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História Vende-se Um Véu de Noiva - Os Magizoologistas


Escrita por: SnillyHayffie

Notas do Autor


Segundo capítulo postado junto do primeiro pra ser brinde ;P Espero que gostem

Qualquer erro, sugestão, ideia, elogio, crítica construtiva, dúvida, opinião, etc., podem deixar nos comentários. Livro de visitas e Inbox sempre abertos, EXCETO para divulgação.

Até o próximo,
Beijão

Capítulo 2 - Os Magizoologistas


Fanfic / Fanfiction Vende-se Um Véu de Noiva - Os Magizoologistas

 

(...)

 

Dez anos depois

 

Só a mísera distância de um passeio de jardim já parecia interminável num dia com aquelas condições: ensolarado, quente, abafado e seco. Ainda assim, havia quem optava por se aventurar sob o sol a pino que se estendia no céu sem nuvens, a exemplo de uma mulher excessivamente pálida com cabelos naturalmente platinados e olhos notavelmente azuis, os quais pareciam possuir um eterno ar imaginativo. Ela praticamente se arrastava para chegar até a porta da própria casa, carregando uma pesada mochila nas costas, enquanto sentia o roçar da camiseta regata branca e da calça de tecido grosso que vestia.

 

No momento em que chegou ao capacho que ficava no pé da entrada, limpando os pés para tirar os restos de grama que sobraram nas solas dos sapatos, ela se livrou do peso que a incomodava profundamente o mais rápido que conseguiu e se encostou na parede mais próxima para recuperar o fôlego, fechando os olhos e tateando indefinidamente à procura da maçaneta. Quando finalmente a encontrou e viu que não abriria, voltou-se para a porta com uma cara de quem estava habituada àquela situação.

 

— É sempre igual — comentou com um suspiro estafante. — Eu nunca lembro de levar a chave e ele nunca lembra de deixar a porta aberta — e então pegou a varinha que guardava em um dos bolsos da calça e disse: — Alohomora.

 

Assim que o som de porta destrancada chegou aos seus ouvidos, ela agarrou a mochila e a jogou no primeiro canto vazio que encontrou na sala, largando-se de costas no sofá com as pernas jogadas sobre um dos apoios, pendendo ao chão tal como um de seus braços.

 

— Amor, cheguei! — exclamou com uma voz manhosa.

 

Depois de alguns minutos sem ouvir nenhuma resposta, continuou, gritando impacientemente:

 

— Rolf, eu sei que você tá em casa! Conheço seus horários, então vem logo!

 

Passados mais alguns instantes de espera, logo pode-se escutar passos se aproximando e, dentro de poucos segundos, um homem alto, franzino e vestido basicamente em tons de marrom estava parado na abertura da sala que dava para o interior da casa.

 

— Amor, a gente podia ter escolhido uma casa com um jardim um pouco menor, você não acha? — ela comentou, displicente, arrancando uma risada de Rolf.

 

— Desculpe se demorei para vir, Luna — pediu, sentando-se ao lado dela e puxando-a para poder deitar sua cabeça no colo e afagá-la. — É que eu estava no sótão, então não escutei direito, sem falar que eu não sabia que você ia chegar mais cedo. Achei que só voltaria daqui a dois dias.

 

— Poxa, a coruja que eu mandei deve ter extraviado, mas enfim... — Luna concluiu, dando de ombros, e acrescentou: — Voltei mais cedo porque a América do Sul não era lá essas coisas para procurar criaturas mágicas como estavam falando. A única exceção foi o Brasil, que tinha um monte delas e era cada uma mais linda que a outra.

 

— Quer dizer que temos mais material para colocar no livro?! — um brilho de excitação perpassou os olhos de Rolf e a animação esperançosa dele era palpável.

 

— Sim!! — ela devolveu, mostrando estar tão animada quanto ele, e levantou-se de um salto para ir até a mochila e tirar de lá um bloco relativamente enorme de pergaminhos. Quando voltou para onde estava antes, deixou-os todos nas mãos de Rolf e posicionou-se ao lado dele para poderem observar tudo juntos.

 

Rolf começou a folhear aquelas anotações e, a cada nova ilustração delicadamente feita por Luna que via, a cada nova nomenclatura estabelecida que olhava, a cada nova classificação de periculosidade que notava, era como se milhares de planos e projeções positivas para o futuro corressem diante de seus olhos na velocidade da luz. No instante em que terminou de analisar a papelada, apressou-se a ir envolver Luna num forte abraço.

 

— Luna Lovegood, você é a maior magizoologista de todos os tempos! — falou e deu-lhe um intenso beijo que foi igualmente correspondido.

 

— Sabe como isso ficaria melhor, Rolf? — ela questionou ao se separarem para poderem respirar.

 

— Como?

 

— Com você indo nessas viagens de busca comigo — explicou. — Ora, você também não é um magizoologista? Está no seu sangue. Olhe o seu avô!

 

— Você viu o que aconteceu na última vez que fui. Foi um desastre total aquela exploração! — lamentou-se Rolf. — Eu só consigo atrasar o trabalho e nós precisamos publicar a nossa pesquisa o quanto antes caso a gente não queira que aqueles editores que se interessaram desistam de nós.

 

— Tudo bem, a escolha é sua. No entanto, você sabe que, quanto mais você participa, menos medo você tem e mais prática você pega — Luna insistiu mais uma vez, vendo-o dar de ombros. — Além do mais, essas atividades em conjunto de marido e mulher são boas para casais... Dizem que mantêm uma certa estabilidade na relação.

 

— Acho melhor não, Lu. — Rolf afirmou num tom concludente.

 

— Bem, eu vou tomar um banho e descansar um pouco — ela avisou, levantando-se. — Tenho que estar renovada antes da próxima viagem. Animais fantásticos da Ásia, aguardem-me! — exclamou num tom brincalhão, fazendo o marido rir novamente, e começou a se dirigir para a saída do cômodo. Ao chegar na metade do caminho, parou e voltou-se mais uma vez para ele, querendo saber e só se atentando àquele fato naquele momento: — O que você foi fazer no sótão?

 

— Nada demais.

 

Luna o fitou profundamente durante poucos segundos, assentiu e prosseguiu o caminho sem maiores problemas, contudo, quando alcançou a saída, ela parou e ficou imóvel ali, sem emitir nenhum som e com cada músculo de seu corpo enrijecido ao máximo. Rolf a observava cuidadosamente, preocupado, como se esperasse pela reação que ela fosse ter. E então, de repente, Luna se virou de lado e se apoiou em um dos beirais, olhando para o outro à sua frente como quem não vise nada e com sua boca posicionada em seu rosto no ângulo estranho de um sorriso mal configurado. Ela foi escorregando lentamente em direção ao chão, voltando as duas pernas para o interior da sala, jogando os braços de qualquer jeito ao lado do tronco e focalizando o beiral por mais algum tempo quase que indeterminado.

 

— Luna? — chamou-a Rolf numa preocupação que beirava o susto e o assombro, quiçá o medo, só para confirmar se ela ainda possuía qualquer tipo de consciência. Assim que percebeu que ela não estava em condições de responder absolutamente nada, continuou se pronunciando entre pausas enquanto se aproximava dela dando um passo de cada vez, aterrorizado: — Amor, fala comigo... Lu, presta atenção em mim e volta pra cá... Escuta a minha voz, Luna, eu tou aqui com você... Só se concentra e não se preocupa que nada vai te machucar tá bom? — ele entoava essas frases e outras parecidas como se fossem um mantra, ajoelhando devagar num ponto próximo a ela na tentativa de fazê-la sair daquela espécie de transe. — Não foge daqui, amor... Eu tou aqui para te guiar, Lu... Tenta voltar, por favor...

 

O sorriso tortuoso de Luna, do nada, tão subitamente quanto se formara, desfez-se. Deu lugar a uma expressão de pura agonia, tristeza e desespero no mesmo instante em que ela começou a se debater violenta e inescrupulosamente, completamente agitada, contra o beiral no qual se encostara. Rolf simplesmente a agarrou, girou-a e a tirou dali para que não se ferisse, colocando a cabeça dela em um de seus ombros e abraçando-a por trás para tentar contê-la e tranquilizá-la.

 

— Tá tudo bem, amor, tá tudo bem. — reforçou sua mensagem, acariciando suavemente as madeixas loiras de Luna com uma das mãos na intenção de acalmá-la. — Eu tou aqui com você, relaxa. Ouve a minha voz.

 

Ela tentava se livrar dos braços dele com toda a força que tinha, girando agressivamente o corpo para todos os lados que conseguia, mandando braços e pernas nas mesmas direções como se quisesse chutar ou socar alguém e custando ao marido muito esforço no ato de segurá-la sem causar o mínimo de dor que fosse. Então, repentinamente, ela ficou imóvel mais uma vez e, após isso, não demorou muito para que começasse a chorar descontroladamente e a respirar com extrema dificuldade.

 

— Expira e inspira, Lu, uma coisa de cada vez. Vai, com calma, que eu não vou te deixar só. — Rolf persistia, dividido entre a ânsia de ajudá-la e o medo que sentia do que estava acontecendo com sua mulher.

 

O quadro foi se estabilizando aos poucos até que chegou um momento em que a respiração de Luna se normalizou e só restaram as lágrimas descendo incessantemente pelo seu rosto aparentemente abatido. Rolf afagava seus cabelos novamente, e ainda a aninhava carinhosa e delicadamente em seus braços, quando ela subiu levemente a cabeça alguns poucos centímetros para levar as mãos aos olhos e enxugá-los.

 

— Aconteceu de novo? — Luna perguntou com uma voz pastosa, como se não recordasse muita coisa.

 

Ele pensou um pouco antes de responder, mas por fim disse:

 

— Aconteceu.

 

— Desculpa — foi prontamente pedindo com uma feição de puro desânimo e decepção na cara. — E-eu não... eu não queria que... que...

 

— Tá tudo bem — Rolf a interrompeu, afirmando com convicção. — O importante é que você tá bem, não se machucou.

 

— Obrigada — ela agradeceu enquanto voltava-se para ele e o abraçava com uma dose imensa de ternura. — Essas crises são novas até para mim. Elas não aconteciam quando a gente se conheceu e, agora, você está enfrentando tudo isso comigo numa boa, aguentando uma pessoa que está mostrando ser extremamente complicada, e, ainda assim, você não está pensando em desistir de nós. Você é de ouro, Rolf Scamander!

 

— Que é isso? Não foi nada. Se fosse eu, você faria a mesma coisa — ele retorquiu deixando o máximo que possuía de modéstia à mostra. — É isso que um casal faz, cuida um do outro — tendo dito isso, resolveu mudar de assunto. — Então, você viu alguma coisa ou foi só das outras vezes.

 

— Sim, eu vi. Foi ela de novo, a minha mãe — Luna explicou o com olhar distante e vago como se estivesse revivendo novamente aquele momento em sua cabeça. — Ela estava tão linda! Eu sentia como se tivesse que ir até ela e não pudesse deixá-la em hipótese nenhuma, mas ela foi se afastando, se afastando... até que já não dava mais para vê-la. Isso tudo foi tão entusiasmante e desesperador ao mesmo tempo que chegava a dar medo.

 

Rolf apenas assentiu, dando a entender que havia compreendido — ou pelo menos estava tentando processar — as palavras dela.

 

— Bem, eu vou voltar ao meu caminho para tomar banho — informou Luna, levantando-se e recompondo-se de um salto. — Minha vida não pode parar por causa de uma... simples interrupção.

 

— Se você enxerga desse jeito... — ele deu de ombros e depois prosseguiu. — Você quer que eu vá com você até lá em cima?

 

— Não é necessário, acho que dá para ir sozinha — ela afirmou com confiança, começando a se afastar. — Vou estar no banheiro ou no quarto, caso precise de mim.

 

— Está bem. — Rolf expressou-se só para não deixar um silêncio duvidoso no ar.

 

Quando ela já estava suficientemente longe, ele permaneceu sentado no chão, aparentemente descontente com alguma coisa da cena que vira, lembrando-se de um detalhe que o fez se retirar da sala.

 

— Espero que eu não tenha esquecido o sótão aberto. — comentou para si mesmo com uma notável sensação de receio.

 

(Continua...)

 


Notas Finais


Obrigada por ler até aqui ;)


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