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História Valente - Parte I - Capítulo I - Revisado


Escrita por: Aella

Notas do Autor


Olá pessoal! Aella-san está de volta com o livro dois de Dominante, tão esperado. C:

Eu espero verdadeiramente que eu consiga escrever para vocês uma história com o mesmo retorno de Dominante, que vocês fiquem tão satisfeitos com Valente como ficaram com Dom. Vou contar pra vocês, terá mesmo muita treta com todos os personagens, me dá até pena. xDD

Aproveitem a leitura!

Capítulo 1 - Parte I - Capítulo I - Revisado


Fanfic / Fanfiction Valente - Parte I - Capítulo I - Revisado

 

Bexi

O vazio me ocupava. A solidão me abastecia. O silêncio era ensurdecedor. Era como se a ausência de vida dentro de mim me mantivesse viva, da forma mais dolorosa possível. Eu quase desejava desistir, desistir de perpetuar essa tortura interior inevitável. A única coisa que me mantinha presa a minha existência, que para mim não possuía mais significado, era o fio de esperança ao qual todos nós agarrávamos com veemência.

Meus irmãos continuavam a me entreter, ou pelo menos tentavam. Davam o melhor de si. Quanto mais tempo eu passava com eles, menos eu pensava na ausência da Becca e da falta que ela fazia a todos, principalmente para mim. Entretanto, não demorava muito para meus pensamentos voltarem àquele lugar sombrio – eu me pegava desacelerando a corrida, focando meu olhar em uma gota de orvalho qualquer e me afundando em minha depressão. Eu queria lutar, precisava lutar, mas a cada dia que se passava eu percebia mais o quanto eu estava desconexa deste mundo. Eu não pertencia aqui, não sozinha. Eu era um espectro, um espírito, e esse motivo sozinho já deveria me convencer de que eu estava no lugar errado.

Só teria sentido, minha presença, quando – e se – mesclada com a minha parte humana.

Scarlet repetia, quase como uma prece para si mesma e para mim, que nossa solução estava próxima. Eu confiava nela, como Becca sempre confiaria, e o fato de agir como Becca agiria ajudava a me manter presa na dolorosa tortura que era viver pela metade, na falta dela.

Felizmente, parecia que Scarlet não era apenas otimista. Parecia que sua esperança foi frutífera. Robert conseguiu uma solução algum tempo depois do acidente e, assim que recebemos essa notícia, corremos em busca dela.

Eu estava deitada no meio do tapete, no corredor da aeronave, já que eu não conseguiria me deitar confortavelmente em nenhuma das poucas poltronas disponíveis. Robert estava na cabine do piloto, sendo o único que tinha o talento de pilotar um avião. Ele havia solicitado ao seu pai o uso do jato particular que sua alcateia dispunha. Eu não acreditava que o próprio Letum cederia seu jato com tanta facilidade, com tamanha boa vontade. Provavelmente deixaria o problema de locomoção por nossa própria conta. Meu Alfa que conseguisse os meios de resolver o problema, de esconder um espectro lupino em um avião comercial. Contudo, quem estava liderando a Alcateia do Maine e, portanto, todas as demais, eram Lucius e Alexander, dividindo as tarefas. Certamente nosso querido amigo deu um empurrãozinho e convenceu seu irmão mais velho a ter piedade de mim.

O corpo da Becca, porém, não poderia ser transportado. Ela já estava em estado frágil o suficiente, e seria imprudente tirá-lo de seu repouso. Com ela, em Columbus, ficaram alguns assistentes de Robert, lobos da Alcateia do Maine que estavam aperfeiçoando seus conhecimentos de medicina lupina com o grande médico. Ainda estavam tratando as cicatrizes de prata de Rebecca, por conta da rede de prata que usaram para mantê-la presa. Estava indo devagar, mas pareciam confiantes de que conseguiriam tratá-las ao ponto de que não ficariam marcas. Ademais, é claro, estavam incumbidos com a tarefa de manter o corpo dela funcionando como deveria até Robert poder voltar para supervisioná-la.

Olhei para todos ao meu redor, um por um.

Nem todos os lobos vieram conosco, como era de costume. Alguns sempre ficavam para trás para tomar conta do território, proteger e supervisionar as visitas e assumir o posto temporário de Alfa. Quem ficou com a grande honra era Connor, o Gamma da alcateia, pois Trevor, o Beta, havia pedido pessoalmente a Aidan para me acompanhar.

Não preciso dizer que fiquei um pouco surpresa e lisonjeada com a atitude do lobisomem. Nós não havíamos nos acertado quando nos conhecemos, com direito a mordidas no braço e cuspidas na cara. Porém, desde que eu havia voltado de Las Vegas, nós passamos mais tempo juntos, principalmente graças ao meu castigo pessoal, minha cruz a carregar nas costas: Maxwell Kentner.

Max Kentner era o típico ogro, somente força bruta, sem cérebro. Era atraente? Era. E como. Mas depois de conhecê-lo – na verdade cinco minutos em sua presença bastavam – a imagem mental de um suíno o substituía. Ele era opressor com todos os mais fracos, abusava de sua hierarquia na alcateia e maltratava todas as fêmeas com quem interagia. Ainda assim, por um mistério da natureza, ele era um dos lobos mais desejados pelas fêmeas solteiras da minha antiga alcateia. Precisávamos de um bom psiquiatra ali, pois acho que isso só se resolveria com medicamentos de tarja preta e extensa terapia. Eu entendo que existe um nicho de mulheres que preferem os chamados bad boys, mas eu não conseguia pensar em nada que justificasse esse tipo de idolatria para pessoas que não valiam nada.

Trevor sempre conseguia me salvar quando Max tentava me encurralar. Não necessariamente acho que ele queria me importunar de propósito, talvez quisesse apenas bater um papo, cumprimentar-me de alguma forma, mas não havia como se ter uma conversa amigável com Maxwell. Pensando melhor, talvez eu estivesse sendo um pouco ingênua e otimista, ignorando a natureza dele e insistindo que ele tinha o potencial de não ser uma pessoa horrível por completo. Em algum momento ele iria tentar alguma coisa. Max nutria um ódio por mim desde meu primeiro dia na alcateia, quando entramos em uma briga por causa de Drake, um amigo meu e irmão de alcateia. Tentei ajudá-lo depois de ele ser humilhado por Maxwell, e Max, tentando me submeter a sua dominância, sentiu-se humilhado também, por não conseguir me dominar. Foi aí que nossa história começou e, depois de eu aturar três anos de alcateia, achei que nossa história tivesse terminado.

Maxwell fora um dos motivos pelo qual eu nunca confiava, de primeira mão, em um lobisomem dominante. Eu sempre entrava defensiva em qualquer interação. Engraçado que Maxwell foi, ao mesmo tempo, responsável pela minha animosidade inicial com Trevor, e agora com minha completa amizade com o lobo. Talvez eu devesse agradecê-lo no fim das contas.

Trevor estava na cadeira da janela e eu não conseguia ver se estava apreciando as nuvens ou tirando um cochilo. Colocou sua mochila no assento ao seu lado, impossibilitando outra pessoa de sentar-se ali. Em geral, ele preferia ficar sozinho pois, nas palavras dele, não gostava de conversas banais.

Do outro lado do corredor estava meu Alfa, sério, com fones de ouvido e concentrado em seu notebook. De onde eu estava, pude enxergar em sua tela que estava conversando com Liam pelo Skype, sem dúvidas ouvindo o que o submisso tinha a contar sobre os outros lobos e Rebecca. Ao seu lado estava George, o lobo mais submisso de nossa alcateia. George era formado em psicologia e exercia essa profissão. Além de eu ter um ótimo relacionamento com ele, Aidan achava que ter ele por perto para me motivar e conversar comigo durante essa nova jornada seria uma ideia prudente, mesmo que eu acabasse passando mais tempo na companhia do lobo dele, do que sua parte humana.

Nas duas poltronas atrás de Trevor, estavam Scarlet e Riley. Riley era um doce de pessoa, o primeiro lobo da Alcateia de Columbus com o qual eu havia tido uma sincera conexão; e Scarlet era minha melhor amiga com cabelos cor de cobre e com um dom especial.

Scarlet era uma Selvagem, uma espécie sobrenatural parecida com os lobisomens, mas transmitida apenas geneticamente e com a habilidade do portador se transformar em animais diferentes além do lobo. Scarlet, no caso, era também conhecida como nossa pequena raposa pois, perto dos lobisomens, ela transformada era verdadeiramente pequena.

Apesar de pequena, como ela detestava ser chamada, ela havia mais que provado como era feroz e destemida. Para salvar a mim e a Becca, e ajudar o resto do pessoal em Las Vegas, Scarlet lutou como nunca havíamos visto ninguém lutar antes. Apesar de estar mais vulnerável em forma humana, havia realmente entrado em um estado de frenesi, inclusive ajudando a aniquilar e dar o golpe final em Elizabeth Roman.  Infelizmente, no fim, isso lhe custou vários ferimentos e a ira do Letum, mas ela havia se mostrado indispensável. Havia mostrado que, mesmo não sendo um lobisomem, conseguia ser tão prestativa quanto. Talvez até mais.

Logicamente, as virtudes de Scarlet não se aplicavam somente ao fato de ela ser um ser sobrenatural que nos havia impressionado. Ela era uma das pessoas com quem eu conseguia me comunicar melhor, mesmo eu sendo apenas um espectro de loba e ela em forma humana. Desde que eu e Rebecca havíamos nos mudado de Seattle para Columbus, encontramos Scarlet e viramos amigas quase de imediato. Talvez fosse uma necessidade minha por estar novamente sozinha em um lugar inédito, mas havíamos construído uma amizade tão forte desde então que conseguíamos superar todas as nossas discussões. Com meu temperamento, só Deus sabe quantas brigas eu e Scarlet já não tivemos, e ainda assim, continuávamos tão próximas como nunca.

Infelizmente minha outra melhor amiga, Corrie – que tinha sido o lobisomem a me transformar – e seu companheiro Christian não puderam vir conosco em busca da cura, e nem permanecer em nosso território. Como de costume, foram convocados pelo seu Alfa de volta para seu próprio território, podendo visitar a mim e à Becca depois que tomassem um tempo para descansarem eles mesmos.

Eu sentia falta dos dois, mas sabia que eles tinham sua própria alcateia, sua própria família lupina para onde retornar.

Scarlet, nesse ponto, eu sei que poderia estar sempre onde quisesse estar. Sendo uma Selvagem, não possuía uma alcateia ou nada do tipo. Os Selvagens, por natureza, não tinham a mesma obrigação de submissão que uma alcateia de lobos. Se quisessem viver juntos, era porque todos ali queriam, e poderiam sair quando quisessem sem a autorização de ninguém. Havia uma hierarquia simbólica, mas nenhum laço instintivo que os prendessem uns aos outros. Contudo, os Selvagens eram uma espécie sobrenatural muito antiga e em muito menor número do que lobisomens ou vampiros. Além de suas habilidades só poderem ser passadas geneticamente, muitas vezes pulavam várias gerações, facilitando assim a migração de seu povo pelo mundo sem nem saberem o que eram ou o que carregavam. Eram uma espécie em extinção, ou pelo menos era o que achávamos.

Quando Scarlet havia sido cedida pelo pais para ser criada em uma alcateia de lobos, – porque eles não sabiam como educar ou lidar com uma criança que se transformava em uma raposa quando queria – o Letum foi pego desprevenido. Ou pelo menos é assim que Luke contava. Os lobisomens do Maine somente tinham conhecimento de Selvagens antigos até aquele momento, que como Scarlet, haviam vivido no Maine mas já haviam falecido. Até Scarlet aparecer na porta do Letum, ele e seus lobos estavam certos de que haviam visto os últimos da espécie, mas nossa raposa chegou para assegurá-los de que o gene dos Selvagens ainda estava presente na humanidade. O Alfa dos Alfas então começou uma busca, tanto de informações quanto de pessoas reais, pela localização de mais Selvagens em seu território. Segundo Lucius, não para capturá-los ou monitorá-los, mas porque eles poderiam servir, caso se tornasse necessário, bons aliados.

Robert então, seu filho mais velho e com acesso quase ilimitado às informações do Letum, conseguiu descobrir que as buscas do pai, de mais de vinte anos atrás, conseguiram resultados. Contudo, o Letum havia, por algum motivo, mantido esses resultados em segredo. Não haviam sido escondidos propriamente – até porque Robert os achou – mas as descobertas haviam sido omitidas, não sendo divulgadas nem para os próprios filhos.

Ajeitei-me melhor no tapete da pequena aeronave e passei a estudar melhor minha amiga. Ela havia descoberto que não era a última de sua espécie ao mesmo tempo que todos nós: numa sala cheia de lobos, como se ela não tivesse passado a infância inteira com a alcateia que detinha essas informações preciosas. Ela deveria ter tido o direito de saber, o direito de escolher como e onde viver, mas o Letum decidiu esconder isso dela e dos demais.

Ela estava nervosa, era evidente, mexendo em seu celular sem conseguir parar e escolher uma música por mais de um minuto para ouvir. Tentava não aparentar seu nervosismo. Ela queria ser forte e não desviar a atenção do real motivo pelo qual estávamos indo para o coração do México – minha separação. Contudo, eu sabia que seu cérebro sem dúvidas estava martelando que o motivo pelo qual havíamos descoberto que existia uma tribo inteira de Selvagens vivendo no país abaixo do nosso era por causa de mim, e não pela consideração do Letum por ela e o que ela era.

Sim, estávamos a caminho da Cidade do México onde, segundo Robert, encontraríamos a minha cura.

Eu não entendia muito bem como uma tribo de Selvagens poderia me ajudar a voltar à Rebecca, porém todos ali continuavam a me incentivar a não perder as esperanças. Eu sabia que a espécie da Scar era parecida com a nossa, talvez até mais evoluída, pois conseguiam se transformar sem qualquer dor ou sofrimento. Também sabia que, por causa de suas origens nos povos nativos da América, tinham maiores ligações espirituais do que nós. Entretanto, não conseguia enxergar como eles conseguiriam contribuir para solucionar nosso problema.

Confesso que estava um tanto quanto cética. Se o próprio médico dos lobos, Robert Landon, que era tão renomado, que conseguia sempre curar qualquer ferimento lupino que a ele fora apresentado, não conseguiu me salvar, como poderiam pessoas que nem eram da mesma espécie do que eu me ajudar de qualquer forma?

Eu tentava ao máximo manter minha mente aberta e me forçava a acreditar que essa viagem poderia ajudar, pois precisava acreditar nessas coisas para não cair em meu desespero. Quando eu começava a refletir demais e a questionar, lembrava-me de observar Aidan. Desde que recebera a notícia de que eles ajudariam, Aidan parecia que havia revivido. Mesmo se não fosse meu Alfa, eu julgava Aidan como sendo muito pé no chão, alguém com suas ideias no lugar e não facilmente influenciado ou enganado. Por isso, vendo-o tão certo e confiante, era um incentivo para eu confiar também. Eu podia não confiar completamente nos conhecimentos que os Selvagens teriam sobre lobisomens, mas eu confiava no julgamento de Aidan.

Abaixei a cabeça e fechei os olhos, absorvendo os sons ao meu redor. O tagarelar de Aidan com Liam, a conversa de corredor entre Riley e George, as músicas trocadas incessantemente pela Scarlet e o ronco das turbinas. Logo chegaríamos à pista de pouso, já estávamos há boas horas dentro do jato. Eu iria descer com meus amigos, amigos estes que vieram com o intuito de me salvar e, durante o processo, me manter feliz e minha mente ocupada.

Eu era uma loba muito afortunada, apesar de tudo que já havia passado. Acabara vindo parar, contra minha vontade, em uma família que me acolhia apesar de todo o trabalho que eu dava, protegia-me apesar de toda minha estupidez, e me amava apesar de todos os meus defeitos. Se eu soubesse anteriormente o que era uma alcateia de verdade, nunca teria perdido tanto tempo teimando sozinha. Eu confiaria minha vida a qualquer um de meus novos irmãos, e estava fazendo justamente isto agora.

Eles iriam me salvar, eu estava certa, eu precisava acreditar nisso. Se os Selvagens não fossem a resposta, achariam outra maneira. De um jeito ou de outro, eles iriam me salvar, ou iam morrer tentando.


Notas Finais


Muito obrigada a todos por sempre me apoiarem e estarem acompanhando mais um projeto.
O que acharam do primeiro capítulo? Não esqueçam de deixar suas opiniões nos comentários e curtir a página no Facebook! *-* Até o próximo!


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