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História (Un)Lucky Girl - Blood, Sweat and Tears


Escrita por: Lady_Dragon

Notas do Autor


Primeiramente gostaria de pedir desculpas por demorar para postar. Tive um grande trabalho na faculdade e não consegui escrever.
Segundo eu exclui o capitulo inteiro porque não achei que estava bom e também achei que esta confuso.
Mas estou aqui <3
Quero agradecer minha amiga Baby e principalmente a Juliana por me ajudarem muito com esse cap, vocês foram minha luz hahaha <3
Obrigada pelo comentários e favoritos <3

Capítulo 8 - Blood, Sweat and Tears


Fanfic / Fanfiction (Un)Lucky Girl - Blood, Sweat and Tears

- Irene! – Yeri desceu as escadas correndo chamando pela outra que apareceu na porta da cozinha assustada. – Eu tenho um buraco negro onde deveria ter um coração!

-O que!? – Ela riu encarando a menina que tinha grandes olheiras ao redor dos olhos. – Você pelo menos dormiu Yeri?

-Não... Bem, eu tentei, mas não consegui. – Falava de maneira rápida sentando-se na cadeira. – Mas esse não é o problema, estava pensando sobre ontem e eu não... não sei o que senti, na verdade acho que não senti nada...

- Fala de quando Jimin te beijou? – Acenou com a cabeça de maneira tímida,a menina tinha lhe contado aquilo no meio da noite depois que chegaram em casa, estava tão desesperada que não sabia o que fazer, Irene riu mais uma vez. – Não se preocupe com isso, talvez você não sinta nada por ele, é normal.

- Ele é tão bonito. – Disse apoiando a cabeça na palma da mão. – Como eu consigo isso?

 Irene não agüentava aquele jeitinho meigo da mais nova, segurou sua outra risada pigarreando, tampou a panela onde fazia o arroz e sentou à sua frente.

- Ele é bonito, mas não chama sua atenção, para gostar de alguém é preciso ir além da beleza.  – A menina fazia círculos com os dedos sobre a mesa escutando atentamente – Tenho certeza se você para pra pensar, tem alguém pode aparecer na mente.

Yeri suspirou apoiando os braços na mesa era como se estivesse escolhendo um dilema para a vida. Ela realmente não sabia dizer, nunca pensou em ter um romance, por isso aquilo se tornava algo complicado. O que mais a atraia em alguém? Sentia-se atraída por homens ou mulheres? Tinha mesmo que escolher um dos dois? Eram tantas dúvidas e nenhum solução, esses assuntos sempre a incomodavam, por isso achava incomodo conversar até mesmo com Irene.
 A mulher se levantou voltando para o fogão, Yeri tirou o celular do bolso checando o horário, já passavam do meio-dia e ela ainda não tinha dormido, chegaram tarde da festa de Namjoon, as outras provavelmente ainda continuariam na cama até que a fome fosse mais forte, mas ela não conseguiu relaxar assim como suas amigas, teve pesadelos e insônia. Algo estava a incomodando, só não sabia o que era.  Talvez possa ser o fato de ter muita pressão sobre seus ombros, a preocupação com a saúde da amiga que ainda estava hospitalizada, o fato de não saber o que é realmente gostar de alguém – sem contar a maneira fraternal da palavra -, aquilo a deixa triste e ansiosa. Ficou ali ajudando a outra com o almoço ajeitando a mesa, Wendy surgiu na porta com a pior aparência do mundo.

-Nossa, você ta bem? – Yeri se preocupou após vê-la praticamente se jogar sobre a mesa.  – Jesus...

- Meu corpo precisa de álcool... Yoongi acabou comigo ontem! -

-Tem álcool 70 lá no banheiro. – Brincou Irene lhe dando uma garrafa de chá gelado.

-Nossa! Que engraçada você... – A mulher bagunçou ainda mais seus cabelos voltando a cozinhar. Wendy bebia da garrafa observando a mais nova que suspirava de maneira ansiosa enquanto encarava o celular. – O que foi little one? Esta com essa carinha triste.

- Não é nada...

 - Hmm...

Wendy manteve-se em silencio com aquela garrafa nos lábios com certeza falaria uma besteira, Yeri era diferente de todas ali, podia dizer algo ofensivo. “Pobre criança...” disse em pensamento.

Yeri soltou os ombros em forma de desistência, deixou o celular sobre a mesa de centro da sala cumprimentando Seulgi que apenas acenou com a mão e foram para a cozinha. Comiam e conversavam sobre ontem de como Taehyung conseguia ser obsessivo com a mais velha entre diversos outros assuntos, riram de algumas coisas que Wendy enfatizava como sinal de tortura, mas a menina nem ao menos prestava atenção naquilo, muito menos em sua comida.  Estava tendo uma conversa mental.
Será que estava bem?”
 “Talvez ele tenha esquecido de carregar o celular! ...”
“Eu fiz algo de errado? ”.

Uma série de perguntas circulavam em seus pensamentos, Jungkook nunca havia ficado quieto daquela maneira, era tão estranho que ela começou a se preocupar, mas se ele quisesse conversar, bem, já teria mandado algo.
“Ele deve estar bravo...Mas com o que? ”
Nenhuma solução lhe apareceu no momento, Irene surgira na sala dizendo que iriam sair, Wendy logo reclamou, mas acabou recebendo uma resposta que a calou no mesmo instante, riu sabendo que nunca pode se contrariar Juhyun. O dia estava sendo ótimo para aquela troca de elogios gentis.

 O parque estava mais movimentando que a menina poderia imaginar, apesar de todo aquele frio, as famílias continuavam a aparecer e a deixar seus filhos correm de um lado para o outro. Estava com as mãos enterradas nas suas três blusas observando o nada, podia ouvir a voz das colegas um pouco distante onde se sentavam nas mesas de piquenique – quase deitando sobre elas – queriam ter ficado em casa dormindo mais um pouco, mas Irene insistiu em que saíssem para ficarem mais animadas. Encostada naquele tronco de árvore pode ver mais uma vez aquelas crianças brincarem em volta do lago e depois voltarem correndo para os pais que os recebiam de braços abertos. Ela sentiu falta de seus pais. Por mais que a saudade apertasse, tinha medo de ficar na mesma casa que Sooyoung, ela estava distante durante todos esses dias, mas mesmo assim, Yeri não queria acabar com aquela sensação de sorte. Na próxima semana já teria que ter sua decisão, se ficaria mais algum tempo com Irene ou voltava para casa, seu pai ansiava em vê-la. Suspirou de maneira pesada soltando os ombros e encostando a cabeça na árvore, ainda tinha que ir até a psicóloga, por algum motivo ela também queria que tivesse uma consulta, puxou as pernas junto ao corpo vendo que Yoongi e Hoseok chegarem animados, ela chegou a procurar a sua volta uma pessoa especifica, desanimou perdendo aquela pequena esperança após não encontrá-lo.

 De repente viu Irene passar na sua frente correndo e logo em seguida Taehyung que tentava agarrá-la, riu fraco quando ouvi a mulher reclamar e gritar de maneira insistente para que parasse – de persegui-la e ser idiota -, eles eram perfeitos um para o outro, pelo menos Yeri pensava assim.  Tentou disfarçar a careta que fizera quando Jimin se aproximou, não queria demonstrar algo rude, mas também não queria ficar perto dele naquele momento, estava incomodada com sua insistência. Ele não era uma má pessoa, porem conseguia ser muito inconveniente em certos momentos. Ficaram ali trocando poucas palavras já que Yeri não se entusiasmava com os assuntos, seu pensamento estava longe demais, sem contar o cansaço que abatia seus sentidos.

Jimin era um rapaz doce, perguntou diversas vezes se estava se sentindo bem, não gostava de ver aquelas olheiras que a menina tinha, sem mencionar a maneira distraída que se encontrava. Ele apertava levemente suas bochechas fazendo graça para que soltasse pelo menos uma risada, o que conseguiu, ela agradeceu a preocupação, mas reforçou dizendo que não tinha nada além de sono. Apesar de ter uma maneira gentil de tratá-la, ele também tinha seus momentos um pouco – para não dizer muito – depravado, mas não o privou daquilo, sua personalidade era extremamente interessante.

 Irene estava do outro lado com Taehyung deitado em suas pernas, observava em silencio aquela cena, não sabia se interrompia ou simplesmente deixava as coisas correm naturalmente, logo a menina não estaria mais em seus cuidados, voltaria para a os pais. Seu coração se entristecia com aquilo, gostava muito de sua companhia, desviou o olhar quando Jimin aproximou-se para beija - lá. Ele tinha vencido mais uma vez aquela muralha construída pela outra.

- Parece que o Jimin gostou mesmo da Yeri. – Taehyung disse cortando o silêncio e seus pensamentos.

- Pena que não é recíproco... – Lamentou. Ele ajeitou-se em seu colo a encarando sem entender, ela suspirou e soltou os ombros. – Ela disse que não sente nada por ele depois de ontem.

- Sabe, se ela não sentisse nada, não ficaria com ele de novo. – Disse olhando para onde os dois estavam. – Da maneira que você a criou com certeza ele já tinha levado um fora!

 Ela riu concordando com a cabeça.

- O amor se constrói de pouco em pouco. – Começou ele a olhando. – A atração é apenas um dos pequenos caminhos que levam ao coração. Se ele a conquistar, tenho certeza que ficam juntos.

- Isso foi uma indireta ou uma análise da situação deles? – Interrogou com um sorriso no canto dos lábios.

- Os dois...

- Então quer dizer que você me ama?

 Ele se sentou ficando a sua frente demorou alguns instantes para responder fazendo caretas como se pensasse no assunto, acabou recebendo um tapa no ombro rindo logo em seguida.

-Claro que te amo, sou a única pessoa que você precisa nessa vida!

- Que convencido! – Recebeu um beijo no canto dos lábios, enquanto aqueles braços a envolviam, a deixando mais pressionada contra o tronco da pequena árvore. - Mas, eu... também te amo.

 Ele deu um grande sorriso bobo para ela. Taehyung não conseguia esconder seus sentimentos era aquele famoso “bobo apaixonado”, agradecia mentalmente Yoongi por ter apresentado Wendy e suas amigas, foi assim que acabou encontrando Irene. Mas ele sabia que ainda tinha que resolver um assunto desagradável, Sehun. Não conversaram mais sobre aquele oportunista de fim de carreira – Tae realmente o detestava -, tinha medo que ficasse irritada ou chateada caso mostrasse certa desconfiança. Deu de ombros para aquilo voltando a abraçá-la, seu amor por ela era maior que suas dúvidas.

O fim de semana passou rápido, mesmo chateada e sem entender o motivo do silêncio do amigo, Yeri aproveitou as horas ao ar livre para tentar aprender mais sobre seus sentimentos. Aquilo ao mesmo tempo em que parecia inútil era muito importante. Ela não sabia se expressar direito, então tudo ficava extremamente confuso algumas vezes. Esperava um dia ter um relacionamento saudável assim como a da amiga, que mesmo tendo pequenas desavenças acabam se revolvendo sem nenhuma complicação.


                                                                                   ☻♥☺

                                                                                                                Segunda-Feira

 Os alunos estavam reunidos na quadra para o início da semana esportiva, Yeri sentou na arquibancada bem ao topo onde poderia se esconder da multidão e cochilar. Mais uma vez ela não tinha conseguido dormir, suas olheiras estavam enormes sem contar o cansaço. Aqueles pesadelos não a deixavam em paz nem mesmo acordada, tinha aquela sensação horripilante que algo ruim iria acontecer, não queria acreditar, mas, tudo era possível quando se estava na mira das colegas da irmã.
 O lugar estava cheio, o dia seria dividido entre as competições de basquete, vôlei e handball, os times de cada sala já tinham a escalação de quem enfrentariam durante o dia. Aqueles que não participariam dos esportes ou iam embora ou ficaram para torcer, a maior gostava de ficar era divertido ver todos os alunos interagirem uns com os outros sem pensar em qual ano eles estavam. Yeri foi escalada para o time de vôlei que jogaria daqui a pouco e no dia seguinte participaria do atletismo, então seria dispensada pelo resto da semana para organizar as coisas para a semana cultural. O ano estava quase acabando e os professores não paravam de passar tarefas, não podiam simplesmente entrar de férias?

Ela estava sentada no banco de reservas apenas assistindo à partida de vôlei onde seu time vencia por três sets à zero, finalmente tinham uma chance de ganhar.  Só entrou na partida depois que a camisa 12 se machucou ao escorregar na quadra, acenou brevemente para a arquibancada onde ouvia algumas pessoas a chamarem e gritarem desejos de boa sorte. Esse era o incrível espírito esportivo, a união dos colegas desconhecidos.

Do outro lado da arquibancada as três colegas estavam sentadas juntas conversando sobre alguma coisa que envolvia descolorante, apenas Lisa que prestava a atenção na conversa e às vezes no jogo que acontecia lá embaixo, acabou esboçando uma expressão de desgosto quando viu o time oposto acertar outro ponto, Jennie a encarou rindo.

- Ta torcendo pra quem afinal? – Perguntou

- Olha, não me joguem daqui de cima, mas é que a Yerim joga muito bem, a outra sala não vai ter chance.

- Ela podia morrer com uma bolada na testa... – Sooyoung comentou sem muita animação mexendo no celular.

- Vamos tentar não focar nada que tenha a palavra “morte” ok? Ser castigada por não sair é ruim, mas imaginar ser presa, é pior ainda. – Lisa disse arregalando os olhos, não duraria um dia dentro da prisão disso ela tinha certeza. – Tive sorte que minha mãe me pediu para ir no shopping por ela hoje, eu amo o cheiro daquele lugar.

- Cheiro de macho isso sim. – Jennie riu depois de comentar recebendo um empurrão logo em seguida. – O que? É verdade. Você é a pior de todas aqui Lalisa, sabe disso.

- I’m free bitch. – Jogou o cabelo loiro para trás. – Faço o que eu quiser.

- Estamos sabendo... – Sooyoung suspirou seguindo a menina de cabelos presos que andava para fora da quadra comemorando com as outras jogadoras. Somente de olha-la seu estômago dava voltas, tinha náuseas. – Lisa.

- Eu?

- Você conhece aquele garoto? Da foto que mandei para vocês no final de semana?

- O tal Jungkook? – A outra acenou rapidamente com a cabeça. – Não, mas posso conhecê-lo, sem problema nenhum.

- Calma Lisa, segura esse seu fogo. – Jennie bagunçou seus cabelos zombando.

- Oh para com isso, me deixa ser uma piranha livre!

Lisa realmente não se importava em se dar tais apelidos, gostava de sair e ficar com quantos garotos quisesse, mas também aquilo não significava que dormia com todos. Para tudo tinha um limite até mesmo para ela. Antes que deixassem o colégio – algo como se fosse uma tradição – Jennie e ela prenderam a pobre Yeri dentro de um dos armários do vestiário, era tão gratificante ver alguém tão pequeno entrar naquele espaço minúsculo. Sooyoung ficava longe delas o máximo possível, seus pais estavam cientes que tudo o que acontecia com a menina tinha haver com suas amigas, não podia negar, eram o melhor trio de todo aquele colégio. Por conta da fama do irmão, Jennie nunca tinha problemas com os outros, ninguém tinha coragem o suficiente para enfrentá-la – ninguém além de Joy, que digamos não pensa muito bem – sem contar sua expressão séria e ameaçadora.  Lisa e Sooyoung usavam sua meiguice a famosa falsidade para conseguirem o que queriam, o incrível é que ninguém as questionava sobre nada. Qual era o problema daquele pessoal? Talvez todos sejam como elas, mentirosos e falsos, por isso não se importam muito.
Sooyoung não conseguia controlar a própria ansiedade quando se tratava de fazer maldade, Claire, a psicóloga gostava de conversar com ela por mensagem, perguntava sobre seu dia, o que acontecia no colégio, se conseguiu conversar com sua irmã de forma civilizada, essa parte com certeza evitava. Era muito claro o que queria fazer. Manter-se longe de encrencas o máximo que podia, mesmo que algo acontecesse com Yeri, seu nome não poderia estar envolvido, seus planos estavam cada vez mais elaborados e assustadoramente cruéis, disse algumas vezes pra si mesma que deveria receber um Oscar por sua atuação de boa filha.  Sua mãe queria que ela se redimisse, então era isso o que estava fazendo, ia toda a semana para sua visita com a doutora, conversa sobre fatos inventados, mas ainda mantinha uma pequena linha de sinceridade, como o caso de seus pais não se importarem com simples detalhe que sua filha Yeri vivia com uma estranha que trabalhava o dia todo a deixando sozinha também, saindo para festas que nem deveria ir. Foi questionada diversas vezes como sabia tudo aquilo sobre a tal mulher e sua resposta variava de “Estou supondo” ou “ Ela é mais velha com certeza faz essas coisas. ”. Algumas pessoas queriam ter aquela capacidade de mentir como Sooyoung.

Será que aquilo era patológico? Era isso que Claire se perguntava. A mulher achou importante manter contato absoluto com a menina já que seu histórico de agressões físicas e verbais se tornaram constantes como seus pais contaram. Porém o seu medo era muito maior do que aquela patologia, e sim com o fato de ninguém nunca mais confiar naquela jovem, suas mentiras muitas vezes eram tão convincentes que até ela achou difícil identificar a verdade. Se algum dia, algo pior acontecesse com ela, estaria sozinha.
 Claire juntou diversos fatores para que desconfiar que Sooyoung tinha a péssima mania de mentir. O relacionamento com os pais, seu curto histórico de vida e suas amizades que trazem sim uma má influência em seu mau caráter, sem contar o fato que tinha esse habito ainda quando criança.  Esse distúrbio pode ter origem na baixa auto-estima da criança e na supervalorização de suas crenças, com o não enfrentamento da angústia ou frustração associada a uma situação. Foi filha única por muito tempo e de repente seus pais decidem ter “outro filho”, a não conversa com a menina trouxe frustações e raiva, isso pode ter causado o aumento no habito de mentir e até mesmo nas agressões. Mas como Claire poderia ajuda-la? Ainda tinha que pensar em uma maneira menos agressiva, antes que tudo piorasse. Mas a menina precisava tomar consciência sobre suas ações, caso contrário, não adiantaria nada.

Depois de chegar em casa a menina não se deu ao trabalho de ligar para os pais avisando que estava bem, apenas foi a até a cozinha comeu o que tinha na geladeira e ficou dentro do quarto lendo os livros de literatura para que pudesse fazer a prova de recuperação, maldita seja essa matéria.  Por causa dela teria de ir dois dias a mais naquele colégio. Estavam no último ano, não aguentava mais olhar aqueles rostos sínicos dos alunos, os professores maçantes e todo o resto. Nem ao menos pensava no que faria no futuro, emprego, faculdade, tudo aquilo para ela era o de menos. Viveria do trabalho dos pais para sempre? Com certeza que não, eles até a expulsariam de casa. Quando tivesse tempo e paciência pensaria no que deveria fazer.  Estava praticamente dormindo quando seu celular vibrou algumas vezes chamando sua atenção, Lisa mandava algumas fotos e mensagens frenéticas.

 “Acho que o mundo conspira ao seu favor! O rapaz, Jungkook trabalha na loja que minha mãe me mandou vir. ”

Joy não acreditou naquilo abrindo a imagem. Estava um pouco tremida e fora de foco, mas conseguiu identificar o rapaz de touca escura. As coisas estavam realmente ficando ao seu favor.

 “Não perde essa oportunidade, e lembre-se, nada de falar sobre mim ou Yeri! ”

 Riu fraco jogando o celular de lado e voltando a ler o livro.

 Não demorou muito para que Lisa fosse atendida. Sua mãe havia pedido para que fosse buscar alguns doces que encomendara na loja do shopping, teria que levá-los para uma confraternização que haveria no prédio onde moravam. Tentava controlar o próprio sorriso quando via aquele garoto entrar e sair pela pequena porta branca que provavelmente levava para onde eram fabricados os doces, sempre com as mãos ocupadas mais nunca deixava de atender os clientes com um sorriso e charme. “Obrigada Santo Antonio! ”  Ela agradecia ao santo casamenteiro mentalmente, nunca ficou tão feliz em ter que conversar com alguém em toda a vida. O achou tão bonito que infelizmente não conseguia parar de olha-lo até mesmo quando ele a atendeu.

- Está tudo bem? – Ele perguntou estranhando seu olhar perdido. Lisa riu rapidamente batendo uma palma.

- Desculpa estava tentando lembrar o que minha mãe tinha pedido pra vir buscar! – Sorriu de uma maneira meiga, recebendo outro sorriso em resposta.

- Ah não se preocupe, diga o nome dela e posso encontrar aqui no sistema tudo o que ela pediu.

Será que um genro estava incluído no pedido?” Pensou consigo mesma.

Ele checara a lista e pediu educadamente que esperasse, as encomendas já estavam prontas só iria terminar de embrulha-las. Ficou do lado esquerdo tendo uma visão parcial daquela cozinha onde o rapaz andava de um lado para o outro junto com mais alguém que não sabia identificar, mas não se importou com aquilo. Aquele Jungkook era realmente bonito, além de tudo educado, se Yerim tinha interesse nele Lisa iria concordar que ela tinha um ótimo gosto para rapazes. Chegou a se perguntar por que Sooyoung tinha tanto ódio pela garota, claro, ela a fez ter uma suspensão no colégio e em suas baladas, porém, nada daquilo teria acontecido se não tivesse seguido as ordens da outra.  Yeri nunca fizera nada diretamente para ela, era apenas meia irmã de Joy, e por esse simples fato, a perturbava. Balançou a cabeça esquecendo tais perguntas, se sua amiga descobre que anda duvidando de seus motivos com certeza teria o cabelo arrancando as unhas.

- Aqui está senhorita...

- Lalisa... Pode me chamar de Lisa. – Sorriu – Muito obrigada... –Fingiu ler o nome dele no pequeno crachá. – Jungkook, você é muito educado, até mais.

 Acenou brevemente para o outro que ficara com as bochechas levemente avermelhadas. Bang! Ela falou mais para si mesma enquanto andava em direção a praça de alimentação, com certeza ele não se esqueceria dela tão cedo, tudo tinha que ser feito com calma. Pelo pouco que observou, Jungkook não era do tipo de homem que dava em cima de qualquer uma e com certeza não deveria gostar dessas garotas. No caso, garotas como Lisa, mas sabia agir exatamente como uma dama...virgem e sem graça.  Riu com os próprios pensamentos sentando-se em uma daquelas mesas começando a digitar em seu celular.


 Dentro da loja os clientes não paravam de entrar, o telefone tocava a cada minuto com mais clientes fazendo pedidos, Yiuhee gostava tanto daquela agitação que nem se importava mais, ter aquela sua loja fazendo sucesso era tudo que sempre quis. Sua confeitaria era sua vida, assim como os dois filhos que sempre estavam a ajudando. Fechava a caixa registradora quando dois rapazes entraram animados apoiando-se no balcão.

- OLÁ TIA!! – O rapaz de cabelos ruivos disse praticamente deitado sobre o balcão para alcançar a mulher com um abraço. – Que saudade!

- Hoseok pelos céus. – Riu – Saia do meu balcão.

- Boa tarde senhora Jeon!

- Oi Jimin, tudo bem com vocês? Vieram almoçar com o meu filho? -

- Bom se a senhora ainda não o cozinhou com os bolos, sim. – Hoseok levou um puxão de orelha da mulher que mesmo assim riu.

- Vou colocar você no forno!

O ameaçou atravessando a porta que levava para a cozinha entrando Jungkook de baixo de uma das mesas.

- Oh filho... Ta procurando sua dignidade? Desculpa mais você perdeu ela há algum tempo querido.

 Ele apoiou as mãos no chão encarando a mulher que ria sozinha com o próprio comentário, fez uma expressão de desgosto balançando a cabeça logo em seguida.

- Para a senhora saber, o cabeção do seu filho mais velho perdeu uma das fechaduras da assadeira. – Se levantou limpando as palmas das mãos no avental logo apontando para o outro rapaz que continuava agachado. – Minha dignidade está intacta depois isso.

- Vai se fuder Jungkook. – O outro levantou parcialmente deixando apenas seus olhos avista.

- Minha nossa... Ta bom, Jungkook seus amigos estão lá fora para irem almoçar.

- Quem? Não estava esperando nenhum deles. – Disse lavando as mãos e tirando o avental.

- Hoseok e Jimin.

 Ela disse sem dar muita importância para aquilo, mas o rapaz deu uma risada irritada apenas em ouvir o nome de Jimin. O que ele estava fazendo aqui? Era a última pessoa da terra que ele queria ver. Queria ter dispensando os dois e ter comido em paz, mas conhecia Hoseok bem o bastante para saber que iria força-lo a ir junto de qualquer maneira. Saiu da cozinha recebendo um cumprimento caloroso do ruivo e de Jimin pareciam tão animados, mas ele queria mesmo era dar um soco na cara do outro, controlar sua raiva estava sendo a coisa mais difícil que já fez em toda sua curta vida.  Como ele podia ser tão sínico e falso? Ele se intrometia mais uma vez na sua vida e nas suas amizades.
 Estava realmente o ignorando, comia em silencio e apenas respondia quando Hoseok falava diretamente com ele. Jimin não parava de falar sobre as novas garotas transferidas para seu curso e de como elas eram extremamente gostosas. Sua fome quase sumiu com todo aquele papo sem fundamento, fazia tempo que Jungkook queria dizer algumas boas verdades na sua cara, mas mesmo assim não conseguia, ele era livre para fazer o que quisesse, porem sabia que aquilo era diferente, jurou que mataria Jimin se ele fizesse alguma coisa para magoar Yeri.

- Quem é aquela criatura maravilhosa que está olhando pra cá? – Jimin perguntou nem mesmo tentando disfarçar, Hoseok balançou a cabeça sem saber responder e Jungkook não deu a mínima para o que estavam falando. – Oh vocês estão com o que hoje? Puta merda hein!

 Jungkook jogou o canudo na sobre a bandeja olhando para a menina loira do outro lado, ela desviou o olhar e voltou a atenção para o celular, ele demorou um pouco mais acabou lembrando-se de quem era.

- É uma das clientes que passou na confeitaria hoje. – Parou por alguns momentos tentando lembrar-se de seu nome. – Acho que era Lalisa.... É isso aí.

- Ai sim hein, vi futuro, Jungkook só com as novinhas. – Tocou no ombro do amigo o balançando, mas sua mão foi tirada com um movimento bruto do outro. – Que isso Jungkook, que bicho te mordeu essa semana?

- Por que não me deixa em paz e vai atrás da pobre Lalisa, pra ela ser mais uma de suas vítimas.

 Foi o que disse antes de se levantar levando a bandeja para a lixeira mais próxima, acenou com a cabeça para a menina que retribuiu o gesto e logo saiu andando para voltar ao trabalho, antes que pulasse na jugular do outro. Hoseok correu para alcança-lo perguntando se estava tudo bem, mas ele nada respondeu a continuou andando, até que seu braço fora puxando com força o fazendo parar.

- Qual é a tua hein Jeon Jungkook? – Jimin o empurrou com força. – Aquele papo todo ainda por causa da trouxa da Serri? Para, isso já faz três anos!

- Opa, opa, já deu né, vamo parar com o showzinho agora! – Hoseok se colocou entre eles que visivelmente perdiam o controle, porem o mais novo avançou apontando o dedo indicador para a cara do outro.

- É faz três anos, mas o trouxa aqui é você, que adora se intrometer na vida dos outros e magoa-las. É bom você pensar duas vezes antes de fazer isso de novo. – Jimin riu finalmente entendendo.

- Ah não... Você tá falando da Yerim? – Riu ainda mais o ver a expressão do rosto do outro. – Fique sabendo que eu vou fazer o que quiser com ela!

 Hoseok segurou Jungkook que tentou avançar contra do outro que ria de maneira descontrolada.

- Você tá doido pra fuder ela não é? – Jimin estava provocando a pouca paciência e controle que Jungkook ainda tinha. – Aquela carinha inocente te excita?  Pena que mais uma vez você vai ficar de fora.

- Hoseok, me solta antes que eu acabe com você também!

- Pelo amor de Deus Jungkook ele tá fazendo isso pra te provocar, olha em volta, as pessoas já estão olhando.

- É Hobi, solta ele. – Jimin disse sério, se aproximando de ambos – Deixa ele ir trabalhar para a mamãe, enquanto eu vou fazer a queridinha dele perder toda a inocência, gemendo meu nome.

 Aquilo foi demais até mesmo para Hoseok que foi derrubado no chão. Jungkook não teve piedade nem medo de avançar contra Jimin que riu ao levar o primeiro soco, o rapaz agarrou em sua roupa com força ainda o socando com o braço direito. Ele estava com tanto ódio que não conseguia ver mais nada a sua frente além daquele sorriso sarcástico de Jimin que lhe dera um chute no estomago. Sabe lá quantos minutos Hoseok tentou separar aqueles dois antes que os seguranças do shopping chegassem para finalmente separa-los, mas até mesmo aqueles quatro homens gigantes tiveram dificuldade para conter Jungkook que estava completamente machucado, mas ainda tinha uma expressão de puro ódio, naquele estado com certeza ele teria matado Jimin que nem conseguia manter-se de pé. Mas aquele maldito sorriso ainda estava estampando em sua cara.
 Foram levados para a sala da segurança onde levaram uma advertência, não poderiam entrar naquele shopping por um mês, Jimin teve que ser tirado da sala primeiro porque ainda provocava o outro e acabou recebendo um grampeador com força no meio da testa. Jungkook não conseguia se acalmar de maneira nenhuma, aquilo não fora nada, queria mesmo é arrastar aquela cara no asfalto e jogá-lo no meio do transito de Seul. Como ele teve coragem de dizer aquelas coisas? Com certeza não tinha medo de morrer, não se importava com o tempo de amizade que tinham, depois daquilo, a única maneira que ele queria vê-lo era internado em coma ou dentro de um caixão. Sua mãe teria ficado furiosa com ele, mas vê-lo naquele estado foi mais assustador do que qualquer outra coisa, pediu que fosse para casa cuidar melhor daqueles ferimentos que realmente estavam horríveis, algumas partes de sua roupa estavam rasgadas, as mãos mesmo fechadas tremiam com o ódio que ainda estava guardado, naquele instante ela ofereceu uma carona, não se importaria em fechar mais cedo, mas ele recusou dizendo que queria ficar sozinho, acabou saindo a deixando ali, preocupada.
 Jungkook andou por algumas horas sem rumo, a única coisa que estava consigo era aquela touca preta e o celular que agora tinha a tela trincada, sua mochila acabou ficando na confeitaria, faculdade era algo que com certeza não tinha cabeça para ir naquele dia.  Seu corpo todo doía, a cabeça latejava, os olhos ardiam tanto pelos socos que receberam quanto pela grande vontade que tinha de chorar, aquelas palavras depravadas de Jimin não paravam de ecoar na sua mente, se repetiam diversas e diversas vezes e aquilo não permitia que se acalmasse. Uma situação semelhante acontecera a três anos atrás quando ele ainda gosta de Serri, uma colega de classe muito simples e divertida, por mais que não se lembre de ter perdido o controle daquela maneira, ele tinha certeza que o sentimento de dor era o mesmo. Ela não pensou duas vezes antes de ficar com Jimin mesmo depois de Jungkook ter dito que gostava dela, aquilo não foi algo tão fácil de superar. Agora, estava na mesma situação, ele mais uma vez fora atrás daquela que gostava, e todas elas cedem a ele sem ao menos hesitar. O que estava fazendo de errado? Por mais que aquela cena e aquelas palavras não saíssem da sua mente, ele não queria deixar que ele tocasse em Yeri, ela não merecia alguém como ele, talvez nem alguém como Jungkook, mas nunca se perdoaria se fosse magoada.
 Uma forte tempestade começou a cair enquanto o rapaz ainda estava sentando sozinho naquele banco de alguma praça da cidade, limpou devagar o rosto com a camiseta preta tentando tirar o sangue que havia ficado grudado ali, voltou a andar no intuito de distrair-se e esquentar o corpo, não tinha rumo, uma direção que realmente quisesse seguir, mas seu subconsciente o levou para lugar que mais queria estar. Nem ele mesmo acreditou que estava ali parado em frente ao apartamento de Irene, pensou em ir embora, não estava em condições de ver a menina, mas seu coração pedia desesperadamente para vê-la, então acabou tocando o interfone e falando com o porteiro que se assustou com sua aparência. Depois de ter a permissão para subir, viu seu estado no espelho do elevador, com certeza ele deveria ter ficado com a opção de dar meia volta e ter ido para casa, mas não tinha como voltar, saiu bagunçando os cabelos com a mão para que o excesso de água saísse, ouviu seu nome ser chamando com animação ao se virar pode ver a surpresa nos olhos da outra que correu em sua direção tocando-lhe os dedos quentes em sua face.

- Meu deus, Jungkook o que aconteceu? Você está bem!?

 Ele não foi capaz de dizer nada, apenas a abraçou apoiando o rosto em seu ombro. Yeri ficou assustada com o estado que ele estava, mas ainda mais quando ele a abraçou sem dizer uma palavra, retribuiu o gesto não se importando com o fato dele estar completamente ensopado.
 
Estavam sentados no banheiro enquanto a menina segurava o secador em direção de seus cabelos o que o fazia sorrir de maneira boba, ela havia perguntando se Irene por acaso tinha alguma roupa do Taehyung perdida pela casa e por sorte ou azar da mulher tinha, as roupas do outro foram parar na secadora antes que ele pegasse um resfriado, eles ainda não tinham conversando do porque ele apareceu do nada completamente machucado, mas ela está feliz em vê-lo ali.

- Está com fome? – Perguntou depois de desligar o aparelho deixando-o sobre a pia, ele negou com a cabeça devagar, ela cruzou os braços parando bem na sua frente. – Vai me contar o porquê está com esses machucados horríveis?

-Precisa ser agora? – Fez um bico com os lábios passando os dedos sobre os curativos. Não queria contar a verdade pra ela, pelo menos, não agora. A ouviu suspirar de maneira cansada e sair do banheiro o chamando, quando chegaram na sala reparou na bagunça de papeis que ela estava enfiada. – O que é tudo isso?

- Preparativos para semana cultural da minha escola, não aguento mais! – Resmungou jogando a cabeça sobre aquelas pilhas de papeis. – Sei mais coisa do Brasil do que eles mesmos.

Ele riu sentando-se no chão também, pegava algumas das anotações que ela havia escrito, comidas, tradições, mitologia era muita coisa para uma pessoa só fazer. Quando colocou ele de volta ao seu lugar reparou que Yeri ainda o encarava.

- O que aconteceu? – Perguntou mais uma vez, mantendo a cabeça sobre os braços. – Você parece estar triste...

 Suspirou rapidamente apoiando as costas no sofá.

- Eu briguei com o Jimin, praticamente um UFC. – Tentou zombar da situação, ela se endireitou ficando surpresa com aquela informação. – Ele vai ficar bem não se preocupe... – Disse na intensão de tranquiliza-la.

- E eu lá estou preocupada com ele? – Foi a vez dele de ficar surpreso. – Que babaca! Por que ele te bateu? Espero que você tenha acabado com ele.

 Jungkook riu fraco

- Para de rir, estou falando sério, por que vocês brigaram? Espero que seja algo importante por que você está horrível!

- Por você...

 Ela se calou de repente e o silêncio surgiu deixando o clima não muito agradável, o rapaz massageava a uma das mãos enfaixadas evitando ter um contato visual.

- Ele disse coisas não muito agradáveis e eu acabei perdendo o controle. – Finalmente falou alguma coisa. – Não quero repetir e nem lembrar as coisas que ele falou, sério, fiquei maluco com aquilo.

- Então, ele te contou...

- Não... – Ela tinha um olhar triste para si. – Eu vi vocês dois juntos.

- Eu.. Jungkook...

 Ele tocou em seu rosto interrompendo sua fala, disse que não precisava se explicar era livre para fazer o que bem entendesse. Ela sentia-se culpada agora, era por isso que não respondera suas mensagens, tinha ficado chateado por ter beijando Jimin mesmo ele pedindo e avisando que era algo errado. Sentia nojo de si mesma por ser tão ingênua e ter caído na lábia de um cara que depois de tudo disse coisas horríveis dela. Nem ao menos a conhecia direito e saiu por aí dizendo asneiras, ainda para Jungkook.

- Me perdoa... – Lagrimas escorreram por suas bochechas deixando o rapaz alarmado, ele abraçou acariciando seus cabelos. – Fui tão estupida!

- Ei, para, não precisa ficar assim... Yeri.

- Eu deveria ter te escutado! Segui um impulso idiota levado pela minha curiosidade. – Enxugou as lagrimas rapidamente. – E mesmo assim, não adiantou de nada, beijar ele foi como se eu beijasse uma parede. Babaca.

- Esquece isso. – Pediu acariciando seu braço. – Ele não gosta de ninguém além de si mesmo.

 Suspirou rapidamente lembrando de suas palavras, alguém como Yeri não merecia ser desrespeitada daquela maneira, reparou que ela segurava sua mão de uma forma gentil ajeitando aqueles curativos que enfaixava os cortes que se abriram ao socar o outro com força. Que merda! Foi exatamente o que pensou naquele instante, seu coração batia tão forte que tinha certeza que poderia ser ouvido a distância, sua mente mandava se controlar, mas seu impulso dizia o oposto. Era tão doce e meiga que ele não conseguia acreditar que aquela menina era real, ninguém mais tinha aquela pureza angelical sem parecer um completo falso, mas Yeri era diferente, até mesmo seu sorriso prendia seu olhar. De repente ela se levantou indo em direção a cozinha, disse de maneira animada que faria chocolate quente para eles, o rapaz soltou os ombros suspirando aliviado, mais alguns segundos é poderia fazer algo muito errado. Se controla Jungkook... Ainda não. Estava tendo uma séria conversa consigo mesmo, assim como a menina disse, não é certo seguir os impulsos, as coisas já estavam complicadas não queria piora-las.
 Yeri segurava aquele pote onde o achocolatado estava contra o próprio peito, sentia como se seu estômago estivesse em uma montanha-russa sem fim, dava voltas e voltas lhe causando arrepios estranhos, seus pensamentos criavam hipóteses improváveis de vários momentos que poderia ter beijando o mais velho, mas ela se censurou em todas, não podia, era errado, o que ele pensaria dela se fizesse isso? Acabara de contar e confirmar que Jimin era um completo idiota e de repente cria interesse por ele? A verdade é que aquele sentimento já estava ali, apenas manteve-se escondido nas profundezas daquele coração que mais chamava de buraco negro. Por quê aquelas coisas tinham que ser tão complicadas? Xingou mentalmente a aquela xícara que estava quente queimando um pouco a ponta de seus dedos, colocou o indicador na boca na tentativa de fazer aquela pequena ardência passar, depois de encher ambas as xícaras, voltou para a sala.
 Estavam em completo silêncio dentro daquela sala, apenas podia se ouvir suas respirações e o som dos dedos ágeis no teclado do notebook, apensar de tentar se concentrar em sua super tarefa para a próxima semana, ela só conseguia imaginar o como deveria ser a sensação de beijar alguém que realmente estava interessada. Agora entendia muito bem o que Meena tinha passado todo aquele tempo sem dizer nada para ela, só de lembrar sentia-se culpada em querer se aproximar de Jungkook.
 Ela vai ficar tão magoada... Yeri parou de digitar imaginando a reação da colega quando dissesse que não teriam nada por que gostava de outra pessoa, outras lagrimas escorreram silenciosas por suas bochechas lidar com aquilo não era tão simples. Enxugou o rosto com a manga da blusa quando sentiu o braço do outro envolver seu pescoço, ele perguntava se estava tudo bem, mas ela apenas acenou com a cabeça sem dizer uma palavra, culpava a sua mente criativa por criar mais uma vez aquelas cenas que nunca aconteceriam, mas de repente ele beijou sua bochecha levantando logo em seguida dizendo que iria vestir as próprias roupas que provavelmente já teriam secado, com uma força interior grande o bastante ela conseguiu controlar os pequenos ataques histéricos que queria muito fazer. Disse para si mesma que estava enlouquecendo com tudo aquilo.
 Jungkook pegou as roupas que estavam na secadora e subiu para um dos quartos para trocar de roupa, sua mãe tinha ligado perguntando onde e como estava, disse também Hoseok passou em casa para pedir desculpas pela idiotice de Jimin, mas ele não tinha na a ver com aquilo. Jimin teria que tomar consciência de seus atos sozinho, caso contrário, ninguém mais o suportaria.  Kook não sentia nenhum remorso ou culpa depois daquela briga, se deixasse bateria mais vez para ter certeza que tinha estragado aquela cara sínica dele.
Estava olhando seu reflexo no espelho, seu rosto estava menos inchado apesar de ainda ter uma coloração avermelhada nos ferimentos, o corpo também tinha diversas manchas roxas espalhadas, seu abdômen doía assim como os ombros e as costas.

-  Você está horrível.

 Ele se virou em direção da porta vendo Yeri encostada no batente com braços cruzados.

- Ah Jimin está bem pior, pode ter certeza disso! – Ela soltou um riso anasalado balançando a cabeça lentamente. Jungkook lhe deu as costas novamente colocando a camiseta que ainda estava morna fazendo-o arrepiar rapidamente com a sensação aconchegante, surpreendeu-se quando sentiu os braços da menina o envolverem em um abraço.

-Obrigada. – Ela disse fazendo-o sorrir- Obrigada por me defender, mesmo estando chateado comigo...

- Nem se eu te odiasse deixava alguém falar aquelas coisas de você! -  Se virou de frente puxando-a para mais perto de si, a reação dela com aquilo fora a coisa mais gratificante que poderia ter tido durante todo aquele dia caótico, por mais que tivesse a consciência, não podia evitar querer tê-la só para si. – Pode confiar em mim, para qualquer coisa...

 As mãos dele apertaram sua cintura com certa intensidade, o que a fez segurar a respiração por alguns instantes, ele estava muito perto e naquela situação ela já não sabia o que estava fazendo ou o que faria em seguida. Ele colocou alguns dos fios de seus cabelos para a traz passando os dedos por seu rosto, vendo sua coloração ficar avermelhada rapidamente, pediu quase em um sussurro para que fechasse os olhos, ela hesitou por um momento, mas fechou logo em seguida.

- Promete que vai ficar longe do Jimin? – Dessa vez sussurrou próximo a sua orelha o que a faz se afastar um pouco ameaçando abrir os olhos, mas Jungkook os tapou com a mão. – Não abra, apenas responda.

- Prometo. – Disse ainda receosa com o momento.

- Ótimo!

 Seu coração pedia socorro assim como sua sanidade, o que aquele garoto estava fazendo não era de Deus. Ele finalmente aceitou o grande fato que não conseguira ficar no mesmo ambiente que ela sem fazer ou dizer nada, o que tivesse que acontecer depois, teria que apenas aceitar, nem mesmo achava que as coisas estavam rápidas demais, se perdesse mais tempo Jimin não desistiria de acabar com suas esperanças de novo. Yerim já havia lhe dado a resposta que queria, então, deixou de pensar nas consequências apenas fazendo o que seu coração desesperadamente pedia.
 Juntou seus lábios aos dela um selar demorado, segurou seu rosto de maneira delicada enfim dando início aquele beijo lento que não teve demora em ser correspondido. A sensação não podia ser explicada com palavras, mas era algo como uma palpitação no peito misturado com ansiedade e alegria, como se pequenos choques subissem por todo o corpo fazendo seus pelos se arrepiarem instantaneamente. Nem mesmo a falta do ar fez que eles se separassem por muito tempo, era como se precisassem mais daquele contato do que qualquer outra coisa no momento, um beijo tão intenso e apaixonado, a menina tinha certeza que nunca sentira algo daquele tipo na vida, completamente novo e também assustador, por que não queria de maneira alguma soltar-se daqueles abraços. Houve uma reclamação de ambas as partes quando puderam ouvir a voz de Irene chamar do andar de baixo e questionando aquela bagunça de matérias na sala, Yeri virou o rosto em direção da porta do quarto, não sabia como poderia encara-lo, mas Jungkook não parecia se importar com aquilo, ele a virou mais uma vez para sua direção fazendo que olhasse diretamente nos olhos, sorriu lhe dando outro beijo um pouco mais rápido.

- Deixa que eu vou primeiro. – Disse bagunçando seus cabelos e saindo do quarto. – OI JU HYUN!


 Yeri não pode deixar de rir com a animação que ele gritara o nome da outra que também se assustou com o estado de seus machucados. A menina ficou mais um tempo naquele quarto apenas assimilando o que havia acontecido, colocou a mão sobre o peito ainda sentindo o coração bater de forma acelerada, suas mãos tremiam um pouco e a cabeça ainda não raciocinava direito, mas se sentia tão bem, feliz, não conseguia explicar, mas Jungkook mexia com aqueles tipos de sentimentos dela. Que sempre evitou achando que só serviam para trazer mais desgosto e tristeza, mas estava totalmente errada.

                                                                                                           Algumas horas antes...

 - Não estou acreditando que você fez isso Jimin!

  Yoongi disse balançando a cabeça de maneira negativa. Hoseok tinha passado na casa do colega para deixar Jimin, depois daquele barraco todo no shopping o ruivo simplesmente queria socar ele por ter sido tão ridículo, as coisas que tinha dito foram completamente desnecessárias, quando aprenderia que não precisava ser um filho da puta?
  O outro estava sentando no sofá com uma bolsa de gelo sobre o rosto, não tinha uma parte de seu corpo que não estava dolorida. Após sua adrenalina passar e começar a pensar sobre as coisas que havia dito, sentiu que Jungkook nunca mais olharia para ele, nem mesmo pintado de ouro. Não podia fazer nada, não pensava muito bem antes de falar, ficou irritado com o fato dele sempre tocar naquele assunto de três anos atrás, já havia pedido desculpas, a garota nem ao menos gostava dele de verdade, havia o usado para chegar até ele. Tinha feito um favor de se livrar dela, mas pelo jeito, Kook não pensava assim.

- Você ta me escutando caralho!? – Gritou Yoongi sem paciência.

- Cala a boca cara! Eu já sei que fiz merda, não precisa ficar falando, to morrendo de dor de cabeça.

- De novo, você, de novo você fez isso com o Jungkook. Qual seu problema? -

-Não tenho culpa se ele não tem iniciativa e eu sim, mas não fazia ideia que aquele babaca estava afim da Yeri.

- Ahh para Jimin. – O rapaz coçou o nariz de forma irritada. – Tava escrito na testa dele! Desde que ele a conheceu não parou de falar dela um minuto, você é bobo ou quer um real? Parece que você faz de propósito.

-Foda-se

- Porra Jimin! – Yoongi bateu nele com a almofada antes que também lhe desse um soco. – Não é assim, você sabe o que aconteceu com ele depois da Serri, sabe muito bem. – Sentou-se ao seu lado ajeitando os cabelos. – Foi muito difícil pra gente fazer ele se recuperar, o emocional e o psicológico dele não é um dos melhores... Sinceramente espero que esteja tudo bem com ele...

 Jimin se levantou jogando aquela bolsa de gelo no colega, pegou suas coisas e não respondeu nada para Yoongi quando saiu de sua casa. Não aguentava mais tanto sermão, o erro já estava feito e nada poderia mudar aquilo. Sabia muito bem da situação de Jungkook, mas ele já tinha problemas quando o conheceu, aquilo apenas fora mais um motivo para o outro tivesse uma crise na época.
 A tempestade havia começando quando ele finalmente pegara o ônibus, nenhum dos seus colegas iria escuta-lo sem xinga-lo ou crucificá-lo pelo que tinha feito, claro, sabia que o que havia feito era errado sem nexo e infantil, mas, não tinha feito de proposito, apenas ficou com alguém que tinha interesse. Não tinha culpa se ele e Jungkook tinham o mesmo gosto para garotas.
 Quando desceu no veículo saiu correndo pela calçada sentindo até as meias ficarem encharcadas, tocou a campainha da casa de portões avermelhados, ficou irritado com a demora e por estar exposto naquela maldita chuva subiu pelas grades passando pelo vão do portão, bateu na porta com força diversas vezes até que finalmente ela fora aberta.

 - Quer me matar do coração... Jesus... – Seulgi deu espaço para que o outro entrasse encarando seu rosto machucado. – Quem te atropelou?

- Fiz merda...

- Ok, agora me diga uma novidade.

- Seulgi, é sério...

 A menina abriu a boca para responder, mas desistiu notando sua apreensão. Ela o deixou na cozinha para poder pegar uma toalha, precisava se enxugar antes que ficasse resfriado, sentou na cadeira ao lado escutando tudo o que tinha a dizer, o que digamos que pouca coisa não era.
Sentia um grande remorso das coisas que falara, Jungkook era seu melhor amigo, mas sempre conseguia magoa-lo, era algo que acontecia sem ao menos pensar em fazer e aquilo acabava com ele.
 Ainda estavam no colégio quando aquela intriga entre os dois aconteceu. Serri era capitã das líderes de torcida, era popular como de se esperar, mas nunca fora uma pessoa mesquinha ou esnobe, gostava de ficar ao lado de Jungkook por ser uma pessoa gentil e nunca ter dado a entender que tinha segundas intenções por ela. Naquela época ele vivia em tempos difíceis com o bullying diário, os problemas com o pai agressivo e sua depressão, Jimin nunca soube como ele tinha animo para ir as aulas todos os dias.
 Por mais que Jimin dissesse que Serri não era tudo o que Jungkook venerava, ele nunca escutava. Ela sempre estava atrás dele, querendo provoca-lo, e sabia que era errado, mas mesmo assim continuava. Jimin tinha certeza que levara a maior culpa da desilusão do colega por causa do rápido envolvimento amoroso que tiveram, eram jovens, e chegaram à conclusão que não importava o que os outros acham deles, poderiam ser amigos, se amantes se quisessem, mas aquilo acabou quando Jungkook se declarou para Serri e ela nem ao menos deu importância para aquilo. Fora mais uma vez atrás de Jimin, que se cansou de vê-la brincar com os sentimentos do amigo e então ficou com ela a mandando parar de usá-lo para se aproximar dele, não queria nada com ela.
 
Mas no final, Jimin saiu como o monstro. E ficou obvio que mesmo depois de três anos, Jungkook não o perdoara por aquilo que tinha feito para protege-lo.

 Seulgi estava em silêncio, pensando sobre tudo o que acabara de escutar, o rapaz enxugara algumas lagrimas que escorreram sobre os ferimentos balançando a cabeça lentamente. Se odiava por ser tão impulsivo e pavio curto.

- Você o amava? – Ela perguntou chamando sua atenção, o rapaz levantou os ombros em resposta.

- A questão não era essa e sim que não queria vê-lo magoado por uma garota que não ligava para ele. – Suspirou. – No final eu sai como o grande filho da puta.

- A gente tem que concordar que você é muito... Liberal Jimin, não liga se for homem ou mulher, papagaio, cachorro... – Fez uma careta pronto para responder mais ela continuou.  – Você não demostra afeto com ninguém que se envolve, e saber que se importa com o Jungkook é uma novidade! -

- E aonde você quer chegar?

- Que você precisa rever seus conceitos, sair por ai mostrando que pode ficar com todas pessoas que você deseja não é a melhor coisa para você e para ninguém, todo mundo sai ferido nessa história. – Seulgi sabia que ele tinha um bom coração apesar da aparência cafajeste. Mas o problema dele era similar ao da amiga, querer ter muitos sem ao menos ter a si mesmo. – Tenta.... Não sei, achar o motivo por ser desse jeito, ou procure alguém para te ajudar e converse com o Jungkook, explica o que me disse.

- Duvido que ele me escute...

- Se não tentar, nunca vai saber.

 Ela se levantou para atender o telefone que tocava na sala, mas sentiu o pulso ser segurando a fazendo dar alguns passos em falso, Jimin apertou-lhe a mão sem muita força logo depois a encarou abrindo um curto sorriso.

- Obrigado... Por me escutar.

- Você já foi criticado demais, eu não preciso repetir o que já sabe.

 Seulgi sorriu dando leves tapas em seu ombro saindo da cozinha para a sala. O rapaz ficou lá por mais algumas horas até que a chuva diminuísse, conversar com ela sempre o ajudava a pensar melhor de alguma maneira, Seulgi sabia como lidar com aquele tipo de situação, era sempre muito calma e as vezes sarcástica, mas estava disposta a ajudar quem precisasse.

Todo mundo tem problemas, sejam eles pequenos ou grandes, importantes ou não, ninguém está totalmente livre de um descaso. A situação não estava boa para aqueles colegas, mas aquela amizade não está totalmente perdida, aquela briga apenas acentuou remorsos a muito tempo guardados que precisavam ser esclarecidos, porém, muita gente ficou sabendo daquelas desavenças. Lisa, presenciou tudo, e aquilo apenas lhe deu mais utensílios de ideias mirabolantes.

 O que estava por vir dependeria muito de força, coragem e principalmente amizade. Sooyoung fez uma armadilha perfeita, e tudo... Estava indo de acordo com seu plano. 


Notas Finais


O que acharam? Me perdoem mais uma vez pela demora.


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