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História Vantagens; por J.F. - As vantagens de ser encalhado


Escrita por: TiaLumi

Notas do Autor


Ho hey
Escrevi isso aqui há mais de dois anos, mas ainda acho bem legal :v

Capítulo 1 - As vantagens de ser encalhado


27 de fevereiro, quarta-feira.

Boa tarde. Eu sou J.F Lorenze, sigla para Jack Frost. Sim, esse é meu nome verdadeiro. A pessoa que me deu a luz sonhava em ter um filho com esse “nome” desde os quatorze anos. Por que eu tenho esse Jack Frost? Alguns dizem que nome não tem explicação, mas no meu caso é diferente. Minha mãe é fã do mito, e parece que também tem algum livro ou um filme com um personagem chamado Jack Frost. Ela é louca, mas vamos tratar melhor desse assunto mais adiante. Agora todos estão curiosos, não é? Eu prometo que não irá demorar muito. Bem... Resumo do parágrafo: meu nome é estranho, então me chamem de J.F se tiverem amor à vida.

Agora um pequeno agradecimento antes de começar as explicações do meu livro: Obrigado siglas, muito obrigado.

Estou escrevendo isso porque vale nota para português, a professora Samanta é legal, mas inventa cada coisa... O projeto consiste em escrever um livro em formato de prosa e, como eu estou com preguiça de inventar o enredo e os personagens, eu pensei em escrever sobre a minha vida, que é pior do que ficção. Eu vou anotando as vantagens à medida que as coisas acontecem. Isso será um livro de comédia, de drama, de aventura, de terror, de ficção científica (acreditem se quiser), de viagens... Aqui terá de tudo, com exceção de duas coisas: pensamentos sérios e romances. Eu não tenho muita sorte no amor...

– Jack Frost... – espera aí professora dos infernos, eu estou escrevendo um livro, sua chata. – Sabe a resposta da questão treze?

Olhei rapidamente para o caderno do nerd da turma, que estava sentado ao meu lado.

– Zero! – respondi rapidamente

– Correto. 

Valeu Carlos Alberto! Já repararam que as equações grandes sempre tem como resultado um ou zero? Isso é revoltante.

E perdeu o clima para falarmos de amor. Melhor escrever qualquer merda sobre o primeiro assunto que me vier à cabeça. Não, espera... Eu não estava no meio de explicações? Agora vamos à explicação do título... Vantagens; pois eu penso que toda a desgraça tem suas pequenas vantagens. Podemos considerar que existem 90% de coisas ruins e 10% de boas. Eu sou uma pessoa muito positiva, sempre consigo ver os 10%. Se eu falasse sobre as desvantagens o livro ultrapassaria “Guerra e Paz” e a Bíblia juntos, e eu não tenho disposição para isso, duzentas páginas já são suficientes por alguns trezentos de anos.

O sinal tocou, finalmente. Ainda bem que a professora de matemática não percebeu que eu estava escrevendo durante a aula dela. Ninguém merece aturar sermão repetitivo na voz irritante da Neide. “Não confunda não gostar da matéria com não gostar do professor”, “Eu não confundo. Eu odeio ambos, simples!”. Ela tem 43 anos, então quanto tempo falta para ela poder se aposentar? Não quero que meus filhos (adotivos, óbvio) passem por essa tortura.

Bem, chega de falar de desgraça. O próximo parágrafo será repleto de alegria.

Intervalo! Nossos trinta minutos de liberdade entre cinco horas de uma prisão didática. Quarta-feira, dia de esfiha. Graças a Deus! Nem acredito que eu pago três reais por uma coisa com gosto de óleo e ainda fico feliz com isso. Acho que tomei o Chá Lispectorante (isso faz parte de um livro da minha mãe que, mesmo que eu odeie admitir, é legal). Comprei meu lanche e fui até a mesa onde estavam meus amigos, Diego, Erick e Fernando.

Diego (como o maluco preguiçoso que sempre foi) improvisou uma cama com as mochilas e se deitou, o mais estranho é que dessa vez ele até trouxe um edredom. Adoro quando ele faz isso, assim eu não preciso comer de pé. Erick estava sentado ao lado de Fernando, que estava grudado, de novo, em sua namorada, Demétria. Eles são daquele tipo de casal tão fofo e apaixonado que dá vontade de agredi-los. Eu ODEIO ter que ver essa troca de saliências e “I Love You” durante cinco dias por semana. O amor é lindo, desde quando não é esfregado na minha cara. Erick também tem uma namorada, Ariel (o que é muito estranho). Os dois se amam, mas pelo menos eles ainda têm vida própria. Porém, é óbvio que quando a Ariel o chama ele vai correndo na mesma hora, nada é perfeito. Já o Diego não tem uma namorada, ele tem várias. Pois é, as garotas daqui sentem atração por loucura, acredite se quiser.

Podemos dizer que eu sou o encalhado do grupo, mas não é tão ruim como parece. Claro que eu queria ter uma garota bonita pra beijar, pegar, coisa e tal, eu não nego, mas eu acho que posso viver sem isso. Eu detesto quando tratam os encalhados como coitadinhos, nós temos algumas vantagens... Perfeito! Já tenho meu primeiro tópico.

Vantagens de ser encalhado

Vantagem 1- Sendo o encalhado, você tem opções em sua vida.

Você está comprometido e faz suas próprias escolhas, certo? Errado! Em uma bela manhã de um sábado ensolarado a garota está a fim de ir à praia e é normal que ela queira ser acompanhada pelo seu namorado. Mas digamos que você é alérgico a acordar cedo no fim de semana. E aí? Você tem duas opções: vai correndo buscá-la ou diz que não quer ir e volta a dormir (até rimou, legal). Errado! A segunda opção não existe. Você pode até não querer, mas a garota faz uma macumba que acaba te arrastando para aquela maldita praia, plena manhã de sábado. Eu posso dormir o fim de semana inteiro. Por quê? Porque eu sou encalhado.

Vantagem 2 – Sendo encalhado, você não toma bronca por não se esquecer de uma data inútil.

O que eu vou falar agora é muito clichê, mas é a verdade. Está relacionado a datas inúteis que, caso nos esquecermos, podem acabar com a nossa vida. Quantas vezes você já ouviu o seguinte diálogo: “Oi amor”, “Oi linda”, “E aí? Estou esperando”, “Esperando o que?”, “Meu presente”, “Presente? Hoje tem amigo secreto?”, “Hoje faz exatamente um dia que nós começamos a namorar! Cadê meu presente de um dia de namoro?”. Ridículo, mas real. Graças a Deus isso nunca aconteceu comigo. Por quê? Porque eu sou encalhado.

Vantagem 3 – Sendo encalhado, você não passa fome.

Nesse item eu vou incluir meu assunto favorito: comida. O que vou falar é uma besteira, mas esse livro será repleto de besteiras. Se quiser ler alguma coisa séria lamento informar, você está no lugar errado. Enfim... Você vai a um restaurante com sua namorada, você pede costelas de porco e ela uma saladinha. Os pratos são entregues e lá vem à garota com aquela cara do Gato de Botas de “Shrek” pedindo um pedaço. Você chama o garçom para pedir outro prato de costelas e ela diz que não precisa se incomodar. Resumo: ela come toda sua comida e a salada fica mofando no prato. Eu sempre como minhas costelas sozinho. Por quê? Porque eu sou encalhado.

Hum... Por enquanto está bom. Três vantagens por tópico, então vai ser assim. Faço uma conclusão? Acho que sim. Três vantagens e uma conclusão.

Conclusão – Ser encalhado é sinônimo de liberdade. Todos querem namorar, mas eu prefiro comer costelas.

Pronto! Primeiro tópico encerrado! Eu realmente não me incomodo em ser “o garoto solitário”, mas às vezes eu queria que meus amigos passassem a me ver... Como uma pessoa. Eu já cansei de ser uma velha.

– J.F, o que você tá fazendo? – Diego perguntou, levantando-se.

– Escrevendo o livro para a aula da Samanta. – respondi naturalmente

– Cara, por quê? – Erick questionou – Ela é uma louca, essas coisas que a Samanta inventa não servem pra nada.

– Fala não assim dela. – reclamei

Não gosto quando meus amigos insultam a Samanta, ela é a única professora que eu não odeio.

– Eu tenho o direito de falar. – e eu tenho o direito de esfaquear o Erick? - Eu convivo com ela vinte e quatro horas por dia, sei como é sofrível.

Talvez eu tenha me esquecido de mencionar que a Samanta é MÃE do Erick. Quem me dera ter uma mãe como ela, ao menos é uma normal. Ela está comigo desde sempre. Para começar, Samanta é muito amiga de minha mãe, ela foi minha madrinha e agora é minha professora. Eu sinto que nunca vou me livrar dela, então me acostumei a gostar. Será que o Erick aceita trocar de mãe comigo? Melhor mudar de assunto logo, eu não quero fazer “vantagens de ser filho da minha mãe” agora.

Minha mãe é Amanda Lorenze, a famosa escritora e campeã em loucura como já devem ter notado. Quando digo que tenho uma mãe famosa todos logo pensam que ela é ausente, mas o problema é que às vezes ela quer estar presente até demais. Escritores são do tipo de pessoas que só precisam de um caderno, de uma caneta e de um computador para trabalhar, coisas que qualquer um tem em casa. Eu adoraria poder passar todos os dias da minha ao lado de minha mãe, isso se ela não fosse Amanda Lorenze.

Agora vocês me perguntam, “J.F, é tão ruim ter como mãe escritora famosa e louca?”. Sim, ter uma mãe pirada é horrível. Desculpe, mas se eu pudesse nascer de outra pessoa eu juro que aceitava (eu te amo mamãe, não me entenda mal, mas achei que você iria gostar de ter um filho escritor). “Ai, Jack, você não devia falar assim da Amanda, ela é sua mãe”, então venha morar com ela, caramba.

O resto do dia foi normal e tedioso, mas é lógico que isso mudou às seis e meia da noite, horário exato em que cheguei a casa.

– Amanhã nós vamos à Nova York! – minha mãe gritou assim que me viu entrar – Meu livro vai ser vendido em Nova York! – aposto que ela está imaginando Rick Riordan e Cassandra Clare brigando por um exemplar. Ui, essa doeu, ponto para Cassie. Ao fundo ela consegue visualizar Nicholas Sparks e John Green fazendo as apostas. Veja! Até C.S Lewis ressuscitou para poder ler!

Então esse livro será um diário de viagens. Sabia que aquilo que eu disse no início não era em vão... Espera, como é que eu fui me esquecer de Nova York? Acho que a memória dos garotos de quatorze anos não é muito boa.

– Sabe Frost... – senhora Amanda é a única pessoa que se recusa a me chamar de J.F, pois Jack Frost é o nome que está na minha certidão de nascimento e, infelizmente, é assim que ela vai me chamar. – Eu acho que vou escrever um livro sobre você. Será outro Best Seller!

– Mãe, o que tem de tão interessante na minha vida? 

 Ei, leitor, me lembre de processá-la caso ocorra plágio, ok? “Ai, ela te deu a vida”, sim, mas também me deu esse nome ridículo, e eu ainda estou errado?

– Filhinho! Você é maravilhoso!

Ela teve um daqueles surtos de mãe e esmagou minha coluna... Digo, ela me abraçou. Agora me responda mãe; se eu sou tão maravilhoso por que continuo solteiro? Eu apenas não pergunto por que tenho certeza que ela vai contar a história de algum livro que tenha algum personagem encalhado.

– Mãe, eu não me lembrava dessa viagem. Eu ainda nem fiz minhas malas.

– Lógico, porque eu não te avisei. – como é que é? – Se eu tivesse avisado antes, você teria arrumado alguma desculpa para ficar na casa do Erick ou do Fernando. – nisso ela está certa - Agora vá fazer as malas.

Fui para meu quarto e arrumei as malas. Ficaríamos por apenas uma semana, então levei pouca bagagem. Quando terminei já estava exausto, então deitei na cama e procurei no guia alguma coisa para assistir. Acabei assistindo um filme de animação chamado “A origem dos guardiões”, que tem um personagem Jack Frost. Será que foi daí que ela tirou a “brilhante” ideia? Eu não sabia que esse filme existia, mas agora eu odeio um pouco menos o meu nome. Eu sou o guardião do gelo, e ironicamente moro no Ceará e sou apaixonado por frio. Eu só vi neve uma vez, quando eu e minha mãe viajamos para Bariloche. 

Espera aí... Fevereiro em Nova York ainda é inverno?

– - Mãe! Eu vou pra Nova York! - gritei

– Você achou que tinha escolha? – ela ironizou apoiada na porta do meu quarto - Isso é “A origem dos guardiões”? – ela basicamente me expulsou da cama – Frost faz pipoca, por favor?

E que escolha eu tinha? Fiz pipoca de microondas e voltei para meu quarto.

– Obrigada. – ela agradeceu – Às vezes eu acho que você deveria ser mais como o Jack Frost do filme.

Ok. Espera aí mãe, eu vou descolorir meu cabelo e morrer afogado. É rapidinho.


Notas Finais


Beijinhos de luz :*


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