História VENDETTA! VENDETTA! (Uma história sobre amor e vingança) - "Coisa de Mutante"

1. "Coisa de mutante"

   - Acorda, criança! Não quero me atrasar, e você disse que iria comigo. - a voz de David ecoou pelo quarto enquanto Ester se sentava na cama.
   Apesar de fingir detestar a forma como o irmão a chamava, no fundo, adorava o carinho com que o irmão mais velho se referia a ela. Era carinhoso, doce, brincalhão e a inspirava em tudo.
   Ainda sentada, Ester encarava o painel a sua frente, cheio de fotografias, memórias, dela com o irmão. A família Cook, a única que conhecera.
   Arrastando os pés, ainda de pijama,  foi até a cozinha onde esperava encontrar David, mas não encontrou, podia apenas ouvir algo,  que, percebeu ela em uma fração de segundo, era Michael Jackson, e o irmão acompanhando 'Bilie Jean' com a voz rouca que ela nunca se cansava de ouvir.
   Foi até a pia, pegou uma faca e começou a cortar as frutas para o café quando David entrou na cozinha anunciando o término do namoro.
   - Eu gostava da Karen - disse Ester quando o irmão parou de falar -, ela era legal e parecia gostar de você. - falou olhando-o.
   David sempre foi lindo aos olhos dela; cabelos castanho-escuros e olhos verdes. Tinha um sorriso inexplicávelmente lindo, e o rosto coberto pela barba de sempre conferiam-lhe um charme que o deixava ainda mais bonito. Além das tatuagens que ela adorava.
   Apesar de se parecer muito com o irmão, Ester tinha olhos escuros, pretos, não verdes como os de David. Ele sempre dizia que ela ficava linda quando estava brava, que seus olhos mudavam de cor para um dourado intenso, como de um animal selvagem pronto para atacar.
   - Eu sei - disse ele em resposta -, mas acho que nasci pra ser solteirão, sebe? Vou ficar pra titio. - disse ele com um riso enquanto atravessava a cozinha na direção de Ester colocando as mãos na cintura da garota, fazendo cócegas e pegando-a de surpresa. Afastou-se rapidamente ao perceber que, com o susto, a irmã havia se cortado, derramando um filete de sangue do polegar dela. Automaticamente Ester colocou a mão embaixo da torneira esperando que o sangramento parasse.
   - Desculpa, Ter - disse David segurando a mão da irmã com um olhar assustado -, foi tudo culpa minha... Parece que foi fundo, né? Deixa eu ver isso!
   Quando Ester tirou a mão da água, a estendeu para que o irmão pudesse analisar, e olhou para a própria mão com a mesma surprese que o irmão. Algo que ela sempra achou estranho sobre si mesma era que desde criança tinha uma capacidade de se curar de ferimentos e machucados muito mais rápido que todas as outras crianças que conhecia. Mesmo quando quebrou o braço aos sete anos, tirou o gesso em apenas quinze dias...  Ester não se machucava assim a um bom tempo, era muito coidadosa com isso, mas dessa vez ela se curou tão rápido que sentiu medo de si mesma.
   David a encarou com um olhar acalentador que Ester conhecia muito bem, e agora sabia que David era, de fato, a pessoa que mais a conhecia no mundo, melhor até que ela mesma.
   - Tenho que te contar uma coisa. Sobre seu pai. Eu me lembro dele. - disse ele sem rodeios puxando Ester para se sentar em uma cadeira sentando-se a sua frente. Não era nenhuma surpresa para ela o irmão se lembrar disso, afinal ele já tinha dez anos quando sua mãe namorou o pai de Ester, mas a forma como ele falava agrora mostrava que havia mais coisas sobre o pai que ele não havia contado.  Não que tivesse contado muita coisa, no fim das contas. - Ele era um homem bem grande e forte. Assustador, na verdade. Sei que você nunca quis saber sobre ele, mas é importante você saber que ele não era uma pessoa...  normal. Alguns o chamam de "mutante". Acho que isso veio dele. Fui atrás dele pra descobrir mais sobre esse cara. Ele não era só...
   - Não quero saber! - interrompeu ela irritada. Ester nunca foi muito de chorar, mas dessa vez sentia o nó na garganta e as lágrimas arderem atrás dos olhos, motivada pela irritação incomoda dessa conversa. 
   - Mas é importante - continuou David -. Ele ere muito forte, tipo muito forte mesmo. Curava-se muito rápido, assim como você. E o mais esquisito e, sei lá, " coisa de mutante" - disse ele colocando ênfase nas aspas com uma expressão que deixava claro que ele não encontrou a palavra certa -, era que ele tinha umas espécies de garras, não sei, três em cada mão. Se bem me lembro o nome dele era... Landon... Logan. LOGAN. O nome dele era Logan.
   Era difícil para Ester acreditar que era realmente filha de um mutante. Já ouvura falar neles antes, mas até então parecia algo fora de sua realidade. Ainda se sentia em estado de choque com o surgimendo dos famosos Vingadores e do que ela chamava de "o herói mascarado de Nova York", o Homem-Aranha. Herói esse ela nunca gostou muito, na verdade.
   - Deixa isso pra lá - disse David ao perceber sua expressão confusa, afastando dela esses pensamentos -. Agente conversa sobre isso depois. Agora vai se trocar pra a gente encontrar o meu futuro novo chefe no café. Nem acredito que vou mesmo trabalhar pra S.H.I.E.L.D.! - disse ele saindo da cozinha para o quarto com um sorriso gigante.
   - Você sabe que eles não prestam mais, né? - ela falou, preguiçosamente. Claro que Ester ficou muito feliz pelo irmão, ele merece, é um grande gênio, criou até seu próprio "Jarvis" ; na verdade, Scott. Não podia ser diferente, era grande fã do Tonny Stark. Mas o que atormentava os pensamentos de Ester era essa noviadade sobre o pai que nunca viu.
      
   O interior do carro estava inundado pelo som de Thriller, enquanto David e Ester cantavam junto com a música. David, como sempre de jeans e camiseta com o mocassim que usava quase sempre e Ester com um vestido azul escuro com estampa de pequenos pássaros brancos, tomara-que-caia que ía até o meio das coxas e o all star que também usava quase sempre.
   De repente, ouviu-se um som alto de pneu cantando ao lado do carro. David perdeu o controle da direção, bateu em uma mureta e o carro capotou. Ester olhou para o lado e viu o irmão de olhos fechados, os braços caídos e o sangue pingando do ferimento ao lado da cabeça.
   De repente a luminosidade dentrodo carro aumento e Ester viu o irmão ser puxado para fora do carro, e em seguida sentiu uma mão rasgar o sinto de segurança sob seu corpo fazedo com que caísse de cabeça no teto do carro, e então sentiu-se sendo arrastada pelo chão para fora do carro, brutalmente.
   A poucos metros de distância ela podia ver o irmão se mexendo, despertando. "Sr. Philip, graças a Deus... " pôde ouvir o irmão falar andes de se acertado na cabeça com um taco de baseball e desmaiar. Sr. Philip, David dissera, era o agente representante da S.H.I.E.L.D. com quem teria a tal reunião que estavam indo. Certamente, pensou Ester, ele não era exatamente quem David achou que fosse, e obviamente não o contrataria para a S.H.I.E.L.D., se é que ele era mesmo um agente.
   Viu ela, aterrorizada, que aquele homem alto, esguio, de cabelos grisalhos e os olhos de um negro profundo e indecifrável, trajando um terno completamente branco, vinha em sua direção com o taco de baseball sobre o ombro direito. Apavorada, Ester não conseguia se mexer nem falar nada, apenas conseguia olhar com medo para aquele homem horrível que a encarava.
   - Te acordo já já, belezinha. - disse Phillip com um sorriso torto ameaçador enquanto erguia o bastão e o abaixava com velocidade na direção da cabeça dela.