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História Vazio - Carta


Escrita por: Hoeseok e Uttsobi

Notas do Autor


Tema polêmico sim
Vai floppar, mas é isso aí

Capítulo 1 - Carta


Como se começa uma carta, mesmo?

Seria com um ‘’Querido Taehyung’’? Ou ‘’Amor’’?

‘Cê sabe que eu nunca prestei muita atenção nas aulas de redação.

Você lembra de quando nos conhecemos? Foi na segunda semana da faculdade. Eu estava atrasadíssimo para minha aula de teoria – nessa época eu ainda cursava dança – e corria feito um doido pelos corredores, foi aí que eu te conheci. Nós acabamos nos esbarrando, e como você sempre foi mais forte, eu fui o único a ir de encontro com o chão. Mas você não me ignorou de me deixou no chão. Não. Você, Taehyung, estendeu a mão pra mim e me ajudou a levantar.

Depois desse dia, nós nos encontrávamos às vezes pelos corredores.

Começamos a conversar, você pediu meu número, trocávamos mensagens todos os dias. Eu fiquei tão acostumado com você, que quando não recebia uma mensagem sua eu sentia que meu dia não estava completo.

Clichê? Não, a nossa história não é nada clichê e você sabe disso.

--

Te conheci melhor e fiquei encantado. Te achava uma pessoa tão maravilhosa, carinhosa, prestativa. E, Jesus, como eu estava enganado.

Quando você me beijou na festa de fim de ano do Namjoon, eu senti um calorzinho nascendo no meu peito. Senti que você era a pessoa certa pra mim e isso me deixou extremamente feliz. Nesse dia, eu conheci o gosto da sua boca, conheci seu cheiro misturado com o meu, mas também conheci uma parte sua que até hoje me atormenta.

Depois do beijo, eu fui pegar uma bebida, e um amigo meu se aproximou, nós conversávamos quando você apareceu. E seus olhos pareciam tão diferentes daqueles pelos quais eu havia me encantado. Senti sua mão agarrar com brutalidade meu braço e ouvi você desferir palavras nada bonitas ao meu amigo, que saiu dali assustado. E eu não o culpo, porque nesse dia, foi a primeira vez que eu senti medo de você. E infelizmente, Taehyung, não foi a última.

Mas tudo bem, deixei aquilo passar, coloquei na minha cabeça que você só estava com medo de me perder.

Eu fui tolo, não fui?

--

Nós começamos a namorar quando eu comecei meu segundo ano na faculdade e você havia terminado a sua. Como seu pai era dono de uma agência de advocacia, você já tinha seu emprego garantido. A gente sempre dava um jeito de se encontrar, por mais corrida que fosse a sua vida, e eu achava maravilhoso o seu esforço para estar comigo. Mas na verdade, isso era só sua forma de garantir que eu não estava te trocando.

Nesse um ano de namoro eu fui me afastando devagarzinho de todos os meus amigos e nem percebi.

Um dia, você me chamou para morar contigo. ‘Cê já tinha um apartamento bem confortável, e eu estava tão doido de amor por você, que aceitei, mesmo com as relutâncias de meus pais, mesmo com o chororô do meu irmão mais novo, Jungkook. Eu deixei pra trás tudo o que eu tinha para começar de novo com você.

--

No final do meu segundo ano na faculdade, eu tinha um número de dança para apresentar. Era extremamente importante pra mim, e você sabia disso, do tanto que eu enchi os seus ouvidos falando sobre o bendito concerto. Te dei o convite, deixei bilhete na geladeira, e no dia do mesmo, antes de você sair para o trabalho eu te lembrei. Você sorriu, me deu um beijo na testa e me garantiu que não faltaria por nada no concerto do seu ‘bebê’.

Eu esperei, esperei, esperei... Você não apareceu.

Fiquei chateado, saí para beber com meus amigos nessa noite, ignorei todas as suas mensagens e ligações. Fui embora de carona com um colega de madrugada, e quando entrei na nossa casa, você estava lá, com aquele mesmo olhar assustador. Não disse nada, apenas andou na minha direção furioso, e fez algo que não pensei que faria. Você me deu um tapa no rosto.

Eu fiquei estático, demorei muito para raciocinar o que estava acontecendo. Quando te encarei, você soltou uma risada debochada e disse que 'seu namorado não era uma vadia pra chegar essas horas em casa'.

Eu devia ter revidado, ido embora, ou qualquer coisa. Mas não o fiz, eu fiquei lá, parado, porque te amava. E te amar talvez tenha sido meu pior erro.

Você me pediu desculpas depois, chorou, falou que não iria fazer de novo.

Mas você fez, Taehyung.

--

Não lembro bem de quando foi, mas teve aquele dia em que você me segurou antes de eu ir pra faculdade. Te olhei confuso, você apenas me disse que era pra eu trancar a faculdade. Lembra do que eu fiz? Eu ri. Ri na sua cara. Achando que aquilo era algum tipo de piada. Quando vi que você não sorriu de volta, eu me assustei. Perguntei se você estava louco, que aquela faculdade era meu sonho e que não a deixaria por você.

Você me bateu de novo nesse dia.

E no fim, eu tranquei a faculdade.

Foi a partir desse momento da nossa história que eu comecei a me quebrar. Pedacinho por pedacinho. E o pior era que você sentia prazer em me ver quebrando.

--

Mas vamos avançar nessa história. Vamos para a parte onde eu não saía mais de casa, pois você havia me proibido.

Você saía para trabalhar, trancava a porta e levava a chave consigo.

Eu não falava com mais ninguém, nem meus amigos, nem meus parentes. Não via mais a luz do sol, não ia mais à praia, nem sentia mais o vento. Não ria, não via pessoas. Eu não vivia.

Você havia me tirado a vida, Taehyung. Eu estava praticamente morto.

Sem contar as marcas no meu corpo. Qual era o seu prazer em me bater? Me ver chorar, me contorcer de dor? Eu implorava para você parar, você nunca me escutava.

Jungkook ligava uma vez por semana, você nunca me deixava falar com ele.

Eu sei que eu devia ter clamado por ajuda, ter te deixado antes mesmo das coisas chegarem a esse ponto, mas eu era um jovem bobo. Eu achava que te amava, e esse amor não me deixava te largar.

--

Hoje faz dois meses que alguém abriu a porta da nossa casa. Eu estava sentado no sofá, assistindo televisão e então ele entrou. Olhei assustado para porta ao constatar que, ao contrário do que eu esperava, não era você que havia chegado do trabalho.

Descobri que o nome dele era Park Jimin, era seu assistente na agência e ele estava ali porque você havia pedido para ele pegar um documento que você havia esquecido.

Eu nunca entendi o motivo de você ter deixado Jimin entrar na nossa casa. Talvez você confiasse muito nele.

Jimin viu as marcas no meu corpo. Ele ficou assustado, e ainda mais quando eu contei pra ele o que você fazia comigo. Ele falou que iria me levar embora, mas eu não aceitei. Oras, eu amava você, não é?

O ruivo me prometeu que voltaria.

E ele voltou. Várias vezes.

Acho que você não percebeu, Taehyung, mas a cada dia que passava eu sentia meu coração voltar ao seu normal. Sentia os pedacinhos se colando. Eu parecia estar vivo de novo.

--

Em uma dessa visitas de Jimin, eu e ele nos beijamos.

Eu senti fogos de artifício dentro do meu coração.

Clichê? Muito.

Ele prometeu que me ensinaria o que era amor de verdade. E eu descobri que diferente de você, Jimin sempre cumpre suas promessas.

Nesse dia, eu e ele fizemos amor na sua cama. Como você se sente, Taehyung, ao saber que outra pessoa me tocou na mesma cama em que dormimos juntos todas as noites?

Como se sente ao saber que outra pessoa marcou meu corpo? A diferença é que Jimin me marcou do jeito mais prazeroso possível.

Jimin explorou todos os cantos do meu corpo, beijou cada hematoma que você havia deixado em mim. Ele me curou, tanto por fora, quanto por dentro.

--

Talvez você tenha achado estranho o fato de Jimin ter pedido demissão hoje, não é? Ou o fato de que antes de você sair de casa eu tenha te dado um abraço, coisa que eu nunca fiz antes?

Espero que enquanto você esteja lendo essa carta, eu e Jimin estejamos bem longe daqui.

Estou deixando, junto dessa carta, o meu amor por você, as minhas feridas, hematomas, minhas lágrimas e tristezas. Estou deixando para você tudo o que você me deu, porque de você não vou carregar mais nada.  

 

Seu amor é vazio, Taehyung, e infelizmente, ninguém é feliz com o vazio.

 

                                                                                                        De quem nunca foi seu,

                                                                                                                                         Jung Hoseok.


Notas Finais


Postei e saí
Ficou uma droga


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