- Boa tarde, Lu! Em que posso ajudá-lo?
- Boa tarde Byun. Pode começar me parabenizando. – deu um leve sorriso – descobri que estou esperando um bebê.
- Waa! Sério? Parabéns! Seu noivo já sabe?
- Na verdade o pai da criança não é o meu noivo... – o outro abriu a boca surpreso, mas ele continuou falando – e eu estou solteiro agora porque minha noiva, quer dizer, ex-noiva, não quer subir no altar e correr o risco de eu entrar em trabalho de parto...
- Então você...
- Não sabia da minha condição e fiz uma festinha antes de decidir pelo casamento. A história é longa, que horas você sai?
- Em quarenta minutos. Podemos comer alguma coisa depois.
- Eu espero. Vou dar uma volta e passo aqui.
- Combinado.
Os dois estavam sentados frente a frente na lanchonete e o mais novo esperava ansioso a continuação da história.
- Estou bem curioso pra saber tudo.
- Ah sim, imagino. – Lu Han sorriu – Bem, tanto a minha família quanto a dela estavam forçando uma decisão sobre o casamento, mas algo dentro de mim dizia para eu esperar mais um pouco. Só que eu não tinha esse tempo pra esperar, então chamei meus amigos pra sair e no meio da noite fui dar uma volta na pista e ver se encontrava alguém interessante.
- Procurava alguém em especial?
- Um homem que me atraísse. Eu achei que deveria experimentar me relacionar com um cara antes de tomar minha decisão. Enfim, vi um rapaz dançando e ele me chamou a atenção. Fui até ele, descobri que era o estagiário do setor que eu trabalho na editora, mas não me importei muito. Dançamos, bebemos e acordei na cama dele.
- Então não se lembra de nada?
- Lembro de cada detalhe, mas na hora, não. Ele se declarou pra mim e eu o dispensei. Falei sobre minha noiva e fui embora.
- Caramba! E ele? – falou entre uma mordida e outra na pizza.
- Ficou arrasado, mas ainda insistiu de sairmos novo. Eu consegui uma promoção pra ele na filial da editora e dei encaminhamento com o noivado. Todo mundo feliz, eu me sentindo diferente até o dia que passei mal e fui para o pronto atendimento. Não escondi da minha noiva a verdade e ela terminou comigo. Os parentes dela me ameaçaram e disseram que só não me bateriam por consideração ao bebê - parou para recuperar o fôlego e comer um pouco.
- E o rapaz? Você já conversou com ele?
- Já, acho que ele tem o direito de saber e participar de tudo.
- Mas e quanto a vocês dois?
- Eu não quero me envolver com ele. Eu estou péssimo pelo que fiz com a Caiqin e eu amo ela...
- Ama mesmo? Quero dizer, não é apenas o fato de terem ficado muito tempo juntos?
- Eu não sei de mais nada – franziu o cenho e se levantou rapidamente – com licença – se apressou até o banheiro e ficou por lá até se sentir melhor. O enjoo passara e ele voltou para a mesa. O menor decidiu não insistir no assunto amoroso e apenas o convidou para saírem novamente.
- Podemos combinar de sair fazer compras para nossos bebês, o que acha?
- Seria ótimo. Eu estou tão perdido nessa situação, obrigado por estar comigo. – Sorriu.
- Não tem que agradecer. – Sorriu de volta.
Sehun saía apressado do prédio onde trabalhava quando um senhor de cerca de sessenta anos o abordou.
- Oh Sehun?
- Pois não? – olhou surpreso para o desconhecido.
- Prazer, Lu Yen – antes que o rapaz falasse algo, ele prosseguiu – sou o pai do Han. Será que podemos conversar?
- O prazer é todo meu – curvou-se rapidamente e então direcionou o senhor até a cafeteria do prédio, para que pudessem ficar mais à vontade.
- Não sei se meu filho já conversou com você sobre um assunto delicado...
- Ele me procurou semana passada para me contar.
- Bom, pelo menos ele não é tão ruim como eu imaginei – pigarreou – o que vocês decidiram?
- Eu vou ser presente em tudo na vida do bebê, mas apenas na do bebê.
- E você acha que algo desse tipo é possível? Vocês se envolveram uma vez, não há chances de acontecer novamente? Não quero meu filho um pai solteiro.
- Nosso envolvimento senhor, me desculpe dizer isso, foi um erro. Eu gosto do seu filho há algum tempo e nunca soube sobre a Caiqin e ele nunca me deu atenção até o dia que tudo aconteceu. Depois disso, ele me contou que estava noivo e que o que tivemos não passaria daquela única noite.
- Está dizendo que o Han te dispensou?
- Umas dezenas de vezes, aliás ele mesmo disse que não existe “nós” e não vai existir.
- Pois saiba que da minha parte tem o meu apoio para, caso ele mude de ideia, vocês oficializarem algo.
- Eu agradeço seu apoio.
- Estou do seu lado, Sehun. Eu realmente espero que aquele cabeça dura enxergue você de outra maneira.
No trabalho, apenas seu chefe e o responsável do RH sabiam sobre a gravidez. Ele preferiu não abrir o assunto e tentar levar da maneira mais natural possível. Seus pais voltaram a falar com ele e o sentimento pela ex-noiva parecia não ter fim. Ele refletia sobre a conversa que tivera com Baekhyun, mas parecia difícil de acreditar que não amava a moça. O sentimento por ela ficava evidente sempre que ele chegava em casa após um dia cansativo no trabalho e não tinha com quem conversar. Ele relutava em ligar para Sehun, mas precisava falar com alguém.
- Alô?
- Oi Sehun, sou eu...
- Tudo bem Han? Como está o nosso bebê? – a voz ansiosa por notícias fez o menor sorrir.
- Estamos bem, eu só queria conversar um pouco.
- Quer que eu vá até aí? Não demora de carro.
- Ahn.. Sim, acho que é melhor. Obrigado.
Ele passou seu endereço para o mais novo e ficou aguardando a visita. Tão logo se viram, Sehun abriu um sorriso sincero e baixou os olhos para a barriga ainda sem volume.
- Tudo bem? Você parecia triste ao telefone.
- Estou um pouco angustiado – confessou – não sou acostumado a ficar sozinho.
- E como tem passado?
- Sinto muito enjoo. E quando não estou enjoado é a cabeça que dói ou a bexiga que enche mais rápido.
- Tem algo que eu possa fazer por você?
- Obrigado por perguntar, mas não.
- Posso passar a mão na sua barriga? – pediu um pouco receoso.
- Pode, mas não dá pra sentir nada, nem volume tem ainda – riu fraco e retesou o corpo quando as mãos quentes tocaram sua pele.
- Já fez os exames? – perguntou após colocar as mãos nos bolsos da calça.
- Ainda falta um, mas já está agendado. Você anotou o dia da próxima consulta? – andou até o sofá e se sentou, sendo imitado pelo mais novo.
- Anotei... Hyung, eu sei que já falamos sobre isso, mas...
- Por favor, não diga nada. Estamos tendo uns minutos racionais e eu não quero discutir com você.
- Desculpe, não quero te tirar do sério. – suspirou.
- Minha mãe me ligou hoje pra saber como eu estava. Ela disse que ela e o pai virão me visitar no fim de semana.
- Isso é um bom sinal, não é?
- É sim, eles não queriam conversar comigo até ontem. – riu da própria desgraça.
- Eles devem ter ficado muito bravos com você...
- Sim, ficaram... Bem, eles querem conhecer você. Eu disse que talvez você não pudesse vir, então se não quiser passar por isso, não precisa.
- Acho que é bom eu vir, eles vão poder dividir as frustrações e culpa entre nós dois – sorriu e fitou os olhos indecifráveis do mais velho.
- Se quiser pode aproveitar e dormir aqui na sexta-feira.
- É? – se surpreendeu com a oferta.
- Sim, eles vão chegar cedo e acho que vai ser melhor se você já estiver aqui na hora que eles aparecerem.
- Tudo bem..
Se de um lado Lu Han era contido e reservado sobre a gravidez, Sehun era o oposto. Seus familiares e amigos já sabiam da novidade e ele não se continha de felicidade, mesmo que precisasse disfarçar perto do mais velho. Toda a atenção que dava a tudo, só fazia o chinês ralhar ainda mais com ele.
- Não estou doente, só grávido, entendeu? – empurrou a porta corta-fogo do estacionamento do prédio com força e ouviu o estalar de língua do maior.
- E é por isso que precisa ter mais cuidado. Pare de bancar o bruto, nem combina com seu rosto e corpo delicados. – sorriu de canto quando o outro retrucou.
- Isso, fica tirando com a minha cara, mas aposto que se eu te desse mole estaríamos na cama em segundos.
- Não tenha dúvidas. – segurou o pulso alheio – iria foder você de um jeito bem gostoso. Ah, você se lembra da nossa noite, não?
- Toda vez que corro pro banheiro vomitar – virou os olhos.
- Seu médico fez alguma restrição quanto a sexo?
- Você estava na consulta, sabe que não falamos sobre isso, até porque não é algo que vá acontecer.
- Hum...
Luhan subia as escadas na frente e continuou a discussão com o mais novo até alcançarem o andar térreo e avistarem Caiqin na portaria. O chinês pegou as correspondências e se virou para falar com ela.
- O que faz aqui? – a voz dele pareceu esperançosa.
- Vim buscar umas coisas minhas que esqueci. – Olhou rapidamente para Sehun e voltou a olhar o ex-noivo. – como tem se sentido?
- Enjoado, cansado e sozinho. Sinto sua falta.
- Deve sentir mesmo – ela foi irônica ao responde-lo. Os três entraram no elevador, mas Sehun se manteve em silêncio o tempo todo.
- É verdade, Caiqin. Como você está?
- Melhor que nos últimos dias. Você não vai me apresenta-lo?
- Este é Oh Sehun. Sehun, Zhang Caiqin.
- E ele é...
- Sou o pai do filho do Han. Mas não se preocupe, estou aqui apenas para conhecer os pais dele.
- Obrigado pelas explicações, Sehun. Será que pode esperar aqui fora enquanto a Caiqin e eu conversamos?
- Claro, senhor Lu. – disse um tanto quanto irritado.
Os antes noivos entraram no apartamento e a moça foi para o quarto, pegar seus pertences no closet. Lu Han a seguiu e se sentou aos pés da cama.
- Não precisa ficar cuidando, não vou pegar nada seu – ela disse ao ve-lo de relance.
- Não me preocupo com isso – andou até ela – e-eu quero ficar perto de você.
- Não perca seu tempo. Já disse várias vezes que não vamos voltar. E o Sehun está bem ali, à sua disposição.
- Como ele mesmo disse, está aqui apenas como pai. E-eu não sinto nada por ele. Por favor, Caiqin. – a segurou pelos ombros e se aproximou, tocando suavemente seus lábios aos da moça, que estava paralisada.
- Ainda não entendo como você pode ser tão cachorro – ela sussurrou tão logo ele afastou-se – dormir com ele e jurar que me ama.
- Eu estava confuso! – ele se defendeu – eu sempre me senti atraído por ambos os sexos e só precisava ter certeza de que estava fazendo a escolha certa.
- Sabe o quanto isso é nojento? Você tem a cara de pau de me contar isso como algo normal, natural.
- Eu sei que errei, mas...
- Adeus, Lu Han – ela se apressou em cruzar o apartamento e ele a seguiu. – Ah, quando vai se mudar? Ou pretende ficar aqui remoendo o passado? – perguntou enquanto abria a porta.
- O contrato encerra dentro de quatro meses. Vou ficar mais esse período aqui – deu de ombros.
- É bom começar a procurar outro apartamento então. Tchau Sehun.
A moça entrou no elevador e deixou os dois parados no corredor. A visita dela deixou o chinês triste e silencioso. O mais novo apenas suspirou e o conduziu para o apartamento novamente e ficou em silêncio vendo o menor chorar por Caiqin. Ele se questionava se um dia o mais velho o notaria com outros olhos, como da vez em que se envolveram.
- Eu vou deitar, estou me sentindo cansado.
- Precisa de alguma coisa?
- Não... Obrigado por vir.
- E onde eu vou dormir?
- Aqui? – o mais velho olhou incerto para Sehun.
- Há, não. Não se importa de dividir a cama, não é? E eu prometo que não vou tentar agarra-lo.
- Tá bom, mas venha logo antes que eu mude de ideia.
Os pais de Luhan já estavam sentados no sofá da sala e Sehun os recepcionava enquanto o menor não saía do banho.
- Você é mais novo do que eu imaginava – disse o pai do menor, fingindo ser o primeiro encontro com o rapaz – achei que tivessem a mesma idade...
- O hyung é uns três anos mais velho que eu...
- Ele está bem? Por que ainda não apareceu?
- Ele estava indisposto hoje cedo e demorou pra levantar. Já deve estar vindo...
- Você está ficando aqui com ele? Vocês vão cuidar dessa criança juntos?
- Pai, acho que já falamos sobre isso – o rapaz apareceu, seu rosto mostrava que não se sentia bem.
- Luge, eu preparei o café. Vamos comer? – os quatro foram para a cozinha e antes que Lu Han se servisse, o coreano colocou um prato com torradas na frente do menor.
- O que é isso?
- São torradas. Vai se sentir melhor comendo elas agora – os olhos do chinês o fitavam e ele ficou sem jeito e se sentou.
- Obrigado. Andou pesquisando o assunto?
- Com duas primas e três sobrinhas, eu nem preciso pesquisar – falou enquanto fitava a própria xícara.
- Como sua família ficou com a notícia? – a mulher estava interessada no mais novo.
- Estão muito felizes. Querem conhecer o Han.
- E você, como está?
- Bem, eu fui pego de surpresa, mas estou tão animado em ser pai!
O menor apenas revirou os olhos ao notar os olhares de reprovação de seu pai sobre si. Ele deixou de prestar atenção nas perguntas da mãe ao coreano e apenas comeu em silêncio, olhando vez ou outra para a expressão relaxada que o mais novo tinha enquanto conversava com os mais velhos. “Esse dia vai ser longo”, pensou e respirou fundo em seguida, atraindo os olhares para si por um instante.
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