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História Valsinha - Valsinha


Escrita por: Drica18

Notas do Autor


Enjoy.

Capítulo 1 - Valsinha


Japão, Konoha, 20 de março de 1940.

A plantação de arroz espalhava-se e encontrava na escuridão do céu azul e forte o balanço ideal para adentrar à noite. De uma janela empoeirada de vidro gasto e rachado, uma jovem observava a dança que as espigas de arroz empreendiam sob a ação do vento.

A casa fazia parte de um complexo de construções coloniais. Era simples, mas aconchegante. Saindo de perto da janela, enfim, ela procurou arrumar-se mais. Através de um pequeno espelhinho pregado na parede do quarto que dividia com mais três irmãs, ela tentava a todo custo ajeitar o vestido de baile que trazia ao corpo.

Não era o último modelo da época, com certeza, até porque as condições financeiras de uma família de camponeses não poderia sustentar tais luxos, mas não era feio. Era comedido e apagado como deveria ser um vestido de moça de família.

Seu tom bege não lhe ressaltava os atributos do corpo e nem faria com que ela fosse desejada por todos os rapazes presentes na festa, porém talvez seu futuro marido se interessasse. Talvez a achasse bonita finalmente, ele que era tão sério e sisudo, um homem de poucas palavras. Talvez ele reparasse que, apesar de não ser muito elegante, o vestido rodado possuía certa graça e leveza. Talvez aquela noite, ela dançasse como as espigas de arroz sob o som de alguma música vinda do ocidente. Talvez...

Olhou-se mais uma vez no pequeno espelhinho, desistindo de tentar ver o corpo todo e conformando-se apenas com a imagem dos próprios olhos castanhos avermelhados e parte do cabelo vermelho que aquela noite tinha pequenas ondulações encaracoladas nas pontas. Pegou, então, o pó de arroz sobre o pequeno balcãozinho que nem poderia ser chamado de cômoda e deu duas batinhas leves para tentar atribuir ao rosto mais graça. Esfregou os lábios um no outro, conferindo o batom rosa claro e sentiu-se pronta enfim.

— Karin - chan ! Vamos! – uma de suas irmãs mais velhas adentrara o pequeno quarto a retirando de seus devaneios.

— Mei... Você acha que ele vai gostar? – dirigiu-se à irmã de forma tímida.

A mais velha olhou-a da cabeça aos pés, reparando no sapato de pequeno salto preto de um encouraçado gasto pela ação do tempo e assentiu sorridente.

— Sim, ele vai! Agora vamos logo! – puxou-a animada para finalmente irem ao baile.

...

 

O baile oferecido pelo dono da fazenda era muito esperado por todos os colonos que viam nessa oportunidade uma distração para o cansaço do trabalho árduo na grande plantação de arroz. Assim, acompanhada das três irmãs mais velhas, Kushina, Mei e Tayuya, a primeira atitude de Uzumaki Karin ao chegar ao salão onde a festa se realizaria foi percorrer os olhos para verificar se seu noivo já estaria entre os presentes.

Observava tudo atentamente, mas nada. Ele ainda não havia chegado. Ela soltou um suspiro baixo e foi sentar-se, esperando pelo momento em que ele apareceria. Ainda era cedo, só podia ser isso. Era cedo demais e por isso ele ainda não chegara. Ou talvez estivesse fazendo os remates finais da colheita. Ou talvez ele simplesmente não se importasse com um baile idiota.

Ainda sentada no pequeno banquinho de madeira recostada a parede, ela tentava encontrar motivos para sua demora. A verdade é que nunca entendera porque pai havia escolhido logo Hozuki Suigetsu para ser seu noivo. O rapaz não parecia muito interessado nela e nunca fizera questão de conhecê-la melhor antes do casamento.

Para ela, esse era o pior em casamentos arranjados. Uma das partes ou as duas nunca estavam de acordo com esse acerto entre os pais. Mesmo que ambos pertencessem a famílias humildes e sem posses era comum que os camponeses fizessem esse tipo de acordo, afinal, para pais que tinham filhas moças o ideal era casá-las o mais depressa o possível assim que atingissem certa idade para que não viessem a se perder com algum aproveitador ou caíssem nas graças do filho de algum fazendeiro que lhes prometesse falsamente céus e terras.

Desse modo, aos dezoito anos, ela acatou as ordens do pai e aceitou o pedido de casamento. O problema é que já transcorridos seis meses de noivado, ela simplesmente não conseguia conhecê-lo melhor. E isso a torturava, porque não gostaria de terminar como tantas e tantas mulheres que se casaram nessas condições e permaneciam a vida toda submissas e infelizes a seus maridos, resquícios de um Japão de herança e tradições imperiais que se recusava a mudar e progredir no que se referia ao tratamento destinado à mulher.

Ainda pensando em como a vida era injusta e já passada mais de duas horas do início do baile, ela desistira de percorrer o salão onde tantos outros casais bailavam animadamente e agora mexia nos dedos desejando que aquilo terminasse de uma vez por todas. As irmãs mais velhas aquela altura já tentavam escapulir de qualquer maneira dali para fugir dos olhares sempre vigilantes da vizinha que as acompanhava aquela noite a pedido do pai.

— Karin-chan. – Kushina, a mais velha de todas, aproximou-se do pequeno banquinho de madeira a chamá-la. — Eu e as meninas vamos para o lago nadar.

— Nadar? – a mais nova interrogou confusa.

— Sim! Quer vir com a gente? – falou baixo para que ninguém pudesse escutá-la.

— Não! Otou-san não aprovaria isso! Ainda mais essa hora! Isso não é hora de nadar!

— Tudo bem, mas só não nos denuncie!

— Não vou!

A mais velha partiu esperando o momento exato de distração da patética senhora que aquela noite dava uma de babá e saiu do salão com as outras duas. Karin sorriu de canto ao pensar em como Kushina sempre acabava encrencada. Por mais que não gostasse de admitir, gostaria de ter a mesma impulsividade da mais velha e fazer uma coisa errada uma vez na vida.

Suspirou entediada já pensando em voltar para casa. Foi quando de repente por entre as pessoas que ainda dançavam, ela o viu na porta do salão. Os olhos de tom estranhamente arroxeados cruzaram-se com os seus e naquele momento um misto de revolta e alegria a atingiu. Revolta por ele tê-la feito esperar tanto tempo. Alegria porque, enfim, ele havia chegado.

— Sinto muito! – ele disse aproximando-se.

Ela baixou o olhar sem saber o que dizer. Na verdade, até queria dizer algo. Queria explodir, queria dizer que se ele não desejava aquele casamento era melhor pronunciar-se de uma vez antes que fosse tarde demais. Sentia-se magoada e rejeitada, porque no fundo mesmo que não quisesse admitir apaixonara-se pelo rapaz de estranhos cabelos esbranquiçados. Não sabia ao certo como nem quando, mas apaixonara-se e sofria com a falta de interesse por parte dele.

Um dia ele chegou tão diferente

do seu jeito de sempre chegar

Mal sabia ela que, naquele momento, ele estava mais interessado do que nunca em sua companhia. Ele a olhou embasbacado, reparando em como ela estava ainda mais graciosa aquela noite. Prestando atenção em cada detalhe desde os cabelos vermelhos que estavam divinamente encaracolados nas pontas até o rosto delicado que sob a luz fosca do salão ganhava um brilho admirável. Assim sem poder se conter, ele estendeu a mão direta a convidando para dançar.

Olhou-a de um jeito muito mais quente
do que sempre costumava olhar

Ao ver a mão estendida, ela relutou. Não era de ir contra pedidos de modo geral sempre acabava acatando tudo o que lhe pediam e exigiam, mas aquele dia estava com tanta raiva que viu naquele estender de mão um gesto de pena e culpa. Fechou o punho e se manteve em silêncio, recusando o pedido.

— Por favor! – ele insistiu ainda com a mão direita levantada em sua direção.

Pela primeira vez, ela ouvira na voz dele certa docilidade e espantou-se. Nunca antes ele havia usado tal expressão com ela. A maioria das vezes quando estavam juntos e “noivavam” à moda antiga no sofá de sua casa, ele permanecia calado e quando falava era para reclamar de algum companheiro de trabalho que não fizera o trabalho direito ou para reclamar da safra de arroz que não estava boa. Enfim, os poucos diálogos que tiveram resumiram-se a reclamações de trabalho. Reclamações e mais reclamações por parte dele.

E não maldisse a vida tanto
Quanto era seu jeito de sempre falar

 

Talvez por isso ela ficara surpresa com tal atitude. Afinal, não era do feitio dele gentilezas ou algo assim. Hozuki Suigetsu não era mau e ela sabia disso. Mas como todo homem do campo, ele trazia consigo toda a herança patriarcal do Japão Imperial que ainda tratava à mulher como um mero objeto.

Diante disso, e vendo aquele momento como raro e único. Desses que não se repetiriam mais, ela amoleceu e aos poucos e timidamente foi estendendo sua mão. Quando Karin se levantou, Suigetsu admirou-a ainda mais. Para ele, o vestido rodado que ela mesma julgara sem graça era ideal e lhe decaía pelo corpo perfeitamente.

E nem deixou-a só num canto
Pra seu grande espanto, convidou-a pra rodar

Os dois encaminharam-se assim para o meio do salão e com toda a ternura possível, ele escorregou a mão por suas costas e apertou-a mais contra si. E assim os dois começaram a valsar pelo salão. Sob a luz do lugar o rosto dela iluminou-se mais e espontaneamente a boca delineada e pequena abriu-se em um grande sorriso a cada rodopio.

E então ela se fez bonita
Como há muito tempo não queria ousar

...

 

Já era meia - noite quando a música cessou ao badalar do grande relógio do salão. A noite havia corrido depressa e sem se dar conta Karin já não sabia e nem avistava a vizinha que acompanhara ela e as irmãs ao baile.

— Já é tarde! Otou-san ficará furioso. – afastou-se preocupada, aproximando em seguida da entrada do lugar e observando as nuvens que anunciavam uma tempestade.

— Não se preocupe! Eu a levarei até em casa! – ele estendeu o braço para que ela se apoiasse nele.

Os dois foram andando pelo caminho da estrada de terra que dava para o conjunto de casas coloniais onde a Uzumaki morava e estranhamente Suigetsu estava mais falante aquela noite.

— A primavera é melhor estação do ano para mim sem dúvida! Tudo parece mais vivo na primavera, você não acha?

— Sim! Eu adoro a primavera. – Ela respondeu entusiasmada.

— Qual é a flor que você mais gosta? – de braços dados com ela, Suigetsu perguntou a encarando.

— Lírios! Eu adoro lírios!

— Combinam com você! Não é de se espantar que goste deles. São sensíveis assim como você. – parando de caminhar, ele fez questão de deslizar a mão pelo rosto da jovem que começara a corar só com aquele simples toque.

Quando ele pousou um dos dedos nos lábios rosados, ela fechou os olhos deliciando-se naquele carinho. De repente o hálito quente do rapaz fez-se presente mais próximo ao seu rosto. Ele não a beijou de imediato e só ficou ali a roçar de leve seus lábios aos dela como se a graça toda estivesse na demora em concluir o gesto. Ela entreabriu os olhos timidamente. O coração descompassado lhe denunciava o nervosismo e a expectativa. Aquele seria seu primeiro beijo. Será que saberia o que fazer?

Enquanto os olhos vacilantes deslizavam pela boca do rapaz, dúvidas e mais dúvidas preenchiam sua mente e num ato de consciência, ela tentou se afastar, mas não pode. Suigetsu a envolveu pela cintura antes que ela conseguisse romper o contato e beijo-a calmamente, movendo os lábios contra os dela devagar.

Àquela hora a chuva que se anunciava desde do salão de baile finalmente caiu e os pingos d’ água passaram a fazer parte daquela cena onde dois jovens camponeses beijavam-se apaixonadamente até que o ar finalmente lhes faltasse.

Agora molhados e sorridentes, os dois começaram a correr para procurar abrigo. Afinal, seria loucura tentar atravessar a estrada de terra naquelas condições. Correram até achar um velho celeiro abandonado no meio do caminho, entrando nele em seguida na esperança de se abrigar.

— Não acredito! Otou-san ficará furioso! – com os lábios trêmulos e encolhida mais uma vez ela repetia seu temor com relação ao pai.

— Não se preocupe! Agora o mais importante é nos aquecermos. – disse já vasculhando o velho celeiro abandonado.

Retirou do bolso a caixa de fósforos que usava para acender seus cigarrilhos, torcendo internamente para que a mesma não estivesse muito encharcada e que ainda fosse utilizável. Riscou-a várias vezes até que finalmente uma faísca se fez presente. Assim achando uma velha lamparina no lugar, ele a acendeu para que pudessem pelo menos enxergar algo naquela escuridão.

— Vamos ficar aqui perto desse feno. Ele deve nos esquentar por enquanto. – ele sugeriu com um meio sorriso, sentando-se sobre o feno com ela.

— Tudo bem! – com os cabelos vermelhos molhados e grudados em seu rosto, ela respondeu tremendo de frio.

— Calma! Calma! Logo passa! – manifestou-se esfregando fortemente suas mãos em seus ombros na tentativa de aquecê-la. — Mesmo na primavera algumas tempestades são necessárias para que as flores desabrochem e ganhem mais vida. – falou como se procurasse atribuir aquela noite algum sentido.

E então ela se fez bonita
Como há muito tempo não queria ousar

 

Ao toque do rapaz, a pele da garota ao invés de acalmar-se, arrepiou-se ainda mais. Ela estava perdida no meio de tantas sensações e daquele frescor trazido pela chuva. Sem falar no cheiro que ele exalava, o cheiro dele lembrava-lhe canela por ser tão quente e aconchegante. E cada vez que ele deslizava suas mãos nos braços dela para aquecê-la, a jovem moça sentia que o coração todo seria capaz de lhe sair pela boca de uma única vez.

Com seu vestido decotado
Cheirando a guardado de tanto esperar

 

Ele, por sua vez, continuava admirando aquela beleza tão efervescente. Ela toda lhe fervia o sangue, o modo como seu busto subia e descia na ação de expirar e inspirar já lhe enlouquecia. O vestido todo molhado concedia a ela ainda mais sensualidade naquela situação, pois se grudara ao seu corpo e se antes não lhe ressaltava as formas; agora, por causa da chuva, ele lhe delineava o corpo perfeitamente. Deixando que o rapaz pudesse observar livremente sob a luz da velha lamparina as pernas esguias cruzadas sobre o feno.

Ele estava perdido e sabia disso, então, talvez... só talvez perder-se naquele momento era tudo que poderia fazer. Aproximou-se mais, pousando a mão mais uma vez no rosto delicado a acariciando-o com a ponta dos dedos.

— Você acha que a tempestade vai passar logo? – Ela baixou o olhar de forma tímida e procurando desviar-se da atenção que agora ele lhe destinava.

— Espero que demore muito! Espero que chova a noite toda. – respondeu espontaneamente e sem se preocupar com que ela pensaria a seu respeito.

Depois os dois deram-se os braços
Como há muito tempo não se usava dar

 

Qualquer palavra que Karin pensara em pronunciar depois disso morreu em seus lábios quando ele aproximou-se para tomá-los novamente. Diferente do beijo anterior, esse beijo não começou com um simples roçar de lábios e nem foi calmo. Ele começou desde o início cheio de ardor e volúpia. Se antes o rapaz movera delicadamente os lábios dele contra os dela; agora ele deixava-se vencer pelo desejo de tê-la e prensava e apertava os lábios contra os dela com vontade.

Não demorou muito para que sua língua também começasse a pedir passagem por entre os lábios femininos. Era como se estivesse sedento e necessitasse esquadrinhar cada canto da boca da jovem camponesa. Ela assustara-se um pouco com atitude dele e sentia-se perdida. Inexperiente, não sabia como agir e mesmo contrariada acabou deixando-se guiar por ele.

E cheios de ternura e graça
Foram para a praça e começaram a se abraçar

Enquanto isso, ele permanecia invasivo serpenteando a língua pela pequena boca delicada adentro. Quando o ar finalmente faltou e tiveram que se separar, ele encarou o semblante corado e ofegante dela e por um minuto arrependeu-se. Não era seu intuito aproveitar-se da situação ou dela de nenhuma forma. Ele a respeitava.

Respeitava sua família, respeitava as tradições e queria tê-la para si somente depois do casamento como deveria ser. Só que de repente o futuro lhe pareceu tão incerto que a ideia de fazê-la sua aquela noite não lhe saía da cabeça. Porém, mesmo tentado a prosseguir com aquilo, ele afastou-se, desistindo de tal ideia.

— Gomenasai! Não foi minha intenção te desrespeitar.

— Tudo bem! Eu... eu... – ela respondeu decepcionada. No fundo, ela gostaria que ele continuasse que não parasse.

Era bem verdade que não tinha muita noção do que acontecia, de fato, entre um homem e uma mulher. Tudo o que sabia sobre o assunto eram frases soltas de mulheres mais velhas escutadas atrás de portas e nada mais. Contudo, sabia que se tratava de algo grandioso e que sem dúvida causava muitas e muitas mortes. Não era de hoje que escutava sempre aos quatro ventos tantos e tantos pais do vilarejo a implorar pela chamada “honra” de suas filhas com espingardas a mão.

Assim, mesmo depois de ter atingido a puberdade e ter um ciclo menstrual corrente e regular, ela continuava a ignorar o modo único que um homem e uma mulher se uniam. As moças de família só tinham acesso a tal revelação depois de casadas. Só que Karin aquela noite parecia mais curiosa do que o normal. Estava farta de seguir ordens, queria uma única vez tomar uma decisão por conta própria sem o auxílio ou imposição de alguém. Queria ser impulsiva como a irmã mais velha e pela primeira vez fazer algo errado.

E ali dançaram tanta dança
Que a vizinhança toda despertou

 

Seguindo, então, seus instintos, ficou a fitar o jovem rapaz mais intensamente e agora ela tomara a iniciativa de beijá-lo. Prensou os lábios contra os dele de repente o surpreendendo e tentando imitar o gesto do mesmo há alguns minutos atrás. Escorregou a língua para dentro da boca do camponês meio perdida e tentando encontrar o melhor jeito de fazer aquilo sem parecer tão ingênua.

Aos poucos, foi criando mais atitude e entrando em sintonia com Suigestu que agora já deslizava as mãos possessivamente pela cintura feminina a trazendo mais para junto de si. Ele não resistiu quando sob a luz da lanterna notou o modo como os lábios dela estavam inchados e deitou-a sobre o feno assim que o oxigênio lhes faltou mais uma vez.

— Suigetsu... eu... não sei... – pela primeira vez na noite dissera seu nome ainda de maneira tímida e com olhar vacilante.

— Não se preocupe, meu amor! Eu não vou te machucar.

E foi tanta felicidade
Que toda cidade se iluminou

 

Ele beijou-a no canto da boca de maneira delicada e aos poucos desceu a mão sobre o vestido desabotoando devagar. A cada botão aberto era um beijo que ele distribuía na pele alva e macia. O atrito dos lábios dele sobre sua pele lhe causavam arrepios, o corpo todo parecia ter despertado e ela sentiu-se umedecida nas partes íntimas. Estranhou imediatamente aquela sensação de arrebatamento que lhe tomava o corpo e agora parecia que sua mente havia sido colocada em estado de dormência e só o seu corpo pensava por ela.

Seguindo novamente os instintos, deslizou a mão para os cabelos lisos e esbranquiçados do rapaz. Acariciando-os e bagunçando-os a cada instante com mais intensidade conforme ele descia distribuindo beijos quentes e molhados pelo seu corpo. Quando chegou a barriga lisinha e perfeita, ele lhe deu um beijo no umbigo, subindo em seguida para os seios. Os seios que arfavam, subindo e descendo a cada ato de inspirar e expirar.

Os seios medianos cobertos por um sutiã molhado lhe tiraram o fôlego e aquela visão dela ali deitada sobre o feno com os cabelos vermelhos molhados e espalhados com o corpo ainda meio molhado de chuva era tão incrível aos seus olhos que ele queria fazer tudo com calma para deliciar-se a cada gesto. Assim, depositou um beijo doce em seu colo sobre o fino tecido do sutiã branco de rendinhas com o maior cuidado e carinho do mundo para não assustá-la.

Continuou nesse exercício de tortura por alguns minutos só distribuindo beijos e mais beijos sobre os seios da jovem até que a achasse completamente pronta para o que viria a seguir. Quando não pode mais se conter, foi descendo as alças da delicada peça íntima devagar. Ela corou imediatamente assim que a peça havia sido retirada de todo e ainda com pudores femininos seu primeiro gesto foi cobrir-se com vergonha, colocado a mão diretita sobre eles.

— Não. Não faça isso! Deixei-me vê-los. Eu quero vê-los. Não tenha medo. – Ele disse a empurrando mais para perto de onde a lamparina estava para poder observá-la com a maior precisão possível naquelas condições.

Karin ficara receosa, mas não reagiu quando ele retirou seu braço da frente.

— São lindos! Perfeitos! Perfeitos como você! – disse pousando um dos dedos sobre um dos mamilos rosados e começando a fazer alguns movimentos circulatórios que a estremeceram no mesmo instante.

Quando sem que ela esperasse, ele levou a boca ao mamilo do seio direito, ela foi ao delírio, agarrando o feno abaixo de si. A pele aquela hora já se contorcia em chamas e a forma como ele passou a chupar, sugar e mordiscar a descontrolou de tal maneira que aquela altura ela sentia a intimidade esquentar-se e encharcar-se de prazer. Estava molhada e excitada, nunca na vida tivera acesso a algo dessa natureza.

Ele prosseguia cada vez mais faminto intensificando as carícias conforme notava a forma como ela gemia e contorcia-se abaixo de si. Ora massageando, ora apertando o seio esquerdo com a outra mão, ele comprazia-se de luxúria e queria proporcionar a ela a melhor noite de sua vida. Uma noite que faria com que ela nunca o esquecesse.

— Ah, Karin... Karin... – entre um chupão, uma mordida e outra, ele gemeu seu nome.

Subiu novamente para a boca concedendo a ela um beijo ainda mais cheio de luxúria que todos os outros e depois a inclinou encarregando-se agora do pescoço, chupando, mordendo e marcando cada parte dele. Livrou-se em seguida das roupas que ainda usava, ela o ajudou a atirar a camisa, ele finalmente a livrara do vestido e agora se colocando entre as pernas dela, ele apertava suas nádegas com força a arranhando.

Ela agora também se tornava mais ativa e passara a lhe beijar o peitoral musculoso, ombros e pescoço. E como boa aluna, o imitara mordendo e chupando cada parte do corpo masculino que sua boca tocava. Os dois ainda trajavam algumas peças de roupa, ele permanecia com a calça de algodão cinza, própria para trabalhos no campo, e ela ainda trazia ao corpo a calcinha de algodão branca.

Mas aquilo seria rapidamente solucionado. Nervoso e já duro em expectativa, ele escorregou a mão para as nádegas dela mais uma vez e agora se encarregava da indesejável peça. Diante disso, ela estremeceu um pouco mais. Nunca ninguém a vira nua, além da mãe e as irmãs. Um alarme soou em sua cabeça como se a avisasse que depois daquela exposição não teria mais volta.

— Fique tranquila! Não tenha medo. – ele disse ao pé de seu ouvido ao notar sua hesitação.

Depositou um beijo no canto de sua boca e já com seu consentimento livrou-se da última peça que o impedia de fazê-la sua finalmente. Após isso, ele mesmo se encarregou de livrar-se das calças, ficando totalmente nu exposto diante dela.

Os olhos avermelhados diante daquilo arregalaram-se ainda mais. A surpresa estava estampada em seu rosto quando sob a luz da lamparina, ela viu o membro ereto do rapaz. De tudo que já imaginara sobre como seria o órgão masculino, aquilo era tudo que ela não esperava.

Depois do choque inicial, Karin fez com ele cessasse um pouco as carícias porque quis observá-lo mais e notar cada detalhe daquele músculo rijo que se apresentava diante de si. Ele não pode deixar de esboçar um sorriso com o espanto e inocência dela e adivinhando seu desejo segurou sua mão.

— Quer tocar? – perguntou de súbito.

— Eu... eu... – a moça assustou-se com tal proposta e o ar lhe faltara por um segundo.

— Vamos me faça um carinho. – Ele pediu manhosamente.

Deixando-se ser guiada, ela colocou a mão sobre o membro ereto, mas não fez nada de imediato. Foi preciso que ele colocasse a mão por cima da dela e inicia-se um movimento, fazendo com que a frágil mão feminina subisse descesse por seu pênis.

— Tão bom... – descontrolando-se mordeu o próprio lábio, vibrando a cada movimento dela. — Tão bom...

Ele continuou a guiando até que chegou um momento em que seus olhos turvaram e não conseguia fazer mais nada deixando somente ela no controle da situação. Mostrando-se aplicada, ela entendeu rapidamente como a coisa funcionava e continuou fazendo o mesmo cada vez mais rápido até que o corpo do rapaz retesasse e explodisse em gozo em sua mão.

Ofegante, ele inclinou-se a beijando preenchido ainda pela satisfação que a garota lhe proporcionara e decido agora lhe retribuir o gesto. Colocando-se novamente por cima dela, ele fez questão de lhe abrir as pernas e encaixar a cabeça por entre sua virilha. Ela não entendeu o que aquilo significava num primeiro momento até a primeira linguada funda cortante invadir seus lábios vaginais. A região que aquela altura já se encontrava encharcada, umedeceu-se ainda mais com aquele gesto. Ele passeava a língua com tanta precisão que, ela podia sentir seu ponto máximo de prazer inchar-se de desejo.

E foram tantos beijos loucos
Tantos gritos roucos como não se ouvia mais

As correntes elétricas que percorriam seu corpo eram a cada instante mais intensas e ela sentiu que estava prestes a morrer se aquilo continuasse. O corpo mexia-se pelo feno de maneira disforme e descontrolada. Os gemidos roucos preenchiam o velho celeiro, fazendo companhia para o barulho dos pingos de chuva que caíam lá fora. Quando um espasmo mais forte a dominou, os olhos turvaram finalmente e ela explodiu em êxtase.

Ainda desejando mais e sem querer dar a ela nenhum descanso, ele subiu para unir novamente os lábios aos dela em mais beijo luxurioso. Aquela altura ele já voltara a ficar duro de novo e se possível ainda mais excitado do que antes ao observar o modo como os cabelos vermelhos e desgrenhados agora estavam grudados na face corada.

O busto continuava a sua provocante tarefa de subir e descer arfante e sem mais delongas, diante daquela imagem, ele não teve escolha a não ser colocar-se finalmente entre as pernas dela e já se posicionando para penetrá-la. Sabendo, no entanto, que aquele momento exigia um controle maior de sua parte, uma vez que a Karin era notadamente virgem, ele abriu um pouco mais as pernas dela, na tentativa de fazê-la entender o que aconteceria a seguir.

— Meu amor, a qualquer momento... é só pedir que eu paro. – os olhos dela arregalaram-se sem entender, mas assim que ele colocou a cabeça de seu membro em sua entrada, ela compreendeu finalmente.

Ele não fez nenhum movimento de primeira e só ficou ali, parado esperando que o rosto dela perdesse aquela áurea de dor que o preenchia para prosseguir. Assim, foi pedindo passagem aos poucos, penetrando-a devagar e começando um lento movimento de vai e vem só para que ela pudesse se acostumar. Quando a garota sentiu que algo havia se arrebentado dentro dela, ela soltou um gemido de dor e uma lágrima escorreu por seu rosto.

Ele sentiu-se mal no mesmo instante ao perceber que apesar de todo cuidado não conseguiu fazer daquele primeiro contato o menos doloroso possível para ela.

— Calma! Já vai passar, já vai passar! – acariciou-a ternamente no rosto. — Eu prometo!

E ele tinha razão. Assim que essa primeira etapa foi vencida, Suigetsu começou a movimentar-se dentro dela com mais intensidade. Seus corpos agora se embolavam com o feno e ele subia e descia em cima dela tomado por puro desejo. Ela, por usa vez, perdia-se cada movimento empreendido por ele.

A sensação de seu membro batendo contra a camada de seus lábios vaginais era enlouquecedora. Entrando e saindo. Subindo e descendo.

— Onegai... Onegai...– ela gemia em tom de súplica inerte e ausente de sentidos.

Antes do orgasmo atingi-los finalmente, ele fez questão de olhá-la intensamente como se tentasse gravar aquele momento para sempre em sua memória. A intensidade daquele olhar fez com que ela imediatamente movesse os lábios de encontro aos dele. E assim por entre gemidos e beijos os dois fundiram-se em corpo e alma enfim, explodindo em êxtase simultaneamente.

Exausta e repleta por sensações que ainda não conseguia descrever, ela não demorou muito para aconchegar-se no peito desnudo do rapaz. Ele, por sua vez, fez questão de envolvê-la em um abraço possessivo e necessitado, desejando internamente que aquele momento nunca terminasse. Quando Karin abriu os olhos pela manhã, teve a alegria de encontrar pequenos lírios depositados ao seu lado. Pegou-os com certa delicadeza como se tivesse medo de destroçá-los ao mais simples toque e cheirou-os na tentativa de absorver todos os momentos que vivenciara na noite anterior.

— Ohayou Gozaimasu! – a voz do jovem camponês se fez presente.

Ele havia acordado antes e ficara por longos minutos encostado a uma pilastra de madeira a observando dormir.

— Ohayou. – envergonhada, respondeu pegando o vestido para cobrir sua nudez.

— Não! Ainda não! – Ele agachou-se, impedindo-a de colocar o vestido.

— Eu... – Ela sussurrou, tentando entender porque a expressão dele parecia tão diferente desde ontem.

— Você me espera? – disparou antes que ela pudesse entender. — Você me espera?

— Do que você está falando?

— Eu vou ter que viajar... eu vou ter que...

— Você vai pra guerra? – Ela questionou finalmente parecendo compreender.

O silêncio preencheu o lugar. Ele não disse nada, mas não precisava.

— Eu espero! Eu espero! – Ela pulou por cima dele o enchendo de beijos pelo rosto. Já nem parecia mais a mesma menina tímida da noite anterior. — Aishiteru! – disse ainda por cima dele ávida e o rodeando de beijos estalados por toda a extensão do rosto.

— Aishiteru! – Ele correspondeu a altura com um sorriso nos lábios, aproximando-se para iniciar mais um beijo.

Ela havia florescido enfim. Amaram-se ainda mais uma vez aquele dia antes dele partir definitivamente.

E assim ela esperou. Esperou por muito tempo. Esperou até o fim da guerra. Esperou por notícias. Mas quando as notícias finalmente vieram, ela soube que ele nunca mais voltaria.

Ela chorou. Acreditou que a vida perdera o sentido, porém, apesar de toda dor, ela encontrou forças para continuar. Depois de toda a negação e raiva, aos poucos veio a aceitação. A saudade continuava, ali, apertada. Incomoda. Persistente. Mas ela prosseguiu. Reergueu-se em força, saiu de casa, tornou-se independente. Lutou para fazer suas próprias escolhas.

Outras primaveras vieram, outros lírios floresceram, inclusive sua Sayuri, seu pequeno lírio, que permanecera para sempre com ela como a maior lembrança de um amor que florescera na maior e melhor primavera de sua vida.

Um dia ele chegou tão diferente
do seu jeito de sempre chegar

 

Olhou-a de um jeito muito mais quente
Do que sempre costumava olhar

 

E não maldisse a vida tanto
Quanto era seu jeito de sempre falar

 

E nem deixou-a só num canto
Pra seu grande espanto, convidou-a pra rodar

E então ela se fez bonita
Como há muito tempo não queria ousar

 

Com seu vestido decotado
Cheirando a guardado de tanto esperar

 

Depois os dois deram-se os braços
Como há muito tempo não se usava dar

E cheios de ternura e graça
Foram para a praça e começaram a se abraçar

E ali dançaram tanta dança
Que a vizinhança toda despertou

 

E foi tanta felicidade
Que toda cidade se iluminou

 

E foram tantos beijos loucos
Tantos gritos roucos como não se ouvia mais

 

Que o mundo compreendeu
E o dia amanheceu em paz

 


Notas Finais


Espero que tenham gostado


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