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História Válvula de Escape - As faces de Emma Swan


Escrita por: ohmyparrilla

Notas do Autor


Boa noite, lindezas! Como vocês estão? Espero que bem.
Não tenho muito o que dizer, já que estou sendo breve com as atualizações. Só queria deixar aqui meus mais sinceros agradecimentos pelos mais de 200 favs da fic. É muito gratificante para mim quando vejo a visibilidade que VdE alcançou, eu não esperava tanto, de verdade. Eu amo escrever, poucas coisas fazem com que eu me sinta tão viva como transformar palavras em histórias e ressignificá-las, então obrigada. Eu sou toda gratidão. Vocês me ensinaram a acreditar mais em mim, e isso é valioso.
Pra quem ainda não segue, o tt da fic e demais projetos é @ohmyfanfiics


Boa leitura :*

Capítulo 28 - As faces de Emma Swan


 

“Quando o sangue respira o ódio, não pode dissimular-se.”

–Sêneca

  

A noite havia sido velada por um sono leve e tranquilo. Por incrível que pareça, o iminente peso que Regina vinha carregando em seus ombros não assumiam mais uma carga insustentável, deixando de causar-lhe pesadelos ou de trazer-lhe a insônia. Ainda que, mais uma vez, a vida se encarregasse de surpreendê-la com outra notícia capaz de tirar a morena dos eixos, ela havia decidido permitir que as pequenas alegrias ocupassem mais espaço em sua mente do que as inevitáveis complicações. Inspirada pelo mantra por vezes clichê de que os problemas só nos afetam à medida que permitimos que eles tomem conta de nós, Regina estava de fato tentando se tornar uma pessoa mais positiva. O revelador almoço com Locksley e à noite com o pequeno Roland certamente haviam funcionado como uma forma de tornar tal tarefa um pouco menos difícil, por darem a ela pequenos momentos preciosos para sua garrafinha de coisas pelas quais deveria ser grata.

 Apesar das possibilidades nada agradáveis apresentadas a ela durante a refeição do dia anterior, ela havia adquirido junto com mais uma preocupação, a certeza de que estava disposta a lutar pelo sentimento que nutria pelo doutor. Havia passado tempo demais criando muralhas de autodefesa, mas àquela altura Regina já havia compreendido que não havia como passar pela vida sem deixar marcas, ou sem que ela nos deixe marcas, até mesmo cicatrizes que por vezes custam a desaparecer. Algumas, por vezes, ficam, para nos lembrar de nossas batalhas. E porque não de nossas vitórias?

 A visita do pequeno Roland à sua casa, junto com o pai, certamente, havia dado a ela mais uma surpresa para colocar em sua conta. No entanto, o pequeno momento de alegria dado a ela pelo garoto, estava ali para acrescentar um saldo positivo àquela quantidade de surpresas não tão agradáveis assim. Ainda que o ato do pequeno ao se despedir desse a ele muito no que pensar.

            Flashback: noite anterior

 

– Olá, Ginaaaaaaa!– A voz infantil do garoto foi o primeiro som que Regina ouvira ao abrir a porta. Sendo acompanhado por um riso quase silencioso de Robin, ao fitá-la com certa timidez pela surpresa não planejada.

– Você disse que estava com saudade, e bem... Ele não me deixava em paz afirmando que queria te ver.– O loiro logo se explicou, talvez temendo ter se precipitado com a escolha de levar o filho até ali. Entretanto, o sorriso satisfatório que Regina lançou ao pequeno não deixava margens para dúvidas, ela havia amado a surpresa em forma de um garotinho de cabelos encaracolados e sorriso fácil.

Ela logo tomou o pequeno em seus braços, abraçando-o apertadamente e acariciando os cabelos rebeldes tão distintos dos fios claros do pai. Logo dando passagem para que Robin entrasse.

 – A que devo a honra de receber a visita desse pequeno príncipe?– Regina perguntou a Roland, agachando-se de modo a assumir a mesma altura do pequeno.

– Pequeno príncipe não, Gina. Eu sou um arqueiro.– O garoto falou, fazendo uma pose de turrão que apenas lhe dava mais pontos na escala de “fofura”, o que obviamente ela não diria a ele.

– Está bem, pequeno arqueiro.– Regina respondeu, risonha.– O que acham de se sentarem no sofá enquanto eu pego um pedaço de bolo de chocolate para você e seu pai?

– Ebaaaa, eu adoro chocolate!– Roland respondeu, animado como sempre era, conseguindo olhares de admiração dos dois adultos ao seu redor.

Regina logo entregou ao pequeno o controle da tv para que ele escolhesse algo para que pudessem assistir. Roland logo sentou-se no sofá da casa, empolgado em poder decidir o que assistir. Robin, por sua vez, acompanhou Regina até o cômodo ao lado.

– Ele realmente ficou feliz em ter ver.– O loiro falou, deixando que seus olhos azuis focassem em Zambrano, que atravessava a cozinha, parando defronte à geladeira e retirando a bandeja com um bolo de chocolate faltando apenas um pedaço dali.

– Eu senti a falta dele.– Ela respondeu, colocando a bandeja em cima do balcão e ficando nas pontas dos pés para pegar alguns pratos no armário de cima.

Locksley, divertindo-se com a cena, se aproximou da morena, pegando os pratos com facilidade e direcionando um sorriso jocoso a ela.

– Não ouse falar da minha altura, doutor Locksley.– Regina semicerrou os olhos, desafiando-o e fazendo-o rir.

 – Eu não sonharia com isso, milady.– Ele respondeu, levando suas mãos até a cintura de Regina, depositando um beijo cálido em sua testa.

 – Obrigado por estar sendo tão compreensiva com tudo. E claro, por nos receber aqui mesmo que eu não tenha avisado. Sei como a rotina é cansativa e que eu, talvez, esteja impedindo-a de descansar.– Robin falou, denotando sinceridade em cada uma das palavras proferidas. Ainda era visível seu receio com o fato de ter aparecido de surpresa, ela sabia que ele não gostaria de incomodá-la. Ademais, a tensão ainda estava ali em algum lugar no porte do belo doutor, tirando-lhe um pouco da habitual ousadia que carregava. Era quase encantador a timidez que residia ali e que Regina nunca havia visto antes.

Imitando o gesto do homem à sua frente, ela o abraçou pela cintura.

– Pare de agradecer por isso. Eu estava com saudade de Roland. Ele estava com saudade de mim. Eu estou feliz que estejam aqui.– Fora a vez dela de beijá-lo, no entanto, devido a diferença de estatura, ela alcançou-lhe o queixo. E como quem lia o pensamento do homem em seus braços, Regina ainda completou:

– Eu não vou fugir depois do que você me disse, Robin. Eu prometo. Tire esse olhar temeroso dos seus oceanos azuis porque você não vai se livrar de mim.– Ela disse bem-humorada, desfazendo-se de seus medos para ajuda-lo com os dele.

– Eu te amo, Regina Mills.– Ele disse, abaixando o rosto alguns centímetros e dando um beijo rápido em seus lábios.

 – Eu sei, querido. Eu sei.– Regina respondeu, piscando para ele e esquivando-se do abraço, voltando sua atenção para o bolo em cima do balcão. Afinal de contas, a compreensão não a impediria de provocá-lo como sempre fazia.

Antes que Robin pensasse em devolver a provocação, a figura do pequeno garoto descalço e com o controle da TV na mão se fez presente na cozinha.

– Vocês não vão vir? Eu já escolhi o desenho.– A voz infantil os despertou de seu momento particular.

– Culpe seu pai, querido. Ele não consegue ficar alguns minutos sem chamar minha atenção.– Regina lançou uma piscadela à Robin, provocando-o uma vez mais, antes de entregar a ele os pratos e pedir que acompanhasse o filho até a sala, ela estaria logo atrás com a bebida.

***

  A noite seguiu tranquila, Roland os distraía de toda e qualquer preocupação que a vida adulta não cessava de apresentar. Enquanto assistiam o pequeno pegar outro pedaço de bolo, agora com a bandeja na mesa de centro da sala, Regina permanecia envolvida pelos braços fortes de Robin que a mantinha aconchegada ao seu lado no sofá.

Após finalizar o segundo pedaço do bolo, Roland já coçava os olhinhos com a cabeça encostada no peito de Regina, sentado no meio do casal.

– Acho que devemos ir. Já passa das nove e temos que estar de pé logo cedo.– Robin falou, enquanto assistia o filho esboçar sinais do sono que vinha chegando.

– Tudo bem, doutor. Eu carrego Roland até o carro e você pode pegar o restante do bolo para levar, acho que o macaquinho aqui gostou.– Regina falou, recebendo um sorriso elusivo enquanto Robin se levantava para seguir sua sugestão.

Minutos depois ele voltou da cozinha com a vasilha que ela havia o instruído a pegar.

– Tem certeza que não quer que eu o carregue?– Locksley questionou.– Sabemos que seu porte pode dificultar carregar esse pequeno peso.– O retorno da provocação tarda, mas não falha.

– Ha, ha. Muito engraçadinho o senhor, doutor Locksley. Já disse que eu o levo.– Ela falou, mostrando à língua a ele em seguida. Levantou-se e aconchegou o pequeno em seus braços, seguindo para a porta.

 Robin abriu a porta do carro para que ela pudesse colocar Roland na cadeirinha do automóvel, a surpresa agradável, mas talvez um pouco preocupante, viria a seguir.

– Tchau, mamãe Gina.– A voz sonolenta de Roland foi ouvida quase como um sussurro, fazendo com que um sorriso de emoção adornasse o rosto de Regina.

  Robin, que permanecia segurando a porta do veículo de modo a facilitar o trabalho dela, talvez não tivesse ouvido. Mas o grandioso título que o pequeno acabara de dar a ela, afagava sua alma, mas preocupava o seu coração.

 O que seria da cabeça daquela criança se a mãe acordasse?

*

 Logo fui tirada das minhas rememorações sobre a noite anterior por batidas incessantes na porta. Deixando a xícara de café no apoio da poltrona, levantei ainda trajando meus pijamas, curiosa sobre quem estava na porta.

Valendo-me da pequena e útil ferramenta chamada olho mágico, vislumbrei uma Emma esbaforida batendo à minha porta. Um sorriso de orelha à orelha tomava conta de sua feição. E os olhos verdes pareciam ter adquirido um brilho a mais.

Sem mais demora, abri a porta, sendo esmagada por um abraço de urso tão característico de minha amiga, mas evidentemente mais apertado por um motivo que eu ainda desconhecia.

– Você está me esmagando, criatura eufórica.– Falei com a voz esganiçada, meus braços permaneciam colados ao meu tronco, impedindo-me de corresponder ao gesto pela surpresa tão rápida do ato de minha amiga.

Emma me soltou, dando pulinhos de alegria enquanto sacudia a mão direita incessantemente na frente do meu rosto. Tão próxima de minha visão que me impedia de distinguir aquilo o que ela tanto queria me mostrar.

– Eu estou noiva, Rê. Killian me pediu em casamento há algumas horas. Por isso que eu demorei pra chegar até, né? Nós estávamos comemorando.– Ela desembestou ao falar, fazendo uma cara extremamente inapropriada ao falar sobre a comemoração.– Depois de quase cinco anos de relacionamento... Assim que apareceu lá em casa esta manhã após o turno da madrugada, ELE ME PEDIU EM CASAMENTO, REGINAAAAAA!!– A alegria de Emms me contagiava, era notória a felicidade tamanha que tomava conta de minha amiga. Swan nunca fora dada a gritinhos eufóricos, mas, naquele momento, ela parecia ter saído de um filme americano e incorporado a figura da garota sem graça ao ser convidada para o baile de formatura pelo garoto popular.

 – Quem diria que acharíamos alguém para aguentar a Sherlock Holmes, hein?– Falei em um tom brincalhão, contagiada pela felicidade de Emma.– Parabéns, mana! Você merece tudo e muito mais.– Falei sincera, agora podendo abraçá-la sem ser sufocada.

 – Obrigada, Rê. Eu estou muito feliz. Por mais que a gente já leve a vida de um verdadeiro casal, acho que é verdade quando dizem que o pedido sempre emociona.– Emma falou, subitamente assumindo uma feição sonhadora.

Parece que a vida realmente gostava de nos surpreender. Algumas vezes surpresas como aquela podiam reacender esperanças que às vezes acabamos por esquecer.

– E sim, eu serei madrinha.– Disse, colocando as mãos na cintura e fazendo uma pose de falso convencimento, fazendo-a rir.

– Mas é uma convencida mesmo.– Emma falou, me puxando para outro abraço.– Vá se trocar, madrinha de pijamas. Precisamos ir para o hospital. O dever nos chama.– Completou ainda, dando tapinhas em minha bunda como sinal de que eu deveria me apressar.

– Tem café recém-coado na garrafa, pode ficar à vontade. Prometo ser breve.– Falei, caminhando em direção às escadas que dava acesso aos quartos. Permitindo que um sorriso permanecesse estampado em meu rosto por poder compartilhar de um momento de alegria tão genuína com minha amiga que exercera a função de salvadora por tantas vezes em meus piores momentos.

Emma era digna de toda a felicidade do mundo pela pessoa maravilhosa que habitava por trás de toda aquela curiosidade e euforia em forma de mulher.

Quando estava quase alcançando o último degrau, ouvi Emma gritar do andar de baixo:

– Espera ai, vou subir com você.– Sua voz saíra meio incompreensível devido à boca cheia de comida. Emma e seus modos de princesa...

Entrei no banheiro do quarto, deixando a porta aberta para que pudéssemos continuar a conversa.

Sim, nossa intimidade possuía alguns níveis bem extremos.

– Sabe o que é engraçado?– Ela perguntou, apoiada no portal do cômodo onde eu iniciava o banho. Ela logo continuou a retórica:

– Eu estava falando sobre você quando Killian me fez o pedido. Fui pedir algo para ele que diz respeito a vossa senhoria.– Ela disse.

– E posso saber o que era?– Perguntei, ligando o chuveiro em seguida.

– Nada de relevante, tanajura.– Emma disse, me zoando como sempre e me deixando curiosa no caminho. Ela fazia de propósito, eu sabia. Daquela vez eu deixaria passar, era o momento dela falar tudo que quisesse para esboçar sua alegria. Se aquilo incluía me deixar mordida de curiosidade, paciência.

Poucos minutos depois, eu já estava pronta com a chave do carro na mão e a bolsa à tiracolo. Enquanto Emma me contava detalhes sobre o pedido de Killian.

– Ele disse que havia pensando em colocar as alianças na taça hoje quando fossemos jantar, mas Jones me conhece o suficiente para saber que eu engoliria o anel com minha sede pela bebida. – Ri, sabendo perfeitamente que o fato seria verídico. – Por isso ele decidiu pedir assim que chegou lá em casa, até porque disse que não estava mais aguentando esperar, sabe? Ele disse que planejara tudo antes do que aconteceu, antes de descobrirmos tudo...

– Sinto muito por ter metido vocês nessa.– Pedi desculpas sinceras, imaginando o quanto aquilo tudo havia afetado a todos nós, de modo especial a Killian, o escolhido de Graham para revelar seus crimes.

– Não foi culpa sua, Rê. E o que é uma semana para quem esperou quatro anos?– Emma riu, lembrando-se de todas as brincadeiras das quais havia sido alvo por tantos anos de namoro sem um pedido de casamento. – Até porque, se não fosse por você, eu teria continuado tratando meu período de residência como um momento no qual eu seria incapaz de me relacionar com algo para além do trabalho e do meu filho. E não esqueço que já foi babá do meu rebelde muitas vezes no início do namoro, senhorita. Sou muito grata por tudo.– Emma falou, pegando-me de surpresa e fazendo com que eu me lembrasse com nostalgia dos fatos.

Logo estávamos dentro do veículo, Emma havia decidido ir comigo e deixar seu carro em minha casa, para continuarmos o assunto.

– Menina do céu!– Emma mudou um pouco o foco, assumindo uma feição maliciosa e rindo antes de continuar. Conhecendo a peça, eu já podia imaginar o que viria a seguir.

– Tive o melhor sexo matinal da minha vida. Pós-pedido de casamento. Você pode imaginar, Regina? Eu nem sabia que meus olhos podiam revirar tanto.– Emma falava descaradamente, fazendo caras e bocas e me fazendo rir.

– Você vai me fazer bater o carro.– Eu respondi, em meio a uma crise de riso provocada pela última fala.

– É sério. Quer um conselho? Jogue indiretas para que o Robin te peça logo em casamento só para vocês terem um sexo assim. Não vai se arrepender, Rê. Se bem que vocês já parecem dois coelhos mesmo...– Emma não tinha limites, mais uma vez eu podia atestar.

Entretanto, a menção a um pedido de casamento fazia com que eu me recordasse das atuais circunstância. Apesar de fazer parte da equipe de neurologistas, o assunto Marian ainda não havia chegado ao conhecimento de Swan, no entanto, aquele não era o momento de tocar no mérito da questão.

Aquele era o momento de Emma.

*

Zelena colocava em sua bagagem de mão os últimos itens necessários para a viagem à Ottawa. Tudo o que precisava para dar continuidade aos seus planos para o legado dos Gold era a autorização do pai, que a surpreendera ao aceitar a sua proposta sem titubear e com elogios decorosos à sua pessoa.

Ela realmente não esperava que o pai recebesse sua proposta inovadora tão bem, muito menos que o homem a tratasse com tamanho reconhecimento por todos os seus feitos para a empresa até então. A relação pai e filha nunca havia sido o forte de Gold, talvez ele estivesse procurando redenção com suas últimas atitudes. Ou talvez ele estivesse momentaneamente mudado apenas pela possibilidade de Marian acordar.

Zelena realmente não sabia o que pensar. E nem queria ocupar sua mente com assuntos tão repletos de emoção. A ruiva vivia sobre um código, que ela mesmo havia criado, que estabelecia que o seu cérebro sempre tomaria as rédeas da situação. Não queria ser fraca perante a ninguém. Especialmente em um mundo de negócios tão injusto e preconceituoso com as mulheres. Ela não havia trabalhado tão duro para tornar-se sentimental e suscetível a estragar tudo no momento que deixasse que suas emoções a conduzissem. Pelo menos era assim que ela tentava pensar.

Entretanto, por mais que desejasse enganar a si mesma com um monólogo interior tão centrado e racional, o seu maior anseio era que tudo desse certo no Canadá, assim ela conseguiria subir níveis consideráveis na escala de admiração do pai.

Obviamente ela não assumiria aquilo em voz alta.

Fechando o zíper da mala ao depositar o último item necessário à bagagem, Zelena respirou fundo, pronta para derrubar quem surgisse em seu caminho ou qualquer ameaça afim de impedir a fusão.

Aquele contrato era dela. O sucesso iminente a aguardava em Ottawa.

*

O movimento no Memorial Hospital West parecia ameno naquele dia, pelos menos na ala destinada às consultas marcadas. Para o azar (ou sorte aos olhos de Regina), ela estaria atendendo na emergência durante todo o dia, obtendo assim uma grande quantidade de pacientes em necessidade de seus cuidados. Antes de tomar seu caminho para seu posto, a morena decidiu acompanhar Emma até seu consultório, a amiga parecia ter sido consumida por uma necessidade incessante de falar, fazendo com que Zambrano quisesse passar o maior tempo que poderia dando ouvidos à eminente alegria de Swan.

 Assim que chegaram à neurologia e pararam defronte à porta da sala de Emma, a dupla foi desperta de sua conversa íntima pela familiar e nada agradável voz:

– Regina, querida. Você está aqui! Sabia que iria encontrá-la, filha fujona.– O falso tom de cordialidade de Cora tomou conta do ambiente à medida que a mais velha se aproximava do campo de visão da filha.

O sorriso de Emma sumiu de imediato, e muito embora ninguém notasse, os punhos da loira explosiva estavam cerrados, evidenciado sua clara falta de simpatia por Cora Mills.

Em contrapartida, Regina assumira uma postura estática. Naquele momento a morena sentia como se sua mãe fosse a medusa, ao ver-se petrificada diante de sua figura. A mulher realmente parecia uma própria víbora encarnada, mais uma vez disposta a despejar o seu veneno.

– O que faz aqui?– Foi Emma quem quebrou o silêncio, mais ríspida do que realmente gostaria de transparecer.

– Ora, querida. O hospital ainda é meu.– Regina sentiu um riso interno tomar conta de si, ao pensar o quanto Cora estava enganada em sua postura de conforto em relação ao título que possuía.

 – Eu sei, querida.– Emma fora sarcástica ao imitar o título usado pela mais velha.– Mas acho que os mais velhos deveriam aproveitar a aposentadoria.– A loira completou, fazendo com que a face azeda de Cora fosse revelada.

– Emma tem razão, o que faz aqui?– Regina finalmente quebrara o silêncio que a apoderava, mesmo que a contragosto, uma vez que seu maior desejo era não dirigir, sequer, a menor das palavras à sua mãe.

– Como você se recusa a atender aos meus telefonemas ou a responder minhas mensagens, Regina, esta foi a única alternativa que eu encontrei. – Cora respondeu, esboçando um sorriso irônico para a filha.

– Estou ocupada, não tenho tempo, Cora.– A frieza atingiu a Mills mais velha em cheio, mas ela jamais demonstraria. Quando Regina havia deixado de chamá-la de mãe?

– Pois você terá que arranjar, Regina. Quero combinar com você o discurso que fará na convenção de Nova Iorque, preciso de alguém próxima a mim para falar sobre a história da família e do hospital.– Ali estava o motivo da falsa cordialidade, Cora precisava de Regina para algo que lhe beneficiasse.

E desde quando somos próximas? Zambrano questionava mentalmente, sendo cada vez mais atingida pelo gênio e falta de caráter da mãe, além do esforço gigantesco que aquela situação exigia dela para que não derramasse tudo o que gostaria sobre a mãe.

Emma, que não possuía a mesma capacidade ou paciência da amiga, disse em uma oitava mais alta, olhando furiosamente para Cora:

– Pra mim já chega, Regina. Essa palhaçada tem que acabar!

– Emma, por favor...– Zambrano lançou à loira um olhar de súplica, enquanto Cora esboçava um olhar inquisidor, tentando manter a pose pela qual tanto prezava.

– Regina, olha, eu te amo. Amo muito. E é por isso que eu vou fazer o que farei a seguir. Porque se você acha que merece passar por esse tipo de coisa e permanecer fingindo que não está acontecendo nada para que uma mulher, e me perdoe a palavra, medíocre como Cora continue se achando a rainha da cocada preta, eu discordo. Você não merece isso.– Emma falou, os olhos verdes fixos em Regina, que levou às mãos ao rosto, meneando a cabeça em negativa. A morena claramente não sabia lidar com tudo aquilo agora, estando de frente à pessoa que julgava ter destruído tantos de seus sonhos.

– Do que você está falando?– Cora perguntou.

Aproximando-se de Cora e levando o indicador a parcos centímetros do rosto da mais velha, fazendo dar um passo para trás, Emma falou em voz baixa:

– Estou falando do fato de você, Cora Mills, ser uma assassina.

– Me desculpa por isso...– Regina falou, a voz quase inaudível, caminhando em passos rápidos até o banheiro mais próximo. Ela não queria mostrar-se fraca perante Cora, não quando passara todos os anos tentando reafirmar a mulher forte que era para a mulher que passara a vida inteira subjugando a filha.

Emma, por sua vez, permaneceu onde estava, a respiração alterada denotando a profunda ira que a mulher á sua frente provocava.

– Pare com suas acusações sem fundamentos. De onde tirou isso?– Cora perguntou, impassível, muito embora em seu interior estivesse ardendo de preocupação.

Puxando-a pela blusa fina de seda, Emma empurrou a mais velha para dentro do seu consultório, cansada de ver Regina sofrer as consequências de carregar o peso do atos da mãe. A loira fechou a porta com força, trancando-a em seguida.

– Acho que você perdeu os poucos modos que lhe restavam, Swan.– Cora falou, disfarçando o quanto a postura da loira a intimidara.

– Cale a boca, Cora! Seu moralismo não passa de um moralismo barato a fim de esconder o caráter que te falta.– Emma cuspia as palavras, as mãos trêmulas denotando o quanto a Mills mais velha mexia com seus nervos.

– Para acusar alguém é preciso ter provas, querida. Você sabia disso?– Cora manteve sua postura impassível, ainda na tentativa incessante de sair por cima de toda e qualquer situação.

Cora se sobressaltou pelo susto que as repentinas palmas de Emma provocaram em si.

– Olha...– O tom de ironia adornava a fala de Swan com maestria.– Eu tenho que lhe dar os parabéns pela sua inigualável dissimulação, Cora. Você realmente tem culhões para manter esse seu maldito nariz empinado diante de tudo o que já fez.

Finalmente demonstrando o que de fato sentia, Cora disse, irritada:

– Fale logo o motivo pelo qual me acusas, Emma Swan. Não sou obrigada a perder o meu tempo diante de sua desagradável presença.– A mais velha falou, agora encostada na mesa de madeira devido aos passos furiosos de Emma que procuravam encurralá-la.

– Estou falando do fato de você ter assassinado o ex-noivo de sua filha, Cora. Como teve coragem?– O desdém era nítido em cada palavra.

Levando a mão ao peito, Cora denotava estar surpresa diante da acusação, a feição assumira um ar de choque.

– Em toda minha vida, nunca recebi acusações tão sem fundamentos. Eu vou denunciá-la por calúnia, Swan.– Mills falou, parecendo ofendida com a fala de Emma.

– Sem provas, Cora? Sem provas?– Emma questionou, tirando de bolso um papel amarelado em caligrafia desajeitada.– Você quer que eu leia para você a prova?

Cora parecera finalmente cair do pedestal em que ela mesma havia se colocado, agora de fato dando ouvidos às palavras de Emma, que começou:

– Caro, Killian. Antes que veja o conteúdo que deixo neste pen-drive, peço desculpas pelo que fiz a você.– A voz de Emma ao ler a carta fez com Cora assumisse, pela primeira vez até aquele momento, uma postura de enorme fraqueza. O medo começava a tomar conta de seu interior.– Como vigia das câmeras de seguranças do Memorial Hospital West, deveria ter tido acesso ao que está aqui há muito tempo, graças a mim você nunca chegou a tomar conhecimento do que aconteceu na noite do falecimento de Daniel. Esses vídeos provam que Cora Mills, a ex-chefe do hospital e mãe de Regina, é uma assassina.– Emma ofereceu à mais velha um sorriso amargo.– Você precisa que eu continue?

– Eu não acredito que você vai acreditar em um bêbado como Graham.– Falou uma Cora Mills pálida, claramente afetada pela veracidade dos fatos.

Emma gargalhou, antes de dizer:

– Me diga em que momento eu falei que foi Graham quem escreveu a carta, senhorita Mills?– Emma acabara de colocar Cora contra a parede. Aproximando-se outra vez da mais velha, ela depositou a carta em cima de sua mesa, novamente levando o indicador rente à face da mulher sem caráter algum.

– Você não vale o chão que esses seus saltos caros pisam. E grave bem o que eu vou te dizer, se depender do meu incentivo à Regina, brevemente tudo o que existe contra você será entregue à polícia. Então eu quero ver o quão sofisticada e superior você pode ser ao vestir o elegante traje listrado da prisão.– Emma falou, fazendo Cora engolir em seco.

Mills fez mesura em falar, no entanto, antes que alguma palavra saísse de seus lábios entreabertos, Swan prosseguiu:

– Me poupe do seu discurso e de suas desculpas.– Afastando-se da mulher de meia idade, Emma alcançou a porta, destrancando a fechadura.– Apenas suma da minha frente, antes que eu faça algo que me faça te acompanhar no caminho para trás da grades.

A loira esperou que a intragável companhia deixasse sua sala e tomou caminho até a copa, ela precisava de um copo com água e açúcar para começar a atender seus pacientes.

*

Com a cabeça a mil, Regina outra vez se mantinha ocupada com os ossos do ofícios. Muito embora os problemas pessoais estivessem trabalhando duro para tomar toda sua atenção, Zambrano permanecia inquestionavelmente atenciosa para com seu trabalho.

Liberando o primeiro paciente da emergência com o receituário em mãos e prestes a chamar o segundo, a morena foi interrompida pela voz da mãe, outra vez naquele dia. De novo não... Regina respirava fundo, tentando conter a infinidade de emoções que a simples presença da mais velha a provocava.

– Regina, precisamos conversar.– Ela virou-se para se deparar com um sorriso triunfante advindo de Cora.

Será que Emma havia repensado sua decisão de esbravejar a verdade contra Cora?

*

EMMA

Suficientemente recomposta do estresse causado por Cora e decidida a convencer Regina a entregar a mãe o mais rápido possível, voltei ao meu consultório. Era hora de colocar as questões que me descabelavam de lado e focar nas pessoas que precisavam de meus cuidados profissionais.

Ao entrar em meu consultório e colocar-me detrás da mesa afim de averiguar os prontuários que me aguardavam, me dei conta da minha imensa burrice ao levar a mão no bolso e não sentir nada, ao olhar uma vez mais para toda a extensão da mesa e dar falta de algo que deveria estar ali.

Levei a mão à testa, em um gesto de constatação dolorosa. Como eu podia ser tão burra?

Onde estava a carta de Killian?


Notas Finais


Pra quem quiser falar comigo, o tt pessoal é @ohmyparrilla. Sintam-se livres para me chamar lá.
Mwaaah


PS: Apenas um esclarecimento, a contagem de capítulos do spirit não condiz com a minha, já que há o prólogo e um capítulo dividido em duas partes. Vi muita gente desesperada pq eu disse que VdE ia mais ou menos até o cap 33. Na minha contagem, este aqui é o 25, mas provavelmente ultrapassaremos os 33 caps.


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