História Verdade ou desafio - Nada de bom acontece depois das 2h

 — Asahi-san — Noya o mirou ligeiramente desapontado. O calor estava insuportável e não existia ventilador que desse jeito. O sorvete já estava para acabar e havia um total de zero disposição em ir comprar mais, sem mencionar o tédio alarmante que se instaurava sem permissão entre eles. Azumane removeu a blusa jogando-a em um canto qualquer.

Nishinoya o observou. Definitivamente, além das coxas torneadas o Ace tinha um tronco que Deuses... O faria admirar por horas. Os gominhos eram bem feitos, o peitoral era malhado, tanto que lhe dera uma súbita vontade de tocá-lo. Sequer havia percebido que Asahi o requisitara diversas vezes de tão disperso que estava.

— Nishinoya!

— Ah, perdão! — Suas bochechas esfoguearam. Ergueu ambas as mãos e as abanou freneticamente. — O-O que dizia?

— Eu perguntei se estava com tédio. — Elevou uma de suas sobrancelhas castanhas. Queria entender o que se passava na cabeça de Yuu.

Todo resto afora, Azumane adorava passar parte de seu dia com o líbero; sua companhia o trazia paz. Ainda que tivesse um sentimento indevido – que ele tinha certeza de que jamais seria correspondido – tentava levar tudo numa boa. Guardar para si, como Daichi havia aconselhado.

Entrementes, não era fácil esconder o sorriso abobalhado ao vê-lo explodir de alegria. Seu coração ardia, como se incendiasse toda vez que Noya chegava perto ou quando ele o abraçava. Não existia medicamentos para alívios ou tratamento sintomático para os derivados daquele sentimento – como o ciúme – e, talvez, somente talvez, por este motivo desejava que fosse alguém normal.

Alguém que não precisasse esconder quem realmente era por temer o mundo ou perder alguém de suma importância. Pois, mais do qualquer pessoa, Asahi sabia que o mundo lhe daria as costas simplesmente por ser um filho da puta. Um filho da puta carregado de gente com maus olhos.

De início fora um pouco difícil lidar com todas aquelas descobertas, mas, com a ajuda de seus amigos, aos poucos foi se confortando com os fatos. Até chegar a um ponto de que poucas coisas importavam; o fato de estar bem consigo já bastava.

— Um pouco. — Noya deu-lhe seu sorriso mais afável. — Vamos jogar?!

@Asahi: Roda a brincadeira.

@Tooru: Ainda to com vergonha ;-; 

@Hinata: O grande rei com vergonha? xD           

@Tooru: Sim ;-;

@Tobio: Vai logo, escolhe alguém.

@Tooru: Ushiwaka.

@Ushijima: Verdade ou desafio, Sugawara?

— Escolhe desafio! — Daichi cortava o ar com a correria. Suga ria, desviando de seus braços na tentativa de escapar.

— Não! — Tentava falar entre as gargalhadas até que conseguiu trancar-se no quarto.

— Você tá sem Deus no coração! — deu algumas batidas na porta e resfolegou.

Os dias naquela casa acabaram saindo mais divertidos do que realmente deveriam. Daichi sentia, mais que nunca, uma forte proximidade entre eles e isso era bom, ao mesmo tempo em que era ruim. Tinha sempre de enfiar em sua cabeça que eram apenas amigos e que quando Suga saia de peças íntimas pelos cômodos não era por provocação – possivelmente, no fundo, fosse provocação.

— Deixa de ser chato! — Suga colou o dorso contra a porta de madeira e deixou-se escorregar até o chão.

— Chato é você que fica direto escolhendo verdade! — bradou o capitão.

— Mas porque esse interesse que eu escolha desafio?

Sawamura perdera o dom das palavras quase que de imediato. Coçou a nuca e, com toda sua incerteza, tratou de pôr os neurônios para pensar em alguma coisa que pudesse ser no mínimo coerente.

— Estou entediado.

— Eu não vou me ferrar pelo seu tédio. — Cruzou os braços diante do corpo. Daichi fechara seus olhos à medida que um sorriso genuíno desenhou seus lábios, imaginando as feições bravas que Sugawara ostentava naquele instante.

@Suga: Verdade.

@Noya: Suga-san só escolhe verdade.

@Suga: Claro, da última vez vocês me fizeram dar uma cantada no Oikawa.

@Ushijima: Qual seu maior desejo sexual?

@Daichi: Ele é bem direto .-.

@Lev: Vocês não passam um dia sem putaria. 100 condição.

@Kenma: Acho que você não é a melhor pessoa para dizer isso, não com seu histórico do navegador.

@Kuroo: Tem que aproveitar, né.

@Bokuto: Exatamente.

@Suga: Minha nossa senhora ._.

@Lev: Em minha defesa, asiáticos tem belas nádegas, ok?

— Abre a porta. — Daichi apesar de insistir, já tinha desistido há um bom tempo, tanto que estava completamente estirado no chão do corredor. Suga estava levemente embaraçado, não pela pergunta em si, mas sim, pelo fato de que Daichi veria sua resposta.

Inspirou fundo a fim de encher seus pulmões de vigor para que, então, pudesse continuar. Em sua mente, ficaria difícil de conviver com Sawamura caso sua vida sexual e seus desejos fossem completamente expostos.

Droga! Suga estava ferrado.

Mas se fossem verdadeiramente amigos, aquilo não iria importar, certo? Afinal, era comum que existissem amizade entre heteros e gays. Claro, isso sem mencionar o fato de que Daichi não aparentava ser preconceituoso ou algo do gênero. Koushi poderia estar apenas um pouco paranoico e cauteloso demais quanto a sua sexualidade.

@Suga: Acho que meu maior "desejo", é transar num banheiro de um posto de gasolina ._.

@Akaashi: '-'

@Daichi: Então tá.

@Asahi: Isso é embaraçoso.

@Hinata: Demais q.q

@Noya: Não parece que o Suga-san pensa nessas coisas ._.

— Se você falar alguma coisa, eu quebro sua cara. — Seus resmungos soravam bem mais que ameaçador para Sawamura que, instantaneamente, deixou que as palavras morressem.

— Eu tô quieto. — Correu a língua por entre os lábios. A porta aos poucos se abriu. – Não vou fazer cocegas, Mr. Perverted.

— Babaca! — Avançou em direção ao camisa 1 com seus dedos ardilosos. Ao sentir as cócegas, Daichi deixou que sua gargalhada propagasse por toda a casa.

@Suga: Gente cadê o Oikawa antes que eu morra de vergonha de vez?

@Tooru: Tava observando esses bang ai :v

@Tooru: Mas já que o Daichi apareceu, vai, continua.

@Tooru: E vão anotando a sequência, que eu não sou desocupado não.

@Hajime: Ele ta assim porque dei um fora nele, relaxem.

@Yaku: Explicado.

@Tendou: Olha na wikihow uns tutoriais sobre como superar um fora.

@Tooru: Vai se foder ._.

@Tendou: :v <3

@Daichi: Lev?

@Lev: Aqui eu, e eu escolho desafio.

@Lev: E só pra constar, eu estou no quarto do Yakkun.

@Daichi: Grava um vídeo acariciando o Yaku por cima da roupa, até a gente ver algo se movendo.

@Bokuto: Esses desafios vocês não dão pro Akaashi.

@Hajime: Oremos.

@Tooru: Iwa-chan, tá perdendo a graça.

— Definitivamente você não presta! Combinamos de que não iria acontecer nada do tipo novamente — Yaku segredou-lhe. Lev sentou-se na cama dando algumas batidinhas para que ele sentasse e se acalmasse.

— Não precisa disso tudo. Você gostou do beijo tanto quanto eu! — Haiba fincou as sobrancelhas.

— Foi apenas... Hm... Troca de experiências. — Enroscou os braços. Yaku desviou seus olhos momentaneamente. Seu peito estava ligeiramente descompassado, até parecia que iria ter um infarto a qualquer instante. Um sentimento curioso avassalava todo o seu ser, ainda que negasse que o fator patogênico fosse Lev.

O russo sentiu uma minúscula dor em seu âmago, contudo, manteve-se firme. Não arredaria o pé dali sem conseguir o que queria, nem que para isso tivesse que dançar conforme a música.

— Então, qual o problema de uma segunda troca de experiências? Somos apenas homens curiosos, nada demais — contornou-se. Morisuke erguera uma de suas sobrancelhas, crente de que iria se arrepender ao mais tardar. Entrementes, escorou-se na cabeceira e afastou as pernas; cumpriria o desafio como havia feito no anterior.

Afinal, aquilo não mancharia sua masculinidade. Sabia até onde poderia ir.

Lev pegou seu celular para que pudesse filmar. Seus dedos compridos correram pelas pernas torneadas, porém delicadas de Morisuke que prendeu sua respiração. Estava tenso. Os dedos longos traçavam uma rota perigosa por sua coxa e tendia a piorar conforme um calor fluía do meio de suas pernas.

Diabos! Estava acontecendo novamente, Morisuke já tinha o controle de seu corpo esvaído.

Ele engolira a seco. Como alguém tão aparvalhado como Haiba Lev tinha tanto efeito sobre seu corpo? Embora fosse uma sensação exorbitante, o temor consumia cada célula do seu corpo deixando claro que dali nada de bom poderia sair. Umedeceu seus lábios finos e os mordeu. Os dedos pálidos e travessos simulavam que iriam puxar suas vestes ou coisa do tipo.

Os apertos em seus membros apendiculares não facilitavam em seu autocontrole, nem mesmo quando a palma pressionara sua semi ereção. Respirou fundo, tentava conter-se o máximo que podia, mas ao olhar para baixo e ver que a mancha do lubrificante já estava na superfície de suas vestes baixas, desistiu.

Haiba deixara o celular de lado e, atrevido, invadiu as partes baixas atacando o falo ereto de Morisuke com sua mão marota, a qual não perdera tempo, e em nenhum momento Yaku pensou na possibilidade de afastá-lo. Os movimentos de sobe e desce foram precisos. A testa suada tocou seu ombro e, mais que nunca, os gemidos contidos saiam excitantes.

— Eu deveria matar você...

Lev riu.

— Mas se você me matasse, não teria como se divertir agora. — Aproximou os lábios do lóbulo de Yaku, onde deixou uma mordida suave e demorada. Os arrepios correram pela epiderme alheia daquele cujo arqueara as costas devido às ondas de prazer.

Os movimentos aceleraram quase num ritmo inacreditável. Mais que nunca, Morisuke sentiu suas pernas tremerem e o inevitável não tardou em chegar.

Ofegante, seu peito subia e descia. Seus olhos não conseguiam se manterem tão abertos quanto ante,s e sua mente lhe deixava na mão.

— Eu te odeio.

Lev riu. Segurou-lhe a face com a palma limpa e deixou em seus lábios o mais reconfortante dos beijos.

@Tobio: Só eu que tive a sensação de que eles se pegaram no fim do vídeo?

@Noya: Não, definitivamente, não.

@Tooru: Adoro esses pornô que vocês manda, dá uma vontade de pôr em prática.

@Yamaguchi: Pior.

@Tooru: Tadashi, o boy não me quer, vamos se pegar ali no canto >3<

@Yamaguchi: Desculpa não faço sexo sem compromisso.

@Bokuto: E é assim que se nega uma transa da maneira mais educada possível.

@Tooru: Oxe, e quem disse que é sem compromisso?

@Kuroo: Eita que vai dar treta mais tarde.

@Yamaguchi: Vamos então <3

@Hajime saiu do grupo.

@Tooru: Oxe.

@Tendou: É aquele velho ditado, não pode ficar comigo, mas também não pode ficar com ninguém.

@Bokuto: Ces são tudo um bando de doido

Amizade quando evolui para amor sempre será uma coisa complicada de se lidar, ainda mais quando ambas as partes não admitiam. E, por isso, o conflito entre Tooru e Iwaizumi ficara cada vez mais denso. Oikawa estava meramente chateado, faziam dias desde a última vez que se viram pessoalmente. Sem falar da maneira curta e fria como Hajime lhe respondia.

As horas caíam lentamente, a noite já estava em seu auge e a única coisa que Tooru tinha obtido êxito em executar, fora bolar de um lado para o outro na cama. Seu peito estava em grande ruína e, por um lado, arrependia-se amargamente de ter criado o grupo.

Sentou-se convencido de que não conseguiria dormir daquele jeito. Apanhou seu celular, vasculhou suas redes sociais e viu, que em plenas duas da manhã, Iwaizumi ainda estava acordado.

@Tooru: Eu não te entendo.

@Tooru: Estou bravo.

@Tooru: Preciso conversar.

Seus dedos foram ágeis e as mensagens não demoraram a ser visualizadas. Com alguns segundos impacientes de espera, Hajime ligou e Tooru atendeu.

— O que foi? — A voz de Iwaizumi parecia tão cheia de insônia e impaciência quanto a de Oikawa.

— Porque saiu do grupo sem mais nem menos? — disse sem preâmbulos.

Hajime respirou fundo. Não sentia-se bem com os questionamentos que ele mesmo não sabia a resposta.

— Sabe, estamos indo num caminho errado, Oikawa. Temos uma boa amizade, não deveríamos estragá-la nos aproximando desse jeito. Acho melhor nos afastarmos, pôr a cabeça no lugar.

Oikawa abrira e fechara sua boca. Poderia até ser que se não tivesse ligado, não teria aberto ainda mais a ferida, pois, como já dizia Ted Mosby, nada de bom acontece depois das duas da manhã.

—     O que te faz pensar que eu sinto algo por você além de amizade? — Enquanto dizia isso, Oikawa sentiu uma grande dor.

—     Aquele não foi um beijo comum… — Tentou inutilmente argumentar.

—     Claro que foi, nem chegou a ser um dos meus melhores — Oikawa alfinetou. O som da masculinidade de Hajime se partindo fora claro e um pouco alto.

—     Okay… Se é assim… — Iwaizumi engolia o as palavras e tentava absorver ou sumir com aquela dor dilacerante que se espalhou em seu peito.

—     Tá vendo! Você age como se a gente estivesse namorando! Quer saber, é melhor ficar longe mesmo. Se for pra fazer merda que faça, mas não comigo.

E simplesmente desligou na cara do amigo e colocou o número de Iwaizumi na rejeição de chamadas. Oikawa jamais soube da existência das cinquenta e sete ligações bloqueadas.