História Until You Wake Up - The Best Coincidence

No capítulo anterior:
" A porta é aberta com força e vejo meu pai parado ali, acabado, com uma garrafa de bebida na mão e me encarando.
"Ah, não. De novo não."

-Pai..._Minha voz sai em um sussurro.
Ele deixa a garrafa escapar de sua mão, quebrando em vários pedaços quando atinge o chão. Seu rosto estava com uma expressão estranha, parecia ter chorado.
-Ela foi embora..._Ele falou em um quase sussurro, que eu quase não entendi.
-O que? Quem, pai?_Perguntei indo em sua direção. Ele encostou as costas no batente da porta e escorregou até se sentar no chão.
Me ajoelhei ao seu lado. O cheiro de álcool estava por todo seu corpo.
-Sua...Sua mãe. Ela nos deixou, Callyn._Ele deixou escapar algumas lágrimas. Senti meu coração ser esmagado.
-O que...?_Sussurrei e comecei a chorar. Eu sabia que minha mãe não era a pessoa mais feliz do mundo. Mas, eu não esperava que pra ela seria tão fácil assim nos deixar.-Vem pai._Ainda chorando, o ajudei a levantar.
-Eu sinto muito._Ele diz e me abraça chorando mais ainda. Eu nunca tinha visto meu pai chorar em toda a minha existência.
O ajudei a se deitar na sua cama e fui para a cozinha fazer um café para ele.
Já não era a primeira vez que eu fazia isso. Ele costumava ter problemas com o álcool. O que ajudou nas brigas entre ele e minha mãe. Mas parou depois de se tratar. Agora eu já não tenho certeza se ele irá se esforçar para não voltar a fazer tudo de novo.
Levei o café para ele, que logo depois de bebê-lo, dormiu.
Tirei seus sapatos e o cobri.
Fui para meu quarto e agora sim eu poderia desabar em lágrimas. Me joguei de bruços na minha cama e enfiei a cara no travesseiro. Percebi que precisava sair um pouco e ver se esfriava a cabeça, sozinha, pois não estava afim de conversar.
Troquei apenas o short por uma calça jeans preta e sai. Sem rumo, sentindo o vento bater nas lágrimas que caiam, gelando meu rosto.
Cheguei até a praça vazia (pois já se passava das 21:00) e me sentei em um dos bancos, onde apenas a luz do poste iluminava.
Coloco minhas mãos sobre meu rosto.
"Que droga é essa? Nem minha própria mãe me quer." Penso enquanto choro descontroladamente.
Como comentei antes, nunca tive o amor dos meus pais, nem deles e nem de ninguém. E isso me dói cada vez penso nisso.
-Você está bem, moça?_Ouço uma voz vindo de alguém que está parado á minha frente.
Levanto a cabeça enxugando rapidamente minhas lágrimas.
-S-sim._Digo fungando.
Não consegui ver o rosto do indivíduo, pois estava contra a luz do poste.
-Não está parecendo. Posso me sentar?_Pergunta e eu assenti.
Quando ele se senta ao meu lado no banco e a luz ilumida seu rosto, vi que era o mesmo cara que estava no McDonald's, que quase trombou comigo. Que coincidência.-Parece que te conheço de algum lugar..._Ele diz franzido a testa e me encarando. (Não quero nem imaginar como está minha cara... Toda inchada e com olhos borrados).
-É... Acho que me viu hoje no McDonald's. Você quase se bateu comigo quando estava saindo para ir embora._Digo tímida.(Sou tímida com todos que não conheço direito).
-Ah, claro! Nossa, me desculpe por aquilo._Mexeu no cabelo, o jogando para trás.
-Não tem problema._Forcei um sorriso.
-Não deveria estar na rua a essas horas. É perigoso.
-Bom...Isso serve para você também._Digo e ele solta um riso baixo.
-Okay. Mas eu sou homem, consigo me defender e é difícil algum cara se engraçar._Riu.
-Hum, eu sei me defender muito bem também._Digo convencida e empinando o nariz, o que o faz rir mais uma vez.
-Tudo bem e qual o nome da garota que "sabe se defender muito bem?"_Disse essa frase tentando imitar meu tom de voz, me fazendo rir.
-Meu nome é Callyna, mas pode me chamar de Callyn._Sorri.
-Ok, Callyn. Me chamo Benjamin, mas pode me chamar apenas de Ben._Estendeu a mão e eu a pertei.
-E o que faz aqui a essa hora, Ben?_Digo irônica (já que eu também estava ali àquela hora. A vá, sério?)
-Estou voltando do estúdio._Ele se encosta no banco e olha para a rua.
-Legal. Você tem banda?_Pergunto me virando um pouco de lado, para ficar de frente para Ben.
-Não. Fui com uns amigos que ensaiam lá sempre. Estão tentando me ajudar a achar um emprego, então..._Ele volta seu olhar para mim.
-Ah, entendi. Deve ser bem legal trabalhar em um estúdio._Digo sorrindo.
-Com certeza._Sorriu.-Mas e você, o que faz aqui a essa hora chorando sozinha em uma praça?_Ri com a maneira que ele falou.
-Bom...É um pouco complicado._O olho e vejo que ele ainda me encara, esperando para ouvir a história.-No mesmo dia em que eu consigo uma vaga em um emprego muito bom, descubro que minha mãe simplesmente resolveu ir embora, deixando eu e meu pai que está bêbado agora, jogado na cama. Na qual eu tive que leva-lo._Ele baixa a cabeça.
-Entendo... Mas sabe? No final disso tudo, quem perdeu foi ela por ter deixado vocês. Vocês ainda são uma família e ela agora pode estar bem, mas uma hora ela irá perceber que está sozinha e certamente nesse momento ela vai tentar preencher o vazio com algo material._Eu nem mesmo soube o que dizer. Aquelas palavras realmente acalmaram algo dentro de mim que estava me matando a minutos atrás. Eu realmente não estava sozinha, porque por mais que eu não fosse tão próxima, eu ainda tenho meu pai.
-Obrigada._A única coisa apropriada que achei para dizer. Ele me olhou.
-Disse apenas a verdade._Sorriu._Ei, quer caminhar um pouco? Prometo não te parar no meio do caminho e te assaltar._Rimos.
-Claro, quero sim._Era o mínimo que eu podia fazer depois de ele me fazer sentir melhor.
Nos levantamos e começamos a andar.
-Então quer dizer que conseguiu uma vaga em um emprego muito bom, é?_Ele me pergunta.
-Sim. Na Hot Style. Estou feliz com isso.
-Nossa. Isso é bom mesmo.
-Pois é. Gosto muito dessa área de edição.
-Edição?_Ele me olhou confuso.
-Sim, ué. Por que?_Perguntei mais confusa que ele.
-Eu achei que ia começar a trabalhar lá como modelo._Devo ter parecido mal educada, mas acabei rindo quando ele disse aquilo.
-Não, não. Eu definitivamente não tenho jeito pra ser fotografada._Ele ri.
-Mas deveria tentar._Ele piscou e eu sorri sem graça.-Olha ali, o Bob's Cafe está aberto._Bem apontou para uma espécie de lanchonete que tinha algumas mesinhas brancas para o lado de fora.-Vamos até lá?_Ele diz se virando para mim e esperando minha resposta.
-Hum, eu gostaria, mas não trouxe nada de dinheiro._Sorri sem graça.
-Ah, não tem problema. Eu tenho dinheiro aqui e acho que dá.
-Não... Não vou te fazer pagar nada para mim._Falei envergonhada.
-Fazemos assim, eu pago algo para você agora e você me paga outro dia, okay?_Eu ri.
-Ta, ta. Okay._Ele sorriu.
Fomos até lá, pedimos suco de laranja e duas esfirras.
-Nunca tinha vindo aqui. E olha que fazem 8 anos que moro por aqui.
-Sério?_Riu.-Garanto que tem muitos mais lugares que você nem faz ideia que existem também.
-Provavelmente. Nunca fui de sair muito._Terminamos de comer, ele pagou (enquanto eu morria de vergonha por ele pagar tudo para uma completa estranha). E saimos de lá.
-Acho melhor eu ir pra casa agora._Digo, mesmo não querendo ir. Mas meu corpo pedia por descanso.
-Tudo bem... Te levo até lá,se me permite._Ele fez uma pose engraçada enquanto andávamos. - Tudo bem._Disse entre risos.
-Mas e ai, Callyn... Vai ter um pequeno show da banda daqueles amigos que te falei, o primeiro show deles na verdade, amanhã a noite no Wuxi Oh e eu fiquei de convidar algumas pessoas pra ir, então... Estou te convidando..._Ele me olha.
 Eu realmente não curto essas coisas, mas... Eu poderia me distrair um pouco. E eu estava precisando disso.
-Ta bom. Eu vou sim._Sorri.
-Sério? Estava preparado para o "não" já._Rimos.-Bom, eu passaria te pegar, mas vou ir junto com os caras no carro intupido de homens, então...
-Ah, então melhor não._Ri.-Eu sei onde é. Pode deixar que chego bem lá sozinha. E talvez eu vá com uma amiga._(Eu planejava convidar Bella, que não recusava um show ou balada).
-Ah,então okau._Ele disse.
Já estávamos na esquina da minha casa e eu não estava querendo entrar em casa e voltar pra realidade.
-Minha casa é logo ali._Digo e paramos ali na esquina mesmo.
-Entregue então, senhorita Callyn._Ele sorri de canto.
-Obrigada por tudo, Ben. Você melhorou muito minha noite.
-Nossa, fico feliz em saber disso. Por nada. E obrigado por me fazer companhia, também por aceitar o convite para amanhã. Vê se aparece mesmo, em?_Levantou uma das sobrancelhas.
-Pode deixar, eu estarei lá._Nos encaramos por alguns segundos. - Bom, vou entrar então._Digo cortando o silêncio.
-Claro. Vai descansar. Até amanhã Callyn.
-Até, Ben._Nos viramos para seguirmos cada um seu caminho, até que...
-BEN!_Grito.
-Sim?_Ele se vira rapidamente.
-Que horas irá começar o show?_Ele caminha novamente em minha direção. -Que cabeça a minha. Esqueci disso._Riu sem graça.-Começará às 21:00.
-Ah, okay. Agora sim. Tchau._Digo rindo.
-Isso, tchau._Nos encaramos mais um pouco e ele toma a iniciativa, me dando um abraço.
-Até amanhã, Callyn._Ele sorri e se vira.
-Até._Me viro e vou para casa. Quando entro pela porta e a fecho, me encosto na mesma e sorrio.
Ben conseguiu fazer meu dia voltar a valer a pena.