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História Valente - Parte II - Capítulo X - Revisado


Escrita por: Aella

Notas do Autor


Olá queridos <3 Chegamos à segunda parte de Valente! A primeira parte eu quis focar na jornada em busca da Bexi e, como as duas já se juntaram novamente, chegamos ao próximo estágio da história. Espero que tenham gostado até então :D

Capítulo 10 - Parte II - Capítulo X - Revisado


Fanfic / Fanfiction Valente - Parte II - Capítulo X - Revisado

 

Kenna

 

Eu nunca tinha vindo para essa porcaria dessa cidade, mas honestamente, também nunca havia tido motivos para vir. Era bastante diferente de Seattle, mais calma. Entretanto, quem não estava calma era eu.

Não havia sido fácil, mesmo com a ajuda de Nora, a convencer meu Alfa a me deixar visitar meu namorado. Como qualquer outro Alfa, Joseph Beitman não gostava de deixar suas fêmeas perambulando por aí. Contudo, eu fui bastante persuasiva com Nora, e Nora foi bastante persuasiva com ele. O que uma mulher não faz na vida de um homem, não é mesmo?

E agora estava eu, Kenna Korte, à procura do meu homem. Joseph havia me dado um mapa com a localização da casa do Alfa de Columbus, mas mesmo assim demorei um tanto para chegar lá, o que também não melhorou em nada meu humor. Eu nunca havia sido muito boa em ler mapas. Após engolir meu orgulho e pedir ajuda aos pedestres na rua, dirigi meu carro alugado até a fatídica casa.

Era uma casa grande, a maior da quadra. Entretanto, como era de se esperar, era menor do que a mansão dos Beitman. Provavelmente isso não incomodava os lobos daqui, pois, pelo que eu havia ouvido, a alcateia daqui era uma das menores. Desci do carro e liguei o alarme. Parecia uma região calma, residencial, mas nunca se sabe quando alguém vai tentar roubar seu carro. Seria até engraçado, um ladrão comum tentar roubar o carro de um lobisomem, e pensando nisso consegui rir pela primeira vez naquele dia.

Meu sorriso no rosto, à medida que eu ia chegando mais perto da porta da frente, era bem-vindo, pois eu queria ver logo Maxwell e também parecer educada perante a nova alcateia. Bati na porta de leve, sabendo que iriam ouvir sem problemas, se é que já não tinham me ouvido sair do carro.

Quem abriu a porta foi um cabeludo com piercings. Usava uma regata cinza que me permitia ver seus braços fortes. Olhou para mim e franziu o cenho, dava para perceber que ele esperava que eu fosse outra pessoa. Eu conseguia sentir o cheio de mau-humor que ele exalava, assim como um cheiro de hortelã e âmbar, que eu só pude presumir que fosse algum tipo de colônia estranha que ele usava.

– Quem é você? – perguntou, secamente.

– Sou Kenna Korte – respondi, sem dar muita bola para ele. Tentei espiar por sobre o corpo dele se conseguia enxergar Max dentro da casa. – Sou da Alcateia de Seattle.

Ele bufou e virou para trás, encontrando o olhar de um lobo que estava no sofá assistindo à televisão. O outro lobo se revirou no sofá de forma que conseguisse me olhar, de cenho franzido, mas assentiu com a cabeça. Logo após já voltou sua atenção ao aparelho.

– Pode entrar – convidou-me o cabeludo, sem emoção alguma na voz.

Assim o fiz, tirando meu casaco e procurando por Max. A casa estava vazia, pois ainda era cedo. Farejei o ar, mas os únicos cheiros frescos eram dos dois lobos que estavam na sala.

– Nenhum dos outros lobos de Seattle estão aqui? – indaguei.

– Não – falou o lobo que assistia à TV, imediatamente desligando-a quando percebeu que eu ia começar a incomodá-lo com perguntas. Como ele não se levantou para me cumprimentar formalmente, como de costume nas alcateias, logo tive a impressão de que ele não poderia ser quem havia ficado em comando da alcateia. Não podia ser o Gamma. – Não quiseram ficar hospedados aqui. Normalmente eles aparecem para o almoço ou para o jantar.

Revirei meus olhos. Eu ia ter que ir atrás deles pela cidade, agora? Ah, Max ia me ouvir reclamar e muito. Ele havia deixado implícito para mim que ao menos ele ia ficar na casa do Alfa.

– Vocês sabem onde estão?

– Sei, – falou o lobo da TV, encarando-me de forma não muito amigável. – mas não sei direito quem é você.

– Pois é, também não sei quem é você. Nenhum de vocês, a propósito. Vocês, ao menos, têm o meu nome – retruquei com um sorriso torto, mas não querendo perder tempo com bate-papo.

Dessa vez o lobo da TV se aproximou e percebi que tinha olhos castanho esverdeados e cabelos cor de chocolate. Sorriu para mim, após me analisar de forma maliciosa, e o brilho de seus dentes quase me cegou.

– Sou Clayton Rivers, o quinto em comando. E aquele é Mathias Hasebrook, um solitário que está aqui com amigos para ajudar a defender o território.

– Prazer. – A voz seca e irônica do outro lobo chamou minha atenção para ele novamente, que ainda me encarava com cara de poucos amigos.

– Não ligue para ele – Clayton disse com uma risada. – Ele só está fulo da vida porque adormeceu ao lado de uma garota e acordou com a cama vazia.

Percebi que Mathias ia começar uma discussão, mas decidiu ficar quieto, provavelmente porque eu estava presente, uma estranha. Apressei-me a me apresentar melhor.

– Okay, então. – Decidi ignorar o lobo mal-humorado e me direcionei ao outro, que me parecia bem mais simpático. – Como disse, sou Kenna Korte, loba da Alcateia de Seattle. Só para deixar claro, Joe não me mandou, vim por meus próprios motivos.

– É amiga antiga da Rebecca, que nem a Corrie? – perguntou o cabeludo, forçando-me a virar a cabeça e lhe dar atenção.

– Ahn, não. – Vi as expressões de ambos ficarem surpresas. – Não conheço ela pessoalmente. A Rebecca, quero dizer. Apenas ouvi falar dela de vez em quando. Corrie eu conheço sim, mas não sou muito próxima.

– Mas então o que veio fazer aqui? – Mathias indagou, desconfiado de mim de repente.

– Para sua informação, – retorqui, pois já começava a ficar irritada com o suposto metaleiro. – estou aqui à procura de Maxwell Kentner, achei que ele fosse estar nessa casa.

Não sei se havia sido o tom que eu carregava na voz quando mencionei Max, mas o lobo Clayton deu uma risada, tentando abafá-la com uma tosse falsa.

– Você é a companheira dele? – perguntou após tossir.

– Sim. Quer dizer, não. Bem, mais ou menos – grunhi por ter que ter essa conversa com dois lobos aleatórios. – Não somos acasalados. Ainda. – Prontifiquei-me a acrescentar.

– Clayton, esse cara é um idiota – falou o cabeludo, deixando-me ainda mais irada ao perceber que ele se referia ao Maxwell. – Sorte a dela que não acasalou com ele.

– Espere um pouco-

– Do que você está falando, Mathias? – perguntou Clayton, ignorando-me completamente.

– Como assim – Tentei de novo, só para ser interrompida mais uma vez.

– Ela me contou ontem. Aparentemente o cara pentelhava ela quando ela morava em Seattle. Um babaca insuportável com tudo e todos, principalmente as fêmeas.

– Ah, mas não sei de onde vocês tiraram-

Os dois homens continuaram a conversar sobre Maxwell como se eu fosse uma mosca na parede. Desisti de tentar fazê-los me ouvirem e, em troca, fiquei ouvindo tudo o que o tal do Mathias tinha a dizer. Um bando de mentiras, sem dúvidas, que essa Rebecca espalhou sem motivo.

– Ehem! – pigarreei alto, quando percebi que eles não tinham mais nada de novo a acrescentar e apenas o humor deles estava ficando pior.

– Ah sim, – Clayton acenou para eu vir mais perto dele. – Seu, erm, macho está hospedado junto com uns amigos em um hotel não muito longe daqui. Sente-se que te passo o endereço pelo celular. – De repente, virou-se para o metaleiro com o cenho franzido. – Se a Becca não voltar dentro de meia hora, vou procurá-la.

 

-x-

 

Eles tinham vindo em oito, mas eram oito dos bons. Eu sabia disso pois Joe mandou Max e mais sete amigos do Max. E Max não era amigo dos fracotes.

Como foram chamados de emergência, tiveram de viajar de avião para Las Vegas e de lá para Columbus. Entretanto, eu ainda assim poderia procurar por eles pelo carro. Max e seu bando eram daquele tipo que andava de Jeep ou outros carros grandes e que aguentam uma boa estrada. Certamente teriam alugado automóveis nesse estilo.

Portanto, foi fácil para eu achar as vagas onde estavam estacionados um Jeep do lado do outro. Era um hotel pequeno, com acesso aos quartos pelo lado de fora, então pude supor que seus carros estivessem estacionados diretamente em frente aos seus quartos.

Eu não sabia, logicamente, em qual dos quartos Max estava, pois tudo ali cheirava a serviço de quarto malfeito e ao bando de lobos como um conjunto, mas eu achava que eles estariam dividindo os quartos dois a dois, julgando pelo tamanho que os quartos aparentavam ter. Bati na primeira porta.

– Vocês já nos deram as toalhas – um dos meus companheiros de alcateia resmungou, parecendo entediado. Deduzi pela voz que fosse Wyatt.

– Não sou sua camareira, ô besta.

– Kenna?

– Não, a Virgem Maria. Abre aqui logo que tá frio e estou sem paciência.

– É a Kenna mesmo? – Ouvi alguém cochichar para Wyatt, mas a voz estava fraca e não consegui identificar o dono de imediato.

– Sim, cara. E agora? – cochichou de volta e esmurrei a porta de novo.

– Abre essa merda, Wyatt… – demandei com minha voz calma, porém assustadora. Eu tinha orgulho em dizer que essa voz às vezes amedrontava até os amigos do Max.

Não deu outra, Wyatt abriu para mim após alguns segundos de silêncio. Entrei sem pedir licença e inspecionei o quarto. Nenhum sinal de Max ali.

– Por qual motivo vocês estavam cochichando? – Eu estava bisbilhotando no quarto dos dois, mas não ligava a mínima. Eu já estava irritada devido àqueles dois lobos na casa do Alfa e ainda agora estava achando o comportamento desses dois muito suspeito.

– Por nada – mentiu Sam, que saiu do banheiro vestindo apenas uma toalha em torno de sua cintura. Por isso não havia decifrado sua identidade antes, estava no banheiro.

– Vocês acham que eu sou trouxa? Vocês estão escondendo alguma coisa.

– Que porra você está fazendo aqui, em primeiro lugar, Kenna? – Wyatt tentou mudar o assunto.

– O que você acha? Vocês estavam demorando demais, já faz dois meses que estão longe de casa. Vim visitar Maxwell – respondi como se fosse óbvio. E, de fato, era, ao menos para mim. Estava com uma saudade tremenda dele, pelo menos até ouvir certas coisas de pessoas que eu havia acabado de conhecer.

Ao passar do lado da mesinha de cabeceira da segunda cama, vi um papel com uma lista de nomes acompanhados de telefones. Dentre eles estavam Max, Wyatt, Sam e os outros três lobos de Seattle. Contudo, havia mais outros nomes que eu nunca ouvira falar.

– O que é essa lista? – distraí-me.

Sam correu até onde eu estava e arrancou a folha da caderneta, amassando-a em sua mão.

– Não é nada.

– Não me parece nada, principalmente não pela sua reação. – Comecei a avançar nele para tentar pegar o papel.

– É lixo, Kenna. – Wyatt interveio. – De qualquer forma, Max não está aqui.

Isso chamou minha atenção.

– Não está no hotel?

– Não.

– Então está onde? – Minha cota de paciência diária já estava esgotando.

– Provavelmente na casa do Alfa, ué. – A mentira na voz de Samuel era tão forte que, mesmo se eu não tivesse estado lá uns quinze minutos atrás, teria descoberto que estava mentindo apenas pelo cheiro de nervosismo que ele exalava.

– Samuel, se você mentir na minha cara mais uma vez, vou te prensar contra a parede e puxar seu braço com tanta força que vai deslocar seu ombro.

– Kenna, calma. – Wyatt coçou a cabeça, mas trocou um olhar significativo com Sam. – Não sabemos exatamente onde ele está. – Diferentemente de Sam, Wyatt mentia um pouco melhor, portanto não pude ter certeza se ele estava me enrolando ou não. – Sabemos onde ele não está: aqui. E, pelo visto, na casa do Alfa.

Eu contei até dez, juro que contei. Acontece que não funcionou. Joguei-me com tudo em cima de Wyatt, derrubando-o no chão do curto corredor entre a porta da frente e a primeira cama.

– Eu não vim de Seattle até aqui para ouvir merda de vocês. Não passei vergonha e ouvi um monte de coisa suspeita e, ao mesmo tempo, sem sentido na casa de Aidan Rucker para ouvir merda de vocês.

Ouvi Sam ficando inquieto e levantei minha mão direita para trás, na direção dele, rosnando.

Nem pense em me atacar, Samuel. – Senti minha voz carregada com a minha loba e sorri por dentro. Nenhum desses idiotas tinha me visto assim antes. Honestamente, eu havia tido poucos motivos para agir dessa forma na alcateia, sendo a namorada de alguém como Max, afinal. Definitivamente não sabiam com quem estavam lidando, seria normal ficarem surpresos. – Eu só quero saber onde está meu namorado – recompus-me e voltei a falar com aquela voz calma, porém ameaçadora. – Você vai me dizer, não é, Wyatt?

Ele hesitou, ainda ponderando se podia se safar dessa e me enrolar. Respirei fundo e joguei meu peso contra ele novamente, fazendo-o bater a cabeça no chão. Ele tentou se desvencilhar de mim – certamente considerava a posição em que se encontrava humilhante, e tentava ao máximo lutar. Contudo soltei, apenas de leve, minha parte lupina para brincar. Demos um rugido alto que abalou os ossos dos dois presentes, fazendo Wyatt parar de se mexer imediatamente.

– Merda. – Ouvi Sam xingar baixinho.

– Fale. – pressionei sua traqueia com uma mão, fazendo-o se engasgar.

– Tá bem, tá bem! – falou com dificuldade. Cedeu finalmente, como era de se esperar, e senti-me reconhecida de uma forma que eu não conseguiria dentro de uma alcateia. – Maxwell foi para a floresta.

– Qual floresta?

– Grudada na rodovia que vai ao aeroporto – explicou.

– Muito bem – respirei fundo antes de fazer minha última pergunta. – E o que ele foi fazer lá? Só dar uma corrida? Por que vocês se esforçariam tanta para esconder isso de mim?

– Ele foi se encontrar com algumas pessoas…

– Pare de tentar ser vago comigo! – explodi. – Não perca meu tempo, Wyatt, que inferno! Será que já não sacou que, se você não fosse meu irmão de alcateia, eu já teria esmagado seus ossos até virarem pó?

– Ele foi atrás da fêmea! – A loba… – Foi atrás da Rebecca Young, mas também foi se encontrar com uns lobos que-

– Chega – interrompi. – Já sei o que me importava. Vou atrás daquele infeliz.

Quando bati a porta do quarto, antes de me dirigir ao meu carro, ouvi ambos suspirarem de alívio, como se a situação tivesse corrido bem melhor do que esperavam. Ignorei esse pensamento, não conseguindo me concentrar em nada que não fosse a imagem mental de Maxwell em cima de outra garota.

 

-x-

 

O sangue estava em meus olhos. Adentrei a floresta sem nem poder apreciá-la devidamente. Em minha cabeça só se passavam duas coisas: dar um jeito na loba e encurralar Maxwell. Ele ia definitivamente me dar alguma satisfação, ou então ia pra rua. Bem, pelo menos no que dizia respeito a nós dois.

Os cheiros na floresta estavam bastante misturados, pelo visto a alcateia havia feito uma caçada ali há pouco tempo. Andei por um bom tempo sem rumo, apenas seguindo as trilhas que havia para humanos que gostavam de acampar.

Após o que para mim pareceram séculos, e após muita discussão interna com minha loba sobre formas de tortura mais eficientes, consegui pegar um rastro. Era o cheiro de Max, certamente.

Segui seu cheiro e, à medida que fui o seguindo, peguei o cheiro de uma mulher. O cheiro dela estava levemente mais fraco do que o dele, o que me fez pensar que Maxwell não estava exatamente acompanhando a moça. A compreensão de que meu namorado tinha, sem sombra de dúvidas, seguido e espionado a mulher me deixou furiosa. O que ele tanto queria com essa tonta?

O pior, entretanto, ainda estava por vir. Segui o rastro de ambos até um riacho, onde logo percebi que duas coisas haviam acontecido.

A primeira coisa a me chamar a atenção foi o carregado aroma de excitação. Naquele lugar algo havia acontecido. Algo que havia deixado ambos excitados. Não consegui segurar minha loba, sentindo minhas presas saírem à mostra e minhas unhas se alongarem até virarem garras.

Contudo, quando finalmente criei coragem para me aproximar do local, o segundo ocorrido me atingiu com um choque. Eles haviam brigado, de fato lutado, inclusive ao ponto de tirarem sangue um do outro. Inspecionei as pedras do riacho, onde havia manchas de sangue que eu sabia, pelo cheiro, que eram de Max. Ele havia caído no riacho. Inspecionei também um tronco de árvore, onde aparentemente a tal Rebecca havia sido prensada, e onde também havia respingos de sangue dela. Tudo ali ainda estava fresco.

Eu estava confusa, de fato, mas isso não me deixava menos irada. Continuei a seguir o rastro de Max, que agora havia se bifurcado do de Rebecca. Primeiro eu ia lidar com ele, depois com ela.

Segui o rastro dele por mais ou menos mais um quilômetro até perceber que ele havia dado uma volta enorme só para encontrá-la novamente. O rastro dessa vez me levou até a estrada de novo, mas, como eu esperava, ali não havia ninguém. O cheiro de Rebecca indicava que ela havia seguido a estrada e ido embora, mas Max voltara para a floresta.

Ainda mais impaciente, pois teria de ir atrás dela mais tarde, corri enquanto seguia o cheiro do meu namorado. Não me levou muito mais que dez minutos para finalmente alcançá-lo, encostado contra uma árvore segurando o nariz sangrento.

– Kenna?! – exclamou quando eu apareci através da mata, espantado.

– O que você estava fazendo? – Eu marchava até ele, pisando com tanta raiva e tanta força que meus pés quase fincavam na grama.

– O que você está fazendo aqui? – Não deixou meu humor afetá-lo, e eu realmente não esperava que fosse o afetar. Eu e Max éramos de dominância parecida, então não esperava que ele fosse reagir como Sam e Wyatt.

– Responda à minha pergunta, Maxwell. Não jogue as coisas pra cima de mim.

– Por que você está tão agressiva? E me responda você, o que está fazendo aqui? Era para você estar em Seattle. – Levantou-se, claramente se irritando comigo. Esse era um dos pontos fracos dos lobisomens dominantes, a maçante maioria perdia a paciência em questão de segundos.

– Por que você acha que estou agressiva, gênio? Acha que eu já não saquei o que aconteceu nessa porra dessa floresta? – Nossas vozes já estavam se elevando. – E você quebrou o nariz? – perguntei quando ele tirou a mão e pude ver o ângulo torto em que estava.

– Quebrei sim, que se foda.

– Mas você é um babaca mesmo, não é? – falei com escárnio.

– O que você quer de mim, diabos?! – gesticulava violentamente com os braços. – Por que você veio aqui me encher o saco? Por que não ficou na merda da sua alcateia, comportada, ao invés de se meter nos assuntos dos outros?

Dei um passo para trás, mas não por medo. Eu havia sido ferida por aquelas palavras, e o choque de ouvi-las de Maxwell – que até então havia sido um namorado esplêndido, muitíssimo diferente de como estava agindo agora – havia me feito recuar. Ele viu isso como um sinal de submissão, avançando lentamente em minha direção.

– Qual direito você acha que tem de me seguir, de me rastrear como se eu fosse um coelhinho que você estava a fim de lanchar? Quem você pensa que é para vir cobrar satisfação do que eu faço com minha vida?

– Eu sou sua namorada, Maxwell – rosnei em resposta. Se ele achava que eu iria me submeter a ele, só porque fui pega de surpresa por suas palavras, estava muito enganado. – Vim aqui pois, como uma moça “comportada”, estava com saudades daquele que tinha meu coração. Você estava me ignorando, seu cretino. Demorava dias para responder minhas mensagens! – Enquanto eu revelava todas essas verdades, ia percebendo quanto eu havia sido manipulada por ele. – Achei que fosse ficar feliz em me ver, que estaria sentindo saudades de mim como senti de você. Isso não é atitude de um lobo que tem planos de acasalar, Maxwell!

– Você que falava que queria acasalar logo, mas eu honestamente não sabia com quem. – Deu uma risada curta. – Eu nunca cheguei a propor.

Engoli em seco, percebendo ainda mais como eu havia sido tola. Decidi ignorar esse pequeno adendo que ele fez em nossa briga e pular para a parte mais importante.

– Eis que chego aqui e a única coisa que todos me falam é que você e essa Rebecca tinham um passado. Estava desconfiada, mas esperançosa de que nada passava de um mal-entendido. Contudo, chego nessa merda dessa floresta e vejo que vocês, pelo visto, têm um belo relacionamento de amor e ódio, ou ao menos são sadomasoquistas violentos.

– Pare de falar merda, Kenna. – Limpou mais uma vez o nariz, que ainda sangrava, e cuspiu no chão.

– Olhe aqui – Avancei nele, pegando-o pelos braços e o chacoalhando. – Não tenha a audácia de me dizer que eu entendi tudo errado; não tenha a pouca vergonha de tentar livrar sua barra. Eu vi, Maxwell. Eu farejei. Eu sei exatamente o que aconteceu.

Ele se soltou abruptamente, empurrando-me para longe dele em seguida e arranhando-me no processo.

– Foda-se então, Kenna. Vá, suma. Pode ir. Pode ter certeza de que não fará falta. – Tentava manter minhas respirações longas e fundas, para resistir à tentação de arrancar-lhe a cabeça. – Quero só ver como você irá se virar de volta em Seattle. Você tinha status, Kenna, emprestava minha autoridade para ser relevante. E agora? Vai responder a tudo e a todos? Vai abaixar a cabecinha e falar “sim, Senhora. Como quiser, Senhor”?

– Você é um grande filho da puta – sussurrei entredentes.

– Que novidade! – Ele deu uma alta gargalhada, que me deixou ainda mais enfurecida. – Pena que a notícia chegou tarde.

– Tenha a certeza de que, realmente, não quero nunca mais ver sua cara na vida. Você morreu para mim, Maxwell Kentner. Pode ter certeza de que vou atrás de sua amante de meia tigela também.

Ao ouvir meu pronunciamento, seus olhos se arregalaram e um sorriso incrédulo esboçou-se em seu maldito rosto.

– Você vai atrás de Rebecca? – perguntou, sem acreditar nos próprios ouvidos.

– Pois saiba que vou – respondi, decisiva.

– Está aí uma coisa que eu pagaria para ver. – Continuou a rir, e eu sinceramente não entendia o que havia de tão engraçado naquilo tudo. – Vá mesmo, a Rebecca merece.

Fuzilei-o com o olhar antes de dar as costas para ele e fazer meu caminho para o carro. Não dei a ele o prazer de dizer adeus. Para mim, como eu havia prometido, Maxwell Kentner havia morrido. Melhor, seria como se ele nunca tivesse sequer existido.


Notas Finais


Desculpem a demora, galera, e me desculpem também por qualquer erro!
Peço, como sempre, que continuem a me mandar a opinião e as críticas de vocês. São essenciais para o bom desempenho da história <3 Sempre levo muito a sério o que vocês têm a dizer!
Não esqueçam que junto com o próximo capítulo vem um novo jornal de personagens!
Obrigada pela leitura a todos e até o próximo! C:


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