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História Valente - Parte II - Capítulo XIII - Revisado


Escrita por: Aella

Notas do Autor


Olá leitores amados <3 Como estão passando? Espero muito que gostem do capítulo treze tanto quanto eu gostei de escrevê-lo. Vamos ver uns novos POVs e relembrar alguns que faz um tempo que não vemos. ^-^
Vejam as notas finais para conferir o último Jornal de Personagem! Boa leitura a todos.

Capítulo 13 - Parte II - Capítulo XIII - Revisado


Fanfic / Fanfiction Valente - Parte II - Capítulo XIII - Revisado

 

Clayton

 

Eu havia apenas ido procurar Becca. Procurar a droga da Becca que decidiu passear. Eu não podia me ausentar da casa do Aidan por quarenta minutos que alguma merda explodia lá dentro. Quase que literalmente. Infelizmente, não achei Becca em nenhum dos lugares que ela disse que estaria. Contudo, achei que ela pudesse estar voltando quando eu estava indo, e havíamos nos desencontrado por pouco. Foi muita sorte que decidi pegar o caminho mais tranquilo e consegui passar cedo pela casa do Alfa. Quando percebi que alguma coisa estranha estava acontecendo, decidi dar uma volta na quadra antes de estacionar, e pude ver horrorizado o estado em que se encontrava sua casa.

 

Alguns lobos estavam escondidos entre os arbustos de paisagismo na frente da casa, mas eu consegui enxergá-los apesar de eles certamente conseguirem se ocultar de olhos humanos. Os vidros estavam despedaçados e alguém em forma humana estava tentando colocar a porta de volta no lugar. Contei cinco lobos na parte da frente, mas tinha certeza de que ainda haveria alguns dentro da casa e no quintal. Aidan tinha sorte que morava em uma rua calma, e sua casa a mais afastada e recuada, pois assim as chances de outras pessoas virem o estrago em seu imóvel seria muito menor.

 

Xinguei alto enquanto socava o volante, sem querer soltando uma alta buzinada enquanto já estava no fim da quadra. Eu tinha certeza de que Mathias havia ficado lá quando saí, mas poderiam ter chegado outros dos nossos lá dentro enquanto eu estava fora, e isso não era bom.

 

Estacionei a três quadras da casa e liguei para Connor. Aquilo me cheirava à invasão. Obviamente não somente a invasão da casa de Aidan, mas só podia significar uma coisa: Alguém sabia que Aidan estava fora da cidade por tempo indeterminado e, tentando se aproveitar, estava querendo tomar nosso território.

 

Para se tomar o território de outro lobo, podia-se fazer de duas maneiras: A primeira maneira seria tomando sua alcateia, no caso, matando o Alfa – provando-se mais dominante que o Beta, Gamma e os demais – e tomando seu lugar. A segunda maneira, apesar de mais trabalhosa, era menos arriscada para o lobo invasor em si, pois ele mesmo traria consigo sua própria alcateia, ou poderia formar uma ali na hora. Juntos expulsariam, incorporariam ou dizimariam a alcateia local.

 

Claramente, os lobos que vi não eram nossos, portanto eu deduzia que o invasor estava tentando implantar sua alcateia no lugar da nossa e havia, aparentemente, tido sucesso em seu primeiro passo: tomar a casa do Alfa, que era considerado o coração de alcateia, onde todos eram bem-vindos e se reuniam.

 

Entretanto, ele ainda tinha de nos expulsar do território ou fazer-nos se juntar a sua alcateia, mas sob seu domínio. E isso ele não conseguiria.

 

– Fala, Clayton? – falou Connor do outro lado da linha, soando despreocupado e fazendo-me ter certeza de que ninguém além de mim sabia da situação ainda. – Estou quase saindo para minha hora de almoço, cara, mas pode falar.

 

– Connor, temos uma emergência. – Tentei me controlar para não berrar ao telefone, pois estava enfurecido com a ousadia daqueles lobos. Mesmo assim, eu sabia que minha voz saía um tanto alterada.

 

– Diga, Clayton. O que aconteceu? – Agora eu havia chamado sua atenção, estava atento à minhas palavras. Ouvi sua cadeira do escritório ranger, provavelmente tinha se endireitado para prestar mais atenção.

 

– A casa do Aidan foi invadida. Está tudo quebrado, a porta arrombada. Consegui avistar cinco lobos de vigia no jardim da frente. Estão escondidos o suficiente para humanos, mas tenho certeza do que vi.

 

– Você não estava lá? – indagou Connor, acusatório. – Hoje era seu dia de ficar na casa. Não tirou folga justamente pra isso?

 

– Não, eu não estava lá – rebati. – Rebecca saiu sozinha para dar uma olhada na casa dela, mas ela começou a demorar e decidi procurá-la. Além do mais, deixei Mathias lá quando saí. Ele falou que ia esperar até eu voltar com ela ou até ela aparecer.

 

– Entendi – respondeu, compreendendo a busca pela nossa irmã de alcateia. – Mas não confio em Mathias para guardar nossa casa! – xingou longe do telefone antes de continuar. – Até onde sabemos ele pode muito bem estar por trás disso!

 

– Eu não apostaria nisso, Con. Acho que Mathias estava ocupado demais pensando em outras coisas para orquestrar algo assim. Planejar uma invasão leva tempo.

 

– Quais coisas? – perguntou, curioso sobre minha certeza a respeito da inocência de Mathias.

 

Abafando uma risada, respondi:

 

– Rebecca. Ela estava prestes a dar um fora nele, e acho que ele pressentia isso, pois estava agindo de maneira estranha.

 

– Não acredito – Connor bufou do outro lado de linha, permitindo-se rir. – Mesmo assim, não temos como descartá-lo totalmente.

 

– A menos que alguém o ache – sugeri. – Sério, Con, eu apostaria que Mathias não está envolvido. O cara estava mal, Becca estava fugindo dele e ele sabia que ia levar um pé na bunda.

 

– Hmpf.

 

– Além do mais, o cara é apaixonado pela Rebecca. Ele não faria isso.

 

– Nem para tentar conquistá-la?

 

– O quê? Não entendi. – Connor havia me pego desprevenido.

 

– Pense, Clayton, pelo que ouvimos sobre a missão deles com Elizabeth Roman, a única coisa que impedia os dois de, de fato, levarem um relacionamento adiante é a presença de Aidan.

 

– Você acha que ele faria isso? Tomaria o lugar do Alfa?

 

– Ele não tomaria o lugar, com sua dominância não aguentaria muito. Em pouco tempo outro lobo o desafiaria. – Connor descartou rapidamente. – Mas ele se beneficiaria só por Aidan não estar mais na história... E ele tem os solitários para isso. Conseguiria fazer de um jeito com que ele parecesse inocente.

 

– Não tive como reconhecer aqueles lobos, nunca vi os solitários transformados e passei muito rápido para conseguir pegar algum cheiro – comentei. – Mas, sério, Con, isso não está cheirando a Mathias.

 

– Ele é um solitário, cara, e trouxe consigo um bando igual a ele. Solitários tipicamente não conseguem ficar muito tempo sem arranjar briga e confusão. E assim que a gente avisar Aidan, ele virá voando e os lobos terão sua chance de matá-lo.

 

– Podem ser os outros lobos – sugeri, pensando nos reforços que Joseph havia cedido.

 

– Você acha que vieram de fora? Mas nenhuma outra alcateia sabia da nossa situação!

 

– Alguém pode ter vendido a informação, mas não bem isso que estou pensando – sussurrei, refletindo comigo mesmo ao mesmo tempo em que conversávamos. – Não exatamente lobos de fora...

 

– Os homens de Seattle? – indagou, entendendo onde meus pensamentos estavam. – Acha mesmo que eles fariam isso? Têm sua própria alcateia, uma alcateia poderosíssima, inclusive.

 

– Talvez estejam fartos de viver em uma alcateia tão grande. Com tanta gente, passam despercebidos. Aqui, seriam os únicos donos do pedaço. Além disso, aquele Maxwell sempre me cheirou a problema. Lembra quando ele apareceu no almoço depois que Becca acordou?

 

– Lembro – recordou Connor, sua voz carregada de preocupação. – Ela não gosta dele, percebi isso também. Mas Liam a questionou, ela não quis falar a respeito.

 

– Exato. Se Becca não gosta do cara, eu não gosto do cara. – Respirei fundo pois minha raiva começava a aumentar. – A Becca se abriu com o Mathias ontem, Con. Ele me contou um pouco sobre Maxwell. O cara é um filho da puta certificado. Eles se odiavam durante o tempo dela em Seattle. Se ele de alguma forma conseguiu pegar ela... pode ser perigoso.

 

– Talvez você tenha razão, Clay – admitiu Connor, pensativo. – De qualquer forma, precisamos nos reunir para ver como abordar essa situação. Você falou em cinco lobos de vigia?

 

– Que eu consegui distinguir, sim. Talvez houvesse mais. Tentei não chamar a atenção, talvez eu tenha perdido um ou dois. Mas tenho absoluta certeza de que são mais do que isso, caso contrário não tentariam tomar nosso território com tão poucos.

 

– Muito bem. Vou ligar atrás do pessoal e ver se todos me atendem, ver se não ficou ninguém preso lá dentro da casa. Acho arriscado nos reunirmos na casa de qualquer um de nós nesse momento. Até onde sabemos eles podem estar apenas nos esperando voltar de nossos trabalhos ou já podem ter feito os outros que ficaram em casa de reféns. – Connor planejava tudo com a devida responsabilidade de um Gamma.

 

– Onde nos encontraremos, então?

 

– Vá para a trilha do parque do aeroporto. Nos reuniremos no estacionamento. Duvido que os lobos de Maxwell estejam dando uma corridinha numa hora dessas.

 

– Está certo. Tente falar com Becca. Se ela não atender, devemos nos preocupar. Não achei ela quando saí procurá-la. Mas ela já deveria ter voltado para casa do Aidan há essa hora.

 

– Sinto muito, Clayton – disse Connor, com a voz entristecida. – Não podemos ir atrás dela de cara. Se ela tiver sido pega, mesmo assim teremos que nos reagrupar e montar um plano de ataque. Temos que avisar Aidan ou Trevor e, daí sim, tomar nossa casa de volta.

 

Suspirei, apertando as mãos contra o volante em frustração.

 

– Sei que está certo, Con, mas o amaldiçoo por isso.

 

– Vamos torcer para ela ter se atrasado um pouco mais, irmão, e não ter voltado antes disso acontecer.

 

– Vamos torcer – concordei, desligando o celular e acelerando, rumo à nossa trilha conhecida.

 

~x~

 

Mathias

 

– Maldita seja – grunhi, amassando um besouro com o pé enquanto caminhava pela trilha. – Ela vai se arrepender um dia. Vai ver o erro que cometeu, mas será tarde demais.

 

‘Será?’ – perguntou meu lobo, sem ele mesmo saber a resposta. – ‘Temos de superá-la, mas, se ela voltar, conseguiremos mesmo mandá-la embora?

 

– Não tenho certeza – respondi com um suspiro. – Se ela voltar, acho que a aceitaríamos. Porque somos idiotas e imbecis, e só caímos por mulheres idiotas e imbecis.

 

Chutei uma pedra em protesto, que saiu rolando pela trilha. Eu não sabia o motivo, mas havia decidido voltar para a floresta depois que Rebecca havia me dado seu adeus, e desde então havia passado algumas horas remoendo o que havia acontecido em meio às árvores. Essa floresta não era minha, nenhuma floresta era, já que eu e meu lobo preferíamos a vida de nômade, mas ela havia conquistado um lugar especial em meu coração.

 

‘Porque é a floresta dela.’

 

Amaldiçoei Rebecca pela centésima vez e, enraivecido novamente ao lembrar-me dela, decidi voltar. Eu não tinha para onde voltar, exatamente. Talvez pegasse minha moto e voltasse para Vegas. Talvez eu convencesse meus amigos a ir comigo para outros lugares.

 

Meus amigos, inclusive, que eu não via há alguns dias. Desde que Becca havia acordado eu não havia os visto e, mesmo alguns dias antes eles tinham estado meio distantes. Provavelmente porque estavam fartos de me esperar aqui, nesse fim de mundo que alguém decidiu chamar de capital.

 

Chegando perto do estacionamento, comecei a ouvir vozes. Aguçando meus ouvidos, reconheci Clayton e alguns outros lobos da Alcateia de Columbus. Talvez estivessem aqui para fazer uma caçada em grupo, mas a noite ainda levaria no mínimo uma hora para cair, eu achava cedo para uma corrida. Decidi juntar-me a eles, mesmo que eu corresse o risco de trombar com Rebecca. Precisava avisá-los de que eu iria embora, mesmo que Aidan e os outros lobos não tivessem voltado ainda. Eu simplesmente não iria mais ficar aqui, não com Rebecca tão perto de mim e tendo me rejeitado.

 

– Se havia cinco no lado de fora, no mínimo deve haver mais cinco lá dentro. Eles não colocariam a maioria somente de guarda na frente.

 

– Nate tem razão. Cinco na frente. Mais uns três atrás e nas laterais. O líder deve estar lá dentro, agindo como o filho da mãe que é e fingindo ser um Alfa. E como Nate também disse, com mais um grupo de lobos dentro da casa.

 

– Espero pelo bem do desgraçado que, caso esteja mexendo na casa, que esteja apenas mexendo com as coisas materiais.

 

– Você está dizendo o que eu acho que está dizendo, Liam?

 

– Pensem. Se Rebecca está mesmo lá, e deve estar pois Clayton não a achou e por ela não atender o telefone, ela está à mercê deles.

 

– Que merda! – reconheci Clayton. – Connor, não devemos deixá-la lá como refém!

 

– Ainda não consegui entrar em contato com nenhum dos caras na Cidade do México. Preciso, no mínimo, avisá-los do que os espera e do que vamos fazer.

 

– Maldição!

 

Ouvi o som de punho chocando-se contra árvore e franzi o cenho. Precisava saber o que estava acontecendo e que estava deixando todos os lobos tão apreensivos e violentos.

 

Aproximei-me com cautela, não querendo alarmá-los ou fazê-los descontar sua frustração em mim. Movimentei-me de forma propositalmente barulhenta, forçando-os a notar minha presença e sem correr o risco de pegar ninguém de surpresa.

 

– Mathias? – Connor perguntou ao me ver, parecia, apesar de meus esforços, ainda muito surpreso com minha aparição.

 

– Vim dar uma caminhada – expliquei-me, incomodado que todos me olhavam com tanto espanto. – O que está havendo?

 

– Eu falei que ele não tinha nada a ver com isso! – exclamou Clayton, desfazendo por um breve momento sua carranca e sorrindo para mim. – O cara é inocente.

 

– Pelo que me parece, é mesmo – respondeu um confuso Connor.

 

– Eu sinceramente não sei do que estão falando. – Comecei a ficar preocupado, vendo que todos estavam aqui exceto uma pessoa. – O que está acontecendo? – repeti.

 

– Estamos sendo invadidos – explicou-me o ruivo Liam. – E achávamos que você estava dentre os responsáveis.

 

– Eu? – perguntei indignado. – Por que achariam que eu faria uma coisa dessas?

 

– Porque é um solitário em um território com uma pequena alcateia que está perigosamente desprotegida. – Spencer respondeu-me, como se fosse óbvio.

 

– Mas estou aqui com meus amigos justamente para protegê-los!

 

– Sim, mas seria a oportunidade ideal para você tirar Aid-

 

– Desculpe, você era nosso principal suspeito. – Fiquei chocado com o pedido de desculpas que interrompeu uma acusação que eu realmente não queria ouvir. Como foi Liam, um dos submissos, quem fez o pedido, aceitei-o de bom grado.

 

– Vocês pensaram em mim, mas não pensaram naquele canalha do Maxwell?

 

Connor e Clayton se entreolharam.

 

– Ele também é um suspeito. Contudo, honestamente, ele parecia menos suspeito do que você, tendo em vista que já possui uma boa posição em sua alcateia e, bem, foi bastante prestativo durante a missão em Las Vegas – Connor falou, calmamente, apenas esperando minha reação.

 

– Logicamente faz mais sentido culpar o solitário. Afinal, os solitários são sempre instáveis e certamente devem invejar a sintonia e organização de uma boa alcateia – falei em deboche. Nenhum deles pareceu achar graça.

 

– Certo, agora que Mathias está aqui, e não participando da invasão, será que podemos ir logo para a casa? Rebecca estaria fazendo todo o possível para salvar um de nós, caso os papéis estivessem invertidos.

 

– Acalme-se, Clayton – Connor ordenou, o que fez o outro lobo fechar seus olhos e respirar fundo no ato. – Spencer, tente novamente falar com Trevor. Nate, tente Riley. Liam, chame George.

 

– Não acredito que não conseguimos falar com eles!

 

– Está indo direto para a caixa postal – advertiu Nate.

 

– Aqui também.

 

– Não é possível que tenham deixado os celulares desligados – Connor praguejou.

 

– Não deve ser isso – Liam comunicou seus pensamentos. – Eles jamais fariam isso. A bateria deles pode ter morrido. Ou podem estar sem sinal.

 

– Se isso é verdade, então eles estão fazendo algo importante – sugeriu Nate. – Talvez não consigamos falar com eles tão cedo.

 

– Não devemos deixar Rebecca passar mais tempo do que o extremamente necessário com esses caras. Temo pelo que eles possam estar planejando – falou Spencer, enquanto discava rapidamente em seu celular, em vão. – Ela só pode estar dentro da casa e, se está, já faz um bom tempo.

 

– Tá legal, – Connor cedeu. – Mas eu preciso ao menos tentar falar com algum lobo antes de tomar minha decisão como Alfa temporário. Liam, ligue para o telefone de Robert Landon. A essa altura, precisamos nos comunicar com qualquer um lá.

 

Continuaram a tentar, em vão, falar com a alcateia. Nenhum dos celulares dos lobos, nem de Scarlet, pareciam estar recebendo ligações. Liam conseguiu entrar em contato com Robert, mas foi de pouca ajuda, pois Robert não sabia do paradeiro dos lobos, pois tinha passado os últimos dias resolvendo outras intrigas políticas. Aparentemente a Alcateia do Maine havia cedido Robert para ajudar, mas não sem visar alguma oportunidade para si também. Por algum motivo, nossos lobos não estavam em seus quartos de hotel e não havia sinal de onde poderiam ter ido. O máximo que Robert pôde fazer foi já começar a preparar as coisas para voltarem para cá. Todos sabiam que, ao saber da notícia, Aidan viria para Columbus imediatamente.

 

Depois de um tempo interminável, em que já começávamos a debater as melhores estratégias, ouvimos o celular de Connor tocar, e uma voz falar ao ouvido dele.

 

– Oi Con, é o Trevor. Queria ligar para saber como estão as coisas. A loba de Rebecca voltou, não é? Você não faz ideia das coisas bizarras que estão acontecendo por aqui cara, mas Scarlet e Aidan estão bem.

 

– Trevor, cara, estamos tendo uma emergência. Estava tentando falar com vocês há horas! Passe para o Aidan pelo amor de Deus.

 

Trevor resmungou alguma coisa sobre Selvagens e interferência, mas não reclamou e nem esperou para cumprir o pedido. Ouvimos ele discutindo com outras pessoas, que pareciam não querer deixar Trevor tirar Aidan de onde ele estava. Ouvi algumas palavras como “vulnerável” e “em recuperação”. Mas aparentemente Trevor, tendo notado a urgência do Gamma, ignorou prontamente todas as advertências.

 

– Alô, Connor? O que está havendo, estão todos bem? – Era Aidan, mas sua voz parecia arrastada, como se ele estivesse meio chapado, fazendo nós lobos nos entreolharmos. – Desculpe, eu estava- fora de área, digamos assim. É uma longa história.

 

– Aidan, ainda bem! Já íamos agir sem você. – Connor suspirou, aliviado, finalmente tendo conseguido entrar em contato com seu Alfa. – Estamos sendo invadidos.

 

Connor então prosseguiu em detalhar todos os acontecidos até o momento para Aidan, quantos lobos havia e quais eram os suspeitos. Fiquei surpreso em ouvir que eles achavam que meus amigos estavam envolvidos, mas, pensando mais a fundo, eu mesmo não descartaria essa possibilidade. Estavam agindo de forma muito estranha e, além do mais, talvez desejassem ter um pouco de poder para eles mesmos. Apenas me surpreendi que não haviam me contado nada. Não me convidaram para nada. Deveriam saber que eu jamais apoiaria uma coisa dessas.

 

Quando Aidan perguntou se estavam todos bem novamente, Connor hesitou por um momento antes de falar.

 

– Não conseguimos contatar Rebecca. Temo que ela esteja entre eles – avisou com cautela. – Temos quase absoluta certeza de que ela estava na casa quando a invadiram.

 

Naquele momento todos ouvimos um ruído metálico horroroso, que machucou nossos ouvidos, e a ligação cair.

 

– O que… aconteceu? – perguntei, aproximando-me de Connor.

 

– Pelo que parece, algum problema no aparelho – respondeu, pestanejando e esperando uma ligação de volta de seu Alfa. Pelo visor, pude ver que dessa vez a ligação veio de outro número.

 

Conseguiu então falar com Trevor que revelou que seu Alfa havia esmagado o celular ao ouvir nosso relato. Após se certificar de que Aidan não destruiria um adicional, passou o telefone para eles discutirem o que fazer.

 

– Vocês vão cercar a casa – instruiu o Alfa. – Estudem bem o local e apenas observem, não quero nenhum lobo morto e estaremos em minoria mesmo quando eu chegar. Vou imediatamente atrás de Robert e pedir que nos leve em sua aeronave até aí, mas demorarei ainda algumas boas horas a chegar. Quero que se mantenham a distância, sem serem notados. Fiquem com os olhos fixos na casa, na movimentação. Quero, no mínimo, dois pares de olhos na Rebecca o tempo inteiro até eu chegar, entendeu?

 

– Está certo, Aidan – respondeu Connor, frustrado por não poder entrar em ação. – Faremos o melhor para conseguir tê-la em vista, mas para isso, vamos ter que contar com a sorte de conseguir vê-la por alguma janela. Será difícil, Alfa. Não acha melhor já iniciarmos o combate?

 

– Não! Sem nós aí para ajudar, será perigoso para vocês. Mesmo quando chegarmos, eles estarão em maior número e, não se esqueça, esses são lobos mandados para nos ajudar. Os melhores de Joseph. E, bem, mais alguns solitários jogados ali no meio – falou com desdém, fazendo-me querer rosnar. – Espere-me chegar se for possível. Mesmo com todos, não será uma luta fácil.

 

– Pode contar conosco. Não vamos nos deixar intimidar pelos números.

 

– Mas não façam nada precipitado, a menos que extremamente necessário – Com um suspiro, continuou. – Tentem esperar nossa chegada.

 

– Está bem, Aidan. Vamos nos organizar para cercá-los já. Estamos na entrada da floresta habitual. Por favor, faça Robert se apressar. Estamos preocupados.

 

– Eu também, Connor – rosnou Aidan, senti em sua voz que seu lobo estava prestes a se soltar. – Eu também.

 

~x~

 

Lucius

 

– Luke, o que você acha desse aqui?

 

Alice falou em um tom sensual, enquanto desfilava pelo seu quarto. Estava há mais de meia hora tentando escolher um vestido, mas eu tinha quase certeza de que era proposital. Ela estava apenas buscando uma desculpa para ficar demonstrando suas curvas na minha frente. E, se quer saber, eu não estava inclinado a reclamar.

 

– Prefiro o outro – respondi, lembrando-me do vestido prateado que tinha um enorme decote nas costas que ela havia acabado de provar. Usava um vermelho agora, mas o outro era mais provocante.

 

– Esse é mais comportado – argumentou. – Estamos indo à festa de retorno de seu pai, afinal.

 

– Você é quem sabe – falei, pondo meus braços atrás de minha cabeça e me acomodando melhor em sua cama, onde eu estava deitado e sem roupas. – Meu pai não teria problemas em te ver com um vestido escandaloso. Mas teria que lidar com Dona Gwyneth e suas escudeiras – brinquei, referindo-me a minhas cunhadas, que certamente desaprovariam.

 

Com um suspiro, Alice rebolou de volta até seu closet, onde provavelmente provava ainda mais um novo vestido.

 

‘Quantos vestidos de festa essa mulher tem?’ – indagou meu lobo, surpreso por ela ainda ter alguma roupa que nós não havíamos visto para provar. – ‘Ela não cansa, não?’

 

– Deve fazê-la se sentir bonita – sussurrei para meu lobo.

 

‘De fato é bonita, mas não precisa fazer um desfile.’

 

– Eu não estou achando ruim.

 

‘Eu sei que não, e isso me incomoda’ – bufou, e decidi ignorá-lo e aproveitar a mulher que eu tinha diante de mim.

 

Após mais alguns minutos, Alice apareceu novamente de seu closet, desta vez com um longo vestido verde esmeralda de mangas compridas, porém com um corte que deixava à mostra metade de sua coxa direita.

 

– O que acha desse, Luke? – perguntou, fazendo, pela milésima vez, seu caminho pelo quarto como se fosse uma modelo, rebolando e rodopiando para mostrar-me todos os ângulos de beleza que ela possuía.

 

Por mais linda que ela estivesse naquele vestido, por mais delineado e desejável que seu belo corpo ficava com aquele corte, algo naquele modelo me incomodou. Franzi o cenho e ela fez um bico ao ver minha expressão.

 

– O que há de errado com esse? É minha perna, não é? – respondeu a si mesma, sem me dar uma chance de dizer nada de imediato, como era de costume. – Minha perna à mostra é demais para a festa do Letum, é isso?

 

– Não – respondi. – Não é isso. É só… Não sei, não gostei desse. Não sei dizer o que é, mas não use esse.

 

Com um suspiro e um negar de seu cabeça, voltou ao closet, parecendo irritada por eu ter tido tanta aversão a um de seus vestidos, certamente um dos modelos que ela achava mais sensuais.

 

‘Tenho certeza de que você sabe porque não gostou daquele’ – começou meu lobo, irritando-me. – ‘Apenas não quer admitir.’

 

– Não sei do que está falando. Apenas não gostei – sussurrei, certo de que Alice estaria muito ocupada em meio às suas roupas para conseguir captar minha conversa interna.

 

‘Ah, sabe.’ – ele deu uma risada sarcástica, irritando-me mais. – ‘Aquele vestido, naquele tom… Em que você pensa quando vê aquela cor, Luke?’

 

Involuntariamente, peguei-me mentalizando o rosto de Scarlet Bridges, rosto esse que eu já não via há tanto tempo. Meses, que mais pareciam anos. Seu cabelo ruivo, à luz do sol, emoldurava sua face, onde seus olhos verdes profundos me encaravam com carinho. De repente, seu cenho se franziu, e seus olhos estavam carregados de mágoa e ressentimento. Balancei a cabeça e pisquei os olhos, tentando tirar a imagem dela de minha mente.

 

‘Você pensa nela, Luke. Em seus belos olhos que você tanto adora olhar. Não quer Alice vestida daquele jeito, pois aquela cor sempre remeterá à Scarlet.’

 

– Que coisa besta – resmunguei. – Scarlet se foi. Estraguei qualquer coisa que poderia ter acontecido com ela. Além do mais, estou aqui agora, e tenho Alice.

 

‘Alice não é Scarlet, Luke, e nunca será. Eu já percebi isso, só me pergunto como é que você ainda não percebeu.’

 

Rosnei para mim mesmo, levantando-me da cama e indo ao banheiro jogar uma água no rosto.

 

– Luke? – chamou Alice, notando minha ausência no quarto.

 

– Já vou – respondi, olhando-me no espelho.

 

Eu era Lucius Landon, terceiro filho de Octavian Landon, Letum do continente norte americano. E ultimamente estava discutindo com meu lobo feito um idiota, como eu nunca havia feito antes. Todas as discussões tinham a ver com uma só pessoa. Uma só raposa.

 

-x-

 

A festa estava entediante, como era de se esperar. Eu nunca havia gostado desses eventos formais, mas sempre havia sido obrigado a participar deles. Antigamente, para me distrair do papo político e das incontáveis conversas fiadas que tinha de ter com as pessoas importantes, ficava correndo atrás das moças. Dessa vez, porém, eu estava acompanhado e, apesar de minha acompanhante estar absolutamente deslumbrante no vestido prateado que eu havia escolhido, permitindo-me admirar suas belas costas e pensar em acariciá-las, eu continuava entediado.

 

Eu estava comendo alguns petiscos enquanto tentava manter uma conversa com nosso gerente do banco. Ele voltava a querer falar sobre as finanças, tentando convencer-me a convencer meu pai a mudar a forma de investimento das reservas da alcateia, e eu voltava a distraí-lo com outros assuntos. Finalmente consegui me esquivar dele, indo até a mesa de bebidas e desejando muito poder encher a cara.

 

Avistei então o Letum, sempre elegante e com a mulher nos braços, conversando com o Alfa da Alcateia de Halifax, Nova Escócia, no Canadá. Haviam sido convidados apenas os Alfas das alcateias mais próximas, como era de costume quando Dona Gwyneth dava suas festas. Logicamente, eles não sabiam o real motivo da festa, o fato de meu pai ter se recuperado de sua “pequena” ruptura mental. Apenas os mais confiáveis sabiam disso. Para os outros, era apenas uma festa para comemorar mais um ano de casado de meu irmão Alexander e Pearl que, de fato, fariam aniversário de casamento naquele mês. Os dois, portanto, não se desgrudavam e pareciam perdidamente apaixonados. Apesar das aparências, eu sabia que os dois não estavam fingindo. Ambos realmente eram perdidamente apaixonados até hoje.

 

Arabella, entretanto, mantinha-se distante. Percebi que estava deslocada, sendo a única fêmea acasalada a estar desacompanhada. Robert, para seu desgosto, ainda não havia voltado do México. Havia avisado que chegaria em breve, mas o fato era que não estava presente para acompanhá-la.

 

Avistei Alexander e Pearl se juntando ao meu pai e ao Alfa de Halifax, e notei Alice se enrijecer ao meu lado, também percebendo. Essas pequenas reações dela faziam meu lobo ficar furioso, porém eu não deixei transparecer. Eu e ele não estávamos conseguindo nos entender sobre esse assunto. Eu sabia que toda a admiração no olhar de Alice, quando focados em nós, era pelo Lucius, terceiro filho do Letum, e não pelo Luke. Mas, naquele momento em minha vida, eu não queria me importar. Queria aproveitar Alice, já que, se eu fosse honesto, não havia muito mais o que aproveitar aqui fora ela.

 

Ela terminou sua bebida, colocando o recipiente vazio na bandeja de um garçom que passava, e nos puxou para a direção da roda de conversa em questão.

 

– Ah, olha quem chegou, meu filho mais novo – falou o Letum, olhando para mim de uma forma que nunca havia olhado antes. Parecia satisfeito, vendo-me de terno e bem arrumado, conversando com pessoas importantes para a alcateia e principalmente com uma fêmea respeitável a tiracolo.

 

– Lucius! Há quanto tempo. – Owen, o Alfa de Halifax, apertou-me a mão em cumprimento, mas depois a depositou na lombar de sua esposa.

 

– Olá Owen, espero que esteja bem. Boa noite, Olivia. – falei, cumprimentando a fêmea Alfa.

 

– Olá – cumprimentou-me com sua voz melodiosa. – É um prazer revê-lo. Mas, devo confessar que minha curiosidade é grande em relação à sua companhia.

 

Percebi que não havia apresentado Alice para eles ainda. Ela já era membro da alcateia desde nascença, mas não havia tido motivos até então para diretamente falar com o Alfa de Halifax e sua esposa em nenhuma ocasião.

 

– Oh, Lucius, que falta de educação! – repreendeu-me minha mãe, olhando para Alice com desculpas no olhar. Desculpas pelo comportamento do filho idiota.

 

– É claro, onde estão meus modos? – Sorri sem graça para minha mãe. – Alice, esses são Owen, o Alfa da Alcateia de Halifax, e Olivia, sua companheira. Owen, Olivia, essa é Alice.

 

– Não sabia que havia acasalado, Lucius. Que maravilha! – comentou Olivia, certamente surpresa por não ter recebido a notícia do último filho solteiro do Letum ter decidido atar seus laços. E nem um convite para a cerimônia.

 

–Não! – apressei-me em esclarecer, antes que os dois ficassem muito ofendidos com um evento que nem havia acontecido. – Ela é só minha…

 

– Sua namorada, Lucius. Ela é sua namorada – respondeu Alex, sem perder a oportunidade de me pentelhar e soltando uma risada abafada. Quase rosnei para ele, mas congelei no lugar ao receber o olhar mortal tanto de minha mãe, quanto de Alice.

 

– Sim, é claro – respondi, dando um dos meus melhores sorrisos, fingindo que absolutamente nada de constrangedor havia acontecido.

 

– É uma honra conhecê-los – Alice se prontificou em continuar a conversa, para amenizar sua própria vergonha.

 

– Estávamos conversando sobre as últimas notícias. – Gwyneth comentou, balançando negativamente a cabeça. – Um horror.

 

– De fato, uma tragédia – concordou Olivia.

 

– De qual notícia em específico estão falando? – perguntei, a reação das mulheres aguçando minha curiosidade.

 

– Não sabe Lucius? – provocou meu irmão e lancei um olhar impaciente para ele.

 

– Não estive muito antenado ao jornal nos últimos dias.

 

– E não faria diferença – A voz do Letum demonstrava insatisfação, minha permanência em suas boas graças tendo sido bastante fugaz. – Não é esse tipo de notícia – resmungou, evidentemente irritado com o que havia acontecido. – Alguns assassinatos estavam acontecendo no Canadá. Um seguido do outro, mas em locais distantes uns dos outros. Devido ao tempo curto entre uma morte e outra, somado à distância considerável, achamos que poderia se tratar de lobisomens.

 

Octavian deu a deixa para que Owen, que era de lá, apesar de não envolvido na investigação, pudesse terminar o relato.

 

– Fora a brutalidade das mortes – acrescentou minha mãe com um arrepio, antes de Owen prosseguir.

 

– Algumas alcateias daquela região se envolveram e descobriram que se tratava de dois solitários. – Vi Pearl bufar ao lado do meu irmão, demonstrando sua indignação e desgosto. – Imediatamente foram abatidos, mas não sem causar muita dor de cabeça. A mídia tratou como ataque de vida selvagem, ursos ou mesmo lobos da fauna local. Mas esse tipo de atenção não é benéfico para nós de forma alguma.

 

– Esses sim são os monstros, atacando inocentes dessa forma – murmurou minha mãe, e o Letum passou um braço ao redor de seus ombros para confortá-la. Seu rosto se acendeu quase que imediatamente, fazendo-me sentir pena dela. Ela havia se preocupado tanto durante a recuperação do marido, sentido tanta falta dele. Estavam acasalados há tanto tempo.

 

– A cada dia que se passa, tenho mais certeza de que os únicos solitários que não são uma ameaça à nossa sociedade são os que já estão enterrados. De preferência há muitos metros abaixo da terra.

 

O tom gélido de meu pai fez eu e meu irmão nos entreolharmos. Com muito esforço, consegui manter a expressão mais neutra possível na frente do Letum e do Alfa de Halifax.

 

– Eles sempre foram um problema, mas a cada ano que se passa, a cada tecnologia nova que os humanos desenvolvem, nós como espécie nos colocamos em cada vez mais risco. E por quê? Por um bando de lobos não civilizados? – Octavian bufou e todos ficamos apreensivos com a tensão crescente que emanava do lobo mais dominante. –Não posso deixar as coisas assim, simplesmente não posso.

 

Meu pai não entrou em maiores detalhes, e a conversa, para o bem comum, tomou outro rumo. Contudo, eu sendo filho do Letum sabia distinguir quando meu pai estava apenas estressado, bravo e quando estava furioso. Ele estava tramando algo, e isso era preocupante.

 

Consegui engatar Alice e Pearl numa conversa e discretamente puxar Alexander para pegar um refresco comigo. Ele não era ingênuo, sabia que eu queria trocar uma ideia com ele a sós, e também sabia o assunto. Pegamos algo para beber e nos apoiamos em uma coluna longe dos demais para conversar.

 

– O que foi aquilo? – perguntei, sem conseguir mascarar minha inquietude.

 

– Você achou tão ruim? – rebateu, fazendo-me franzir o cenho.

 

– Você não achou?

 

– Depende. – Ele suspirou. – Ele não falou nenhuma mentira.

 

– Tá legal, os solitários podem nos expor a qualquer momento – dei o braço a torcer. – Mas ele falou com tanta repugnância. Isso me preocupa. Ele deu a entender que está pensando em uma solução, Alex.

 

– Certo, que bom. Isso só mostra que ele está voltando às suas atividades normais e fazendo seu trabalho. – Alexander estava me irritando, dispensando minhas preocupações como se fossem infundadas.

 

– Sim, concordo que ele parece bem novamente. Mas, Alex, vamos ser honestos, ele também é um risco.

 

Novamente meu irmão suspirou, tomando mais um gole de sua bebida. Não me respondeu.

 

– Alex, ele está velho. É só uma questão de tempo até que ele não tenha mais condições de liderar. Você está confortável com o que aconteceu em Vegas? Não temos como ter certeza de que ele está pensando com clareza.

 

– Temos que dar uma chance a ele – argumentou. – Ele é experiente, é forte, e é nosso líder. Além de que recebeu a aprovação dos psicólogos.

 

– Se dermos uma chance a ele, pode ser tarde demais! Só iremos descobrir se ele está instável depois que ele fizer alguma coisa, provavelmente uma coisa equivocada.

 

– Você só está falando isso porque ele ia matar sua ex.

 

Meu lobo emergiu de meu silêncio, de dentro de minha mente. Havia sido acordado pela lembrança do Letum em um estado de frenesi, sedento para se vingar de Scarlet.

 

– Ele nunca teria tentado matar a Scar! – protestei, meus olhos tomando um tom mais claro graças à proximidade do meu lobo. – Ele estava prestes a deixar a vampira viver! Iria arriscar a vida de todos os lobos que estavam naquela missão! Independente do passado que descobrimos que ele teve com a vampira, nosso pai jamais teria agido dessa maneira se estivesse mentalmente são.

 

Eu estava exasperado, meu lobo influenciando meu mau humor, mas com razão.

 

– Os médicos levaram tudo isso em conta, Luke. E nós todos concordamos com você. Nosso pai não estava são. Contudo, agora tudo indica que ele está.

 

– Continuo achando estranha essa nova fixação dele pelos solitários, e acho arriscado esperar para ver.

 

– E o que você sugere que a gente faça, irmãozinho? – Alex perguntou, debochando levemente de mim. – Você, que nunca quer se envolver, que sempre está em busca de um jeito de se manter invisível, agora tem uma opinião? Diga-nos o que devemos fazer então?

 

– Acho – suspirei, aquietando meu lobo e a vontade de revidar meu irmão mais velho. – que está na hora de passar para frente.

 

– Passar o que para frente?

 

– Você sabe o que, Alexander – retruquei, impaciente, fitando-o com atenção.

 

Alex arregalou seus olhos e vistoriou o salão, para ter certeza de que ninguém estava vindo em nossa direção ou prestando atenção em nós.

 

– Acho que isso é algo que teremos que discutir mais extensivamente. – cochichou. – Temos que ver a opinião de Robert e de nossa mãe. Sem contar no resto da alcateia.

 

– Acha que teremos problemas com nossos lobos se o Letum for se aposentar?

 

– Esse é outro fator que me faz querer esperar, Luke. Não sei como irão reagir. Nossa alcateia é antiga e conservadora, nunca tiveram outro Alfa.

 

Alex então fez uma longa pausa, mas como eu sabia que tinha mais por vir, esperei até ele decidir continuar.

 

– E você sabe que ele não se aposentará, não é, Luke? – prosseguiu com rapidez, pois sua esposa já fazia seu caminho até nós. – Ele não dará seu lugar para Robert, nem para ninguém. Duvido muito que nós consigamos convencê-lo a passar as coisas para Robert. Se realmente conseguirmos – o que acho extremamente improvável –, será porque ele mesmo acha que está velho demais e, mesmo assim, não irá se aposentar. Em um caso como esse, ele pedirá para que acabemos com seu sofrimento.

 

– O que faremos então?

 

– É por isso que eu disse, por enquanto, deixaremos as coisas como estão. Ele acabou de voltar e acredito que está fazendo um bom trabalho. Nossa mãe também acha que ele está ótimo.

 

– E se não estiver? – indaguei, também percebendo que Alice vinha junto de Pearl.

 

– Então… – meu irmão suspirou. – Então vamos ter que nos reunir, dessa vez sem Gwyneth, e discutir se o tiraremos a força. Mas rezo para isso não vir a ser necessário.

 

Com um sorriso forçado, recebemos nossas respectivas fêmeas e fui obrigado a retornar à monotonia da festa. Contudo, os pensamentos e preocupações que perambulavam pela minha mente eram tudo, menos monótonos.


Notas Finais


Muito obrigada por me acompanharem por mais um capítulo! Espero muito que tenham gostado e que decidam dividir suas opiniões e sugestões comigo nos comentários. Desculpem, como sempre, qualquer erro que possa ter me escapado. :]
Segue o Jornal de Alice: https://spiritfanfics.com/jornais/personagens-dominante-xxvi-alice-9698983
Beijos a todos e vejo vocês no próximo, que, olha, promete e muito! haha


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