No capítulo anterior:
"Entro em casa e acendo a luz da sala.
Ouço um ruído vindo por de trás do sofá. Me aproximo devagar.
Quando olho, eu fico sem saber o que fazer.
"Não, não, não, não!"
-PAI!!!"
Ele estava caído la, quase sem poder se mover, com uma garrafa de bebida quebrada em mil pedaços ao seu lado.
Eu entrei em desespero. Não sabia se eu o ajudava a levantar primeiro, ou se eu ligava para a ambulância. Geralmente aconselham a não encostar nas pessoas, mas isso em acidentes, não é?
Tentei falar com ele, mas ele só me olhava com um olhar perdido e fraco.
Liguei pra ambulância e eles disseram que em alguns minutos chegariam.
Eu não consegui o levantar, pois ele não tinha forças pra me ajudar a carrega-lo até o sofá.
Me sentei ali e coloquei a cabeça dele em minha perna.
-Ai pai... Por que você não consegue se controlar?-Resmunguei.
Derrepente ele começa a estremecer. Seus músculos rígidos e trêmulos.
-Pai!-Não consegui conter as lágrimas.- O que eu faço?-Eu gritava como se tivesse alguém ali me ouvindo.
Era horrível o ver naquele estado. Eu não tinha o que fazer, a não ser ficar desesperada e esperar a ambulância chegar.
Depois de um tempo ele ficou imóvel, me deixando mais assustada ainda.
-Pai?... PAI! - Ele não acordava e nem fazia movimento algum. - Pai, por favor!-Eu o abracei de mal jeito. Nunca senti tanto medo em toda minha vida.
Quando parecia que tudo estava desabando de vez, ouço uma sirene.
“A ambulância!“ Pensei.
O soltei lentamente e corri para fora. O carro parou em frente à minha casa, percebi os vizinhos ao redor todos curiosos, olhando pela janela de suas casas.
-Por favor, ajudem! Ele parecia estar tendo uma ataque epilético e derrepente apagou! Eu não consegui o acordar!-Nem bem esperei os médicos saírem da ambulância pra começar a falar.
-Fique calma, moça! Pode nos levar até ele?-Disse um rapaz que desceu primeiro, colocando as mãos sobre meu ombro.
Assenti e comecei a caminhar em direção à porta de entrada da sala novamente.
Apontei para atrás do sofá e os paramédicos foram até lá com uma maca. Pegaram meu pai cuidadosamente do chão e o colocaram ali em cima.
Os segui até a ambulância e entrei junto com eles.
-Você é parente dele, certo?-Pergunta um dos médicos ali de dentro.
-Sim, sou a filha dele.-Digo ainda derrubando algumas lágrimas.
Ele apenas assentiu.
Chegando no hospital, eles o levaram as pressas para dentro do edifício. Fui correndo junto deles, mas me barraram na porta do corredor de emergências.
-Mas eu sou a filha dele, preciso entrar! -Falei tentando convencer a mulher a me deixar passar, mas foi inútil.
-Desculpe, mas não tenho permissão pra deixar ninguém passar. Aguarde ali por favor. - Disse ela apontando para as cadeiras na sala de espera.
Eu sempre odiei o clima de hospitais.
Me sentei em uma das cadeiras afastadas das pessoas que estavam ali.
Não consegui evitar o aperto no peito. E logo agora, onde estava a minha mãe? Eu estava sozinha naquele momento, com medo de perder uma das pessoas que mais me importa, apesar dos problemas.
Passaram-se meia hora e nada de algum médico vir me dizer como meu pai estava. Não estava mais suportando aquela agonia, então resolvi ligar para a Bella.
Caiu na caixa postal... Certeza que ela nem em casa estava e não iria ouvir tão rápido o recado que deixei.
Guardei o celular no bolso novamente, encostei a cabeça na parede e fechei os olhos.
Um tempo depois, sinto alguém tocar meu ombro. Abro os olhos, era um dos médicos. Me ajeito na cadeira rapidamente.
-Como ele está? - Pergunto antes mesmo que ele tivesse tempo de dizer algo.
-Ele está estável. Porém, em coma alcoólico. Mas tudo indica que ele se recuperará bem.- Ouvir aquilo me acalmou muito.
-Eu posso vê-lo?
-Pode. Mas seja rápida.
-Tudo bem. Obrigada. - Sorrio fraco.
-Por aqui. - Começo o seguir pelo hospital até chegar ao quarto onde meu pai se encontrava.
Ele estava pálido e imóvel.
Caminhei lentamente até ele e parei ao lado da cama.
Fiquei o olhando por um tempo.
-Você me deu um baita susto hoje.-Digo segurando sua mão. Fico ali naquela mesma posição por mais um tempo. E então o médico aparece novamente na porta.
-Oi Callyn. - Diz Ben do outro lado da linha.
- Oi, desculpa te ligar...-Fico em silêncio.
- Não tem porque se desculpar, Callyn. Tá tudo bem? - Ele pergunta com um tom de voz preocupado.
- Eu não diria bem...
-O que houve?
-Meu pai está no hospital.-Eu não quis contar muitos detalhes, pelo menos não por telefone.
-Nossa. Mas porque? Como ele tá?
-Te conto melhor depois.
Agora ele está melhor, o médico disse que tudo indica que ele irá se recuperar bem.
-Ah, que bom. E você? Como está?
-Eu to acabada.-Forço um riso.-Mas to bem melhor agora que pude conversar com alguém.
-Pode contar comigo Callyn.
Você está em casa?
-Não. Estou no hospital. Não pude ir embora ontem, então tive que posar aqui. -Nossa, agora eu entendo o que você quis dizer com "to acaba".-Eu ri.
-Pois é. Agora vou ter que esperar aqui até as 14:00, para o horário de visita.
-Não, você está louca? Você vai acabar desmaiando de fome e de cansaço desse jeito.
Diga qual hospital você está que eu vou ai te buscar.
-Não Ben. Eu to bem, não é tanto tempo pra...
-Shiu! Me diga o nome do hospital. - Ele me interrompe.
-Tudo bem... O hospital é o The Christ Hospital.
-Beleza. Eu já chego ai. - Antes que eu pudesse o contrariar mais uma vez, ele desliga na minha cara.
Fiquei morrendo de vergonha por aquilo, eu nem bem o conheci e já precisei de favores.
Depois de uns 20 minutos, de onde eu estava sentada, eu o vejo entrar.
Ele usava uma camiseta do Led Zeppelin, uma jaqueta de couro, calça jeans azul e um All Star padrão.
Quando me viu, ele veio caminhando em minha direção.
Eu estava toda descabelada e com a maquiagem toda borrada, sem contar o fato que eu ainda estava com a mesma roupa que eu estava ontem no show.
Ele me diz um oi tímido e me abraça.
- Você está pálida já. Vamos, você precisa comer.-Ele me puxa pela mão para fora do hospital.
Nos dirigimos até um carro preto que estava estacionado do outro lado da rua. Entramos e ele parou um pouco e me olhou.
-Tudo bem?-Pergunta, esboçando uma expressão preocupada.
-Tudo sim. - Eu sorri. - E então, me conta o que aconteceu com seu pai?...-Eu o explico tudo em detalhes e ele ouve atentamente. - Nossa, sorte que você manteve o controle das coisas. Eu jo seu lugar teria desmaiado junto. - Eu ri da maneira que ele falou. - Pois é, só esqueci do porém que eu não tinha nem o que comer e nem como goltar pra casa. - É mesmo né. Falando nisso, vamos. Conheço um lugar que acho que serve o melhor hambúrguer de todos da cidade.
-Hum, parece bom, mas...-Digo envergonhada, lembrando que eu não tinha dinheiro ali comigo.
-Mas... O que?-Ele me olha novamente, arqueando uma das sobrancelhas.
-É que eu não trouxe dinheiro nenhum.- Digo baixando a cabeça, sem graça.
-Ai, Callyn. Se eu te chamei pra comer, eu vou pagar pra você.-Diz me dando um cutucão no braço.
-Mas eu prometo te pagar depois.-Digo me ajeitando no banco do carro.
-Pois eu não vou aceitar.-Sorriu de canto. Retribui com um sorriso desajeitado.
Ele ligou o carro e seguimos caminho até onde ele disse que queria me levar.
Não haviam muitos carros por lá, então foi fácil achar um lugar para estacionar.
Descemos do carro e fomos até a lanchonete.
-Por incrível que pareça, não é muita gente que conhece esse lugar. Por isso é sempre assim, quase vazio.-Diz ele enquanto nos sentamos em uma das mesas em frente a porta de vidro.
-Isso é bom, eu não gosto de lugares muito cheios.
-É, eu também não sou fã.-Riu.
Não demorou muito e uma moça veio anotar nosso pedido. Ele pediu por mim um hambúrguer especial duplo, afirmando que seria o melhor que eu provaria. Ele pediu o mesmo para ele e uma garrafa média de guaraná.
A moça saiu e nós ficamos em silêncio por um tempo.
-E ai, chegou bem só com o Andy depois que eu fiquei em casa ontem? - Diz ele cortando o silêncio.
-Sim. Ele é legal. Disse que eles vão começar a gravar o primeiro CD.
-Ah é, vão mesmo. Se não me engano eles começam as gravações hoje.-Assenti, confirmando.
-Mas e você? Você canta ou toca algum instrumento?-Pergunto animada.
Ele mexia na chave do carro que estava sobre a mesa e levantou o olhar para me ver.
-Bom...Eu tento.-Sorriu sem jeito.
-Tenta?-Eu ri.
-É. Eu toco violão, guitarra e canto um pouco.
-Nossa, olha só! Vou ter que te ver tocar e cantar qualquer dia.
-Ah, quem sabe?-Rimos.
-E por que você não entrou na banda com os meninos do Black Veil Brides?-Digo o provocando. Ele ri.
-Bom, eles já tem dois guitarristas. E também, quando eu os conheci a banda já existia com a mesma formação. Só não eram conhecidos.-Explica.
-Entendi...-Mais alguns minutos depois, a mesma moça volta com nossos pedidos.
O cheiro estava ótimo. Meu estômago gritava por comida e eu abocanhei o hambúrguer.
Ben riu do meu desespero.
-Acho que você se sujou um pouco.-Diz ele apontando para o meu rosto e rindo.
-Ai, desculpa. É que eu já não aguentava mais de fome.-Digo também rindo.
-Nem esquente. Eu também posso te acompanhar.-Dito isso, ele da uma mordida desajeitada no pão, se lambuzando mais do que eu.
Eu começo a rir e ele a rir da minha risada...E aí nem preciso dizer que ficamos parecendo dois retardados, sujos de ketchup e mostarda.
Depois de conseguir parar de rir, terminamos de comer, ele pagou e voltamos pro carro.
-Eu disse que valeria a pena provar esse Hambúrguer!-Fala enquanto liga o carro.
-É mesmo. E tinha razão!
-Deu pra ver que você gostou mesmo.-Ele diz se referindo à bagunça que fiz. Rimos mais uma vez.-Agora você precisa descansar.
-Mas eu já estou abastecida, agora já posso ficar no hospital até as 14:00.-Digo.
-Mas você é muito teimosa, menina.-Disse rindo.-Se importa de ir pra minha casa? Aí de la eu te levo pro hospital depois.-Fiquei sem jeito com a proposta. Eu o conhecia a o que? Três dias? E já ia pra casa dele? Claro que não era com segundas intenções (eu acho), mas mesmo assim me senti desconfortável em aceitar.
-Não sei, Ben. Eu acho que posso ficar no hospital.
-Mas são 10 horas! Você vai ficar lá sentada sem fazer nada por quatro horas? Tem certeza? - Riu.
Comecei a imaginar essas quatro horas sentada naquela cadeira dura.
-Tem razão. - Me dei por convencida.
-Então vamos lá pra casa?-Suspiro e respondo que sim.
Liga o carro e vamos.
Ele conecta o celular no radio do carro e procura com uma música.
Ele para em uma música do Falling In Reverse.
-Pick up the phone! Nossa eu adoro essa música!-Digo fazendo uma dancinha escrota sem perceber.
Ele começa a rir e cantar junto.
- Pick up the phone!
Answer your texts.
Well I apologize about last night.
I really did not mean to disrespect!!"-Me impressionei com a voz dele. Ele cantava muito bem!
E naquela empolgação, ele fez um sinal para eu cantar também e eu cantei.
- "You!!!
You better be alone!
No I'm not obsessed.
But if I catch you with somebody else.
You know that I am gonna be upset!"-E assim foi a musica toda, os dois berrando juntos o caminho inteiro.
Paramos em frente à mesma casa que paramos com o Andy na noite passada.
Ele apertou o botão do controle que abriu o portão da garagem e entrou.
Ele desligou a música, tirou o sinto e desceu do carro.
Fiz o mesmo e o segui tímida até a porta que ele estava destrancando.
-Pode entrar e ficar a vontade.-Fez sinal para que eu entrasse primeiro. Assim eu fiz. Fiquei parada ao lado da porta.
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