História Vampire Heart - Capítulo II

O vento soprava através do cabelo do caçador, o motor estava sendo levado ao seu limite e a motocicleta estava começando a uivar em protesto, mas Sasuke não se importava, continuava correndo em uma velocidade medonha, tudo o que queria era fugir para o mais longe que pudesse.

“O que diabos aquela mulher tem na cabeça?” - questionou, lembrando-se do cheiro do sangue de Sakura. “Ela quer me fazer dependente dela, ou melhor, pertencente a ela" - continuava falando para si "Mas eu não pertenço a ninguém” - Sasuke pensava distraidamente, enquanto continuava correndo sem parar, até finalmente ser parado. Com a velocidade em que estava, não houve tempo de frear e acabou batendo contra uma grande rocha que havia no acostamento, sendo lançado a metros de distância, não viu mais nada, exceto um clarão cor de rosa, que definitivamente encheu seu olhar.

— Sa-kura… - pronunciou antes de apagar.

(...)

Sua consciência voltou lentamente, como um naufrago sendo içado das profundezas. O caçador podia sentir seus membros ainda doloridos, como se tivesse levado uma surra. Notou que a superfície abaixo de si era suave e havia algo contra seus lábios, era algo quente, líquido. Ele recuou e tentou tirar aquele calor úmido de seus lábios, mas ele foi mantido.

— Você beberá tudo - disse uma voz calma — Não seja ingrato, desta vez eu salvei a sua vida, deveria ser gentil.

Era Sakura. Sasuke não tinha certeza de como ela o encontrou, mal lembrava do que tinha acontecido, e naquele momento ele não se importava. Seus olhos ainda estavam se recusando a ficarem abertos, mas ele estava concentrado apenas no gosto em seus lábios.

Sopa.

A língua de Sasuke arrastou-se para fora, lambendo o caldo picante de seus lábios, era algo forte, parecia ter molho de tomate com apenas uma pitada de sal. Em seu estado de desorientação, ele poderia jurar que o líquido espesso vermelho era uma refeição muito mais preciosa: Sangue. Todavia, ao imaginar aquilo, lhe causou certa repulsa, e ele empurrou o recipiente com a sopa, negando-se a tomá-la.

— Você deve se alimentar - Sakura falou calma.

Após alguns segundos, o caçador fechou os olhos e os apertou, era um esforço para simplesmente reunir energia e falar. — Onde...

— Você está na minha casa - Sakura respondeu sorridente antes mesmo de ter ouvido a pergunta inteira — Mas eu não vou dizer a você onde precisamente. Não até que eu tenha o seu juramento de que não vai me caçar aqui quando estiver bem.

— Como você...

— Te encontrei? - a vampira o interrompeu. Ela parecia estar lendo sua mente, mas ele rapidamente percebeu que alguém estaria questionando o mesmo em sua posição — Eu te segui - ela o informou — Você correu tão rápido e quando vi o acidente me assustei! Se amanhecesse e seu corpo estivesse exposto, você não sobreviveria, sabe disso. Agora, deixe-me dizer algo, puxar você para fora do necrotério não foi tarefa fácil, lorde Uchiha.

— O que quer dizer, Sakura?

— O mesmo que disse antes... Que salvei a sua vida - a mulher respondeu com desdém.

— Deixe-me livre! - Sasuke exigiu, observando que seus braços estavam presos, além disso, reparou que a vampira também havia retirado suas roupas, o deixando coberto por um lençol.

— Desculpe - Sakura disse soltando o homem — Eu temi que você me matasse quando acordasse. Você não faz o tipo pessoa estável - ela sorriu — Sasuke, este é o momento perfeito para você se livrar do vício por sangue.

Nos lábios de Sasuke formou-se um sorriso de escárnio feroz.

— Tenho alternativas interessantes para o sangue - a vampira falou sapeca.

Curioso, o caçador ergueu os olhos para encará-la — Alternativas?

— Sexo é minha favorita - a vampira sorriu — Dor funciona também, tanto a sua quanto a alheia.

— Não estou interessado - Sasuke murmurou. Sua voz pelo menos estava ganhando um pouco mais de força.

— Bem, então, há sempre rotas mais mundanas. Seu parceiro Sai, me disse que você, assim como ele, é um dhampir, meio vampiro, meio humano. A não ser que eu perca o meu palpite, você pode treinar-se para viver com alimentos, assim como um ser humano normal. É mais fácil para você do que para mim.

— Sai, aquele maldito - Sasuke falou em voz alta. Revelar seus segredos era estritamente contra o acordo que tinham feito, mas Sai era um tagarela extremamente descuidado.

— Acalme-se! - Sakura pediu risonha — Confie em mim - uma nota de autoridade penetrou em sua voz que, mesmo o caçador valente foi duramente pressionado a calar-se. Ao que parecia, aquela mulher ainda possuía características dos nobres. Autoritária.

— Agora - ela continuou quando Sasuke se acalmou — Se você for se livrar de mim, tudo bem, tente. Mas será que você quer mesmo isso? Eu tenho um autocontrole incrível sobre minha fome, não há muitos que podem dizer o mesmo. Além disso, estou disposta a ajudá-lo - a vampira inclinou-se para a frente, aninhando-se contra o corpo nu do rapaz — Eu quero te ajudar - suas mãos percorriam as laterais do corpo dele, delicadamente — Eu quero muito, muito te ajudar - ela beijou seu rosto, descendo para o canto dos lábios.

 Estando enfraquecido, Sasuke viu-se incapaz de parar os sentimentos que surgiram através dele, enquanto seu corpo nu respondia, ele pouco podia fazer para conter seu desejo pela mulher.

A vampira olhou para baixo, vendo o volume sob o lençol — Impressionante! - ela sorriu maliciosa, aproximando os lábios do ouvido de Sasuke — Deixe-me saber se você quiser aprender a alimentar-se de prazer depois de tudo - concluiu mordendo levemente o lóbulo de sua orelha.

— Faça sua proposta - Sasuke exigiu.

— Tudo bem - murmurou a vampira — Aqui está: Você quer a minha ajuda para parar a fome ou não?

Sasuke ponderou por uns instantes, e pela primeira vez, Sakura parecia mostrar um pouco de paciência, ela simplesmente deitou-se ao seu lado e reclinou a cabeça contra seu peito. Os dedos finos e delicados começaram a dançar sobre seu peitoral definido.

— Faça o que for preciso, Sakura.

A vampira sorriu amplamente — É realmente tudo sobre você - ela afastou-se, recuperando a sopa que ela tinha recusado — Eu irei mantê-lo cativo, negando-lhe o sangue e dando-lhe qualquer outra coisa que você quiser. Encontrar um tipo de alimentação que o mantém longe do sangue é o seu trabalho.

— Por que se preocupa com isso? Você não se alimenta de sangue humano, Sakura?

— E eu tenho escolha, Sasuke? O que me resta é o autocontrole. Quando chego ao meu limite, você já sabe. Vou atrás dos que merecem.

— Você usa a sua fome para o bem de alguma forma, admiro isso.

— Isso foi gentil! Obrigada Sasuke, me faz um bem imenso ouvir isso - a vampira disse, logo lembrando-se da excitação do rapaz — Vamos comer? Acho que você não tem força para certas coisas ainda…

— Não duvide, mulher…

— Não o farei, querido - ela piscou. Finalmente havia conseguido domar a fera Uchiha.

(...)

O tempo passou, e colherada após colherada de caldo vermelho ácido entre os lábios do caçador, ele sentiu que aquilo o edificou um pouco, e no momento em que o recipiente estava vazio, ele podia ver claramente o que estava ao seu redor. Poderia dizer que estava em uma garagem de algum tipo. A maioria das ferramentas tinha sido escondidas e haviam poucos móveis ali. A vampira havia o deixado só para tomar um banho, aproveitando-se do momento em que o caçador se alimentava.

Sasuke levantou-se da cama, lembrando-se de que estava nu. — Mas que droga! - reclamou em voz alta. Olhou ao seu redor e pegou uma toalha que ali havia, cobrindo sua nudez inferior.

— Onde aquela mulher se meteu? Como ela saiu e eu nem percebi? - falou para si mesmo, abrindo uma porta que havia na garagem. Aquela porta deu acesso a cozinha de uma casa. Sasuke espreitou pelos cômodos a procura de Sakura, sem se importar que pudesse haver alguém mais na casa.

Ouviu um barulho de água caindo e seguiu o som, que o levou até um quarto. O local era bem arrumado, as paredes eram brancas e nelas haviam algumas pinturas penduradas. Sasuke sentou-se sobre a cama que ali havia e aguardou por Sakura, que pelo som, estava tomando banho.

Passados alguns minutos, a vampira saiu do banheiro cantarolando qualquer coisa, enquanto secava os cabelos róseos com uma toalha. Estava usando uma camisola branca de cetim,  que a fez corar ao ser surpreendida pela voz de Sasuke.

— Pretendia me abandonar por quanto tempo, senhorita Haruno?

— Sasuke, o que faz aqui? Você comeu tudo? - ela questionou, tentando parecer firme.

— Você rubra assim, parece até uma mulher comum…

— Não mude de assunto, imbecil! - esbravejou Sakura.

— Comi sim senhora. Agora estou interessado na sua outra alternativa de manter o controle - Sasuke disse aproximando-se da mulher e segurando sua cintura, em seguida aspirando o cheiro de shampoo que exalava dos cabelos da mesma.

— Você é forte quando está consciente - Sakura murmurou em apreço — Eu vou ter que me lembrar bem disso - ela sorriu e desceu os olhos — Bem, essa toalha é para nossa proteção mútua?

Depois de um momento de reflexão, Sasuke sorriu, abraçando a mulher em seguida — Eu sei o que é isso… - Sasuke falou calmamente — Agora não adianta se fazer de difícil, apesar de eu saber que você está apenas tentando me manter na linha.

— E o que isso importa? - A vampira deu a Sasuke um sorriso tímido — Não a escravidão, ok? Você tem toda liberdade aqui. Mas me tocar é somente com minha autorização.

— Diga-me porque se aproximou de mim Sakura, por que quer me ajudar e como sabia que eu precisava de ajuda?

— Conheci sua mãe - a vampira disse passando a mão pelo rosto do rapaz — Não foi Sai que me contou o que sei. Bem, uma parte ou outra foi, mas grande parte foi ela… Você nasceu quando ela ainda era humana, não foi transformado, por isso é mestiço, depois que seu pai a transformou em vampira ela não conseguia lidar com a nova vida. Sasuke, ela não deixou esse mundo por egoísmo, ela te amava, mas ela não pode lidar com a sede de sangue e escolheu a morte, todavia, ela não queria esse mesmo fim para você. A conheci através de Mebuki… Minha mãe, ela sabia de meu autocontrole e das minhas alternativas, sabia que poderia ajudá-lo. Minha mãe e a sua foram grandes amigas e tudo o que a minha mãe pode fazer pela sua foi ajudar você, mas você havia se tornado um caçador como quase todos dhampir. Você queria me caçar e eu precisava achá-lo, então resolvi dar as caras - ela falava calmamente — Ouça, eu não sei o que lhe pareci a princípio, mas eu não sou um monstro. Ou devo ser, mas me recuso a agir como um, entende? E eu te ajudarei a passar por tudo, se assim quiser. Você não pode desistir de sua vida... Você não pode morrer só - os olhos verdes da moça encaravam o do caçador, como se quisesse transmitir através deles a sinceridade de suas palavras.

Um sorriso brotou nos lábios de Sasuke, era a primeira vez depois de muito tempo em que ele se sentia feliz.

— Obrigado! - foi tudo o que ele disse, antes de tomar os lábios de Sakura num delicado beijo.

Sakura correspondeu, passando os braços por trás do pescoço do caçador, que se perguntou se ela estava deliberadamente mantendo a tensão sexual no ar. Conforme o beijo tornava-se mais intenso, ele sentiu-se crescer, e desprovido de roupas como estava, era impossível fingir que não estava interessado. Luxúria, desejo, paixão… Um misto de sentimentos invadiu seu corpo.

Sasuke parou o beijo e fitou os olhos esmeraldinos de Sakura, que sorriu abertamente.— Você tem um coração muito humano para uma vampira - Sasuke comentou, passando os dedos pelos cabelos dela.

— O importante é ter um - ponderou — Vá em frente, Sasuke. Você pode gritar, urrar, por para fora seus sentimentos, fazer tudo o que precisar fazer para lutar contra a fome. Aqui ninguém vai ouvir você, ninguém vai interferir, ninguém vai julgar, ninguém vai nos atrapalhar...

— Um local onde ninguém pode ouvir gritos? Interessante - Sasuke disse malicioso.

— O que posso dizer? - ela deu de ombros, brincando — Eu sou muito barulhenta, você não vai querer me matar.

— Quem disse que não? - Sasuke a pegou no colo e a deitou na cama. Não sem antes deixar cair a toalha que lhe cobria a masculinidade.