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História Valente - Parte I - Capítulo VIII - Revisado


Escrita por: Aella

Notas do Autor


BECCA VOLTOU
Não vou nem ficar enrolando aqui nas notas iniciais, vamos logo rever a Becca, galera *-*
Apenas, PELO AMOR DE DEUS vejam as notas finais. Vocês não vão se arrepender!

Capítulo 8 - Parte I - Capítulo VIII - Revisado


Fanfic / Fanfiction Valente - Parte I - Capítulo VIII - Revisado

 

Becca

 

Era como uma névoa, espessa e impenetrável. Era impossível enxergar qualquer coisa, não conseguia organizar meus pensamentos. Era como se eu estivesse à deriva no meio do oceano, o céu noturno refletindo na água, tornando difícil de diferenciar céu de mar, lá de cá. Estava perdida em uma imensidão imensurável.

Mas, depois do que pareceram séculos, como um milagre, consegui discernir certo aroma. Era caloroso e bastante convidativo. Fazia-me querer sair correndo ao seu encontro, de forma desesperadora. Levou-me alguns minutos para enfim conseguir identificar o aroma que tanto me cativava. Costela.

Quase imediatamente após eu conseguir identificar o cheiro que estava me enlouquecendo, senti uma sensação agradável sobre minha pele. Suaves e ritmadas carícias percorriam minha face, eu sabia. Sentia-as percorrendo minhas bochechas, minhas têmporas, tirando meu cabelo de meu rosto… Mãos grandes e quentes davam-me tamanho carinho, fazendo meus sentimentos – sejam eles quais forem – voltarem a mim.

Enfim parecia que eu tinha o que precisava para deixar aquele mundo de escuridão e confusão e, usando uma força tremenda que outrora eu não tivera, abri meus olhos.

Deparei-me com vastas piscinas esverdeadas que me fitavam de forma preocupada. Assim que se deu conta que eu também o olhava, meus olhos castanhos acesos, Mathias perdeu a expressão entristecida para uma mistura de espanto e alívio. Examinei o rosto dele, antes tão familiar, que se ocupava em me analisar de forma incrédula. Sua barba que roçava meu rosto quando nos beijávamos; seus olhos verdes, sempre carregados de paixão e aventura; seu sorriso maroto que fazia até mesmo eu me sentir envergonhada; seus piercings e seus longos cabelos castanhos, uma simples demonstração de sua personalidade.

Para mim, parecia que havia se passado décadas desde a última vez em que eu o vira.

E então lembrei-me de fato da última vez em que estive com ele. Uma rede de prata caía sobre mim, queimando-me a cada toque. Eu uivava, mordia, tentava desesperadamente me soltar, até me dar conta de que meu parceiro de aventura corria para salvar a própria pele. A visão do lobo negro de Mathias, olhando para trás enquanto fugia daquela ruela em Las Vegas, estaria sempre cravada em minha memória. Era algo irreparável.

Eu ainda conseguia notar todos os fatores que me fizeram cair por Mathias, mas também conseguia afirmar que não era mais tão afetada por ele quanto antes. Mathias já não causava aquele efeito que me fazia orbitar ao redor dele. Apesar de eu ainda me sentir atraída por ele, conseguia perceber que não era uma ligação tão forte quanto minha loba tinha sentido.

Minha... loba.

Como um trovão, a realização de que eu e minha loba não estávamos juntas quase me fez regredir ao meu estado anterior. Meus pensamentos ecoavam no vazio de meus pensamentos. As lembranças do maldito cientista e médico vampiro – meu ex-cunhado – Howard Holland, sacudiram-me como um tornado. As imagens passavam vívidas pela minha cabeça. Eu enjaulada, sendo sempre que possível sedada ou atiçada com ferramentas de prata, até que finalmente fui levada para o centro cirúrgico, onde perdi minha consciência vendo o rosto do miserável Howard se aproximando de mim, triunfante. Minha metade loba, em nossos últimos momentos juntas, recitava para mim o quanto me amava, o quanto havia apreciado nosso tempo juntas, e o quanto iria fazer sofrer todos os responsáveis caso sobrevivêssemos.

Sentei-me na cama num piscar de olhos, como Drácula saindo do caixão ao sentir cheiro de sangue, assustando Mathias que ainda me admirava.

– Rebecca! V-você está bem? Tem certeza de que está em condições de fazer movimentos tão bruscos? Está tonta? Eu vou chamar os médicos-

– Mathias – cortei. – Mathias, onde está minha loba? Ela… – Engoli em seco antes de conseguir terminar a pergunta. – Ela está viva, está bem? Me diga, por que raios está um silêncio tão ensurdecedor em minha mente?

Foi a vez dele engolir em seco, e percebi que não tinha forma fácil de me contar o que eu estava prestes a ouvir.

– Becca, você sofreu uma cirurgia experimental de alto risco. Altíssimo risco e, bem, altamente experimental. Aparentemente, sua loba foi o primeiro espírito lupino a sobreviver. Aquele cara, aquele maníaco vampiro, ele conseguiu o que queria. Sabe-se lá como, conseguiu separar sua alma humana de sua loba.

– O quê? Mas o-onde ela está? – indaguei, gaguejando e com a voz afinando já que eu estava prestes a perder a sanidade.

– Está com seus amigos, muito bem protegida e supervisionada. Ela está consciente desde o dia da cirurgia, mas você e seu corpo estiveram em um coma desde então. Eu estive aqui, todos os dias, aguardando você acordar.

Suas palavras fizeram-me sentir melhor, mas eu precisava saber mais sobre a loba. E, honestamente, tinha outra pessoa que eu desesperadamente precisava saber a respeito.

– Aidan. Onde está Aidan. Ele está bem? – Eu sabia que, se eu estava bem, respirando e viva, era graças ao meu Alfa, e eu devia a ele tremendo agradecimento.

Eu também desconfiava de que Aidan estaria aqui no lugar de Mathias se pudesse, e justamente por ele não estar, achava que tinha outras coisas importantes acontecendo.

Mathias não soube esconder a decepção ao ouvir minhas indagações sobre Aidan Rucker. Também fora perceptível a tensão no ar que surgiu após isso. Mesmo assim, o lobo solitário acariciou meu braço e botou-me a par de tudo que acontecera em minha ausência. Contou-me sobre o grande confronto com os vampiros, capangas e lobos de Elizabeth Roman; Como as alcateias de Columbus e Seattle se uniram – também ele e seus amigos solitários – para me salvar e me vingar. Contou-me sobre meus amigos: Corrie e Christian, forçados a voltar para sua alcateia; Luke, forçado a voltar para o Maine; e Scarlet, que estava com Aidan, Robert e alguns outros lobos no México, tentando achar um jeito de me unir com minha loba através de magia e espiritismo Selvagem.

Após toda essa enxurrada de informações, não consegui me conter. Algumas lágrimas escaparam de meu rosto. Era demais, eu havia passado por coisas demais. Minha loba havia passado por muito mais ainda do que eu, pois estava acordada, lúcida, durante todo esse tempo. Se mal havia se passado meia hora que eu havia acordado e já não aguentava a dor que a falta dela me fazia, eu não conseguia imaginar como ela estava conseguindo sobreviver por tanto tempo.

Mathias me envolveu em seus braços, apertando-me carinhosamente contra seu corpo quente. Entreguei-me ao abraço, apesar das lembranças que tinham me incomodado há pouco. Eu precisava de um apoio nesse momento. Deixei que ele me acalmasse e falasse coisas doces em meu ouvido até que as lágrimas parassem de cair e a solidão parasse de fazer meu corpo tremer.

 

-x-

 

A única forma de descrever tamanho talento de Liam era dizer que sua costela era uma explosão de sabores em minha boca. Meu paladar parecia sinalizar ao meu cérebro a certeza de que estávamos no restaurante mais caro da cidade, e não na sala de jantar do Alfa. Eu não sabia que Liam era tão bom cozinheiro, mas imediatamente duvidei da posição de Trevor como sendo o melhor cozinheiro da alcateia e Riley como o segundo, por pouco. Possivelmente deveríamos fazer uma pequena competição entre os três, certamente todos os jurados se beneficiariam.

Os médicos haviam entrado no quarto correndo quando Mathias os avisou de que eu acordei. Eles passaram cerca de duas horas fazendo diversos exames em mim, e eu nunca agradeci tanto por uma costela demorar tanto para ficar pronta, caso contrário não daria tempo de eu prová-la fresquinha. Examinaram-me com aparelhos móveis trazidos do hospital, que certamente estavam lá desde que eles me trouxeram de Las Vegas. Ao tentar me levantar e andar, senti uma dificuldade enorme – parecia que eu havia perdido força e tudo doía. Ligaram para Robert através de uma vídeo chamada, para que ele pudesse ao menos ter uma vaga ideia de como eu estava, visto que ele ainda estava no México por assuntos diplomáticos. Ele assegurou que voltaria ao Maine em breve, mas não sem antes passar aqui para me ver pessoalmente. Robert indicou-me um fisioterapeuta, ao menos enquanto eu permanecia uma mera humana, mas eu conseguia andar lentamente se apoiada em alguma coisa.

Depois que eles terminaram de me examinar e me liberaram – com algumas ressalvas – Mathias me ajudou a descer as escadas, a fim de almoçarmos com o resto de minha alcateia. Obviamente, com a comoção toda, todos lá já sabiam que eu havia acordado, mas nenhuma outra pessoa foi permitida ficar no quarto comigo enquanto os médicos me examinavam.

Foi bom conversar com todos com calma, sem nenhuma ameaça vampírica iminente nos deixando nervosos. Mesmo sem a presença de minha loba e dos meus outros irmãos que foram para o México, estava sendo um almoço agradável, não somente pela comida deliciosa do lobo ruivo. Fiquei aliviada ao ver Nate e Clayton novinhos em folha, pois da última vez que eu havia os visto ainda estavam se recuperando do confronto com Roman nas nossas florestas.

Estava tudo indo maravilhosamente bem. Até mesmo Mathias estava bastante enturmado na alcateia, e eu já havia repetido a porção duas vezes. Para a sorte de todos, Liam havia feito muita, mas muita costela. Afinal, havia muitos lobos para alimentar. Entretanto, o encanto se quebrou quando a porta se abriu e um sujeito muitíssimo alto e musculoso adentrou a casa de Aidan.

– Ora, ora, ninguém nos convidou para o almoço de Domingo. – Aquela voz arranhou meus ouvidos, uma voz extremamente detestável com um portador ainda mais desprezível.

O pedaço de costela que eu estava roendo caiu de minha mão para o prato, o som do osso contra a porcelana chamando a atenção de todos para mim.

– Becca, que saudades que eu estava de você! Seu espanto certamente demonstra que também sentiu minha falta, fico feliz – Maxwell Kenter falou, e ele e alguns amigos que entraram atrás trocaram sorrisos de escárnio.

Limpei minha boca e mãos com um guardanapo, ainda não conseguindo tirar meus olhos de Maxwell. Como era possível? O que diabos ele e seus amigos idiotas estavam fazendo em Columbus? Em meu lar, o lugar onde eu finalmente havia me encaixado, depois de aturar tanta coisa deles?

Percebi como o ar ficou tenso, todos na mesa me analisavam, certamente se perguntando o motivo pelo qual eu estava agindo daquela maneira. Desviei meu olhar para Mathias, que me encarava com uma sobrancelha arqueada, e depois o direcionei a Connor, o Alfa temporário da alcateia na ausência de Trevor e Aidan.

– Becca, – explicou Connor, percebendo minha súplica por um esclarecimento. – como nosso Alfa e alguns de nossos lobos saíram do território por tempo indefinido, e já que somos uma alcateia pequena, Joseph Beitman generosamente nos forneceu uma ajuda. Maxwell e mais alguns lobos de Seattle estão aqui para ajudar a manter a ordem e proteger a alcateia de possíveis invasores.

Maxwell? Justo Maxwell?

Como se percebesse que eu ainda estava incomodada, Connor acrescentou:

 – Eles também ajudaram a tirar você das mãos da vampira.

Como se isso desse a Maxwell algum mérito. Sim, ele era um ótimo guerreiro, até entendia o motivo de Joe o mandar como ajuda para Aidan em Las Vegas. Mas só porque ele ajudou a me trazer de volta para casa não queria dizer que eu poderia esquecer os três anos na alcateia antiga. Não queria dizer que eu acreditaria que Maxwell o fez por pura bondade e não por estar seguindo ordens. Certamente não significava que eu ficaria feliz em revê-lo.

– Becca, tem alguma coisa errada? – Liam murmurou ao meu lado, mais por educação, pois mesmo com aquele tom de voz baixo qualquer lobisomem dentro da casa conseguiria ouvi-lo também.

Sem jeito, limpei minha garganta e neguei com a cabeça, mentindo para meus irmãos. Eu não estava com vontade de estragar o clima pacífico com histórias de quem Max realmente era ou o quanto não nos dávamos bem. Não naquela hora, não quando eu havia acabado – literalmente acabado – de acordar de um coma de meses e só queria vivenciar o momento com meus irmãos de alcateia.

– Não, não é nada. – Sorri desajeitadamente para todos. Sorri inclusive para Max, mas tentando transmitir um brilho nos olhos que o avisava a ficar longe de mim. – Mathias, você gostaria de me acompanhar para uma caminhada? – O solitário levantou os olhos para mim, puxou mais um osso da costela para ir comendo no caminho e levantou-se da cadeira.

 

-x-

 

Não bastava eu estar sem minha irmã loba, mas consequentemente eu não conseguia me transformar, pois, de certa forma, eu não era mais lobisomem. Contudo, Mathias me acompanhou até a floresta para uma simples caminhada, que apesar de tudo estava sendo muito relaxante. Continuava a ser uma terapia, um jeito de eu focar na natureza e esquecer meus problemas... ao menos por um tempo.

Eu havia convencido Mathias a se transformar e ir correndo como lobo na minha frente, mesmo ele tendo protestado. Eu não queria que ele deixasse de correr com seu lobo só por minha causa. Ao menos um de nós deveria experimentar por completo aquela experiência.

Vi-o se transformar no grande lobo negro de olhos dourados. Lembrei da cena em Las Vegas, mas logo tirei-a da cabeça. Eu estava viva. Sim, estava sem minha loba, mas tinha de confiar em meus amigos e confiar que eles dariam um jeito. Ao menos eu estava viva, já era motivo o suficiente para comemorar. Mathias fez um carinho com sua cabeça em minha perna, um chamado para eu o seguir, no meu próprio ritmo, e o observei se camuflar à escuridão das sombras das árvores.

De início, encostei-me num tronco e fiquei parada por um tempo, queria primeiro observar a natureza em sua essência e, honestamente, já estava ficando cansada. Meus músculos – nesse corpo humano frágil – haviam ficado muito tempo sem serem utilizados.

Mathias uivava à frente, chamando-me, mas sabia que eu não conseguiria acompanhá-lo. Eu também não me importei em tentar, pois queria desfrutar de um tempo sozinha, sem meus amigos ou irmãos lobos. Depois de uns vinte minutos caminhando cada vez mais mata adentro, decidi que estava na hora de eu me sentar para repor minhas forças novamente. Virei meu rosto instintivamente na direção que Mathias havia seguido. Ele já estava, sem dúvidas, alguns quilômetros a minha frente, mas não era preciso eu estar junto dele para saber aonde iria. Iria para o cume da montanha uivar, mesmo sendo de dia.

Apesar de ter andado lentamente por todo o percurso, eu estava morrendo de calor devido ao esforço. O frescor de estar debaixo da folhagem era algo que eu não trocaria por nada. Mesmo sem minha audição aguçada de lobo, conseguia ainda ouvir o canto dos pássaros e o eventual farfalhar de um arbusto por eu ter assustado algum inocente roedor. Com o silêncio que tomava conta de minha mente, esses pequenos sons da natureza me davam uma paz de espírito muito grande. Entretanto, para minha extrema infelicidade, não consegui ouvir o lobo gigantesco que se aproximava de mim até ser tarde demais.

Eu não tinha para onde fugir, tendo percebido o enorme lobo castanho claro apenas quando ele já estava a menos de cinco metros de mim. Era um lobo que eu certamente reconheceria até mesmo no fundo do oceano.

– Maxwell! – arfei, tendo me assustado tanto por ter sido seguida, tanto por ter sido justo ele a me seguir.

Saber que ele certamente estaria sentindo o cheiro de minhas emoções me irritava tremendamente, mas eu não podia fazer nada quanto a isso, apenas tentar me acalmar. Não podia negar que estava assustada, ainda mais porque Mathias estaria muito longe já para pegar o cheiro do outro lobo ou sequer saber que ele estava aqui.

Max se transformou, deixando no lugar de sua pelagem castanha, sua pele bronzeada, seus cabelos loiro-escuros, olhos castanhos, e sorriso maléfico. Eu o conhecia muito bem, sabia que vinha encrenca para cima de mim.

– Beccinha, você por aqui? – debochou de mim, mas tentei não me intimidar. Ou pelo menos tentei fingir que não estava intimidada, afinal de contas, estava sem minha loba e praticamente indefesa.

– Não comece com seus joguinhos, Max. Por que me seguiu? Não tem nada melhor para fazer, não?

– Estava com saudades! Que horror, você não sentiu minha falta, também, irmãzinha de alcateia? Poxa, faz tanto tempo que não nos vemos! – sua indignação forçada me fazia querer vomitar.

– Tempo esse que para mim foi uma dádiva – retruquei, mantendo meu olhar fixo em seus olhos. Era claro que ele queria me desconcentrar, baixar minha guarda. Estava à vontade, circulando-me, completamente nu. – Cadê seus amiguinhos? – perguntei. – Vocês já terminaram de fazer as unhas uns dos outros, por isso conseguiram se desgrudar?

Minha pífia tentativa de irritá-lo foi mal-sucedida. Pelo contrário, parecia que ele estava contente que eu estava me esforçando para atingi-lo. Revirei meus olhos quando ele soltou uma risada.

– Estou vendo que sentiu sim minha falta. – Seus caninos brancos ainda estavam alongados como presas, o que demonstrava que ele ainda estava parcialmente transformado. Isso era um tanto perigoso, pois indicava que ele ainda estava sentindo a euforia da caça, em que, para meu desespero, eu era a presa. – Eu certamente senti muito a sua, assassina.

Assassina. Arrepiei-me ao ouvir, após tanto tempo, meu fatídico apelido. Ninguém havia me chamado por ele desde a minha primeira semana como loba, na Alcateia de Seattle. Max certamente deveria estar se sentindo livre para fazer comigo o que quisesse, já que estava na ausência de seu Alfa, Joseph, e do meu próprio Alfa.

– Você é uma metida que faz falta, disso pode ter certeza.

Arfei quando ele se jogou sobre mim e prensou meu corpo contra o seu em uma árvore. Segurava-me pelo pescoço com uma das mãos, apenas forte o suficiente para me alertar a não me mexer. Caso ele quisesse, poderia esmagar meus ossos em pedacinhos.

– O que você quer? – perguntei com dificuldade, encarando-o com um misto de espanto e o que eu desejava que parecesse intimidação, mas não tinha tanta certeza de que estava conseguindo ser tão intimidadora quanto queria naquele momento.

– Aí é que está a raiz do problema, Becca. Eu não sei. Por isso estou aqui, para descobrir. Você é quem vai tirar minha dúvida, assassina. Estive perambulando por aqui, pela sua nova “casa”, justamente esperando você acordar. Quero saber se você continua tão interessante quanto antes.

Quanto com sua loba. Eu sabia que ele queria dizer isso e isso me enfureceu mais do que ele estar me prensando, seu corpo contra o meu, mais do que ele ter me seguido em um momento que era para ser especial, e mais do que ele estar no meu território, ainda me infernizando.

– Diga-me, Beccinha, você humana ainda é tão irascível e valente quanto como lobisomem? – Cerrei meus punhos, contando até dez mentalmente pois, de fato, não sabia se conseguia me livrar dele sozinha. – Você acha que ainda tem potencial para me entreter?

E esse foi o pingo d’agua. Como ele ousava achar que minha existência revolvia em torno dele? Como ele ousava achar que eu tinha a obrigação de manter o interesse dele, de qualquer um, por sinal?

Com um grito e um esforço tremendo que fez minha visão ficar turva, consegui flexionar meu joelho com força contra seu corpo, acertando precisamente o lugar onde eu havia mirado. Senti sua mão se afrouxar de minha garganta, ele se ajoelhar no chão da floresta e aproveitei para dar um soco em seu rosto, nem que fosse apenas para lembrá-lo por algum tempo de que, mesmo humana, ele não podia me tratar daquele jeito. O sangue escorria de seu nariz e ele grunhiu de dor.

Saí correndo de forma desajeitada com a esperança de, ao menos, chegar ao alcance dos ouvidos de Mathias. Berrava por ele, em meio aos meus tropeços, tentando ajudá-lo a me localizar. Contudo, não demorou para Maxwell me alcançar ao invés de Mathias. Minhas pernas queimavam pelo esforço.

– Porra, Becca, confesso que não esperava por essa.

Dessa vez manteve sua distância e eu mesma estava tomando mais cuidado para não dar as costas a ele ou deixá-lo chegar muito perto.

– Mas não estou bravo contigo, fique tranquila. Foi divertido, deveria ter antecipado que eu estava me expondo a esse risco, mesmo você tão frágil quanto está.

Deu as costas para mim, dando alguns passos em direção à cidade.

– Para sua alegria, assassina, você gabaritou o teste.

Suas palavras ficaram ecoando em minha mente muito tempo depois de ele já ter partido. Continuei a andar floresta adentro, tentando encontrar-me com Mathias. Depois do que pareciam ter sido séculos, voltei a ouvir seus latidos preocupados e o encontrei à beira do rio que cortava a floresta em duas.

– Rebecca! – exclamou, transformando-se imediatamente ao me ver. – O que houve, por que está tão assustada? Você caiu, se machucou?

Eu ia respondê-lo, mas vi como sua expressão mudou ao captar o cheiro de Max que certamente estava me impregnando.

– Esse cheiro… – Franziu o cenho. – Esse é o cheiro daquele cara? Aquele lobo de Seattle? – Encarou-me – Becca, o que aconteceu?

Sentei-me na grama ao lado do riacho. Lavei meu rosto suado, lavei os arranhões de minhas pernas causados pelos meus tropeços e contei. Contei o que aconteceu na floresta, deixando de lado detalhes que certamente complicariam a relação dos meus lobos com os de Seattle. Contei todo meu passado conturbado com Maxwell, e que agora ele estava apenas me importunando, apesar de eu não ter gostado e ter tropeçado tentando me afastar dele. Mathias apenas me ouviu, deixando-me contar tudo antes de reagir. Ocasionalmente ele suspirava ou franzia mais o cenho, demonstrando de forma calma seu desgosto.

Quando terminei, nem percebi que tremia. Respirei fundo e escondi essa minha reação corporal de Mathias. Não sabia se era por medo ou por raiva. Eu nunca tivera medo de Maxwell Kentner, mas, como ele mesmo havia demonstrado, eu não era a mesma de quando o conheci. Estava... incompleta.

Mathias pegou meu rosto em suas mãos quentes, um toque que definitivamente não me fazia recuar em repulsa como o de Maxwell. Aproximou meu rosto do dele até estarmos a apenas poucos centímetros de distância um do outro e sussurrou, olhar colado ao meu:

– Não me importa que ele seja mais dominante do que eu, Becca. Se esse cara quiser te pentelhar de novo, posso servir de interferência e é justamente isso que planejo fazer. Se você quiser, é só me chamar que estarei ao seu lado para protegê-la.

Suspirei aliviada, nem sabendo que eu queria tanto ouvir alguém dizer que iria estar ao meu lado enquanto eu permanecia com minha mente vazia. Mathias me envolveu, abraçando-me por longos minutos. Lembrei-me de Aidan, aquele que já provara que queria me proteger, sendo por palavras ditas ou por puras ações, grandes e pequenas. Entretanto, ele estava longe, não poderia me proteger agora. Eu sabia que ele estava ausente ajudando, justamente, a conseguir salvar a parte de mim que não precisava de proteção. Mas, naquele momento, havia apenas Mathias.

Portanto, quando o lobo dos olhos verdes foi se aproximando devagar, eu não recuei. Quando colocou suas mãos em minha cintura, eu não protestei. Quando estava quase colando seus lábios nos meus, eu o derrubei, colando nossos corpos na grama úmida.


Notas Finais


Mataram as saudades? Gostaram da volta da Becca e do Mathias? Da volta dos dois juntos? Não me apedrejem por favor kkk
Pessoal, pra quem não curte a página de Dominante no facebook ainda, vou deixar aqui o link do trailer MARAVILHOSO que a @jubfics fez pra Dominante. Vão dar uma conferida, curtam o vídeo dela, pessoal. Ficou daora <3
https://www.youtube.com/watch?v=HOResg3_56g

Até o próximo, gente. Obrigada pela leitura!


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