História Vamos ter um bebê - Sob o mesmo teto

As semanas passaram lentamente e, para Sehun, tinha sido uma eternidade até estar novamente com o mais velho. Não que não conversassem ou se vissem antes da consulta, mas era a oportunidade do mais novo ficar junto por mais tempo e, quem sabe, fazer Lu Han ser mais agradável com ele. Claro que tinha parado de implorar por atenção como vinha fazendo, mas por dentro seu coração sempre batia acelerado ao pensar no menor.

- Sehun – a voz do mais velho chamou e acenou para ele ir até a sala de espera.

- Tudo bem? – perguntou ao se sentar ao lado do outro.

- Uhum... 

- O que aconteceu? – estranhou a fisionomia e o jeito do chinês.

- Nada... – falou sem fitar o maior.

- Lu Han – o médico chamou e os dois foram para a sala da consulta. 

Durante os questionamentos do doutor, Sehun compreendeu o motivo do menor estar arredio. Ele estava sentindo muito enjoo e tinha emagrecido uns dois quilos. Além disso, ele não estava seguindo a dieta passada na última consulta.

- Luge, se quiser eu posso ficar com você alguns dias pra te ajudar com o apartamento.

- Não precisa, isso já vai passar – falou sem convicção.

- É pelo nosso filho. Deixe eu cuidar de você. – Segurou no pulso alheio e fitou o olhar surpreso.

- Vamos fazer uma experiência. Você pode passar essa semana aqui? - cedeu.

- Posso, mas tenho que buscar umas roupas amanhã.

Os dois foram para a cama juntos e o mais velho deixou escapar um comentário sobre a vez em que fizeram sexo.

- Eu lembrava de você bem cheiroso naquela noite. Não está usando mais perfume?

- Não quando estamos juntos.

- Acha que vai me fazer mal?

- Sim. Não seria bom fazer você ficar lembrando da nossa noite, já que você mesmo disse que não vai acontecer de novo.

- Bem, não estou enjoado e me lembrei.

- Quer repetir? – se virou de frente para o menor que estalou a língua antes de responder.

- Não. Você sabe que eu ainda penso nela, não? – mentiu ao perceber o tom de voz arrastado e sensual que o outro usava.

- Sei – suspirou – e você sabe que eu ainda penso em nós dois, não?

- Por que eu? Sei lá, você poderia se apaixonar por um cara mais parecido com você, que não fosse comprometido... Por que foi se apaixonar por mim?

- Sua postura firme no trabalho, a língua afiada e a determinação... E a sua sinceridade e a facilidade com que assume seus erros. Eu sei que talvez você nunca olhe pra mim como alguém que você queira ao seu lado, mas por enquanto eu posso lidar com essa rejeição.

- Eu queria poder dizer algo bonito agora, mas você sabe como eu me sinto com relação a isso. – Ambos ficaram em silêncio e dormiram pouco tempo depois.

Baekhyun e Lu tomavam um chá juntos e o coreano comentava sobre a aparência do amigo.

- Você parece mais saudável agora. Passaram os enjoos?

- Estou seguindo a dieta à risca – bebericou o chá – claro que se fosse por mim não seria assim, mas o Sehun é bem cuidadoso com a alimentação e nem usa perfume quando estamos juntos.

- Eu achei que você não queria se envolver com ele.

- Não estamos nos envolvendo, mas eu passei muito mal no último mês e nós combinamos de ele ficar esta semana aqui.

- Hum. Ele parece ser um rapaz bacana. Devia chamar ele pra sair com a gente. Eu convido o Chanyeol e tá tudo certo.

- Vai parecer encontro de casais. – torceu o nariz.

- Acho que deveria dar mais abertura a ele. É o pai do seu filho, precisam ter uma boa relação.

- Eu estou tentando. Se não fosse por isso ele nem estaria sob o mesmo teto que eu e dividindo a cama.

- Vocês dividem a cama? – sorriu com a informação.

- Exigência dele – revirou os olhos.

- Vamos lá, você não quer que ele te faça gemer bem alto? – deu risada da expressão indignada do mais velho.

- E-eu...

- Sabe que não há problema algum em fazer sexo durante a gravidez, não é?

- Eu tô muito bem sem sexo, okay? 

- A partir do terceiro mês de gravidez a coisa fica difícil de controlar. Vai por mim.

- Pervertido – terminou o chá ao som das risadas e brincadeiras do amigo.

- ... Nós combinamos na reunião... Uhum... Eu te mando uma cópia da ata... Até amanhã.

- Problemas? – Lu Han perguntou ao entrar no apartamento e perceber o tom de voz alterado do maior ao telefone.

- Um dos redatores confundiu os briefings. Como vocês estão? – se aproximou e deixou um beijo na testa do menor.

- Be-bem, nós estamos bem – ficou surpreso com a atitude de Sehun – eu vou me trocar, já volto.

- Tá bom – sorriu e pegou o celular novamente, encaminhando o arquivo para o colega de trabalho.

- SEHUN! - o grito do outro o assustou e ele se levantou do sofá num pulo e, ao entrar no quarto, encontrou o mais velho parado no meio do quarto com as mãos na cintura, e uma expressão irritada.

- O que foi? Tá tudo bem?

- Quem mandou você mexer na roupa de cama? 

- Foi um acidente, desculpa. Eu acabei derrubando um pouco de chá na outra colcha e troquei. Por acaso te lembra algo?

- Não se faça de besta! É igual a que estava na sua cama... Aquela... Noite. – ficou sem jeito para terminar a frase.

- Sério? Eu só peguei esta porque achei engraçado termos gostos em comum. E não me assuste assim por nada. Achei que estava passando mal. – Bufou e saiu do quarto.

- Ah, isso é inacreditável!

            O chinês estava pensando em como seria a semana seguinte sem Sehun ali para lhe preparar o café ou fazer os comentários irritantes, que o menor já estava se acostumando a ouvir. Fez uma careta ao pensar que estava se aproximando demais do outro, mas logo sorriu ao se convencer de que todo mundo gosta de receber uma atenção especial, ainda mais que o foco ali era a criança e não ele. Andou até a janela da sala e observou a chuva que caía desde o almoço e então conferiu a hora.

- Ele deve estar no congestionamento...

            Passadas quase duas horas, Sehun entrou no apartamento, completamente encharcado e com algumas sacolas nas mãos.

- Fique aí, vou pegar uma toalha pra você – o chinês se apressou até o quarto e voltou com a toalha, indo direto até o maior – o que aconteceu?

- Meu carro estragou a algumas quadras daqui – disse enquanto secava o rosto na toalha. Ele ia continuar falando, mas se assustou ao sentir Lu Han desabotoar sua camisa.

- Sua roupa está ensopada! Tire logo a calça! – mandou e se afastou assim que tirou o tecido fino da camisa branca. Ao perceber que o outro estava sem jeito com suas atitudes, voltou a falar enquanto ia para a cozinha. – tome um banho que vou fazer um chá pra você.

            Sehun enrolou a toalha no quadril e tratou de fazer o que o mais velho falava. Ainda estava surpreso em como o outro se preocupara com ele e esboçou um sorriso ao lembrar da pequena distância que ficaram. Tomou um banho rápido e, ao sair, sentiu um cheiro agradável de comida invadir suas narinas.

- Ah, você terminou o banho... – o menor comentou sem graça ao ver o maior apenas de cueca no quarto – eu preparei o jantar. Está com fome?

- Estou... Obrigado.

- Não é nada – saiu do quarto e ficou esperando na sala. Logo o maior apareceu e os dois comeram juntos. – está se sentindo bem?

- Por que não estaria? Foi só uma chuva...

- Tem certeza que você é o mesmo Sehun que cuida de mim? – deu uma risada ao ver o outro corar – vá descansar.

- Está me dando dor de cabeça – comentou em voz baixa.

- Viu só – comentou meneando a cabeça. – Eu devo ter algum comprimido no banheiro... – se levantou e pegou o bule e a xícara com chá e foi seguido pelo mais novo até o quarto. Entregou o remédio e se certificou de que o coreano não precisaria de mais nada, então se retirou e voltou para a sala terminar de escrever um artigo.

            A campainha tocou e fez o menor sobressaltar no sofá. Ele colocou o notebook de lado e foi abrir, sorrindo ao ver Zi Tao ali.

- Que surpresa boa! Tudo bem?

- Tudo ótimo e você? – respondeu já entrando e se jogando no sofá.

- Bem também. Estou terminando uns textos para a revista.

- Estou atrapalhando?

- Claro que não. Se quiser tem vinho e cerveja na geladeira.

- Os mesmos da semana passada?

- Sim, não estou bebendo mais. Dependo das minhas visitas para esgotar meu estoque – riu – o que o trouxe aqui?

- Ah, senti falta de ficar com você. Desde que comecei na academia, nos vemos muito pouco.

- Pois é, nós dois estávamos muito ocupados, mas eu agora estou mais tranquilo.

- Você está radiante, sabia? Aconteceu alguma coisa?

- Estou seguindo a dieta que o doutor me passou. – comentou por cima.

- Você seguindo dieta? – o mais alto caiu na risada – sério mesmo isso?

- O Sehun tem me ajudado – deu uma breve olhada para o corredor e voltou a olhar para o amigo surpreso – combinamos de ele ficar comigo uns dias, porque eu estava passando muito mal.

- Ele está aqui? – perguntou ainda incrédulo.

- Sim, descansando.

- No quarto?

- Não, no banheiro. – falou ironicamente.

- Idiota, não precisa me responder assim. Então vocês estão se dando melhor?

- Ele é o pai do meu filho, estou me esforçando pra termos uma boa relação.

- E não pensa mais na Caiqin?

- Sabe, um amigo meu me disse esses tempos que nem sempre o que achamos ser amor, é realmente.

- Se refere ao que sentia por ela? – se ajeitou no sofá.

- Sim.. Lembra quando eu estava me questionando sobre o casamento? Hoje eu percebo que apesar de ter acontecido de uma forma abrupta e bem peculiar, foi melhor nós terminarmos... – voltou a olhar para o corredor novamente.

- É um alívio saber que você superou essa história. Não pensa em dar uma chance para o pai do seu filho?

- Não estou querendo me relacionar agora. Estou me acostumando com a ideia de ter um filho ainda. Fora que tenho que achar outro apartamento em dois meses...

- Luge, eu vou acompanhar o mecânico e já volto – falou enquanto cruzava a sala – oh, me desculpe, não sabia que estava com visita – sorriu sem jeito e cumprimentou ZiTao que o fitou com curiosidade.

- Passou a dor de cabeça? – o mais velho perguntou e o coreano assentiu antes de sair.

- Hum, "Luge" – deu risada da forma como o outro o tratava e levou um soco no braço.

- Até ele me trata com mais respeito que você – bufou.

- Ai, vai começar a me alfinetar – resmungou – acho que já vou, está ficando tarde e amanhã meu dia vai ser bem agitado.

- Bom trabalho e bom encontro – deu uma risadinha safada.

- Obrigado! Vê se não demora pra deitar, tem que descansar por dois.

- Pode deixar! Até mais, Tao.

- Até, Han! – o mais alto saiu do apartamento e enquanto esperava pelo elevador, lembrou do coreano e suspirou. O rapaz era realmente bonito, dava pra imaginar que o amigo fosse se sentir atraído, mas o fato de os dois estarem se aproximando mexia com ele. Naquela noite ele estranhou o fato do menor não reclamar nenhuma vez sequer de Sehun nem de mostrar alguma insatisfação em ter o rapaz lá. – não me parece um bom sinal – comentou consigo mesmo.

            Quando Sehun chegou, o menor já estava se preparando para deitar e usava uma bermuda e camiseta. Ele ficou em silêncio observando Lu Han, que logo mostrou que sabia da presença dele ali na porta do quarto.

- O que o mecânico disse? – perguntou ainda de costas para o maior.

- Que eu deveria levar na revisão de vez em quando. Já está resolvido. – entrou e se sentou na cama – está tudo bem?

- Sim... A barriga está começando a aparecer – comentou sorridente – quer ver?

- Claro – sorriu animado enquanto o chinês dava a volta na cama e parava à sua frente.

- É bem sutil, mas já está diferente – comentou já com a camiseta levantada. O mais novo passou as mãos e falou com o bebê sob os olhares atentos e indecifráveis do chinês. Os dois deitaram depois do momento família, ambos com uma sensação diferente aquecendo seus corações.