguntou revirando os olhos ao ouvir as provocações de alguns colegas que passavam. – O texto era meu, leram ele para toda a escola, a única solução que me vêem a mente é esperar que tudo isso se acalme, e esqueçam.

- Você é corajosa...

- Isso não é coragem. – Comentou passando o braço nos ombros da amiga. – É falta de opção!

 Soltaram risadas fracas enquanto voltavam a andar. Caminhavam pelo pátio em direção a saída conversando sobre alguma série nova quando Yeri fora empurrada com muita força caindo no chão, Meena se assustou e tentou ajuda-la, mas foi impedida por Lisa.

- Achou que sairia assim, como se nada tivesse acontecido? – Sooyoung perguntou a empurrando mais uma vez ao vê-la se levantar. – A diretora me suspendeu pelo resto da semana!

- Isso ainda foi pouco para você! – Yeri estava irritada, cansada da maneira que era tratada. – Se você parasse de me perseguir, não teria esse problema.

- Vai desejar nunca ter nascido Yeri! – Bravejou. – Eu tenho muitas coisas que vão acabar com essa sua imagem perfeitinha!

 A menina avançou com fúria em direção da outra que já se preparava para o pior, mas fora impedida por um par de mãos que a seguravam com força pelos braços. Yeri abriu os olhos lentamente para saber o que tinha acontecido e viu Ju Hyun há sua frente com uma expressão que nunca pensou que ela teria, o cenho estava franzido, os olhos pareciam ter um brilho de ódio profundo.

- Encoste em um fio de cabelo dela mais uma vez... – Se aproximou do rosto da outra que estava realmente assustada. – Que eu acabo com você o mais rápido do que pensa! – Soltou seus braços e apontou para o portão. – Saia daqui!

 Sooyoung e as outras saíram com pressa sem ao menos olhar para trás, Yeri sabia que estaria com mais raiva do que antes, mas não podia deixar de agradecer a Irene por aquilo. A mulher soltou os ombros e suspirou de maneira cansada, virou-se para as garotas que a receberam com um abraço, sem entender riu fraco passando os braços em seus ombros caminhando para fora do colégio.

                                                       ***

 A porta da frente se bateu com força fazendo que a vibração derrubasse o pequeno espelho que ficava pendurado cobrindo o olho magico. A menina subia as escadas com pressa, bufando, soltando palavrões pela casa vazia, jogou a mochila de qualquer maneira pelo quarto e mais uma vez bateu a porta com força. Estava com tanto ódio que não conseguia controlar a própria força, gritou alto sentindo a garganta arranhar, bagunçou os cabelos e começou a socar a mesa do computador na tentativa de descontar sua raiva. Sooyoung estava frustrada, irritada, não deveria ter sido pega daquela maneira estupida, seu plano teria dado certo se não tivesse parado para falar com aquela garota, agora, estava suspensa e precisava da assinatura de seus pais para que tivessem cientes de seus atos.

- Isso é culpa dela, é sempre culpa dela...

 Disse para si mesma enquanto andava de um lado para o outro dentro daquele quarto. Tudo o que estava acontecendo era culpa de Yeri, ela tinha certeza disso, as coisas mudaram quando aquela menina entrou pela porta da frente a um ano atrás. Estava feliz sendo filha única, era sempre ela, para ela, agora era tudo dividido desde a atenção ao amor dos pais. Aquilo a incomodava e muito. Soluçou baixo ainda lendo aquela notificação da diretora, amassou o papel e o jogou contra a parede, passou a mão sobre as bochechas limpando as lagrimas. Porque estava chorando? Deitou-se na cama olhando para teto, tinha que haver uma maneira de tirar Yeri de sua vida para sempre, suspirou irritada encarando o notebook semiaberto, algo começou a se formar em sua mente, levantou rapidamente seguindo o corredor para chegar ao quarto da irmã, colocou aquele notebook sobre seu colo e vasculhou mais uma vez seus arquivos.  Ela não tinha nada de interessante a não ser aqueles textos, seus históricos na internet eram todos limpos com frequência e nem mesmo a lixeira tinha alguma coisa. Resmungou frustrada, deixou o computador ali em cima da cama e mais uma vez começou a mexer em seus livros, cadernos, ela tinha que ter algo escondido, ninguém era livre de segredos. Acabava de revirar a última caixa de sapato, jogando os cabelos para trás dos ombros em forma de irritação quando sentiu que o objeto não se encaixava mais no mesmo lugar, tentou empurrar a caixa com um pouco mais de força até que estendeu o braço para o fundo do armário sentindo outra caixa que estava obstruindo o caminho, puxou vendo um pequeno baú. Ela não pode conter o sorriso.

- Então, você tem um cofrinho...

 Como era de se esperar, sua irmã era tola demais para deixar aquilo trancado, mesmo sabendo que Joy sempre gostava de destruir ou revelar suas coisas. Não havia na de especial, algumas cartas amassadas, pequenas conchas, um colar e várias fotos. Pegou uma delas achando um dos rostos familiar.

- Quem é você? – Soltou a pergunta para as quatro paredes, atrás daquela fotografia havia uma data e três nomes. – Seulgi, Yeri e Irene, verão de 2012. – Balançou o papel lentamente como se pensasse em algo. – Interessante.... Então é com ela que você se esconde, irmãzinha?

 Estava perdida nos próprios pensamentos quando escutou um som sair do computador, deixou no chão o baú e a fotografia, sentou-se na cama vendo uma notificação aparecer no canto direito da tela.
                                          “Um novo comentário foi feito em seu texto.
                                                      Clique e agradeça o leitor. ”


 Após clicar naquela pequena tela, um site se abriu, Joy não havia identificado do que se tratava, mas continuou a visualiza-lo. Haviam vários usuários que postam textos, poemas até mesmo o que pareciam cartas. Era um site aberto para o público.

- Só a patética da Yeri para estar em um site como esse... Lamentável- Comentou enquanto ainda descia e trocava as páginas até que outra notificação apareceu.

          “Pintada de Preto

                      Como se fosse uma noite escura e fria, onde ninguém quer estar junto.
                      Sempre disposta a congelar os desavisados.
                     Não tem amor por ninguém além de si mesma, o desespero é seu maior aliado.
                    Ela vê as cores, mas quer transformar todas elas em preto. Assim como é por dentro.
                   Ninguém quer ficar ao seu lado, todos têm medo, nojo, apenas obedecem cabisbaixos.
                  Seu miasma* é tão forte, que as flores murcham, o oceano antes verde cristalino,
                 se torna em um tom de azul escuro tão profundo que nada pode se ver.
                Eu olho dentro dela, e vejo um coração negro.
                Ela não vai parar até ver o mundo todo ser pitando de preto...”

                                                    
O dia nem sempre é bom amigos, mas a vida é assim!
                                                                 Com carinho, @(Un)LuckyGirl

  Curiosa, tentou entrar na página oficial a onde o texto havia sito originalmente postado, mas estava privado, apenas usuários do site podiam ver. Bateu os dedos levemente sobre as teclas, pensando em algumas possibilidades. Ela gostava de escrever, aquilo era mais obvio, mas Yeri postaria textos como o que ela leu de manhã? Aquilo era um puro tesouro para Joy, mas enquanto não achasse aquele “diário eletrônico” de sua irmã, não saberia como expô-la ainda mais. Fechou o computador, ajoelhou-se no chão juntando a bagunça que fizera no quarto, não podia deixar vestígios de suas pequenas investigações, precisava pensar para poder afetar a menina mais afundo, por mais que tenha vontade de soca-la, até mesmo afogar a cabeça dela na privada aquilo não seria o suficiente. Yeri era mais teimosa do que ela, e agora que descobriu seu apoio extra, seria mais difícil afetar seu psicológico.
 Joy se irritava com o fato de ela sempre ter alguém disposto a ajudá-la, ninguém lhe dava a matéria na primeira semana que chegou ao novo colégio, sempre foi ignorada, e bombardeada de insultos pelo simples fato de ser a novata da turma. Yeri? Nem ao menos teve problemas em fazer amigos em seu primeiro dia.  O que ela tinha de especial? Se perguntava toda vez que passava pelo corredor da sala dela, sentada na frente, nunca se distraindo. Saiu do quarto ainda inconformada com o fato de não mais nada para perturba-la, pelo menos por hora, escutou seu celular tocar loucamente dentro da bolsa em seu quarto, correu até ele vendo quatro chamadas perdidas, seu sangue congelou por alguns segundos ao ver o identificador marcar o número de sua mãe mais uma vez ele tocou, mas logo ela o atendeu.

- Mãe? – Tentou manter o tom de voz o mais calmo possível.

- Sooyoung, onde estava? Por que demorou para me atender? – Falava de maneira séria e claramente irritadiça. – Recebi uma notícia muito desagradável menina. É verdade que foi suspensa?

- Como soube disso? – Andou pelo quarto tentado encontrar uma resposta rápida, mas seus pensamentos foram interrompidos pela voz da mãe.

- Park Sooyoung! Você agrediu sua irmã no colégio? E ainda a expos para os alunos? O que tem nessa sua cabeça!? – Gritou do outro lado da linha.

- Isso é mentira! E-ela inventou tudo isso e a diretora acreditou!

-Passa o telefone para a sua irmã. – Joy suou frio naquele momento, como passaria a ligação se havia expulsado ela da casa? – QUERO FALAR COM A YERIM, AGORA!

 - Ela não está em casa... – Fechou os olhos pensando em uma desculpa rápida. – Há vi sair do colégio com um grupo de rapazes...

-Meu Deus Sooyoung. – Escutou um barulho esquisito do outro lado da linha, sua mãe parecia mexer com algo grande, mas a menina não fazia ideia do que seria. – Eu estava com esperanças que fosse tudo mentira...

- O que...

-Eu sei onde sua irmã está, e não é com um bando de garotos. – A menina se calou rapidamente, a saliva não descia pela sua garganta. – Ela está com uma mulher chamada JuHyun, porque você a deixou fora de casa. Não tente criar mais mentiras menina, você me decepcionou mais do que um dia um imaginei. Estou voltando para casa, e nós vamos ter uma conversa muito séria!


 A chamada se encerrou e Joy não tinha reação. Como aquela mulher pode se intrometer daquela forma em sua vida? Ligar para seus pais! Agora estava sem saber o que fazer, sua mãe estava voltando mais cedo da viagem, furiosa e traria Yeri com ela. Sooyoung jogou o celular do outro lado do quarto extravasando sua fúria depois daquele turbilhão de notícias. Mesmo levando bronca de sua mãe, ela faria Yeri pagar por ter ligado para ela, daquilo Joy tinha certeza.

                                              No colors anymore...I want them to turn black


Notas Finais


*Miasma: miasma não se limita à sujidade física, incluindo também a sujidade espiritual, ética e mental. Poluição

Espero que tenham gostado, caso tenha alguma incoerência, me avisem!


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