História Verdade ou Consequência outra vez? (Dramione) - Único

— Vamos lá, Hermione! — pediu impaciente a ruiva para a amiga. — Nós já descobrimos o seu segredinho sujo sobre o Malfoy.

Hermione bufou, irritada com a insistência da ruiva.

Sentada no sofá da sala comunal da Grifinória, observava os outros esperando por sua decisão. Odiava aquele jogo, disso todos sabiam, e odiava ainda mais por Gina ter chamado as mesmas pessoas que participaram dele quatro meses atrás. Por que Blásio Zabini e Pansy Parkinson tinham de estar ali? Sabia que eram amigos de Draco, mas desde quando Gina havia criado intimidade com eles para que fossem até a sala comunal de suas casas?

— Talvez ela esteja com medo de revelar sem querer pro Malfoy que na verdade deu o primeiro beijo com o Fred ou sei lá — Rony a provocou, arrancado risinhos de Pansy.

— Por que não cala a boca, Weasley? — o sonserino sentado ao lado de Gina rugiu.

Desde aquele jogo idiota, ela e Ronald haviam se falado muito pouco. Hermione decidira o perdoar há um tempo, fazendo com que um certo loiro se irritasse com a sua decisão, o que ocasionou a primeira briga deles depois do beijo na frente do quadro da Mulher Gorda. Claro que depois disso, Rony não podia dirigir uma palavra a ela sem fazer com que Draco Malfoy soltasse uma exclamação de irritação.

Não estavam namorando, ou pelo menos ela achava que não. Não ficava com outros garotos, até porque nunca havia sido disso, porém não tinha completa certeza de que Draco não o fizesse. Doía admitir que seu estômago se embrulhasse com aquele pensamento, ainda mais quando Malfoy tirava o dia para tentar deixá-la com ciúmes com Pansy Parkinson.

Seus amigos demoraram a aceitar a história, assim como Hogwarts inteira depois que Lilá Brown os vira em um dos corredores e espalhara para todo mundo com muitos "A's" a mais em seu relato. Contudo, Draco havia se mostrado uma pessoa totalmente diferente até para com Harry, fazendo com que isso fosse mais fácil para todos. Menos para Rony. Ela sabia que nunca seria fácil para Rony e duvidava que um dia ele aceitasse aquilo de bom grado. Porém Hermione também sabia que o único problema de verdade seria Narcisa Malfoy e Lucius, que passaria uma temporada em Azkaban para pagar pelos seus crimes, com seus pensamentos ainda puritanos.

— Vamos logo, Hermione! — ouviu mais uma vez a voz de Gina.

Revirou os olhos e olhou para o loiro sentado no chão, concordando brevemente com a cabeça. A ruiva soltou uma exclamação de vitória, deixando Hermione receosa pelo que viria acontecer naquele jogo.

— Vocês já sabem como funciona — disse antes de virar a varinha que já estava no meio da roda.

Hesitante, Hermione sentou-se no espaço vago no chão, ao lado de Zabini e Gina, deixando Malfoy para trás.

Viu a varinha virar continuamente até parar na própria ruiva que a havia girado. Pansy Parkinson, que estava do outro lado da garota, sorriu.

— Verdade ou consequência? — perguntou a morena com cara de buldogue e sua voz irritante.

— Consequência.

— Vá até o dormitório dos garotos e acorde Dino Thomas com uma declaração — desafiou, fazendo Gina se avermelhar e Harry, ao lado de Malfoy, ter um ataque de tosse.

— O que pensa que está fazendo, Parkinson? — Hermione questionou irritada.

— Não se intrometa, Sabe-Tudo — retrucou a outra.

Hermione abriu a boca para responder a sonserina, mas foi interrompida pelo pigarro de Gina.

— Tudo bem, Hermione... É só uma brincadeira. — A tranquilizou a amiga olhando para Harry, que tinha um olhar mortífero em seu rosto.

Gina se levantou, seguida por Parkinson, que a acompanhou até o fim das escadas.

Enquanto as duas não estavam, a sala ficou extremamente silenciosa. Rony trocava palavras inaudíveis com o amigo ao seu lado, o acalmando, o que parecia não estar funcionando, enquanto Blásio Zabini parecia conversar com o olhar com Draco.

Olhou brevemente para o loiro com a feição de tédio, que agora estava ao seu lado sem Gina entre eles. Não sabia como aquilo havia acontecido. Draco Malfoy? Ele era seu inimigo, aquele que a chamara de sangue ruim por anos. Era extremamente confuso. Muito confuso.

Draco a encarou no mesmo instante, dando um sorriso. Ele arqueou uma de suas sobrancelhas e aproximou seu rosto do dela.

— Admirando a beleza Malfoy, Granger? — sussurrou.

— Até parece, Malfoy. — Hermione gargalhou.

— Admita Sabe-Tudo.

— Não tenho o que admitir, Doninha — contrapôs irônica e voltou a encarar os amigos, ignorando completamente o loiro ao seu lado.

Harry ainda tinha a mesma feição carrancuda quando Gina e Pansy desceram as escadas gargalhando. Hermione realmente não sabia de onde havia vindo aquela intimidade toda das duas.

— O que aconteceu lá? — Blásio Zabini foi o primeiro a se pronunciar curioso.

— Ele tentou beijar ela... — contou a garota aos risos, mas antes que Harry pudesse expressar qualquer reação continuou — Mas ela acabou por bater nele. — Deu de ombros, sentando novamente na roda, fazendo a expressão do menino mudar.

Gina foi até o namorado antes de voltar para o seu lugar e lhe deu um beijo, sussurrando algo em seu ouvido, o fazendo sorrir em seguida. Quando se sentou ao lado de Hermione novamente, deu um sorriso para a amiga e girou a varinha em sua frente.

Viu quando a varinha parou com uma ponta em Draco e, para o desgosto do sonserino, com a outra em Rony, que sorriu satisfeito.

— Verdade ou consequência?

— Verdade.

Ronald Weasley pareceu pensar em algo para perguntar ao outro, mas Hermione tinha a impressão que ele já tinha a pergunta em sua mente desde o começo daquele jogo idiota.

— Com quem...

— Inapropriado Weasley. — Draco Malfoy o cortou antes que o outro pudesse concluir a frase, deixando todos curiosos, exceto por Blásio, que também pareceu entender.

— Você nem me deixou concluir, Malfoy...

— Não foi preciso. Vamos dizer que você é bem... Previsível — O sonserino provocou.

— Tá legal! — Ginevra Weasley os interrompeu antes que Rony pudesse retrucar. — Vocês podem explicar as demais pessoas na sala sobre o que estão falando?

Malfoy encarou Hermione com os olhos tempestuosos sem responder a pergunta da ruiva, fazendo com os pelos do braço da menina se arrepiassem. Sentiu seu estômago embrulhar e seu rosto se avermelhar quando Blásio Zabini se pronunciou.

— O Weasley quis perguntar com quem o Draco perdeu o cabaço.

Malfoy encarou o outro no mesmo instante, tirando os olhos da menina a sua frente. Blásio pareceu compreender o que o olhar do amigo dizia e, com uma rápida passada de olhos em Hermione, desculpou-se.

— Rony! — Gina exclamou irritada com o irmão.

Hermione sentiu suas entranhas se contorcerem e os olhos sobre si apenas fizeram a sensação piorar. Mexeu-se desconfortável, com a cabeça baixa e encarando as mãos.

Odiava Rony Weasley por ter pensado em fazer aquela pergunta e odiava ainda mais Draco Malfoy por fazê-la sentir-se daquele jeito.

— Mude essa pergunta agora mesmo, Ronald Weasley! — A irmã mais nova ralhou, em uma imitação perfeita da mãe.

— Quê? — Ronald se opôs com as orelhas vermelhas. — Eu não vou mudar nada! Por que defende ele? Quando essa doninha idiota me fez aquela pergunta meses atrás...

— Vocês estão brigando por quê? — Hermione questionou, vencendo todas as sensações que a preenchiam. Tentou soar o mais indiferente possível com a situação ao continuar. — Vamos logo, Malfoy, responda a pergunta. É só um jogo idiota.

— Obrigada, Mione — Rony tentou, satisfeito com a atitude da amiga.

— Cale a boca, Ronald — pediu grosseiramente, encarando o loiro a sua frente.

Todos assistiram em silêncio Draco Malfoy deixar seus olhos pousados sobre os dela por minutos antes de responder.

— Pansy.

Ninguém disse nada depois disso e Hermione não ousou olhar para a garota e nem para ninguém que estava ali.

Já sabia que poderia receber aquela resposta, mas ainda sim se surpreendeu quando o nome da menina saiu de sua boca. Sentiu seu rosto esquentar e sua visão ficou turva por alguns segundos. Respirou fundo.

— Que ótimo, o Weasley estragou tudo. Ninguém avisou ele? — O moreno ao seu lado falou irritado, olhando um por um.

Hermione franziu a testa e o encarou.

— Avisar sobre o que?

Ninguém respondeu sua pergunta. Ela olhou para Draco, que ainda a encarava com aquele mesmo olhar e depois para Gina, que revirou os olhos e pegou a varinha do meio a girando novamente.

— Na verdade, avisamos ao Rony — começou a menina enquanto a varinha girava. — Mas meu irmão é muito egoísta e só se importa com seus próprios sentimentos e vingança. 

— Harry! — exclamou o ruivo, gesticulando com as mãos para que o amigo o defendesse.

— Ela tem razão, Rony — concluiu, arrancado um feição de surpresa do outro.

Hermione tentava entender o que acontecia ali, mas mesmo assim não fazia ideia do que eles falavam.

— O que vocês estão falando? — questionou ela mais uma vez, sendo ignorada. — Eu juro que se não me responderem vou me levantar daqui e nunca mais voltar.

— Não seja tão dramática, Sabe-Tudo — Blásio Zabini brincou.

Hermione havia percebido há um tempo que alguns alunos da sonserina, amigos de Draco, pararam misteriosamente de chamá-la de sangue ruim e não deixava de imaginar se seria o garoto que os fez parar.

— Tá legal. — Gina se fez soar novamente, apontando para a varinha, que havia parado nela e em Malfoy. — É melhor você saber concertar as merdas do meu irmão, Malfoy, se não você realmente não está preparado para isso.

— Para isso o que?! — Hermione irritou-se.

— Cale a boca Hermione e escuta. — A ruiva mandou, fazendo a amiga se irritar ainda mais e se calar.

Olhou para a íris cinza, se perdendo mais uma vez, entre tantas, lá.

Ele suspirou.

— Eu realmente não sei o que te dizer agora, Granger, então... Verdade ou consequência?

Hermione arqueou uma de suas sobrancelhas confusa com a situação. Ainda estava irritada, ainda não sabia do que se tratava o assunto anterior e certamente não queria responder àquela pergunta estúpida. Queria se levantar dali e ir embora. Subir para seu dormitório e dormir a noite inteira e o dia seguinte inteiro.

Olhando para o cinza, seu peito se encheu mais uma vez, e tudo o que a imensidão a dizia era pra confiar nele.

— Consequência.

Draco Malfoy sorriu, aquele seu sorriso de canto sacana que ele dava nos piores momentos para irritá-la. Aquele sorriso que tirava o seu fôlego e a fazia suspirar sem perceber. Ela sabia que respondera da maneira que ele queria que ela respondesse.

Não estava mais irritada, apenas curiosa. O encarava enquanto aguardava a resposta.

— Namora comigo, Sabe-Tudo.

E naquele momento seu coração perdeu uma batida.