História Valave the spirit of dragons - Papa dragon

Papa Dragon.

Eu apenas assenti a frente de ambos e Gandalf fez um pequeno gesto de cabeça para que eu os seguisse, eu confiava neles...não sabia bem por que confiava no pequenino mas sabia que Gandalf era um grande mago e não tinha do que eu me preocupar enquanto estivesse com ele, o pequenino andava de bengala e vestia um terno branco...ele parecia um homem realmente bem vivido e sábio apesar de tudo, porém parecia tão humilde com seus olhos cansados e seu caminhar lento...como se tivesse todo o tempo do mundo, coisa que obviamente ele não tinha.

Eles me levaram até uma grande sala, eu supus ser alguma sala de reuniões das várias que já vi naquele enorme castelo, eu me sentei em uma das cadeiras junto ao pequenino, que deu um gemido cansado típico de alguém que já não podia fazer tanta força nas pernas, Gandalf se manteve de pé e começou logo a falar.

- Acreditamos que seu pai foi um dragão muito perverso...ele se chamava Smaug...

- Mas...eu nasci quando ele morreu...minha mãe me disse isso...

- Acreditamos que sua mãe tenha o conhecido a muito tempo...não temos certeza do por que ele engravidaria sua mãe...mas alguma espécie de magia poderosa fez com que ele andasse na terra como homem por algum tempo...

- Minha mãe não esteve em Erebor...eu tenho certeza disso.

Então o pequenino se pronunciou.

- Seu parto não foi normal senhorita...os dragões não podem ter filhos...você nasceu...uma raridade de acontecimento devo dizer...

- Ovos de dragão demoram anos para serem chocados...acreditamos que assim como os ovos de dragão você demorou muitos anos para nascer Valavë.

- Talvez décadas...

Eu não sabia se ficava mais chocada por saber que minha mãe tinha mentido sobre como eu nasci ou se eu ficava mais chocada com a possibilidade de eu ter vindo de um ovo.

- Vocês querem dizer que eu choquei...de um ovo...

- Não sabemos...mas temos certeza de smaug é seu pai...digamos que não é algo que precise de magia para se ver...

Gandalf olhou para mim, acho que se referiu a minha explosividade característica.

- Apesar disso não deve pensar que é exatamente como seu pai...você é uma pessoa boa...eu sinto ter sido a causa dos seus problemas com Gullum...eu...sou o ladrão...

- O hobbit...

Uma profunda magoa subiu em mim, eu queria poder bater nele...eu queria poder gritar e dizer-lhe tudo o que ele fez contra ela e Gollum e dizer-lhe que agora ele estava morto...mas...seu eu fizesse isso, estaria sendo exatamente como o meu pai foi...um...monstro.

Eu suspirei o mais profundo que pude, tentando tirar toda aquela raiva de mim, ele era apenas um idoso, ele tinha tido muito tempo para se arrepender do que fez e visto a assombração que aquele anel trazia a todos...eu não duvidei que ele tinha muitas vezes questionado a si mesmo...sobre o quão controlado ele foi...agora ele não tinha mais aquele anel, mas eu sabia que no fundo...ele não sabia que Gollum havia morrido...eu apenas sussurrei.

- Ele morreu...a algumas semanas...

- Eu sinto muito senhorita...eu realmente sinto.

Seus olhos cansados, neles eu podia ver arrependimento...aquela pequena voz em sua cabeça lhe dizendo que de fato ele estava errado, que se ele tivesse deixado Gollum com o anel ele nunca passaria por isso e talvez ninguém precisasse se preocupar, era uma doce mentira...mas eu tinha certeza que essa mentira o culpava de tudo o que tinha ocorrido, pesava...eu sentia nele aquele tipo de calor...de culpa...pesado, incomodo, triste...eu senti tanto aquele calor ao pensar na minha mãe...então eu percebi...eu não sentia raiva dele...sentia pena.

- Eu tenho certeza de que você sofreu mais em sua vida...tendo consciência do que carregava...eu sinto isso.

Ele abaixou a cabeça.

- Não o culpo mais sobre o que houve...se você não tivesse pego o anel quem poderia saber onde Gollum estaria agora??...

Eu apenas suspirei e sorri ao dois.

- Eu devo me retirar...preciso fazer uma mudança...

- Mais uma coisa...há um mal que pode vir a persegui-la...não sabemos seu nome...mas ele era um caçador glorioso de dragões, quando eles foram varridos deste mundo ele esperou por qualquer rumor que fosse...agora que está aqui...é bem provável que ele saiba seu paradeiro e venha buscar a última vida draconiana da terra média...

Mais essa agora, que louco fanático por matar dragões era ele afinal?? O que eu lhe fiz??

- Certo...eu cuidarei para que as coisas não saiam do controle...avisarei os guardas...e Legolas e Tauriel...

- Acho bom que fez amizades com eles...são bons e velhos amigos meus...deve confiar neles...

Gandalf me aconselhou e eu apenas assenti e sorri, saindo da sala e indo ao meu quarto em fim.

Eu andei pelos corredores enormes do palácio pensando no que eles haviam me dito, então eu poderia ser muito mais velha do que eu sabia...imaginei como seria se eu tivesse nascido de um ovo!! Meus deuses não acredito que isso é mesmo possível!! Além disso tem o fato do meu pai ter matando muita gente...tudo bem que eu nunca iria ser como ele...mas devo dizer que ser filha dele me causa certo desconforto, eu sei como é a sensação...saber exatamente o que se deve fazer pra matar alguém...e como a vida se esvai tão rapidamente de seus corpos vazios, saber que em alguns casos...é quase um favor a ser feito ao ser...

Eu suspirei e balancei a cabeça enquanto entrava no meu quarto, mas estranhamente ele estava vazio, eu sai de lá confusa e ao longo do corredor eu reconheci os loiros e claros fios do rei, ele pareceu se divertir quando me viu.

- Tomei a liberdade de mandar que mudassem seu quarto...Aistana não está muito feliz deveria falar com ela...

O rei pela primeira vez sorriu, um sorriso meio...cúmplice...ele com certeza não gostava de Aistana tanto quanto eu, talvez ele tenha ouvido falar no quanto eu a odeio e concluiu que era a única coisa que tínhamos em comum, isso foi bom, eu sorri de canto cúmplice e reverenciei ele o mais delicado possível.

- Se é assim que reverencia alguém sinto pena dos reis que irão lhe ver algum dia...

- Você sempre precisa ser rude né??

- Um rei deve ser como uma balança...estou apenas...equilibrando.

Ele passou por mim sem mais palavras, eu consideraria isso como um “ele está começando a gostar de você” mesmo que isso não faça muito sentido...eu fiz ele se lembrar de sua amada morta...não há nada pior que isso...por que então ele estava sendo gentil comigo?? Mais um mistério para uma lista que eu devo dizer que está ficando muito extensa, seja lá como for eu acho deveria ir ao quarto ao lado do príncipe, mais corredores e corredores e quando eu cheguei ao dos quartos “reais” de convidados como Tauriel e eu mesma, pude ver Aistana saindo do quarto furiosamente, ela olhou para mim e sorriu cinicamente, eu devo dizer que isso me deu certo medo...ela é louca.

- Ah...ai esta você, espero que tenha gostado de ficar perto do príncipe por que eu acho que você vai precisar refazer algumas coisas...

Eu a olhei confusa e entre rapidamente no quarto, todos os vestidos que eu estava costurando e todos os vestidos que eu tinha estavam em uma pilha, totalmente estraçalhados, todos os meus poucos sapatos haviam desaparecido e todos os equipamentos de costura estavam destruídos, o rei não havia visto isso...eu duvido que alguma criada teria coragem de denunciar Aistana e com minha palavra eu não poderia denunciar uma criada tão antiga no palácio, mesmo que o rei não gostasse dela, poderiam dizer que só falei isso por que a quero fora da minha vida, no momento eu não fiquei com raiva...não quis matá-la...mas fiquei triste, aquele mesmo sentimento de quando chovia tanto que tudo o que tinha se ia com a chuva, como quando eu construía abrigos...e eles simplesmente eram levados ou destruídos, eu não conseguia entender por que alguém faria aquilo, por que Aistana me odiava tanto?? Ela queria estar no controle de tudo...das criadas, até mesmo do rei e do príncipe...eu tinha certeza que sua frustração era por causa disso e no fundo...eu sabia que aquilo podia acontecer.

Minhas orelhas despencaram e eu senti falta de ar, lágrimas começavam a brotar no canto dos meus olhos e eu fechei a porta silenciosamente, a trancando e indo até minha cama, eu me sentei e me pus a chorar, chorei e ali descarreguei tudo o que eu sentia...sobre a morte de Gollum, sobre os pesadelos que havia tido, sobre a minha floresta...doente, sobre meus vestidos rasgados e sobre o que havia debaixo do meu travesseiro, o espelho de mão de Caliel...presente de grande beleza...tão dourado...quebrado...

Eu chorei mais ainda, o homem no sonho tinha razão...tudo o que havia ao meu redor eu destruía...morria...

Minha floresta...morta, meu melhor amigo...morto, tudo pela qual eu tinha feito a meses...destruído.

E eu nem ao menos entendia bem o por que ela havia feito aquilo, eu chorei tanto, tanto, tanto...que já não sabia se estava desidratando.

Eu chorei...até adormecer, não fui ao jantar...nem mesmo sei quanto eu dormi, mas eu sei que sonhei...algo ruim...muito ruim.

Continua...