História Vegeta e Bulma : O Improvável Amor. - O Fim Esperado.

Eu estava a duas horas sentada no sofá da minha sala , esperando o homem da minha vida chegar.

Ou era oque eu costumava pensar , a meses atras.

Yamcha , por mais que muito querido , nao era mais o homem que eu , com toda a certeza do mundo bradava aos quatro ventos ser o meu grande amor.

Fazia tempo que essas palavras nao se encaixavam a ele , e eu tremi , encolhida no sofá , com o frio que assolava a minha alma. Depois de tantos anos , tantos sonhos e aventuras , nosso amor virou apenas uma recordaçao nostálgica. E aquilo para mim  era doloroso demais.

A falta de compromisso , de carinho e de principalmente consideraçao , fizeram o sentimento se esvair , sendo levado por um vento que meu coraçao tinha certeza que nao voltaria soprar de novo.
Eu nao amava mais aquele homem.
Nao como uma mulher ama o cara que escolheu entregar sua vida.

Se havia sentimentos , era apenas a amizade esmagadora e o carinho transbordante que eu poderia dizer que sentia pelos outros garotos  tambem .

Nao havia mais o fogo devastador da paixao.

Algo em mim sabia que ele nao viria. Nao que eu esperasse ansiosamente por isso , mas eu precisava saber se ele pelo menos mantinha oque eu mantive. A amizade e o respeito.

Sentada naquele sofa , sozinha no breu da noite e do meu coraçao , as lagrimas ja embaçando meus olhos , nem percebi a proximidade dele.

O cheiro forte que por vezes eu me demorava no corredor que ele passava so para sentir , invadiu minhas narinas como o ar puro de uma noite no campo.
Aquele sayajin estava ali , e nao demoraria a quebrar oque restava de mim .

- Oque foi , Terraquia ? - perguntou ele , mais ironico do que curioso - Perdeu o sono com medo daquelas latas do futuro ?

  Vegeta via os terráquios como seres medrosos , que chorariam por qualquer coisa , e se assustariam por qualquer motivo. Seres inferiores e fracos , como costumava dizer. E eu ali , chorando por um homem que nao me merecia , quase concordei com isso.

- Nao - respondi com a voz ligeiramente embargada - Eu estou ... Apenas sentada aqui.

Ele pareceu notar a diferença em minha voz , alias , sempre a ouvia ou com tom de ironia ou com tom de raiva. Nunca com dor.

- Esta chorando , garota ? - perguntou ele , sem nenhuma emoçao - Voce é mesmo uma idiota ...

- Por favor , Vegeta - falei , cansada , exausta , morta por dentro - Por favor eu so te peço silencio por essa noite. Amanha fale oque quiser , mas hoje , me deixe na minha.

Vegeta ficou calado , embora eu esperasse uma resposta rude . Entendi que ele nao compreendia nada do que eu estava sentindo. Pra ele so poderia ser isso. Fraqueza.

Ouvi seus passos se afastarem , e agradeci internamente por sua boa vontade. Ele poderia ter ficado. Poderia ter me xingado e insultado , me fazendo com toda certeza sucumbir a um rio de lagrimas.

Mas ele se foi.

E eu estava mais do que grata por isso.

«« »»

- Bulma ! - gritou Yamcha , do lado de fora do meu quarto - por favor me escuta !

- Nao quero - gritei com raiva - Saia ja daqui !  vou chamar os seguranças !

- Me escuta um minuto , Bulma ! - falou ele , com aquela voz fingida - Eu posso explicar !

  Abri a porta , quase a arrancando do lugar.

Olhando em seu rosto , so confirmei os sentimentos do dia anterior.

Nada mais do que Nostalgia.

- Nao ha nada pra ser explicado ! - falei na sua cara - Eu nao to nem ai ! Pode ir embora ! Vai treinar aonde quiser , ou entao se divertir por ai ...

Yamcha fez cara de pobre coitado , oque me irritou ainda mais.

- Aquela mulher que atendeu ontem - falou ele cautelosamente - era so uma...

Ergui as maos , pedindo silencio.

Olhando atentamente para seu rosto , tentei segurar por mais tempo a raiva que havia dentro de mim . Nao consegui , e suspirei , oque ele entendeu como um passe livre.

- Bulma ... - começou.

- Nao - falei com calma e firmeza - Agora me escuta.

Ele concordou com a cabeça , e tentou entrar no meu quarto , mas impedi sua passagem. Ele nunca mais entraria ali.

- Yamcha ... - comecei e tudo pesou dentro de mim - Nao precisa mais mentir. Eu sei muito bem oque significa voce ligar pro seu namorado as tres horas da manha , e uma mulher atender. Eu sei , Yamcha , e nao ha desculpa alguma plausivel para isso.

Ele engoliu em seco , e olhou pro chao envergonhado.

- Eu estava furiosa  sim - continuei , as palavras saindo instantaneamente -  Mas agora vejo que nao da mais pra sustentar essa mentira. Nao ha mais nada que amizade entre nos faz tanto tempo. Vamos parar de nos enganar.

Ele ergueu a cabeça , surpreso.

- Oque quer dizer ? - perguntou intrigado

- Que nao existe mais nos dois - falei , por fim - Que acabou. Ponto final. Agora voce pode ir se divertir , e nao precisa mais se preocupar com desculpas idiotas.

Ele me olhou magoado e triste.

- Mas , Bulma ... - falou , e deixou as palavras morrerem.

Pus a mao em seu rosto.

- Nao desejo nada menos do que a felicidade para voce - sussurrei , triste tambem - seremos sempre amigos , mas so sera isso.  Nada foi em vao, e tudo sera lembrado com felicidade e saudade. Sempre.

Yamcha nao era o tipo de pessoa insistente , entao apenas me olhou com carinho e alisou minha mao que estava em seu rosto.

- Nao quis te magoar , Bulma - falou com pesar.

- Eu sei , Yamcha - respondi com sinceridade - Voce nao pensou em mais ninguem alem de voce. Nao havia espaço nem para me querer mal.

Yamcha voltou a fitar o chao envergonhado , e nao demorou a me dar as costas e sair corredor a fora.

Nao pude negar a dor e a tristeza , mas as lagrimas eu ja havia esgotado na noite anterior. Entao apenas senti o meu coraçao pesado e ao mesmo tempo leve . Ele ficaria bem , e eu tambem.

Assim que ia fechar a porta pra sofrer em silencio , Vegeta apareceu no corredor , me olhando com aqueles olhos malvados e profundos . Mas dessa vez , Nao havia ironia ou desdém nem ao menos superioridade.

Nem eu mesma poderia dizer oque encontrava naquele mar negro.
Apenas retribui seu olhar , e me virei antes que ele o fizesse.
Fechei a porta , e sentei ali mesmo , deixando o céu escurecer em meu peito.

E la no fundo , bem fundo , uma luz brilhou.

E eu nao sabia dizer o porque, mas me lembrei do olhar daquele sayajin petulante.

Ate o mar escuro reflete a luz da lua , pensei .

Talvez Vegeta precisasse apenas de uma lua em sua vida.