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História Unveil - Asami


Escrita por: thereddiamond

Notas do Autor


Huh, postei mais rápido do que previ, fico feliz com isso kkkkkkk. Bom, foi uma fic curta, mas extremamente gostosa de escrever. Agora só me resta escrever outras estórias Korrasami, que definitivamente é um dos OTP's que mais tenho carinho.
Espero que gostem do final e que tenham uma boa leitura! Bjus XD.

Capítulo 2 - Asami


As Indústrias Futuro estavam fervilhando de novidades. A nova linha de Satomovéis vendia bem e as novas ideias da presidente fomentavam ainda mais o mercado, que expandia seus horizontes para Ba Sing Se e sua reformulada estrutura política. As máquinas da fábrica estavam febris, emitiam fortes ruídos mecânicos ao queimar combustível, liberando intensas nuvens de vapor. Os operadores moviam-se com muita vontade e pressa. Afinal, todos queriam sair cedo do trabalho para assistir ao primeiro jogo do torneio de Pro-Bender e a estreia dos Furões de Fogo após três anos inativos.

Como o expediente estava próximo do final, tal perspectiva alimentava mais a vontade dos trabalhadores, que sem reclamar do suor derramado e energias gastas, continuavam a forjar mais carros e motocicletas para a exigente demanda comercial. Entretanto, aqueles homens e mulheres trabalhadores não eram os mais animados pela vinda noite. Asami não via a hora em que poderia sair de seu escritório, as pilhas de papeis acumulados em sua mesa, trabalho reunido pelos dias de férias a fizeram ficar desconectada da realidade por quase seis horas seguidas. Mal havia entrado no escritório e se viu enclausurada para concluir tantas demandas. Nem teve tempo de planejar a roupa que usaria no evento, muito menos o que iria fazer quando estivesse por lá. Atordoada e com a cabeça girando de ver tabelas e números - contabilidade não era o seu forte -, sentiu o cansaço abatê-la, obrigando a dar uma pausa para se recuperar.

Suaves batidas na porta arrancaram sua atenção dos papéis. Organizou a postura encurvada, antes de permitir que a secretária entrasse na grandiosa sala presidencial. Espaço que um dia pertenceu ao seu pai, mas agora acomodava seu estilo e gosto. Contudo ainda mantinha a foto da família na mesa, sempre ao alcance de seus olhos. Voltando ao presente, para seu alívio, a mulher não tinha nos braços magros mais nenhuma montanha de pendencias que clamassem suas considerações.

- Perdão por interrompê-la, senhorita Sato, – a mulher que trabalhou com seu pai por doze anos, se curvou com respeito perante sua superior e timidamente deu o recado. – mas vim avisar que o horário do expediente já acabou.

- Ah, sim! – Asami a interrompeu. Com mais vivacidade, olhou apressadamente para o relógio em sua abarrotada mesa, sentindo que o horário tinha lhe escapado dos sentidos. Arregalou os olhos ao ver que teria somente uma hora para se arrumar e ir diretamente ao estádio. – Você com certeza vai querer ir com sua família ao torneio, certo? – Questionou retoricamente ao abrir um sorriso esperto, levantou da cadeira e escutou o corpo protestar por ter passado tanto tempo parada, obviamente, numa posição bem desconfortável. Seus ombros estavam tão duros e pesados que foi obrigada a esticar-se. – Pode ir na frente, eu tranco tudo.

- Como desejar... – Ela respondeu submissa, mas lançou um olhar carregado de preocupação, havia praticamente a criado. Não era fácil conviver com um pai solteiro, pois existiam coisas que demandavam a necessidade de uma mãe e coube a ela propiciar tal auxílio. – Por favor, não se desgaste por causa do trabalho. Tenho certeza que o Sr. Hiroshi não iria gostar de vê-la assim...

- Não se preocupe Megumi. – Disse com o tom de voz gentil em agradecimento à atitude protetora de sua secretária. O coração se encheu de um sentimento doce e nostálgico ao reconhecer aquele olhar. – Vá com calma e cuidado com o trânsito.

- O mesmo com a senhorita. – Desejou antes de se retirar da sala. Se não apressasse seus passos perderia o trem.

Sentindo o silêncio acomodá-la junto à luz fraca e amarelada do abajur, Asami suspirou em cansaço e seguiu para frente da mesa atribulada de trabalho em pendência. Olhando os papéis, decidiu que não cederia ao remorso e caprichos do trabalho. Havia prometido que iria assistir ao jogo dos amigos e então assim o faria.

Agarrou as chaves em cima da mesa, o casaco nas costas da cadeira e apagou a luz.

~ * ~ * ~ * ~

Graças a sua maravilhosa habilidade como piloto de corrida, conseguiu chegar a tempo da abertura dos portões ao público no novo e renovado Estádio de Cidade República. Olhou para as entradas dos camarotes e percebeu que muitas celebridades também apreciavam o primeiro espetáculo fornecido pela cidade, que numa velocidade surreal se reconstruía.

Ao estacionar com precisão e velocidade numa vaga do enorme estacionamento, olhou sua imagem pelo espelho interno e reorganizou o grandioso cabelo antes de pular para fora do carro. A adrenalina diminuía aos poucos em seu organismo, permitindo que um frio estranho se instalasse na barriga, aquilo poderia ser o nervosismo a dominando.

Agradecia aos céus por ter permissão para entrar nos vestiários das equipes, ou teria que enfrentar uma longa fila. Queria muito encontrar seus amigos e não escondia a empolgação em participar de mais um jogo de Pro-Bender. Amava aquele jogo desde pequena, se sentia empolgada por ele. Até tinha realizado um desejo adolescente ao namorar um dominador profissional. Claramente foi um namoro conturbado, mas o que importa é que conseguiu. Pelo caminho acenou simpaticamente para um dos seguranças, que sempre priorizava a segurança dos atletas e notou - com atenção – as novas decorações. Quando encontrou o vestiário dos Furões de Fogo, escutou sons animados vindos de dentro. O barulho era abafado pela madeira da porta, que embora fosse nova, trazia recordações de um passado recente. Reconheceu a voz do tagarela Bolin, risadas femininas e resmungos masculinos. Nada havia mudado e isso era reconfortante. Dando batidinhas ritmadas na porta, anunciou sua entrada e logo deu de cara com o dobrador de terra, que contava alguma história engraçada para entreter os colegas. Quando deu o primeiro passo para dentro do abafado vestiário, Pabu pulou de algum lugar que não conseguiu ver, se acomodando no ombro e indo diretamente exigir carícias.

- Oi, garotinho! – Cumprimentou o furão, que emitiu estalados de felicidade em sua garganta. Ela sorriu carinhosamente ao pensar do quanto sentiu falta daquela reunião. – Estava com saudades de você também... – Acariciou seu pelo alaranjado antes de devolvê-lo ao chão. Enfim cumprida a missão de entreter o animal, ergueu os olhos e encontrou os olhos verdes esfuziantes bem a sua frente. – Ah, também senti sua falta Bolin.

Brincou antes de ser abraçada fortemente pelo musculoso rapaz. O típico abraço de urso. Após se separar dele, viu mais ao fundo Opal Beifong que lhe sorriu simpaticamente. Não tinham muita intimidade, mas nutriam empatia uma pela outra, principalmente respeito. Num aceno de cabeça a cumprimentou de volta, ela provavelmente estava ali para desejar sorte ao namorado.

- Asami! – Mako chamou sua atenção, tinha um sorriso discreto no rosto tenso e os olhos aliviados por vê-la.

Asami reconhecia aquele olhar, devia estar tenso com o jogo, já que se sentia meio enferrujado. Ao menos era isso que veio reclamando em alguns encontros inesperados que tiveram. Encontros relacionados ao trabalho da polícia, que encomendava novos modelos de carros mais rápidos e eficientes para combater o crime na grandiosa cidade. Embora o rapaz escondesse seus sentimentos dos outros, não conseguia contê-los na frente dela, que o conhecia suficientemente bem. Mako estava naquela competição somente pelo prazer, mas evitaria o vexame ao seu nome, por mais difícil que fosse. Temia fortemente o fracasso. Agora que manteve seu emprego fixo na polícia, preferia seguir as ordens da comandante Lin Beifong e garantir o futuro de sua família. Estava mais assentado e possivelmente subiria cada vez mais no cargo, graças a influencia que a amizade com o Avatar trazia. Sem mencionar sua inquestionável competência.

- Mako. - Ela sorriu docemente e o abraçou com carinho. Tempos atrás esse simples gesto poderia infligir dores excruciantes em seu peito, mas agora tudo que sentia era agradável e nada exigente. Não nutria mais sentimentos amorosos por ele. Separaram-se e encararam um ao outro com cumplicidade. – Ainda não consegue esconder o nervosismo?

- Quem disse que estou nervoso? – Retrucou mal humorado, cruzando os braços para manter a pose firme. Porém seus olhos mel não conseguiram refletir a dureza de sua pose, deixando claro que ela havia acertado em sua afirmação.

- Ninguém disse... – Asami admitiu diplomaticamente, enquanto segurava o riso para não deixá-lo mais nervoso. Conseguia captar suas inseguranças e era isso o que bastava por hora. Dando tapinhas leves em seu ombro se despediu dele.

Mais a frente, a Sato encontrou Korra, que silenciosa assistia à interação entre os dois. Notando que tinha a atenção de seus olhos, ela rapidamente voltou o olhar para o chão de madeira. Seu corpo se remexeu inquieto no banco, parecia estar constrangida, então desejava escondê-lo dela. Estava se tornando mais fácil entende-la e se tornava óbvio que não conseguia tirar seus olhos dela. Asami não culpava seu repentino constrangimento, a única coisa que vinha em mente ao encarar aqueles olhos azuis, eram as memórias dos últimos dias passados no Mundo Espiritual. Momentos que estavam gravados a ferro, não só na mente e corpo, mas também no coração e alma. Fazia um mês que não se encontravam devido à atribulação de deveres. A garota tinha seus problemas a resolver, uma população que demandava atenção e assuntos políticos a tratar. Enquanto ela tinha que assinar contratos, intermediar negociações e analisar contabilidades.

Para não levantar suspeitas – elas mantinham segredo sobre o acontecimento na cabana -, contornou o banco onde estava sentada e de forma mais sutil se aproximou, sorrindo com evidente simpatia.

- Grande dia, huh? – Disse para o Avatar, que fungou em concordância.

Sem cerimônias, Korra se levantou do banco e abraçou a jovem Sato com força. Sua atitude foi meio imprevisível, e apesar de não ter reagido de imediato, a envolveu em seus braços para que não escapasse. Não precisavam ter pressa, pelo menos não ainda. Depois de quase três semanas sem se ver, finalmente podiam encarar e sentir a outra. Um conforto quente envolveu o corpo da alta e elegante mulher, que desejou jamais precisar soltá-la. Contudo ainda hesitava em reagir com profundidade àqueles sentimentos. Não eram desejos comuns, mas nada estranhos.

- Obrigada por ter vindo... – Agradeceu num murmúrio carinhoso e sabendo que seu rosto estava escondido dos olhos curiosos dos outros, continuou a liberar seu nervosismo sobre ela. Tinha a certeza de que encontraria apoio incondicional. – Agora sei que vamos ganhar!

- Sou moeda da sorte? – A morena zombou. Sentia seu perfume floral, percebendo que aquela fragrância fazia falta em seu cotidiano. Em resposta, a garota riu com suavidade, enquanto aumentava a intensidade do abraço. Sabia que assim poderia sentir o bater acelerado de seu coração. Corações que batiam em sincronia. – Se é assim, então boa sorte!

Com o tempo esgotado para ambas, se separaram com relutância, lentamente notando a atmosfera ao redor. Os sons das conversas mais ao fundo não passavam de inibidores. Trocando olhares de constrangimento, elas sorriram. Asami ainda sentia o calor de seu corpo, como se tivesse atravessado o grosso tecido das roupas. Era uma sensação irresistível que a fazia ter necessidade de mais contato, com os dedos contornar suas feições jovens. Admirava a pele morena acetinada. Quando se tratava dos fios sedosos daquele cabelo castanho e curto, sentia as pontas dos dedos formigarem para tocá-los. E se fraquejasse, ficaria hipnotizada pelos olhos azuis, tão magníficos.

A voz do locutor, que anunciava o início das competições, agitou a multidão do lado de fora. O barulho findou por quebrar a bolha. Sem pressa, a morena assistiu a entrada da amiga, que antes de pisar na plataforma e colocar seu capacete, sorriu e piscou um olho em sua direção.

Opal – que quase teve de jogar o namorado na plataforma – ao se despedir de Bolin, tocou o ombro da morena para juntas irem à plateia.

~ * ~ * ~ * ~

Foi vitória por nocaute, num jogo extremamente emocionante e apreensivo. Os dois times lutaram bem, mas a equipe preferida da casa venceu com muita glória e suor.

Asami nunca vibrou tanto na vida como gritava vitória nesse momento. Estava tão feliz e excitada com a multidão, que quase sufocou Opal com seus abraços e pulinhos. Por sinal, a garota não ficou tão diferente dela. Quase não conseguia esconder o orgulho que tinha de Bolin. Elas seguiram o coro do público que exaltava os vencedores, vendo o time se retirar da plataforma suspensa. Eles acenavam e sorriam carismáticos para o público, que vibrava cada vez mais. Estava um barulho ensurdecedor lá dentro.

Quando os atletas foram para os vestiários, as garotas rapidamente correram até o lugar, deixando para trás a bagunça da vitória. Acabaram encontrando uma cena que a Sato não via há muito tempo. O trio vibrava abraçado, eles riam até seus corpos cansados protestarem, e aquele era somente a primeira partida do torneio de Pro-Bender. Mas isso não diminuía o poder da conquista. Eles estavam classificados a seguir em frente. Os Furões de Fogo estavam de volta e com força total. Sendo assim, envolvida por aquela atmosfera, convidar todos para comemorar o sucesso no seu novo apartamento, foi inevitável.

A equipe Avatar entrou no carro, sendo embalados pelo coro dos fãs do lado de fora do estádio. Asami assumiu o volante com um grandioso sorriso no rosto. Korra imediatamente se sentou ao lado, afastando Mako, que atordoado foi se sentar na parte de trás com o irmão e a cunhada. Ele ainda tinha o costume de ficar na parte da frente, por isso estranhou quando se viu ser jogado de escanteio.

O trânsito naquela noite estava congestionado e bem caótico, com maestria, a motorista conseguiu contornar o transito e atravessar a cidade até o bairro em que morava. Era um bairro praticamente feito de prédios, hotéis luxuosos e mansões belíssimas. Havia algumas lojas de itens luxuosos no começo da rua, mas logo foi substituída pela grandiosíssima visão dos arranha-céus. Já dentro do apartamento – que ficava na cobertura de um dos maiores prédios da cidade -, a anfitriã tratou de servir todos com taças do mais delicioso vinho em sua adega. De copos cheios, um brinde foi feito aos três atletas e assim se deu procedimento à noite entre amigos.

Bolin contava suas piadas para entreter a todos, ao mesmo tempo em que enchia a boca de petiscos. A jovem Beinfong decidiu compartilhar momentos engraçados que passou ao lado de Kai e alguns trabalhos que lhe causaram problemas quase drásticos. Ficando a cargo do Detetive Mako, relatar seus momentos de glória no trabalho. Cada um tinha ótimas histórias e o efeito das bebidas começava a deixar todos bastante afetados. O vinho era extremamente poderoso e não deveria ser subestimado, como o jovem dobrador de fogo fazia. Ele não parava de beber.

Com pouco tempo a música que embalava a noite, tocado pelo gramofone, despertou a súbita vontade de dançar em Asami. Sua vontade emergiu a superfície calma de seu semblante. Mako foi o primeiro a se oferecer e com destreza a puxou para si, provocando risos nela. Imediatamente, assim que colocou a mão esquerda na cintura e com a outra segurou sua mão, a embalou no ritmo da música. Não era o melhor dançarino, mas sabia o que estava fazendo. Diferente do habitual, o rapaz parecia mais leve e alegre, mantendo um sorriso aberto no rosto bonito. Devido à vermelhidão em suas bochechas, dava para entender que estava bêbado. Ele não tinha o costume de beber. O que os diferenciava, pois ela poderia tomar uma quantidade absurda de vinho e ficar superficialmente desinibida.

Com o fim da música, os dois se separaram sorridentes e rindo a toa ao relembrar os momentos em que um pisou sem querer no pé do outro ou perdeu o ritmo. Eles tinham entrado numa amistosa discussão sobre quem estava bêbado. Fora isso, o resto valeu a pena. Momentos como aquele em que, ninguém pensava na mágoa deixada pela indecisão do passado, são raros e incrivelmente relaxantes.

Asami teve a sensação de algo queimar suas costas e ao desviar sua atenção de Mako para o sofá, encontrou um par de olhos azuis endurecidos como gelo. Um tremor incontrolável atravessou seu corpo ao perceber a frieza que Korra transmitia. Tinha alguma coisa errada e antes que pudesse questioná-la mentalmente o que poderia ter sido, a dobradora rapidamente se levantou e foi em sua direção a passos largos.

- Pode me mostrar onde fica o banheiro? – Korra pediu com um sorriso forçadamente simpático, atitude que fez o coração da morena bater acelerado.

Mako resmungou alguma coisa ininteligível para a amiga, porém foi ignorado. Na verdade, ela o olhou como se fosse queimá-lo vivo. Como estava bêbado, o rapaz relevou sua atitude e voltou ao seu lugar, jogando-se no sofá enquanto entornava mais uma taça de vinho.

- Claro... – Respondeu meio absorta com o que viu. Não conseguia, em momento algum, desviar seus olhos dela.

Com um floreio de mão, exigiu que a guiasse pela casa e Asami – com uma postura tensa – atendeu ao pedido. Entendia que aquela exigência era natural, afinal era a primeira vez que a trazia para a nova casa (tinha cedido sua mansão para a família de Mako), contudo não compreendia o motivo dela estar tão raivosa e fria. Teria algo a ver com sua repentina aproximação com o ex-namorado? Queria poder apostar no contrário, somente não o fazia porque adorava a sensação, que tal pensamento lhe trazia.

Entretanto, antes que pudesse questioná-la ou realmente mostrar localização do banheiro, ao saírem da vista dos outros, sentiu Korra agarrar seu pulso, forçando-a a se voltar para ela. Com os olhos arregalados e a boca entreaberta devido ao susto, a morena recebeu os lábios do Avatar, que vorazes consumou o beijo duro e quente. O susto cedeu lugar ao desejo e aflita correspondeu a sua boca carnuda. Ela inconscientemente permitiu que um suave gemido escapasse da garganta. Entendia que a bebida causou esse efeito desinibido na garota, mas não conseguia evitar a felicidade que transbordava no peito. A morena, aproveitando a liberdade provocada pelo álcool, entrelaçou seus dedos no cabelo curto e macio. Isso provocou desequilíbrio das pernas, conseguindo apoio na parede à suas costas. Elas sabiam que estavam experimentando de um fruto proibido, porém não conseguiam controlar a ânsia que seus corpos sentiam.

No infame segundo em que tiveram de separar as bocas, Asami pôde enxergar naquela imensidão azul, um fogo que derreteu toda frieza anterior. Eram olhos que arrancavam seu fôlego, permitindo os joelhos se tornarem gelatina. Korra provocava tantas sensações. E a maior de todas era o carinho, a necessidade de querer estar junto e uma paixão que consumia aos poucos sua condenada alma.

- Eu não sei – Korra tentou dizer ofegante, a rouquidão em sua voz deixou claro que precisava respirar. Respirou fundo e permitiu que seus olhos segurassem os dela. – Eu não sei que sentimento estranho foi esse que senti quando vi você e o Mako dançando... Mas conheço o que sinto agora. – Admitiu com evidente força de vontade em manter o olhar. – Pode ser loucura... Mas estou apaixonada por você, Asami.

Um sorriso cresceu em seu rosto surpreso, que com aquela declaração sentiu o coração perder o ritmo.

- Tudo bem. – Asami respondeu com a voz derretida como mel. As mãos seguravam as laterais do rosto da dobradora, puxando-o para mais perto do seu. Os olhos verdes, mais brilhosos e cristalinos, caíram para sua boca carnuda. – Vamos ser loucas juntas – Falou em zombaria, o que provocou uma risada nervosa em Korra. – Porque eu também me apaixonei por você.

Suas palavras apenas continham a verdade, que havia escondido no fundo do coração. Esse sentimento foi cultivado por três anos de maneira imperceptível, totalmente inconsciente e quando o sentiu florescer no peito – justo no momento da batalha final na Cidade República, onde aquela onda de choque levou o Avatar e Kuvira para outro lugar –, logo quis mantê-lo vivo e aquecido no peito. Se agarrando a essa novidade como um bote salva-vidas. O beijo que roubou naquela noite era, apenas, uma curta demonstração da realidade que seu interior estava afogado. Nada de um sentimento leviano. Sendo ainda mais forte do que sentiu por qualquer outra pessoa.

Sem que notasse, Korra abriu o mesmo sorriso que iluminava seu rosto e para selar o momento, nada mais justo que dividir um beijo apaixonado.

Quando, tempo depois, as duas voltaram à sala, encontraram Mako desmaiado no sofá. Totalmente nocauteado pelo cansaço e bebida. Opal e Bolin namoravam num canto, pareciam estar presos na própria bolha, não importando para quem acreditasse ser um momento meloso entre eles. Vendo que a comemoração tinha perdido a força, acreditou ser melhor encerrar por hoje e assim o fez. Uma rápida discussão se iniciou sobre quem levaria Mako para casa. Acabou sendo decidido que ele teria de dormir por ali, pois Bolin levaria a namorada para o apartamento que dividia com o irmão. Seria o mesmo que provocar uma ira infundada no rapaz ao amanhecer.

Vendo o casal ir embora, Asami suspirou consternada com a situação do amigo e pensou que deveria mantê-lo no sofá. Não teria outro lugar mais confortável para colocá-lo naquela noite.

- Eu posso ficar também? – Korra questionou, deixando-a chocada.

Ao encará-la encontrou o mesmo olhar carregado de ciúmes de antes.

- Claro que pode. – Aceitou levemente sem jeito, mas feliz por saber que ela queria permanecer. – Espero que não se importe de dividir a cama comigo. Ainda não tive tempo de comprar a cama do quarto de hóspedes...

Soltou uma risada de quem pedia desculpas, mas foi desnecessário agir assim, pois a ideia pareceu ter agradado o Avatar. Um brilho desconhecido atravessou rapidamente seu olhar, provocando um calafrio na morena. Não compreendeu o motivo, mas se sentiu uma presa ao captar seu olhar de um predador.

- Não me importo. – Disse com a expressão contida.

Como um silencio estranho pairou sobre elas, a maneira que encontrou de contornar isso, foi a de mostrar o caminho até seu quarto. Que por sinal era enorme e muito bem mobiliado. Infelizmente ainda tinha algumas caixas para serem esvaziadas, mas aproveitaria seu próximo tempo livre para terminar a mudança. Korra parecia interessada com a penteadeira, onde se encontrava variados produtos de beleza, seus olhos se agarravam a qualquer detalhe. Parecia estar se divertindo com a novidade. Ela nunca havia entrado num quarto tão feminino, afinal o seu era mais impessoal o possível. Simplicidade e conforto sempre foram suas prioridades. Aproveitando sua distração, Asami correu para o closet e pegou uma camiseta velha que normalmente usava para consertar o carro ou montar algum motor, fazia isso quando estava entediada. Por sorte, a blusa estava limpa e cheirosa, pois não saberia o que dar a ela para dormir. Seu estilo com certeza não era compatível ao dela. Camisolas de seda não combinavam com ela. Talvez um short e blusa de algodão desse mais certo. Anotou mentalmente de que precisaria comprar roupas mais confortáveis, caso um imprevisto como esse ocorresse num futuro próximo, podendo oferecer o melhor para sua visita.

Se aproximando da curiosa convidada, entregou a blusa e alertou que poderia se trocar no banheiro. Quando a viu fechar a porta do banheiro atrás de si, decidiu que iria agasalhar Mako, que com certeza passaria frio sem alguma coberta.

Ao sair do quarto, foi golpeada por uma indesejada onda de nervosismo, saber que Korra dormiria ao seu lado por uma noite não ajudava em nada a se acalmar. Não sabia o que essa situação poderia acarretar, mas concordava que deveria ter mais calma. Agiria sem tanta impulsividade, até que ambas estivessem acostumadas com esses novos sentimentos. Engolindo em seco, decidiu seguir para a sala antes que vagasse demais nos pensamentos. Chegando ao sofá percebeu que o rapaz falava dormindo. Eram resmungos vagos e aleatórios. Tornando-se surpreendentemente hilário vê-lo daquela maneira, se remexer de um lado para o outro, parecendo incomodado com as imagens do sonho.

Abriu o cobertor que tinha em mãos e jogou sobre ele, cobrindo as pernas e o torso. Sorriu alegremente ao sentir um sentimento agradável em relação ao amigo. Percebendo, com espanto, que pela primeira vez o tratava como um amigo. Não era mais aquela ex-namorada ressentida. Antes que saísse da sala e o nervosismo voltasse a dominá-la, um murmúrio vindo do sofá a fez estagnar no lugar.

- Korra... – Mako murmurou em seu sono, antes de se virar para o lado.

Foi um murmúrio apaixonado. Estava óbvio que o rapaz ainda nutria sentimentos pelo Avatar e isso a desagradava terrivelmente.

Sentiu insegurança em relação aquilo, pois não sabia se poderia competir com Mako. Ela era uma mulher, não tinha muito a oferecer romanticamente falando. Além de que no passado, Korra retribuía os sentimentos dele. Só de pensar assim, sentia os ciúmes dominá-la e uma profunda irritação minar a calma interior. Será que seu amor seria o suficiente para a dobradora ou sempre haverá um mais, que se tornará um empecilho no futuro? Agora era tarde demais. Não poderia abandoná-la. Principalmente renegar aqueles sentimentos recém-descobertos. A amava e ponto final. Deixaria o futuro ao cargo do tempo. Não se daria por vencida tão facilmente, embora não soubesse se ela desejava o mesmo, evitaria dar um passo atrás quando já tinha avançado tanto. Balançou a cabeça para agitar esses pensamentos negativos, hesitar não era uma opção.

Voltou para o quarto, tentava exorcizar os pensamentos anteriores e encontrou a garota olhando a vista da cidade pela grandiosa vidraça. Ela espreitava a rua por uma curta brecha da cortina vermelha, totalmente imersa em pensamentos. As luzes noturnas deixavam seu semblante sério e compenetrado, sombrio, porém absurdamente lindo. A blusa se encaixou com perfeição em seu corpo atlético e cobria o necessário, além de lhe dar mais liberdade para dormir. Asami, ao observá-la, teve consciência de que seus temores de antes não tinham valor nesse instante.

- Ele ainda te ama. – Asami revelou.

Não queria ter atrapalhado o momento da convidada, simplesmente não conseguiu manter aquilo em sua mente por muito tempo, pois as palavras consumiam a cabeça e queimavam a língua. Queria ter a certeza de seus sentimentos. Assim poderia dormir em paz... Pelo menos em parte. Nunca ficaria totalmente calma ao lembrar que dividiria a cama com ela. Seu olhar caiu para o carpete vermelho, a fim de não revelar os ciúmes, como também não conseguindo ver refletidos os mesmos sentimentos de Mako em seus olhos. Embora Korra tivesse dito que estava apaixonada por ela, ainda havia a possibilidade de existir sentimentos por ele. Seria doloroso escutar isso.

- Eu sei. – Ela falou com a voz suave e baixa. Asami escutou seus passos abafados virem em sua direção, quando viu os pés morenos e descalços notou seu coração perder o ritmo das batidas. – Também sinto amor por ele. – Aquelas palavras doeram terrivelmente, a morena teve de se manter firme para não desabar ali mesmo. Entretanto, contrariando seus sentimentos, as mãos de Korra forçaram seu rosto para cima, exigindo que a encarasse. – Mas não é ele quem eu quero... Eu quero você.

E para deixar mais claro seu verdadeiro desejo, a beijou com doçura e calidez. Sua relutância aos poucos foi derretida por aqueles lábios carnudos e quentes. Foi difícil manter o fio dos pensamentos, quando somente tinha a certeza que aquele amor apenas a fortalecia.

- Eu te amo. – Murmuraram ao mesmo tempo, completamente sem folego, não conseguindo conter o crescente desejo do coração.

Elas sabiam que ao admitir isso, as coisas passariam a ser diferentes, teriam dificuldades para enfrentar e dessa vez o inimigo seria a sociedade, que as julgaria mesmo sem conhecer a verdade que se passa em seus corações. Talvez perdessem amigos ou conseguissem a simpatia de outros mais. Ganhariam o respeito de muitos por assumir uma postura corajosa como essa. Mesmo com tantas adversidades, elas estavam dispostas a enfrentar tudo. Era uma promessa que concretizava o amor e nada mais que isso. Que as coisas tomassem o seu tempo.

Seria um escândalo assumir um relacionamento com o Avatar. Sem mencionar a questão de ambas serem do mesmo gênero. Entretanto aquilo não fazia diferença para ela. O que importava para Asami, naquele momento, era fazer com que Korra se apaixonasse cada vez mais por si. Para muitos isso poderia ser uma promessa vaga ou apenas do calor do momento, contudo não era a verdade.

Sendo aquela a noite em que elas celebraram o amor. Poderoso e sublime como deve ser.


Notas Finais


Comentários? Nos encontramos por aí! Byeong~ ^^


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