História Valeu a Pena (Cellbit) - Capítulo 14- Vamos sumir

Pov Rafael

Aquela notícia me derrubou, me quebrou e transformou em cacos tão pequenos que seria impossível colar de novo. Era como se eu tivesse virado pó, mas eu ainda segurava a mão dela mesmo sabendo que teria que solta-la.
O médico lamentou muito e perguntou se eu iria querer fazer a quimioterapia que não funcionaria.
Eu respondi que não e ele me deu alta, falou apenas que eu deveria tomar alguns remédios para não sentir dor nestes três meses.
Ele me deu alta e fui sozinho para casa. Luisa queria ir comigo, mas eu disse que precisava ficar um pouco sozinho. Eu tomei minha decisão. Ninguém precisava sentir a dor da minha morte. Eu preciso me afastar de tudo e de todos.
Eu amava Luisa demais para fazer ela sentir essa dor.

Pov Luisa

Eu me encontrava desesperada, pois já fazia uma semana que eu tentava falar com Rafael e ele não me atendia. Ele lia minhas mensagens e não respondia. Não atendia as ligações e o porteiro não me deixava subir no apartamento.
Os meninos avisaram a mãe dele, mas pareceu que ela não ligou muito. Eles são bem distantes.
Peguei o celular pela milésima vez e mandei mais uma mensagem.

Whatsapp on

Luisa💞💕: Rafael...
Luisa💞💕: Dá pra me responder por favor?
Luisa💞💕: Eu vou no seu prédio e vou ficar na rua até me deixar entrar.
Luisa💞💕: Eu estou saindo de casa.
Luisa💞💕: Tentar ficar longe de mim só vai me fazer sentir pior.
Luisa💞💕: Não desperdiça seu tempo assim...
Luisa💞💕: Por favor
Luisa💞💕: Eu te amo
Luisa💞💕: Muito
Luisa💞💕: E sempre vou amar.

Whatsapp off

Nesse momento as lágrimas rolavam em meu rosto. E eu chorava com vontade. Soluçando. E pondo toda a tristeza que estava em meu peito para fora.
Liguei no celular de Rafael de novo.
Caixa postal. De novo. Caixa postal. De novo.

Chamada atendida

- Rafael? Você tá bem?
A resposta demorou e eu só ouvia um barulho de choro.
- Não.
- Eu posso te ajudar...olha, eu estou indo pra aí, me deixa entrar tá?
- Eu te amo tanto Luisa, eu não posso fazer isso. Não posso ficar longe de você, mas eu preciso, entende?
- Você não precisa.
- Sabe, eu sempre achei que viajaria bem mais do que eu já viajei, teria uma vida longa e morreria por velhice. Nunca achei que seria assim. - falou Rafael chorando. E nessa hora eu também estava.
- Não é tarde. Vamos aproveitar esses três meses, vamos viajar, vamos sumir. Só nós dois. Mas por favor Rafael, não me faz ficar longe de você. Por favor. - falei soluçando. - Eu estou saindo de casa.
- Eu te amo!
- Eu te amo!

Chamada encerrada

Eu já estava no portão saindo de casa e ainda não tinha certeza de que Rafael me deixaria entrar.
Fui correndo até a casa dele e quando cheguei lá, o porteiro disse que eu poderia subir. Sorri ao escutar isso e fui até o elevador chamando o mesmo.
Apertei o andar de Rafael e o elevador começou a subir. As portas se abriram e eu corri para tocar a campainha de Rafael. Ele abriu a porta e eu pulei em seu colo lhe beijando.
- Oi. - falei com as mãos em seu cabelo.
- Oi. - respondeu ele olhando em meus olhos.
- Então, aceita minha proposta?
- É tentadora.
- Eu sei.
- E pra onde que ir?
- Começamos por Paris, depois Estados Unidos, Itália, México e depois vemos mais um lugar.
- Acha mesmo que eu vou ter todo esse tempo? - perguntou ele fechando a porta e trancando.
- Tenho certeza. - respondi lhe dando um selinho.
- E você acha que vamos poder transar em todos esses lugares?
- Talvez. - falei sorrindo sem mostrar os dentes .
- Eu não queria que acabasse.
- Ainda não acabou.
- Mas vai.
- Ei, para com isso, vamos aproveitar o agora tá?
- Aham.
Peguei o celular e comecei a pesquisar umas passagens de avião para Paris.
- Ei. - falou Rafael chamando minha atenção.
- Que foi?
- Obrigada.
- Obrigada pelo que?
- Por ser o motivo de me fazer querer ficar vivo quando sei que não tenho muito tempo. Por segurar minha mão quando eu mais preciso, e por ter esses olhos tão lindos.