História VENDETTA! VENDETTA! (Uma história sobre amor e vingança) - Pela Verdade

- Só estou cansada de ficar escondendo isso. - explica Ester. - Você é uma das pouquíssimas pessoas que ainda chegam perto de mim e eu não quero mais mentir. Para você nem para ninguém.

Ela acabara de contar a Jem todos os detalhes de sua nova vida. O efeito do álcool a deixou sem filtro, e sem medo do julgamento, de dizer a verdade. O motivo dos assassinatos que cometeu. Como sua vida virou do avesso depois que descobriu que era mutante. O encontro com os Vingadores e o medo de encontrar os X-man. Contou tudo, deixando de lado apenas a parte da viagem no tempo, pois sabia que isso já seria demais.

- Mas isso não é brincadeira.

- Eu nunca disse que era, Jem. Só te contei tudo isso porque estou bêbada demais para pensar em uma boa mentira, mas é bom que você saiba logo que tem que ficar longe de mim.

- Eu faria a mesma coisa se fosse você. - ele diz, com a maior naturalidade.

- Tá doido?

- Não. Só estou dizendo que, se alguém tirasse de mim a pessoa mais importate da minha vida, e eu pudesse me vingar desse alguém, com toda certeza eu o mataria. Ou a eles, como é o seu caso.

- Então, você não acha que eu sou uma maníaca genocida?

- Talvez um pouco. Talvez eu ainda queira ficar longe de você. - ele diz, segurando a mão dela como se ela pudesse fugir. - Ou não.

***

Peter não conseguia digerir as palavras de Ester - e nem a comida. Já fazia 24 horas, mas as palavras da garota não saíam de seu pensamento; " não pegaria bem um herói saindo com uma assassina", " Seu maior azar no amor é gostar de mim". Seus sentimentos por ela surgiram de repente, e ele nem percebeu. Durante dias ele chegou a passar horas nos telhados mais altos da cidade, esperando para vê-le passar, voando no planador, dizendo a si mesmo que estava apenas sendo o vigia noturno.

Depois do beijo, ficou se perguntando por quê não tinha feito isso antes. Ele a viu abrir o coração naquele dia, contou sua vida, seus medos, o que planejou para o futuro e agora tinha mudado. Peter imaginou aquele momento algumas vezes, mas aquele beijo foi ainda melhor do que imaginou.

Mesmo depois de Ester dizer que queria manter distância, ele não queria. Agora, ele só queria ficar perto dela, abraçá-la, beijá-le de novo. Era por isso que estava jogando suas teias pela cidade agora, saindo do Queens para o Brooklyn, para encontrá-la.

Contudo, ao chegar a casa dela - a que ela tinha lhe passado o endereço, no dia que se beijaram - não viu a mesma Ester que conheceu. Ela estava sentada no chão da varanda, com uma gatrafa de cerveja entre os dedos, os olhos quase se fechando, e não estava sozinha. Um homem alto e de cabelos compridos estava ao seu lado, segurava sua mão.

Peter conhecia aquele olhar. A forma como aquele homem olhava para Ester, era como ele mesmo a olhava; havia admiração, cumplicidade, desejo.

Seu coração parou, pulou um batimento e acelerou.

Ele não conseguia ouvi-los, mas podia imarginar o que acontecia. Eles estavam muito próximos, muito perto, e Peter ainda estava ali, grudado àquela janela, observando a uma distância que considerava segura. Ele pôde vê-los trocar um olhar, um sorriso; Ester pôs a garrafa de cerveja no chão e envolveu seus braços em torno do pescoço do cara. Eles se levantaram e caminharam, juntos para dentro da casa; pelas janelas de vidro, Peter os viu atravessar a sala de estar e entrarem por uma porta; "com certeza um quarto", pensou ele.

Nem em seus piores pesadelos ele imaginou que essa dor existisse de verdade. Era uma sensação que ele só conhecida dos romances clássicos, que era obrigado a ler para as aulas de literatura. Um aperto no peito, um peso nos ombros e a sensação de que, se tivesse feito algo diferente, seria ele alí. Mas o quê? O que poeria ter sido diferente para que ela ficesse, para que os acontecimentos recentes não fossem mais sua tormenta? Peter não sabia as respostas, não podia usar a ciência para consertar isso. Mas, por enquanto, ele tinha outras coisas com que se preocupar, uma batalha difícil para todos eles, Vigadores. Com uma guerra civil prestes a explodir, ele sabia que não seria fácil bater de frente com o Capitão América.